Vários padres bem intencionados resolvem aprender o Rito. Porém, foram educados no Modernismo, e apesar de se admirarem muito com a Missa, mal conhecem a doutrina ortodoxa da Igreja sobre o Sacrifício eucarístico. Como a lex orandi é inseparável da lex credendi, os fiéis leigos tradicionais devem ajudar os sacerdotes na explicação do Rito que enfatizasse toda a doutrina subjacente na celebração, a fim de que os padres compreendessem profundamente que aquele Rito é a expressão de uma Fé, e não uma mera cerimônia vazia.
Por isso, faremos uma sequência catequética sobre a Missa da Forma Extraordinária do Rito Romano, e você leitor pode indicar essa catequese ao seu pároco e amigos, para uma maior difusão dela como pede constantemente Bento XVI. A primeira parte da catequese você pode ver aqui.
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Espiritualidade
A Epifania (quer dizer aparição, manifestação) é uma festa coletiva de três milagres que manifestaram Nosso Senhor:
"Hoje a estrela conduziu os Magos ao presépio, hoje nas bodas a água se tornou vinho, hoje Cristo quis ser batizado no Jordão para nos salvar" (Ad Vesp. antif. ad Magnificat)
Porém, se considerarmos em detalhe o múltiplo objeto desta solenidade, vemos que a Igreja romana celebra a adoração dos magos com maior destaque. A maior parte dos cantos do Ofício e da Missa o celebra, e os dois grandes doutores da Sé Apostólica, São Leão e São Gregório, falaram quase exclusivamente dos Santos Reis em suas homilias sobre a festa.

Dada esta preferência da Igreja pela primeira manifestação, foi necessário que as outras duas tivessem uma celebração em outros dias.
Assim, a Igreja escolheu o dia da oitava da Epifania (13 de janeiro) para celebrar a comemoração do Batismo de Nosso Senhor (festa de segunda classe), e no segundo domingo após a Epifania se fixou o Evangelho das Bodas de Caná.
O dia da manifestação de Jesus aos magos, primeiros pagãos que receberam o anúncio do Seu nascimento, deve nos fazer lembrar e agradecer a Deus o dom da fé. Ao mesmo tempo é ocasião de rezarmos e colaborarmos com a obra missionária da Igreja, para que Cristo se manifeste muito mais nas almas.

Estrutura e normas litúrgicas
a) A festa da Epifania é de primeira classe. Caso o dia 6 caia em dia de semana, pode ser comemorada no domingo seguinte. Ornamentação, cantos e órgão festivo.
b) Os dias que se seguem à festa são dias feriais normais.
Celebrações de destaque
a) Festa da Sagrada Família: celebra-se no domingo seguinte da Epifania. Data importante para destacar a família: fazer um trono para a imagem da Sagrada Família, cantar hinos alusivos à família.
b) Comemoração do Batismo de Jesus: dia 13 de janeiro.
→ TEMPUS PER ANNUM (depois da Epifania)
Espiritualidade
A partir do dia 14 de janeiro entramos no tempo durante o ano depois da Epifania.
Este tempo, que medeia entre os ciclos do Natal e da Páscoa, transcorre independentemente da celebração de qualquer mistério da vida de Nosso Senhor. Nele a Santa Igreja, unindo-nos à sua prece e reconhecendo-nos sua doutrina, vai nos inculcando o seu genuíno espírito.
O tempo depois da Epifania pode ter de um a seis domingos, o que vai depender da data em que cai a Páscoa. Os domingos que não podem ser celebrados quando a Páscoa cai muito cedo, são transferidos para depois do vigésimo terceiro depois de Pentecostes.

Estrutura e normas litúrgicas
a) O tempo durante o ano é o "tempo comum": não apresenta nenhuma norma litúrgica especial.
b) Os dias feriais são de quarta classe. No Ordo aparece sempre a cor litúrgica do tempo: a cor verde. Mas, por serem dias de quarta classe, o sacerdote é livre para celebrar missas votivas (assim a cor dos paramentos varia conforme a Missa escolhida pelo celebrante).
Celebrações de destaque
a) Apresentação do Senhor e Purificação de Nossa Senhora (02/02): dia da Bênção e Procissão das Velas. Ornamentação, canto e órgão festivos. Deve-se destacar o duplo aspecto da festa: o principal é Jesus luz do mundo; conjuntamente a tradição sempre honrou a virgindade e o exemplo de Nossa Senhora. Cerimônia: o celebrante usa capa e pluvial branca. Ajudantes: cerimoniário, dois acólitos e turiferário para a bênção; crucífeto e tocheiros para a procissão.
b) O dia 2 de fevereiro também é o Dia Mundial da Vida Consagrada. A narração evangélica da apresentação de Jesus ao Pai no Templo, o exemplo de obediência e pobreza de São José e Nossa Senhora, e ainda a virgindade de Maria, sugeriram transformar este dia em um dia de orações por todos aqueles que se consagram a Deus sob alguma forma de vida religiosa.
Espiritualidade
O tempo da Septuagésima compreende a duração das três semanas que precedem imediatamente à Quaresma. Ele forma uma das principais divisões do ano litúrgico e é repartido em três seções hebdomadárias: Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima. Como vemos, esses nomes expressam uma relação numérica com o nome Quaresma.
Este tempo foi criado para que nós, católicos, não entremos desprevenidos na Quaresma. Dado que ela é o grande tempo de conversão e renovação da Igreja, era necessário ir avisando os fiéis da sua chegada. Assim, o tempo da Septuagésima é uma espécie de tempo de exame de consciência, ou seja, é um tempo para refletirmos sobre nossos pecados pelos quais deveremos fazer penitência na Quaresma.
O próprio número setenta é simbólico: lembra os setenta anos do cativeiro do povo escolhido na Babilônia, símbolo do cativeiro do pecado, do qual Jesus veio nos libertar.
Estrutura e normas litúrgicas
a) Com a Septuagésima começa o tempo penitencial de preparação para a Páscoa: os paramentos são roxos, omite-se o Aleluia em todos os ritos litúrgicos.
b) É um tempo de penitência moderada: pode-se ornamentar o altar com flores, mas é interessante já ir marcando a penitência com adornos mais sóbrios.
c) Coro e órgão: pode-se tocar o órgão, ficando proibidos todos os demais instrumentos (violino, flauta, etc.). Começar a cantar hinos penitenciais.
d) Durante a semana, quando não há festas de santos, são dias feriais normais.
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