“A Suma Teológica de Santo Tomas de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura para todos.
PRIMEIRA PARTE: DE DEUS, SER SOBERANO E SENHOR DE TODAS AS COISAS
XIII. DO HOMEM E SUA NATUREZA: ESPIRITUALIDADE E IMORTALIDADE DA ALMA
Há entre os seres corporais algum que forme um mundo à parte ou categoria distinta no conjunto dos demais?
Sim, o homem.
O que é o homem?
É um ser composto de espírito e matéria no qual, de algum modo, se compendiam os mundos espiritual e material (LXXV).
Com que nome se conhece o espírito humano?
Com o nome de alma (LXXV, 1-4).
Há, além do homem, outro ser corpóreo que tenha alma?
Sim, as plantas e os animais.
Qual é a diferença que existe entre a alma humana e as almas das plantas e dos animais?
A diferença consiste em que a alma das plantas é exclusivamente vegetativa; a dos animais, vegetativa e sensitiva; e a humana, além destas faculdades, possui a inteligência.
Logo, é a inteligência que distingue o homem dos demais seres corpóreos?
Sim.
A alma, como princípio intelectual, exerce a sua função própria, independentemente do corpo?
Sim (LXXV, 2).
Em que vos apoiais para assegurá-lo?
Em que o objeto do entendimento é o imaterial.
E por que, se a alma exerce a sua função própria independentemente do organismo, se deduz que é incorpórea?
Porque, se não o fosse, não poderia unir-se ao objeto do entendimento, que é o imaterial (idem).
Que se segue desta verdade?
Segue-se que a alma humana é imortal (LXXV, 6).
Poderíeis dar a razão da consequência?
Sim, porque se é independente do organismo no obrar, forçosamente há de sê-lo no existir.
E o que deduzis deste princípio?
Que ainda que o corpo pereça ao separar-se da alma, esta ao contrário não pode morrer (idem).
Logo, durará eternamente?
Sim.
Para que se une a alma ao corpo?
Para formar um todo harmônico e substancial, chamado homem (LXXV, 4)
Não é, portanto, acidental a união da alma com o corpo?
Não, pois a alma exige por natureza a união substancial (LXXVI, 1).
O que faz a alma no corpo?
Dá-lhe todas as perfeições que possui: o existir, o viver e sentir, reservando para si, unicamente, o ato de entender (LXXVI, 3, 4).