Linda tiara a de Bento XVI! Teria sido linda para a coroação. Apesar dos Papas, em geral, usarem a de um antecessor na coroação, e ganharem outra durante seu Papado. Mas temos que ter certos cuidados para não darmos mais importância para a tiara e seu uso do que é devido. E nem confundir a tiara, que é tradição (com t minúsculo mesmo), do que o que é Tradição.
A tiara papal, o Triregnum, não tem origem certa. Há várias teorias, e a maioria provavelmente já leu alguma. Mas acredita-se que, lá pelo século IX, ou X, o Papa teria começado a usar o que seria uma versão Católica de uma coroa. Ao contrário do que se pensa, não é para mostrar soberania da Igreja sobre as pessoas, mas para demonstrar autoridade do Papa sobre sua Igreja.
De novo, há várias interpretações sobre o significado da tiara. Mas a mais usada é que ela é chamada de triregnum justamente por ter 3 tiaras, simbolizando: “Supremo Pontífice” (tiara superior), “Jurisdição Eclesiástica Universal” (tiara do meio), e “Poder Temporal” (tiara inferior).
Até provavelmente o século XIV, a tiara só possuia 2 níveis.
O último a utilizá-la foi o Papa Paulo VI, e este havia deixado o uso da tiara nas instruções de coroação. Muitos radicais tradicionalistas tentam colocar até o fim do uso da tiara na conta de Paulo VI. Mas a verdade é que ele usou e, quando morreu, isso ainda estava lá.
Foi João Paulo I que substituiu a “Coroação Papal” por uma “Inauguração Papal”. De novo eu tenho que dizer que muitos correm pra dizer que era falta de apego às tradições, e que ele não queria a tiara. Mas, na verdade, ele não queria era a longa cerimônia de coroação, que durava dias, e era muito cansativa para todos. Sua saúde frágil foi provavelmente a maior razão.
João Paulo II apenas perpetuou a nova tradição.
Pessoalmente, acho a tiara linda. A segunda tiara de João XXIII foi a mais linda de todas, na minha humilde opinião. Ele havia usado a segunda tiara de Pio IX em sua coroação, mas como era costume, ele ganhou outra durante seu pontifcado.
O uso da tiara sempre foi raro. Apenas para cerimônias especiais. Não tenho nada contra sua volta, acho até muito bonito. Mas não se deve confundir a importância da tiara com objetos de reais valores Tradicionais, como o Pálio e o Báculo (ou a Férula, no caso do Papa). A tiara tem muito menos valor do que estes.
Muitos chutam que o desuso da tiara é uma afronta modernista. Mas grande parte da Igreja, já com uns 1000 anos quando a tiara começou a ser usada (e só séculos depois como a vimos nos últimos tempos), não achou nada bom o seu uso. Eram os tradicionalistas de então. Isso foi considerado uma aproximação indevida da Igreja com a nobreza da época, que freqüentemente se metia muito mais do que devia em assuntos eclesiásticos. O uso da tiara era visto como uma pompa desnecessária e que desviava os próprios propósitos da Igreja para coisas mundanas.
Assim como o não-uso da tiara já não provoca surpresa, o uso da mesma caiu na tradição. Mas não se pode colocar a tiara no mesmo nível de outros símbolos da Igreja, e nem exagerar sua importância, fazendo parecer que, além de tradição (em minúsculo), ela seria Tradição (em maiúsculo mesmo).
Lembremo-nos que, foi por causa da época em que a Igreja passou a usar a tiara, mas principalmente por sua aproximação da nobreza, que tivemos problemas entre a Igreja e alguns valiosos membros, como os Franciscanos.
Obviamente que não era por causa da tiara em si, e o próprio Chesterton mostra como a bela ordem dos Franciscanos estava perdida e se desviando, na época, dos ensinamentos de seu fundador. Mas isso mostra que certos atos podem parecer, mesmo erradamente, como ostentação. Por mais errada que a interpretação de ostentação possa ser, ela obviamente virá. A questão é se a Igreja deve passar por isso de novo? E, como eu disse, por um símbolo sem a importância que alguns querem dar à tiara.
Linda, ótima para a coroação, mas sem a importância real dos outros símbolos.
PARA CITAR ESTE ARTIGO:
Reflexão sobre o uso da Tiara Papal David A. Conceição, maio de 2011, blogue Tradição em Foco com Roma.
A tiara papal, o Triregnum, não tem origem certa. Há várias teorias, e a maioria provavelmente já leu alguma. Mas acredita-se que, lá pelo século IX, ou X, o Papa teria começado a usar o que seria uma versão Católica de uma coroa. Ao contrário do que se pensa, não é para mostrar soberania da Igreja sobre as pessoas, mas para demonstrar autoridade do Papa sobre sua Igreja.
De novo, há várias interpretações sobre o significado da tiara. Mas a mais usada é que ela é chamada de triregnum justamente por ter 3 tiaras, simbolizando: “Supremo Pontífice” (tiara superior), “Jurisdição Eclesiástica Universal” (tiara do meio), e “Poder Temporal” (tiara inferior).
Até provavelmente o século XIV, a tiara só possuia 2 níveis.
O último a utilizá-la foi o Papa Paulo VI, e este havia deixado o uso da tiara nas instruções de coroação. Muitos radicais tradicionalistas tentam colocar até o fim do uso da tiara na conta de Paulo VI. Mas a verdade é que ele usou e, quando morreu, isso ainda estava lá.
Foi João Paulo I que substituiu a “Coroação Papal” por uma “Inauguração Papal”. De novo eu tenho que dizer que muitos correm pra dizer que era falta de apego às tradições, e que ele não queria a tiara. Mas, na verdade, ele não queria era a longa cerimônia de coroação, que durava dias, e era muito cansativa para todos. Sua saúde frágil foi provavelmente a maior razão.
João Paulo II apenas perpetuou a nova tradição.
Pessoalmente, acho a tiara linda. A segunda tiara de João XXIII foi a mais linda de todas, na minha humilde opinião. Ele havia usado a segunda tiara de Pio IX em sua coroação, mas como era costume, ele ganhou outra durante seu pontifcado.
O uso da tiara sempre foi raro. Apenas para cerimônias especiais. Não tenho nada contra sua volta, acho até muito bonito. Mas não se deve confundir a importância da tiara com objetos de reais valores Tradicionais, como o Pálio e o Báculo (ou a Férula, no caso do Papa). A tiara tem muito menos valor do que estes.
Muitos chutam que o desuso da tiara é uma afronta modernista. Mas grande parte da Igreja, já com uns 1000 anos quando a tiara começou a ser usada (e só séculos depois como a vimos nos últimos tempos), não achou nada bom o seu uso. Eram os tradicionalistas de então. Isso foi considerado uma aproximação indevida da Igreja com a nobreza da época, que freqüentemente se metia muito mais do que devia em assuntos eclesiásticos. O uso da tiara era visto como uma pompa desnecessária e que desviava os próprios propósitos da Igreja para coisas mundanas.
Assim como o não-uso da tiara já não provoca surpresa, o uso da mesma caiu na tradição. Mas não se pode colocar a tiara no mesmo nível de outros símbolos da Igreja, e nem exagerar sua importância, fazendo parecer que, além de tradição (em minúsculo), ela seria Tradição (em maiúsculo mesmo).
Lembremo-nos que, foi por causa da época em que a Igreja passou a usar a tiara, mas principalmente por sua aproximação da nobreza, que tivemos problemas entre a Igreja e alguns valiosos membros, como os Franciscanos.
Obviamente que não era por causa da tiara em si, e o próprio Chesterton mostra como a bela ordem dos Franciscanos estava perdida e se desviando, na época, dos ensinamentos de seu fundador. Mas isso mostra que certos atos podem parecer, mesmo erradamente, como ostentação. Por mais errada que a interpretação de ostentação possa ser, ela obviamente virá. A questão é se a Igreja deve passar por isso de novo? E, como eu disse, por um símbolo sem a importância que alguns querem dar à tiara.
Linda, ótima para a coroação, mas sem a importância real dos outros símbolos.
PARA CITAR ESTE ARTIGO:
Reflexão sobre o uso da Tiara Papal David A. Conceição, maio de 2011, blogue Tradição em Foco com Roma.
CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:
tradicaoemfococomroma@hotmail.com
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