“A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
SEGUNDA PARTE: O HOMEM PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE VOLTAR
SEGUNDA SEÇÃO: ESTUDO CONCRETO DOS MEIOS QUE O HOMEM DEVE EMPREGAR PARA VOLTAR PARA DEUS
Qual é o efeito que produz a esperança nos fiéis enquanto vivem neste mundo?
O de fortalecer a vontade contra o excessivo temor de não alcançar a glória (XVIII,4).
O de fortalecer a vontade contra o excessivo temor de não alcançar a glória (XVIII,4).
Existe alguma espécie de temor essencialmente bom e enlaçada à virtude da esperança?
Sim.
Sim.
Qual é?
O temor de Deus, chamado temor filial (XIX, 1, 2).
O temor de Deus, chamado temor filial (XIX, 1, 2).
O que entendeis por temor filial?
O que nos obriga a venerar a Deus em atenção a sua excelência e infinita majestade, e a considerar como a maior das desgraças a de ofendê-Lo, ou expor-nos a perdê-Lo por toda a eternidade (XIX, 2).
O que nos obriga a venerar a Deus em atenção a sua excelência e infinita majestade, e a considerar como a maior das desgraças a de ofendê-Lo, ou expor-nos a perdê-Lo por toda a eternidade (XIX, 2).
Existe algum temor de Deus, distinto do filial?
Sim; o conhecido com o nome de temor servil.
Sim; o conhecido com o nome de temor servil.
Que coisa se designa com as palavras “temor servil”?
Certo sentimento íntimo, próprio dos escravos que temem o amo porque ameaça com castigos (ibid.).
Certo sentimento íntimo, próprio dos escravos que temem o amo porque ameaça com castigos (ibid.).
O temor das penas com que Deus ameaça o pecador é sempre temor servil?
Sim; porém nem sempre é defeituoso ou envolve pecado (ibid.).
Sim; porém nem sempre é defeituoso ou envolve pecado (ibid.).
Quando será pecado?
Quando se considera o castigo ou perda de qualquer bem criado como mal supremo (XIX, 4).
Quando se considera o castigo ou perda de qualquer bem criado como mal supremo (XIX, 4).
Então, se alguém temesse o castigo, não como objeto principal do temor, mas enquanto leva consigo a perda de Deus, a quem ama acima de todas as coisas, experimentaria temor servil pecaminoso?
Não; seu temor seria bom, ainda que de ordem muito inferior ao temor filial (XIX, 4, 6).
Não; seu temor seria bom, ainda que de ordem muito inferior ao temor filial (XIX, 4, 6).
Por que seria inferior?
Porque o que tem temor filial jamais se preocupa com a perda dos bens criados, com tanto que consiga a posse de Deus, Bem Incriado (XIX, 4-5).
Porque o que tem temor filial jamais se preocupa com a perda dos bens criados, com tanto que consiga a posse de Deus, Bem Incriado (XIX, 4-5).
Qual é, portanto, o motivo do temor filial?
Somente o pesar e o sentimento de perder o bem infinito, ou de expor-se a perdê-lo (XIX, 2).
O temor filial tem alguma conexão com o dom do Espírito Santo chamado dom de temor?
Somente o pesar e o sentimento de perder o bem infinito, ou de expor-se a perdê-lo (XIX, 2).
O temor filial tem alguma conexão com o dom do Espírito Santo chamado dom de temor?
Tem-na e muito estreita (XIX, 9).
Logo, o dom do Espírito Santo chamado temor, anda unido de uma maneira especial à virtude da esperança?
Sim.
Sim.
Em que consiste o dom do temor?
Em que, por sua virtude, o homem se mantém sujeito a Deus, e em vez de resistir aos movimentos de graça, segue com docilidade seus impulsos.
Em que, por sua virtude, o homem se mantém sujeito a Deus, e em vez de resistir aos movimentos de graça, segue com docilidade seus impulsos.
Em que se diferenciam o dom do temor e da virtude da Esperança?
Em que a Esperança olha diretamente ao bem infinito alcançável com o favor divino, e o dom do temor considera a irreparável desdita de perder a Deus, fazendo-se, pelo pecado, indigno dos auxílios sobrenaturais (XIX, 9, ad2).
Em que a Esperança olha diretamente ao bem infinito alcançável com o favor divino, e o dom do temor considera a irreparável desdita de perder a Deus, fazendo-se, pelo pecado, indigno dos auxílios sobrenaturais (XIX, 9, ad2).
A virtude da Esperança é mais nobre que o dom do temor?
Sim, porque as virtudes teologais são superiores aos dons, e também porque a esperança nos move e impele para Deus como bem supremo, e temor se estaciona na consideração do mal que resultaria perdê-lo.
Sim, porque as virtudes teologais são superiores aos dons, e também porque a esperança nos move e impele para Deus como bem supremo, e temor se estaciona na consideração do mal que resultaria perdê-lo.
É o dom do temor inseparável da caridade?
Sim; porque dela depende, como o efeito de sua causa (XIX, 10).
Sim; porque dela depende, como o efeito de sua causa (XIX, 10).
Pode a caridade coexistir com o temor servil no caso deste não ser pecado?
Sim; e quando isso acontece é chamado de temor inicial; porém à medida que toma incremento a caridade, evoluciona o temor até adquirir todos os caracteres do filial, o único saturado de amor de Deus, como objeto e termo de uma felicidade cuja perda seria o maior, ou para melhor dizer, o único mal (XIX, 8).
Sim; e quando isso acontece é chamado de temor inicial; porém à medida que toma incremento a caridade, evoluciona o temor até adquirir todos os caracteres do filial, o único saturado de amor de Deus, como objeto e termo de uma felicidade cuja perda seria o maior, ou para melhor dizer, o único mal (XIX, 8).
O dom do temor permanece no céu?
Sim; porém em estado perfeito e com atos distintos dos deste mundo (XIX, 11).
Sim; porém em estado perfeito e com atos distintos dos deste mundo (XIX, 11).
Em que consistem esses atos?
Em uma espécie de aniquilamento produzido, não pelo temorde perder a Deus, mas pela admiração da sua soberana grandeza estremecedora majestade, comparada com a própria pequenez, pois o bem-aventurado tem sempre a mais íntima convicção de que a sua felicidade depende só Deus (ibid.).
Em uma espécie de aniquilamento produzido, não pelo temorde perder a Deus, mas pela admiração da sua soberana grandeza estremecedora majestade, comparada com a própria pequenez, pois o bem-aventurado tem sempre a mais íntima convicção de que a sua felicidade depende só Deus (ibid.).
