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Acabou a hóstia, e agora?


Simulando uma situação que pode ser frequente nas paróquias:

Em meio a distribuição da Eucaristia, acabaram as hóstias consagradas.

Vendo que acabara as hóstias consagradas, o padre pediu que o coroinha pegasse uma remessa de novas hóstias (não consagradas) dentro da sacristia. Pegou o cálice e começou a distribuir hóstias não consagradas embebidas em vinho consagrado, utilizando como se fosse uma
esponja.

As pessoas estavam comungando do mesmo jeito, uma vez que em cada farelo do pão e em cada
molécula do vinho está ali todo Cristo: em corpo, sangue, alma e divindade?

Uma vez, num encontro com Pe. Roberto Lettieri faltou hóstia, mandaram buscar num colégio católico perto. Enquanto não chegava, ele pediu silêncio absoluto, que ficássem em oração, e a igreja hiper lotada passou uma meia hora em total silêncio!


Presenciei uma missa campal onde havia muita gente e as hóstias se esgotaram, o padre anunciou que havia acabado e que as pessoas comungassem espiritualmente.

No caso exposto o padre agiu MUITO errado. Distribuir hóstia não consagrada junto com o Preciosíssimo Sangue do Nosso Senhor pode ter levado vários fiéis à idolatria, e isso é gravíssimo. Digo isto porque a tendência é se adorar a hóstia, que estimula muito mais os sentidos e permanece por mais tempo na boca.

Além disso, no caso de outros fiéis terem percebido a manobra desastrada do sacerdote, também corre-se o risco de terem sido prejudicados em sua fé, pois hoje, infelizmente, já é muito comum as pessoas acharem que a Eucaristia é apenas uma espécie de pão bento, e ao verem a substituição do Corpo de Cristo por pão, essa erro pode ter sido fortalecido.

O procedimento normal seria parar a comunhão ou, ao perceber que as hóstias são insuficientes para a quantidade de fiéis, fracionar as que restam.

Vejam o que diz a Redemptoris Sacramentum:

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96. Reprova-se o costume que contrarie às prescrições dos livros litúrgicos, inclusive que sejam distribuídas, semelhantemente a maneira de uma comunhão, durante a Missa ou antes dela, quer sejam hóstias não consagradas, quer sejam outros comestíveis ou não comestíveis. Posto que estes costumes, de nenhum modo, concordam com a tradição do Rito romano e levam consigo o perigo de induzir a confusão aos fiéis, respectivamente à doutrina eucarística da Igreja. Onde em alguns lugares exista, por concessão, o costume particular de abençoar e distribuir pão, depois da Missa, tenha-se grande cuidado de que se dê uma adequada catequese sobre este ato. Não se introduzam outros costumes similares, nem sejam utilizadas para isto, nunca, hóstias não consagradas.

104.Não se permita ao comungante molhar por si mesmo a hóstia no cálice, nem receber na mão a hóstia molhada. No que se refere à hóstia que se deve molhar, esta deve ser de matéria válida e estar consagrada; estando absolutamente proibido o uso de pão não consagrado ou de outra matéria.

A proibição de embeber a hóstia não consagrada no sangue de Cristo é para evitar uma profanação. Está misturando matéria não consagrada com matéria consagrada.

Fracionar a Hóstia: Pode.

Dar o Cálice? Não.

Comungar espiritualmente: só quando não podemos comungar Jesus. 

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Tirando as Dúvidas - Missal


284. Quando a Comunhão é dada sob as duas espécies:

a) quem serve ao cálice é normalmente o diácono, ou, na sua ausência, o presbítero; ou também o acólito instituído ou outro ministro extraordinário da sagrada Comunhão; ou outro fiel a quem, em caso de necessidade, é confiado eventualmente este ofício;

b) o que por acaso sobrar do precioso Sangue é consumido ao altar pelo sacerdote, ou pelo diácono, ou pelo acólito instituído, que serviu ao cálice e, como de costume, purifica, enxuga e compõe os vasos sagrados.

Aos fiéis que, eventualmente, queiram comungar somente sob a espécie de pão, seja-lhes oferecida a sagrada Comunhão dessa forma.

285. Para distribuir a Comunhão sob as duas espécies, preparem-se:

a) quando a Comunhão do cálice é feita tomando diretamente do cálice, prepare-se um cálice de tamanho suficiente ou vários cálices, tendo-se sempre o cuidado de prever que não sobre mais do Sangue de Cristo do que se possa tomar razoavelmente no fim da celebração;

b) quando a Comunhão se realiza por intinção, as hóstias não sejam demasiado finas nem pequenas, mas um pouco mais espessas que de costume, para que possam ser distribuídas comodamente depois de molhadas parcialmente no Sangue.

286. Se a Comunhão do Sangue sefaz bebendo do cálice, o comungando, depois de ter recebido o Corpo de Cristo, aproxima-se do ministro do cálice e fica de pé diante dele. O Ministro diz: O Sangue de Cristo; o comungando responde: Amém, e o ministro lhe estende o cálice, que o próprio comungando, com as mãos, leva à boca. O comungando toma um pouco do cálice, devolve-o ao ministro e se retira; o ministro, por sua vez, enxuga a borda do cálice com o purificatório
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O padre fazer uma consagração rápida? Responde o confrade Rafael Vitola, do Domestica Ecclesiae
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Não. A única situação em que, pela tradição canônica e litúrgica - e parecer dos mais abalisados liturgistas fiéis ao Papa -, pode-se consagrar novamente na mesma Missa é quando o sacerdote percebe que não pronunciou as palavras corretas ou utilizou matéria ou forma indevida (percebeu que utilizou as palavras do vinho sobre o pão, por exemplo, ou erro na fórmula que representa a forma essencial e só percebeu isso depois).

Se faltou hóstia para todos, paciência. A única comunhão obrigatória para a licitude da Missa é a do celebrante.


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PARA CITAR ESTE ARTIGO:

Acabou a hóstia, e agora?

David A Conceição, 04/2014 Tradição em Foco com Roma.

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