Me recordo que há um tempo, eu conversava no msn com um conhecido que dizia que eu nem pareço cristão por defender o beijo na boca entre namorados. Com isso, pensei nesse artigo para reunir argumentos sólidos para corroborar com minha postura, lembrando, mais uma vez aos que adoram ler os textos do blog e depois linká-los em suas respectivas listas, que estou totalmente aberto, pela honestidade intelectual, de publicar aqui caso queiram, vossas argumentações contra.
Beijo na boca não é pecado.
Se o beijo foi “bem comportado” não há problemas. O problema, aliás, não está no beijo em si, que em teoria deveria ser uma forma de afeto que não atenta contra a castidade, mas com os abusos que os casais se dão ao luxo de fazer. A prudência manda que, se as carícias estiverem começando a despertar “algo a mais” , então que se reforce o cuidado.
Por exemplo, conheço uma menina que quando beija o namorado, já começa a “querer mais” , diz que é mais forte do que ela. Isso tudo tem a ver com o fato de que, na hora do beijo, fechamos os olhos e nos entregamos à fantasia. Se nossa mente estiver casta, não haverá problema, mas se estiver repleta de más fantasias, o beijo se torna veículo para o pecado.
O que fazer, nesse caso? Deixar de beijar? Não necessariamente, mas uma moderação talvez seja bem-vinda. O Padre Paulo Ricardo aconselha que, para a cura de um desequilíbrio com a luxúria, devemos exercitar a mente para se livrar de más fantasias e fazer uma espécie de “jejum” dos hábitos que possam estar no caminho.
Resumo da ópera, não, não é pecado de forma alguma, mas por ser algo ligado à intimidade com a pessoa, deve sempre ser moderado de forma a não dar brechas para o pecado. E pecado não é só a relação sexual consumada, mas já o seu desejo. Se alguém beija e dá vontade de transar na mesma hora, tem algo de errado e talvez a solução mais prudente seja, entre outras, moderar a carícia e ficar no “selinho” mesmo. Pelo menos até ter sua sexualidade disciplinada.
Beijo na boca não é pecado.
Se o beijo foi “bem comportado” não há problemas. O problema, aliás, não está no beijo em si, que em teoria deveria ser uma forma de afeto que não atenta contra a castidade, mas com os abusos que os casais se dão ao luxo de fazer. A prudência manda que, se as carícias estiverem começando a despertar “algo a mais” , então que se reforce o cuidado.
Por exemplo, conheço uma menina que quando beija o namorado, já começa a “querer mais” , diz que é mais forte do que ela. Isso tudo tem a ver com o fato de que, na hora do beijo, fechamos os olhos e nos entregamos à fantasia. Se nossa mente estiver casta, não haverá problema, mas se estiver repleta de más fantasias, o beijo se torna veículo para o pecado.
O que fazer, nesse caso? Deixar de beijar? Não necessariamente, mas uma moderação talvez seja bem-vinda. O Padre Paulo Ricardo aconselha que, para a cura de um desequilíbrio com a luxúria, devemos exercitar a mente para se livrar de más fantasias e fazer uma espécie de “jejum” dos hábitos que possam estar no caminho.
Resumo da ópera, não, não é pecado de forma alguma, mas por ser algo ligado à intimidade com a pessoa, deve sempre ser moderado de forma a não dar brechas para o pecado. E pecado não é só a relação sexual consumada, mas já o seu desejo. Se alguém beija e dá vontade de transar na mesma hora, tem algo de errado e talvez a solução mais prudente seja, entre outras, moderar a carícia e ficar no “selinho” mesmo. Pelo menos até ter sua sexualidade disciplinada.
Odeio essa banalização do beijo na boca, como acontece hoje.
Algo que era para ser especial, uma forma de carinho totalmente íntima entre duas pessoas, se tornou uma prática quase que obrigatória para os jovens.
Nunca esse verbo foi tão mal utilizado. Virou, aliás, verbo intransitivo. Não se beija alguem, simplesmente se beija.
O fulano chega da balada e o amigo pergunta e aí, Fulano, beijou muito? Se o Fulano estava a fim de uma garota, não se pergunta mais se conversaram, se ficaram, se se divertiram ou começaram a namorar. A pergunta primordial é se Fulano beijou a menina. E a segunda é se foi de língua.
Virou quase que um fim em si mesmo: um casal está se beijando, e quando eu pergunto de Fulano, não dizem mais ele está ficando com uma menina, está azarando, está paquerando. Dizem ele está beijando. O beijo é o que importa.
O beijo virou algo tão ultra-valorizado que quem nunca beijou até ganhou rótulo: BV (boca virgem). Essa sigla virou o terror dos adolescentes. O que importa é perder o BV, não importa com quem. Coitado do último BV da turma, ainda não soube aproveitar a vida.
Algo que era para ser especial, uma forma de carinho totalmente íntima entre duas pessoas, se tornou uma prática quase que obrigatória para os jovens.
Nunca esse verbo foi tão mal utilizado. Virou, aliás, verbo intransitivo. Não se beija alguem, simplesmente se beija.
O fulano chega da balada e o amigo pergunta e aí, Fulano, beijou muito? Se o Fulano estava a fim de uma garota, não se pergunta mais se conversaram, se ficaram, se se divertiram ou começaram a namorar. A pergunta primordial é se Fulano beijou a menina. E a segunda é se foi de língua.
Virou quase que um fim em si mesmo: um casal está se beijando, e quando eu pergunto de Fulano, não dizem mais ele está ficando com uma menina, está azarando, está paquerando. Dizem ele está beijando. O beijo é o que importa.
O beijo virou algo tão ultra-valorizado que quem nunca beijou até ganhou rótulo: BV (boca virgem). Essa sigla virou o terror dos adolescentes. O que importa é perder o BV, não importa com quem. Coitado do último BV da turma, ainda não soube aproveitar a vida.
Embora beijo e sexo sejam duas coisas completamente incomparáveis, pela própria natureza, vemos que a banalização tomou exatamente o mesmo caminho. A juventude, não contente com a banalização do sexo, agora só pensa em beijar. E as músicas estão aí para piorar a situação. Sinceramente, tudo isso me dá nojo, muito nojo.
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Acho ótima a sugestão de os namorados rezarem , ao se encontrarem.
Em si , o beijo na boca , como expressão de amor e de doação mútua , não é pecaminoso. Não há dúvida, porém, de que muitos jovens, principalmente os rapazes, por causa da mentalidade hedonista e machista, são levados a encarar o beijo na boca como o início de carícias mais intimas que, estas sim, podem ser pecaminosas modo geral , é preciso ter prudência.
De fato, a palavra de Deus diz: “Maldito o homem que confia em outro homem”. Todos nós pecamos, e concordo que é muito difícil amar (no sentido eros da palavra, ou seja, amar como companheiro de namoro) de forma casta e pura, mas isso existe sim. É raríssimo, mas existe.
Quanto ao fato de ficar ser errado... concordo e discordo!
Explico... o “ficar” como é conhecido, é atribuído ao cortejo deliberado, com a intenção de beijar, de causar, de aproveitar a noite. De fato, a maioria das “ficações” são cortejos desse nível, e, evidentemente, destoam da reta moral.
Agora, é importante notar que o cortejo que é motivado a partir de características exterioes da pessoa (beleza, simpatia, primeira impressão, bons hábitos, etc) não é errado. A questão toda permanece na retidão de consciência do que a pessoa realmente espera da outra. Se a corteja com o intuito de procurar apenas prazer, e nem pensa em namorar, muito menos casar, há algo errado. Se já está com a moral fundamentada em um namoro sadio e puro, esse namoro pode ser “buscado” através de características mais ou menos “superficiais” , sem que se precise conhecer a fundo (ainda) a pessoa.
Resumindo, uma coisa é “ficar” pensando que esse pode ser o início de um namoro casto e puro, e agradável a Deus. Nesse caso, o beijo, as carícias, mesmo antes de qualquer oficialização do namoro, são mais acidentais do que planejados.
Outra coisa é “ficar” já pensando que nem vai fazer questão de ver a pessoa no dia seguinte. Nesse caso, o beijo e as carícias não apenas são planejados, mas quase que constituem a sua própria finalidade.
Mas, de novo, como o termo geralmente remete à ficada “ruim” , eu exorto a todos a não ficarem.
Sei que vou ser chamado de careta, mas só gostaria de lembrar que em nenhum momento falei mal do beijo em si, o que seria um absurdo, mas sim da banalização que se criou em cima de um gesto tão bonito e que deveria ser especial.
Em si , o beijo na boca , como expressão de amor e de doação mútua , não é pecaminoso. Não há dúvida, porém, de que muitos jovens, principalmente os rapazes, por causa da mentalidade hedonista e machista, são levados a encarar o beijo na boca como o início de carícias mais intimas que, estas sim, podem ser pecaminosas modo geral , é preciso ter prudência.
De fato, a palavra de Deus diz: “Maldito o homem que confia em outro homem”. Todos nós pecamos, e concordo que é muito difícil amar (no sentido eros da palavra, ou seja, amar como companheiro de namoro) de forma casta e pura, mas isso existe sim. É raríssimo, mas existe.
Quanto ao fato de ficar ser errado... concordo e discordo!
Explico... o “ficar” como é conhecido, é atribuído ao cortejo deliberado, com a intenção de beijar, de causar, de aproveitar a noite. De fato, a maioria das “ficações” são cortejos desse nível, e, evidentemente, destoam da reta moral.
Agora, é importante notar que o cortejo que é motivado a partir de características exterioes da pessoa (beleza, simpatia, primeira impressão, bons hábitos, etc) não é errado. A questão toda permanece na retidão de consciência do que a pessoa realmente espera da outra. Se a corteja com o intuito de procurar apenas prazer, e nem pensa em namorar, muito menos casar, há algo errado. Se já está com a moral fundamentada em um namoro sadio e puro, esse namoro pode ser “buscado” através de características mais ou menos “superficiais” , sem que se precise conhecer a fundo (ainda) a pessoa.
Resumindo, uma coisa é “ficar” pensando que esse pode ser o início de um namoro casto e puro, e agradável a Deus. Nesse caso, o beijo, as carícias, mesmo antes de qualquer oficialização do namoro, são mais acidentais do que planejados.
Outra coisa é “ficar” já pensando que nem vai fazer questão de ver a pessoa no dia seguinte. Nesse caso, o beijo e as carícias não apenas são planejados, mas quase que constituem a sua própria finalidade.
Mas, de novo, como o termo geralmente remete à ficada “ruim” , eu exorto a todos a não ficarem.
Antigamente a “ficada” já pressupunha o início do namoro. Ainda se tinha conservada a mentalidade do compromisso mútuo. O que acontece hoje é que se desvinculou o início do namoro da própria possibilidade de namoro! É como se o “ficar” fosse análogo a mastigar e degustar a comida, e o namoro fosse engoli-la. Quando alguém degusta uma comida, nem pára pra pensar que vai engoli-la, é óbvio. Da mesma forma, quando, antes, duas pessoas se beijavam, já estavam pré-dispostas a um compromisso. Agora, o que se faz é mastigar a comida para degustá-la, e cuspir de volta no prato.
Assim, para a “ficada” ser aceitável moralmente (pelo menos na minha concepção), basta estar fundamentada no princípio do compromisso mútuo, ou seja, não se utilizar da pessoa. Namorar sem ficar, em todos os seus termos, seria como pedir quer namorar comigo? antes do primeiro beijo. Sim, isso ainda existe, e é uma atitude linda, mas não quer dizer que, se não for exatamente assim, vai ser imoral.
De fato, a postura antes de uma converção é o que eu chamaria de uma forma errada de ficar.
Nesses termos, a imagem do ficar tem que ser ruim mesmo, pois o ato o é! Mas não significa que todo “ficar” é imoral.
Veja, vou reforçar o que eu disse pois acho importante: eu não estou defendendo, de forma alguma, o hábito de ficar, como o conhecemos popularmente, pois que recai exatamente nisso que comentamos e condenamos. Mas é como eu disse, se a intenção é reta, o beijo e o início do relacionamento pode muito bem vir antes do quer namorar comigo?. Por hábito, chamamos isso de “ficar” , quando na verdade talvez o termo correto devesse ser “início de namoro”. É nessa intenção que defendo o “ficar”, justamente quando o termo é mal-utilizado.
É raro isso? Sim, raríssimo. Por isso que eu desconselho a qualquer alusão ao “ficar” a não ser com pessoas da Igreja.
Posso dar um exemplo presenciado. Em um encontro Nacional dos Universitários, na Canção Nova, um grupo de jovens de São Carlos foi para o evento e havia uma menina de Alfenas. Ela conheceu um rapaz de São Carlos e, durante o decorrer dos dias (o encontro durou uma semana) eles perceberam que tinham uma certa “afinidade” e começaram a conversar de forma mais íntima. No final, acabaram “ficando” , se beijaram e começaram a andar de mãos dadas, e tudo o mais. Posso dizer que foi errado? Não, pois não posso afirmar que um deles ou ambos o fizeram com o propósito de apenas “curtição” . Pelo contrário, pelo que se podem conhecer dos dois, ambos tinham bem por claro a seriedade do namoro e o respeito pelo outro. No fim, não deu certo, provavelmente pelo problema da distância, mas continuam amigos normalmente. Não creio que gouve aqui um abuso de intimidade entre o par.
Isso ocorreu com um par de pessoas católicas praticantes e ligadas à RCC (que por sinal defende a castidade de forma maravilhosa, é um fato e contra fatos não há argumentos), mas podia ter acontecido em casos gerais também. Claro que as chances de que não haja reta intenção quando é entre pessoas não-católicas diminuem muito, mas, ainda assim, existem. Temos que saber separar o que é mera “ficação” de um legítimo “dar-se a conhecer”.
Um namoro é a preparação do casamento. O namoro é a fase de conhecer a mulher e ver se ela será a minha esposa. Hoje em dia tenho isso muito claramente na minha cabeça. Antes de namorar penso se casaria com essa mulher e se ela poderia educar meus filhos.
Está perfeito! Se todo mundo tivesse essa retidão de intenção, não precisaríamos nos preocupa com a “fórmula” com que vamos iniciar o namoro, ele pode acontecer de surpresa e você será maduro o suficiente para separar as coisas.
Em um artigo do Sem Roma [ blog extinto, Deo Gracias ] vejo que houve um tom de exagero nas colocações, prova disso é que o autor do mesmo está divulgando como se fosse doutrina dogmática que namoro católico não pode ter beijo na boca.
Segue a leitura para que possamos ver e corrigir alguns possíveis erros do texto. No final colocarei a origem da fonte.
A católica hoje não tem mais a família que a rodeie de cuidados e de reservas, especialmente quando o assunto é a sua castidade e pureza. Em tempos tão difícieis como os nossos, em que os costumes e as virtudes foram distorcidos e até mesmo abandonados, fica-se apenas a sensação de que certos assuntos não são mais do interesse da Igreja. Falando dos antigos namoros, mesmo as pessoas que se pretendem virtuosas se riem deles, como de velhas regras de colégios dos tempos passados. “É, eram outros tempos… o rapaz não podia ficar sozinho com a moça…”
Não lhes ocorre – ou talvez finjam não recordar – que todo o pudor de “antigamente” não era excentricidade de uma época simplesmente, como se o próprio tempo desse a direção da moral. Ora, era 1910! Era em 1860! Quando, na realidade, o correto seria dizer: Era quando a moral católica era seguida, quando tudo não havia sido revolucionado!
Esta moral católica, rígida e imutável, continua e continuará a mesma até o fim do mundo. Ela atravessou diferentes épocas, com seus costumes variados, combateu muitas coisas nefastas, e em todos os séculos – até mesmo na Idade Média – houve terríveis transgressões e afrontas; pois do contrário, estaríamos falando de uma época paradisíaca, em que ninguém era condenado ao Inferno por estas questões.
A grande diferença, desde que a civilização cristã triunfou no Ocidente, é que nos nossos dias a moral católica está esquecida: sofreu duros golpes sobretudo a partir da Revolução Francesa, e foi verdadeiramente assaltada de morte no século XX.
Tudo o que dizia respeito aos mandamentos de Deus e da Igreja, especialmente quanto aos valores da castidade e da modéstia, foi sendo sistematicamente apagado, e chegamos ao ponto em que ninguém vai à missa ou frequenta os sacramentos, em que cada um resolve apagar algum dos mandamentos no seu catolicismo. Há aqueles que são católicos “praticantes” mas não acreditam que precisam ir à missa aos Domingos. Há os que, na impossibilidade de comungar, nada fazem para mudar de vida, bem como os católicos que evitam ter os filhos que Deus quer porque usam métodos contraceptivos. E há grande número dos que apagam o sexto mandamento: não pecar contra a castidade!
Grande preocupação é, portanto, a moça católica que namora hoje. Dentro desse mundo caótico, ela está à própria sorte, e por isso é de extrema importãncia que se traga à discussão novamente como ela pode preservar a sua pureza dentro da realidade em que nos encontramos. Falemos da moça, por ora, apenas porque como educadoras e mães que naturalmente somos, cabe a nós reeducar as famílias e os hábitos; quanto aos rapazes, igualmente devem guardar a pureza e a castidade, pois Nosso Senhor não os julgará segundo os “imaginários” da sociedade moderna (em que ao homem é “permitido” liberdades), mas segundo os mesmos mandamentos da Lei
A realidade
Em linhas gerais, sabemos que a realidade anda cruel ao ponto de que boa parte da dita juventude não guarda a castidade; sabemos no entanto que os dados estatísticos mostram que a maioria dos jovens ainda diz ter religião (mesmo quando se referem mais á família do que a si próprios) e que portanto, assinalam que são “católicos”. São os mesmos jovens que são pautas de discussões de preservativos, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, “primeira vez”.
Preciso deixar claro que não é destes jovens “católicos” que estou falando – e reitero isso, embora seja bastante óbvio, porque os católicos praticantes estão envolvidos em muitos erros com relação à castidade e à modéstia, mas acabam achando que quaisquer críticas com relação à conduta acabam recaindo sobre estes católicos de IBGE e estatísticas, e nunca aos católicos que estão no seio da Igreja, participando de grupos, etc. Quando me refiro, portanto, às moças católicas que namoram, estou fazendo referência às que realmente vivem a religião, mas que ainda asim têm muita dificuldade de seguir as recomendações da Igreja, por inúmeras razões.
A principal delas é que infelizmente os padres não falam mais nesses assuntos, nem dirigem exortações à pureza que exigiam de todos a seriedade na prática da bela virtude! Mesmo alguns sacerdotes acham “normais” certas liberdades dos jovens católicos, parando apenas quando se refere ao ato sexual propriamente dito. Eis a única coisa que parece ser exigida para a moça católica: que não deixe a relação chegar a tal ponto! (E mesmo se chegar, não é encarado com a tamanha gravidade que lhe é devida)
A moça católica se pergunta: mas então, o que é o namoro católico? Se já não é mais possível que as famílias tratem do assunto, se todo o mundo se transformou de tal maneira que esta moça é quem tem de cuidar ela mesma do seu futuro, de que maneira ela poderia agir? Primeiramente, uma coisa precisa ser relembrada e seguida: o namoro católico só existe com intenção de casamento, e portanto deve tornar-se brevemente num noivado.
Não tendo mais família que se importe com este fato, terá ela mesma de se lembrar desta condição, e fazer valer a prerrogativa. Dito isso, se a moça católica tem um namorado, mas ainda não tem certeza se ele será seu futuro marido (ou mesmo se ambos desejam isso), a situação é preocupante. Não existe “conhecer” uma pessoa do sexo oposto namorando, para depois pensar nos “temas sérios”. È preciso que a moça católica tenha muita certeza de sua vocação matrimonial, encontre um rapaz digno que tenha igual certeza de sua vocação, para que alguma aproximação seja possível.
Uma vez que estamos falando de uma situação muito distante da ideal, teremos de ter muita cautela e nos apoiarmos nos santos para conseguirmos “driblar” as dificuldades do mundo moderno. É certo que o tema mais delicado é o de que espécies de intimidades são permitidas aos namorados – e já nesta pergunta identificamos um erro da premissa. Exceto às intimidades de almas que se unem pela oração e pela devoção, antes do matrimônio nenhuma intimidade é permitida. Contudo, estando comprometido em contrair matrimônio, o noivo ganha os direitos de demonstrar seu afeto, sem ferir a dignidade, e pode seguras as mãos de sua noiva, ou tocar no seu rosto (pois são partes honestas do corpo). São Francisco de Sales escreveu:
“Nunca é lícito usar dos sentidos para um prazer impuro, de qualquer maneira que seja, a não ser num legítimo matrimônio, cuja santidade possa por justa compensação reparar o desaire que a deleitação importa. No próprio casamento há de guardar a honestidade da intenção (…)”
Com usar dos sentidos o santo deixa muito claro que abraços, corpos próximos e beijos na boca – parte muito íntima – não são permitidos àqueles que ainda não se casaram. Santo Anfonso de Ligório e Padre Pio escrevem coisas indispensáveis sobre o assunto. Embora seja evidente que os casais de namorados católicos fiquem chocados com a proibição de beijos na boca, é preciso tranquilidade para que eles próprios consigam, a partir do momento em que se preocupam verdadeiramente com a castidade, orar ainda mais para manter a virtude.
Certas verdades parecem evidentes apenas quando somos chamados severamente à atenção, e a moça católica muitas vezes não pára para pensar nas espécies de liberdades que permite com a desculpa de que são “inocentes”. E então ela pode examinar se inocentes foram os beijos apaixonados, os encontros no cinema, as fotos “românticas”, os momentos dedicados exclusivamente a “estarem juntos”. Que ela possa comparar, com honestidade, todos estes momentos com as diretrizes da Igreja acerca da castidade, nos pensamentos e nas ações. Que ela, enfim, seja capaz de perceber quanta transgressão da santa castidade ocorre entre os casais que se permitem estas aproximações imprudentes.
Como estas são verdades esquecidas, tudo o que sobrou do que seja um namoro casto são aquelas caricaturas da moça “certinha” que “espera até o casamento”, mas que está de tal maneira propensa às outras intimidades, que acaba sempre naquelas situações constrangedoras.
Há grupos católicos que, inspirados por essas “modas” de defender a virgindade, a exemplo dos anéis de castidade, fazem campanhas como ” Castidade: Deus quer, você consegue!”, como se a castidade pudesse ser unicamente reduzida a não ter “relações” antes do casamento. Por isso a juventude acha que não há nenhum problema em vestir as roupas da moda (há castidade sem modéstia?), ver filmes com aquelas ceninhas imorais, ouvir músicas que falam claramente do que lhes é proibido, e por aí vai. Tudo isso é transgressão da castidade, mas as pessoas atualmente compraram o imaginário de que casta é a protagonista de “Um amor para recordar“.
No Blog “The Catholic young Woman”, uma moça certa vez levantou a hipótese de guardar o seu primeiro beijo para o futuro marido, no dia de seu casamento. Ela fez questão de apontar que não se achava superior a ninguém fazendo isto, e que era uma escolha bastante pessoal. Ela condenava apenas os beijos apaixonados, e não os que, segundo ela, seriam “castos”. A iniciativa tratava-se, portanto, de mais uma desses coágulos da juventude que sente falta da perfeição cristã, mas lhes falta doutrina. Ela poderia ter simplesmente resolvido a questão usando a doutrina eterna da Igreja Católica, com alguma citação de Santo Afonso ou pelo menos usando a lógica (beijos nunca foram permitidos antigamente, desde Cristo, até digamos, a minha avó).
Mas como disse Dr. Plinio Correa de Oliveira em A inocência primeva, hoje em dia ninguém quer ser melhor ou pior do que ninguém, mas apenas igual. E mesmo quando chegam tão próximos à verdade, como chegou esta moça que deu até belas razões para sua decisão, pedem tantas desculpas por medo de serem julgadas como diferentes, que tudo é esvaziado de sentido. Se você souber ler em inglês, vale a pena ver os comentários do post com os testemunhos das pessoas – é interessante ver que mesmo sem muita informação, as pessoas sabem que não é nada impossível ser fiel às virtudes
http://www.tradicaoemfoco.com/2010/07/moca-catolica-que-namora.html [ blog extinto ]
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“...beijos nunca foram permitidos antigamente, desde Cristo, até digamos, a minha avó”
Isso tem algum embasamento histórico?
Nas cartas que Santa Gianna escrevia durante seu noivado ela muitas vezes mandava beijos e abraços para o seu noivo. Impuríssima ela, não?
Hoje em dia é comum amigos de sexo opostos se abraçarem e mesmo beijarem os rostos. Isso não desperta nenhuma malícia em mim ou em quem quer que eu conheça.
O beijo deixa de ser lícito apenas quando começa a despertar reações sexuais que não tem porquê no namoro. É esse o “alarme” para parar e quem sabe até rezar ou fazer um sinal da cruz.
Se o beijo é só mais uma forma de demonstração de afeto, como o abraço, o cafuné, até mesmo o beijo de língua é lícito se não despertar outras coisas. Cabe ao casal delimitar os próprios limites com suas respectivas consciências.
A Igreja nunca tinha falado nada sobre “até onde ir” , cabe à consciência dos casais. Não vai ser agora que vão começar a ser fabricados manuais de “pode ou não pode” ...
Se só quando se noiva é que se é permitido pegar na mão ou no rosto qualquer beijo, visto que seria algo intrinsecamente mau fora do casamento, não poderia ser reproduzido seja por foto ou vídeo mesmo por quem fosse casado, para que não estimulasse os não casados a se beijarem...
Prestem atenção no oitavo segundo do vídeo e vejam que mulher “impudica” essa que beija o seu marido na frente da câmera:
Bom exemplo de Santa Giana.
Também alguns teólogos mencionam que somente o beijo intencional para provocar maus desejos é condenável, ao contrário do beijo afetuoso.
“É opinião provável a que diz ser somente pecado venial o beijo que se dá pelo deleite carnal e sensível que se origina do beijo, se for excluído o perigo de consentimento posterior e polução”. (Denzinger, The sources of Catholic Dogma, Loreto Publications, 2007, p. 322)
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“São-lhes [aos noivos] lícitos, se levam a sério [a intenção de] casamento, e não o prolongam muito: (…); b) os sinais admitidos de amor mútuo, por exemplo, dar a mão como saudação, as conversas, às vezes até beijar as mãos e o rosto, mesmo com previsão, mas sem intenção de algum deleite venéreo (…)”. (Arregui-Zalba, Compendio de Teología Moral, Ed. El Mensajero Del Corazón de Jesús, 1958, p. 220)
“Eles [os noivos] se recordarão de que nenhuma licença pode autorizar atos de sensualidade como beijos voluptuosos e outros.” (Noel Barbara, Catéchèse Catholique Du Mariage, Ed. Fort dans La Foi, 2003, p. 61).
Citação do Pe. Royo Marín, O.P., grande teólogo dominicano.
Ei-la:
602. 2.° Beijos e abraços.
a) Constituem pecado mortal quando se tenta com eles excitar diretamente o deleite venéreo, embora se trate de parentes e familiares (e com maior razão entre estes, pelo aspecto incestuoso desses atos).
b) Podem ser mortais, com muita facilidade, os beijos passionais entre noivos caso não se tente o prazer desonesto, sobretudo se forem na boca e se prolongam algum tempo de forma sexuada; pois é quase impossível que não representem um perigo próximo e notável de movimentos carnais em si mesmo ou na outra pessoa. Quando menos, constituem uma falta maior de caridade para com a pessoa amada, pelo grande perigo de pecar a que a expõe.
É incrível que estas coisas possam fazer-se em nome do amor. Até tal ponto os cega a paixão, que não lhes deixa ver que esse ato de paixão sensual, longe de constituir um ato de verdadeiro e autêntico amor—que consiste em desejar ou fazer o bem ao ser amado—, constitui, em realidade, um ato de egoísmo refinadísimo, posto que não vacila em satisfazer a própria sensualidade até a costa de lhe causar um grande dano moral à pessoa amada. Diga-o mesmo dos tocamientos, olhadas, etc., entre esta classe de pessoas.
c) Um beijo rápido, suave e carinhoso dado a outra pessoa em testemunho de afeto, com boa intenção, sem escândalo para ninguém, sem perigo (ou muito remoto) de excitar a própria ou alheia sensualidade, não pode proibir-se em nome da moral cristã, sobre tudo se houver alguma causa razoável para isso; v.gr., entre prometidos formais, parentes, compatriotas (onde haja costume disso), etc.
d) O que acabamos de dizer pode aplicar-se, na devida proporção, aos abraços e outras manifestações de afeto.
E assim ele inicia esta parte de seu grande livro “Teología Moral para seglares” (Teologia Moral para leigos):
Ele falará do respeito devido ao prórpio corpo, depois de ter tratado o respeito devido a DEUS, claro.
Neste capítulo, onde tratará do sexto e do nono mandamento, inicia com as seguintes palavras:
Ao abordar esta matéria tão acidentada e nauseabunda, acreditam oportuno recolher a muito prudente advertência com que São Alfonso do Ligorio começa a explicação da mesma: “Agora vamos tratar, com desgosto, daquela matéria cujo só nome infecciona a mente dos homens... !
Oxalá mais breve e mais obscuramente pudesse me explicar. Mas, como esta seja a mais freqüente e mais abundante matéria das confissões e pela que maior número de almas caem no inferno—mais ainda: não vacilo em afirmar que por este só vício ou, ao menos, não sem ele se condenam todos os que se condenam—, daí que seja necessário, para instrução dos que desejam aprender a ciência moral, me explicar com claridade (embora da maneira mais casta possível) e discutir algumas costure particulares.”
Ainda Royo Marín:
Fiéis a esta ordem do grande santo e eminente moralista, vamos estudar esta matéria na forma mais breve e discreta possível, sem renunciar, não obstante, a informar ao leitor secular de tudo que precisa saber para formar sua própria consciência em torno destas questões.
Dividimos a matéria em dois artigos fundamentais: I.°, da luxúria em geral, e 2. °, das espécies de luxúria.
Vejam que ele não se funda em si mesmo, no seu tempo, nem em princípios meramente filosóficos, culturais e etc.
Cont.
Noção de luxúria em geral:
Em sentido amplo ou metafórico, a palavra luxúria designa qualquer luxo, excesso ou exuberância; e assim, por exemplo, de um campo muito fértil se diz que tem uma luxuriante vegetação. Mas no sentido próprio e estrito que aqui nos interessa se define: o apetite ou o uso desordenado do venéreo. Consiste principalmente no uso da faculdade generativa fora do matrimônio ou dentro dele contra suas leis.
A luxúria é um dos sete pecados capitais. dela derivam outros muitos pecados, principalmente a cegueira da mente, precipitação, desconsideração, inconstância, amor desordenado de si mesmo, odeio a Deus, apego às coisas desta vida e horror à futura. Santo Tomam dedica um muito belo artigo a esta questão.
Divisão : A divisão fundamental é a que distingue entre luxúria consumada, completa ou perfeita, e a não consumada, incompleta ou imperfeita, conforme chegue ou não até o orgasmo completo, com sua correspondente efusão seminal no varão ou de humores vaginais na mulher. Consumada-a se subdivide em segundo a natureza, se dela pode segui-la geração de um novo ser, e contra a natureza, se de sua não é apta para a geração. refere-se sempre a atos externos e não pode dar-se nos meramente internos.
A não consumada pode ser interna e externa, conforme se refira tão somente a atos meramente internos ou a atos externos imperfeitos. É preciso, acima de tudo, ter sempre à vista dois grandes princípios que informam toda esta questão, e que, bem compreendidos, resolvem sem mais toda a abundante e complicada casuística que pode expor-se em torno à luxúria, ei-los aqui com toda claridade e precisão: Primeiro princípio: A luxúria ou deleite venéreo, tanto a consumada ou perfeita como a não consumada ou imperfeita, DIRETAMENTE PROCURADA fora do legítimo matrimônio, é sempre pecado mortal e não admite diminuição de matéria.
Expliquemos, acima de tudo, os termos do princípio: A LUXÚRIA Ou DELEITE VENÉREO, Ou seja, a própria e específica da geração humana,
Diferencia-se:
A. Do deleite puramente sensível, que é o produzido por um ato ou objeto prazeroso em si mesmo, mas não apto de seu para excitar o prazer venéreo (v.gr., o aroma de uma rosa, a suavidade do veludo, o aprimoramento de um manjar, etc.).
B. Do deleite sensual, que é o produzido por um ato ou objeto que, embora não é propriamente venéreo em si mesmo, é apto, entretanto, para excitar a concupiscência da carne (v.gr., um beijo, um abraço, etc.).
Nestes últimos terá pecado ou não segundo a intenção ou finalidade com que se façam. TANTO A CONSUMADA Ou PERFEITA, ou seja, a que chega a seu término natural pelo orgasmo e efusão seminal no varão ou de humores vaginais na mulher. COMO A NÃO CONSUMADA Ou IMPERFEITA, que se reduz a pensamentos, olhares, toques, etc., com intenção ou finalidade desonesta. DIRETAMENTE PROCURADA, já seja por ter tentado voluntariamente obter o prazer venéreo completo ou incompleto, ou por ter mimado nele quando se produziu sem buscá-lo. FORA DO LEGÍTIMO MATRIMÔNIO, ou seja, fora dos atos ordenados de sua à geração humana dentro do legítimo matrimônio. É SEMPRE PECADO MORTAL, não só por estar grave e expressamente proibida Por Deus, mas sim por ser uma coisa de sua natureza intrinsecamente má.
E NÃO ADMITE DIMINUIÇÃO DE MATÉRIA, ou seja, que, por insignificante que seja o ato desordenado (v.gr., um simples movimento carnal), é sempre pecado mortal quando através dele se busca diretamente o prazer venéreo. Só pode dar o pecado venial por imperfeição do ato humano, ou seja, por falta da suficiente advertência ou de pleno consentimento.
Vejamos agora a prova teológica do princípio:
a) PELA SAGRADA ESCRITURA. São inumeráveis os textos. Eis aqui alguns dos mais conhecidos:
«Não adulterará» (Ex. 20,14).
«Todo aquele que olha a uma mulher desejando-a, já adulterou com ela em seu coração» (MT. 5,28).
«Não lhes enganem: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adulteros, nem os efeminados, nem os sodomitas... possuirão o reino de Deus» (1 Cor. 6,9-1o).
«Agora bem: as obras da carne são manifestas, ou seja: fornicação, impureza, lascívia... e outras como estas, das quais lhes previno, como antes o fiz, que quem tais coisas fazem não herdarão o reino de Deus» (Gal. 5,19-21).
«Pois têm que saber que nenhum fornicador ou impuro... terá parte na herdade do reino de Cristo e de Deus» (Eph. 5,5).
Como se vê, os textos não podem ser mais claros e categóricos. trata-se da exclusão do reino dos céus, que corresponde ao pecado grave ou mortal; e afeta não só aos atos consumados ou perfeitos (fornicação, adultério), mas sim inclusive aos não consumados ou imperfeitos: basta um simples olhar mal ntencionado, como declara o mesmo Cristo no Evangelho (MT. 5,z8).
b) PELO MAGISTÉRIO DA IGREJA.
A Igreja (Aelxandre VII) condenou, ao menos como escandalosa, a seguinte proposição:
«É opinião provável a que diz ser somente pecado venial o beijo que se dá pelo deleite carnal e sensível que do beijo se origina, excluído o perigo de ulterior consentimento e poluição» (D I140).
Agora bem: se um simples beijo dado com intenção carnal (luxúria imperfeita ou não consumada) é pecado grave, serão-o também outros atos de luxúria imperfeita, e a fortiori os de luxúria consumada ou perfeita.
c) PELA RAZÃO TEOLÓGICA. Todos os teólogos católicos estão de acordo em proclamar que a luxúria perfeita ou imperfeita é de sua intrinsecamente má e não só porque está proibida Por Deus. A razão fundamental é porque o prazer venéreo o pôs Deus no ato da geração como estímulo e estímulo para ela, dada sua necessidade imprescindível para a propagação do gênero humano.
É, pois, um prazer cuja única e exclusiva razão de ser é o bem da espécie, não do indivíduo particular. Agora bem: utilizar esse agradar em proveito e utilidade própria fora de sua ordenação natural à geração em legítimo matrimônio é subverter a ordem natural das coisas, o qual é sempre intrinsecamente mal, porque se opõe ao que dispôs Deus, não só por uma lei positiva, mas também na natureza mesma das coisas; e como se trata de uma desordem grave, que afeta ao bem de toda a sociedade humana, sua infração voluntária e direta tem que constituir forzosamente um pecado mortal.
A esta razão fundamental podem acrescentar-se outras várias, principalmente para pôr de manifesto a ilegitimidade incluso dos atos imperfeitos. Porque:
I.° Tratando-se de matéria tão escorregadia, é quase impossível realizar o ato imperfeito sem expor-se a grave perigo de chegar até o perfeito; e, como é sabido, é pecado grave expor-se sem causa justificada—não o é nunca o desejo de satisfazer a própria sensualidade—a perigo próximo de pecado grave.
2º. É virtualmente impossível procurar o deleite venéreo incompleto sem que implicitamente se busque e queira o completo; porque, como adverte com fundamento Santo Tomam, asa incógnita de uma coisa se ordena sempre a sua consumação»; de onde, que quer a incógnita, pelo mesmo quer implícita e necessariamente a consumação, da mesma maneira que o que quer um bem imperfeito o quer assim que tende de seu ao bem perfeito.
3º. O prazer venéreo que se obtém com a luxúria imperfeita se ordena também, de dele, ao bem da espécie, já que é um aspecto parcial do estímulo natural para a geração posto no organismo humano pelo mesmo Autor da natureza. Logo utilizá-lo em proveito próprio fora daquela muito alto finalidade é subverter a ordem natural das coisas, e, pelo mesmo, é de seu intrinsecamente mau.
Segundo princípio: A luxúria perfeita ou imperfeita, involuntária em si mesmo, mas INDIRETAMENTE PERMITIDA ao realizar uma ação de seu boa ou indiferente, pode ser pecado grave, leve ou nenhum pecado, segundo as razões que se tiveram para realizar aquela ação e o comportamento observado ao produzir o prazer venéreo não procurado.
Expliquemos, acima de tudo, os termos do princípio: A LUXÚRIA PERFEITA Ou IMPERFEITA, no sentido já explicado. INVOLUNTÁRIA em si mesmo, ou seja, não procurada nem tentada direta nem indiretamente em si mesmo. MAS INDIRETAMENTE PERMITIDA. Não é o mesmo querer uma coisa que permiti-la indiretamente quando há justa causa para isso, de acordo com as leis do voluntário indireto.
Tornaremos em seguida sobre isto. AO REALIZAR UMA AÇÃO DE SEU BOA Ou INDIFERENTE; por exemplo, ao reconhecer a uma doente, ao estudar certas matérias necessárias de medicina ou moral, ao tomar um banho quente, etc. Se a ação excitante fora já de sua má (v.gr., a assistência a um espetáculo imoral), não poderia invocar-se ao voluntário indireto, já que uma de suas regras fundamentais é que se realize e tente exclusivamente uma ação boa, ainda que dela se siga indiretamente um efeito mau.
PODE SER PECADO GRAVE, LEVE Ou NENHUM PECADO, na forma que explicaremos em seguida. SEGUNDO AS RAZÕES QUE SE TIVERAM PARA REALIZAR AQUELA AÇÃO. É o aspecto mais importante do princípio, que explicaremos em seguida detalhadamente. E O COMPORTAMENTO OBSERVADO AO PRODUZIR O PRAZER VENÉREO NÃO PROCURADO. É outro aspecto fundamental. Se, ao produzir o prazer não procurado, consente-se voluntária e perfeitamente nele, comete-se sempre pecado mortal, embora a causa excitante se tenha posto por graves razões e sem intenção alguma pecaminosa.
Se o consentimento for imperfeito, comete-se pecado venial por imperfeição do ato humano. E se se rechaça totalmente o prazer, não se comete pecado algum, contanto que a causa excitante se pôs por razões gravemente proporcionadas segundo as leis do voluntário indireto. Expliquemos agora com detalhe os dois pontos que ficaram sem explicar, ou seja, os relativos à classe do pecado que se comete segundo as razões que tenha havido para permitir o efeito desordenado que se segue ou pode seguir-se de uma causa em si boa ou indiferente.
A questão não é tão fácil como a primeira vista pudesse parecer, e é preciso, para resolvê-la com acerto, estabelecer com toda claridade e precisão umas quantas distinções muito importantes.
1a Há ações que de dele (per se) são aptas para excitar a deleite venérea (v.gr., um olhar ou toque francamente obscenos); e outras que de suyonada têm que ver com o prazer venéreo, mas poderiam lhe excitar indiretamente (per accidens); por exemplo, comer ou beber em demasia, montar a cavalo, tomar um banho quente, etc.
2.a Entre as primeiras—ou seja, as que operaram per se — terá as que atuam próxima e notavelmente no efeito desordenado, de sorte que sempre ou quase sempre se produz de fato (v.gr., a vista prolongada das partes desonestas de uma pessoa de diferente sexo, uma leitura muito obscena, etc.); e outras que só influem remota e levemente (v.gr., a vista ou conversação com uma pessoa de aparência agradável, estreitá-las mãos ao cumprimentar-se, etc.).
3.a Há ações que excitam próxima e notavelmente a certas pessoas (v.gr., aos jovens, aos de temperamento muito ardente e passional, etc.) que não causam impressão alguma, ou só muito leve, a outras pessoas (v.gr., de temperamento frio ou de idade muito avançada, etc.).
4.a Ao realizar uma ação em si boa ou indiferente que produz ou pode produzir um efeito mau, poderiam existir razões gravemente proporcionadas para realizá-la, ou razões insuficientes, ou nenhuma razão absolutamente. Tendo em conta estes princípios, eis aqui as conclusões a que se deve chegar:
1a É PECADO MORTAL realizar sem grave razão uma ação boa ou indiferente que influa próxima e gravemente no prazer venéreo (já seja por si mesmo ou pela especial psicologia de uma pessoa determinada), embora em algum caso concreto não se seguisse de fato aquele prazer. A razão é porque não é lícito a ninguém, sem grave causa, expor-se a perigo próximo de pecar gravemente (cf. n.256). Grave causa a tem, v.gr., o médico. que deve reconhecer ao doente ou doente, o estudante de medicina que deve aprender anatomia ou obstetria, o sacerdote que tem obrigação de estudar a moral ou de ouvir confissões acidentadas, etc.
Nenhum destes pecaria se ao realizar esses estudos ou desempenhar suas funções profissionais experimentassem algum prazer desordenado, com tal, naturalmente, que rechaçassem absolutamente o voluntário consentimiento do mesmo. Tampouco pecaria por este capítulo o que por uma larga experiência soubesse com toda certeza que não lhe excita carnalmente alguma ação de seu boa ou indiferente que para outros resulta gravemente provocadora. Mas, como é natural, esta frieza subjetiva não poderia invocar-se para legitimar uma ação de si mesma má (v.gr., a assistência a um espetáculo imoral), porque se pecaria, ao menos, por razão do escândalo e da cooperação ao mal.
2.a É PECADO VENIAL realizar sem justa causa uma ação que influi tão somente per accidens, ou de maneira leve e remota, no prazer venéreo não procurado nem tentado direta nem indiretamente (v.gr., algum excesso na comida ou bebida, a vista e conversação com uma pessoa muito bela, etc.). A razão é porque, embora estas ações influem tão somente e remotamente no prazer venéreo, que, além disso, não se busca nem se tenta, pôr essas causas sem razão alguma e por puro capricho não deixa de envolver certa desordem, ao menos de imprudência e temeridade.
Entretanto, como esta desordem não afeta diretamente à luxúria (já que neste caso seria grave, porque, como já havemos dito, não se dá DIMINUIÇÃO de matéria na luxúria diretamente intencionada), constitui tão somente um pecado venial, com tal, naturalmente, de rechaçar o consentimento ao prazer desordenado que possa produzir-se inesperadamente.
3ª. Não É PECADO ALGUM realizar com justa causa (v.gr., por necessidade, educação, utilidade ou conveniência) as ações que acabamos de indicar no parágrafo anterior (ou seja, as que influem só per accidens ou leve e remotamente). E com grave causa (v.gr., o exercício profissional de médicos, enfermeiros, etc.) inclusive as do primeiro parágrafo (ou seja, as que influem próxima e gravemente), com tal de tomar toda espécie de precauções e de rechaçar no ato o prazer se se produzir.
Entretanto, se a causa fora de tal maneira excitante e a própria debilidade tão grande que se tivesse certeza moral de que se produzirá o prazer e de que não se terá a suficiente energia para rechaçar o consentimento, seria absolutamente ilícito pôr aquela causa, embora para isso tivesse o interessado que abandonar sua própria profissão ou emprego, já que nem sequer para salvar a própria vida ou a do próximo é lícito jamais expor-se a perigo certo ou virtualmente inevitável de pecado.
Com estes dois princípios que acabamos de expor, bem compreendidos e assimilados, pode resolver com acerto toda a muito abundante casuística que expõe a luxúria em todas suas manifestações completas ou incompletas. Tudo gira em torno destes dois pontos fundamentais:
I.°, a luxúria diretamente tentada fora do legítimo matrimônio é sempre pecado mortal, sem que admita DIMINUIÇÃO de matéria (um simples movimento carnal, um simples olhar ao corpo de uma pessoa, basta para pecar mortalmente se com isso se tenta diretamente e experimentar um prazer ou deleite venéreo); e
2.°, a luxúria involuntária, mas prevista, será pecado grave, leve ou nenhum pecado, conforme tenha havido ou não raciocine proporcionadas para permiti-la e se rechaçou ou não o consentimento ao prazer desordenado no momento de produzir-se.
Depois o Padre Royo Marín vai expor quais sejam as espécies de luxúria:
a) a simples fornicação;
- o concubinato;
- a prostituição;
- a fornicação onanística;
b) o estupro;
c) o sequestro para prazeres desonestos;
d) o adultério;
e) o incesto;
d) o sacrilégio (como ocorre em algumas seitas), ou seja, a violação de um objeto sagrado para um fim imoral (maçonaria por ex. que utilizam prostitutas para profanar a EUCARISTA [os textos entre parênteses são meus, não do Pe. Royo Marín];
Depois ele trata da luxúria consumada contra a natureza:
a) polução;
b)onanismo;
c) sodomia;
d) bestialidade, ou seja, relação com seres distintos da espécie humana;
E na III Parte desta matéria ele trata do tema que nos interessa, a saber, os pecados internos da luxúria, que vou colocar a tradução.
III. OS PECADOS INTERNOS DA LUXÚRIA
597. Os pecados internos de luxúria são três: os pensamentos impuros, os desejos impuros e o gozo pelos pecados cometidos. O primeiro se refere ao presente; o segundo, ao futuro, e o terceiro, ao passado.
Falamos que todos eles ao tratar dos pecados internos em geral e remetemos ao leitor a aquele outro lugar (cf. n.257-262).
Aqui nos limitamos a recordar os dois princípios fundamentais que iluminam toda esta questão, e que, bem aplicados, resolvem toda a ampla casuística que possa apresentar-se na prática. São os seguintes:
1.0 O deleite desonesto interno diretamente procurado ou voluntariamente aceito é sempre pecado mortal e não admite DIMINUIÇÃO de matéria.
Por conseguinte, qualquer pensamento impuro, qualquer desejo impuro, qualquer gozo pela lembrança de uma ação impura que se cometeu anteriormente, é de seu pecado mortal quando lhe adverte com toda clareza e lhe consente ou aceita com plena vontade. Somente cabe o pecado venial por imperfeição do ato (ou seja, por falta desta plena advertência ou consentimento), mas não pelo DIMINUIÇÃO de matéria quando foi plenamente advertida e aceita.
Que classe de pecado se comete e se recolher ou não as circunstâncias do objeto sobre que recai (v.gr., a malícia do adultério, incesto, etc.), explicamo-lo já ao falar dos pecados internos em geral (cf. n.257-262).
2.° Não há nenhuma razão que possa autorizar jamais a permissão indireta de atos internos de luxúria referentes ao futuro (desejos impuros) ou ao passado (gozo ou aprovação dos atos impuros realizados), já que estes são atos próprios da vontade que supõem a aceitação, ou consentimento ao pecado. Mas com causa gravemente proporcionada (v. gr., o exercício profissional do médico, sacerdote, estudante de medicina, etc.) é lícito permitir que sobrevenham pensamentos desordenados, com tal de rechaçar absolutamente o consentimento voluntário aos mesmos, já que é do todo impossível evitá-los e não se contrai sua malícia do momento em que não se buscam diretamente nem se consentem ao produzir-se.
A. Pecado mortal, se se buscar e tenta com eles obter diretamente um prazer venéreo, embora seja muito pequeno e imperfeito. B. Pecado venial, se se fizerem unicamente por ligeireza, brincadeira, curiosidade, etc., ou inclusive pelo prazer puramente sensível que com eles pode experimentar-se (v. gr., na boca ao beijar), excluindo, de uma vez, todo afeto ou deleite propriamente carnal (cf. D 1140) e o perigo próximo de que se produza (coisa muito difícil na prática, sobre tudo se se prolongam algum tempo). C. Nenhum pecado, se o fim for bom e se fazem por necessidade ou verdadeira utilidade; e isso embora houvesse algum perigo de movimentos desordenados, com tal, naturalmente, de não consentir neles se se produzirem de fato. Mas quanto mais perigosos sejam em si mesmos, tanto maior tem que ser a causa que os desculpe; e assim, v. gr., só os médicos, praticantes, etc., têm razão suficiente para ver ou tocar, quando é necessário, as partes íntimas do cliente.
2º. PELO INFLUXO NA COMOÇÃO VENÉREA. E assim serão
a) Pecado mortal, quando influem próxima e notavelmente em dita comoção e se executam sem causa alguma ou de tudo insuficiente e desproporcionada. As aplicações são variadísimas: olhares, toques, beijos, baile, espetáculos, fotografias, praias, etc., etc., quando influírem nessa forma próxima e notável e se executam sem grave causa e sem as devidas precauções.
b) Pecado venial, quando ficam sem razão suficiente, mas influem tão somente remota ou levemente (v.gr., alguma piada um pouco obscena, um beijo rápido na testa ou na bochecha, um espetáculo um pouco atrevido, mas não imoral, etc.), e não se teve má intenção, nem se produziu grave escândalo, nem se consentiu em nenhum pensamento ou afeto torpe.
c) Nenhum pecado, quando influem tão somente remota ou levemente e houve, além disso, alguma razão de verdadeira utilidade ou conveniência para isso (v.gr, por educação, amizade, afeto familiar, etc.), excluído sempre o consentimento aos movimentos torpes que possam surgir.
3º. PELA FRAGILIDADE ESPECIAL DO AGENTE Ou POR RAZÃO DE ESCÂNDALO. Pode ocorrer, em efeito, que algum desses atos que de ordinário influem tão somente remota ou levemente na maior parte da gente, afetem, entretanto, próxima e notavelmente a uma pessoa extraordinariamente frágil e propensa à sensualidade, em cujo caso deve evitar, ao menos até que se serene e normalize, aquelas coisas que outras pessoas mais normais se podem permitir sem pecado. Diga-o mesmo por razão do escândalo que pode produzir-se (v. gr., vendo um sacerdote em um espetáculo impróprio para ele, embora não levasse por sua parte nenhuma má intenção ao assistir).
B) Aplicações concretas Para ilustrar melhor os princípios que acabamos de expor, vamos aplicá-los a alguns casos concretos e particulares, advertindo, não obstante, que estas aplicações valem unicamente em termos gerais e segundo o que está acostumado a ocorrer ordinariamente; mas na prática terá que ter sempre em conta o conjunto de circunstâncias, principalmente a intenção ou finalidade do agente, as razões que existam para expor-se a algum perigo, sua maior ou menor periculosidade em ordem a suas disposições subjetivas e o escândalo que possivelmente possa dar-se com uma ação acaso lícita em si mesmo ou para outros. Feitas estas condições, eis aqui o que se pode concluir em termos gerais:
Assim, para a “ficada” ser aceitável moralmente (pelo menos na minha concepção), basta estar fundamentada no princípio do compromisso mútuo, ou seja, não se utilizar da pessoa. Namorar sem ficar, em todos os seus termos, seria como pedir quer namorar comigo? antes do primeiro beijo. Sim, isso ainda existe, e é uma atitude linda, mas não quer dizer que, se não for exatamente assim, vai ser imoral.
De fato, a postura antes de uma converção é o que eu chamaria de uma forma errada de ficar.
Nesses termos, a imagem do ficar tem que ser ruim mesmo, pois o ato o é! Mas não significa que todo “ficar” é imoral.
Veja, vou reforçar o que eu disse pois acho importante: eu não estou defendendo, de forma alguma, o hábito de ficar, como o conhecemos popularmente, pois que recai exatamente nisso que comentamos e condenamos. Mas é como eu disse, se a intenção é reta, o beijo e o início do relacionamento pode muito bem vir antes do quer namorar comigo?. Por hábito, chamamos isso de “ficar” , quando na verdade talvez o termo correto devesse ser “início de namoro”. É nessa intenção que defendo o “ficar”, justamente quando o termo é mal-utilizado.
É raro isso? Sim, raríssimo. Por isso que eu desconselho a qualquer alusão ao “ficar” a não ser com pessoas da Igreja.
Posso dar um exemplo presenciado. Em um encontro Nacional dos Universitários, na Canção Nova, um grupo de jovens de São Carlos foi para o evento e havia uma menina de Alfenas. Ela conheceu um rapaz de São Carlos e, durante o decorrer dos dias (o encontro durou uma semana) eles perceberam que tinham uma certa “afinidade” e começaram a conversar de forma mais íntima. No final, acabaram “ficando” , se beijaram e começaram a andar de mãos dadas, e tudo o mais. Posso dizer que foi errado? Não, pois não posso afirmar que um deles ou ambos o fizeram com o propósito de apenas “curtição” . Pelo contrário, pelo que se podem conhecer dos dois, ambos tinham bem por claro a seriedade do namoro e o respeito pelo outro. No fim, não deu certo, provavelmente pelo problema da distância, mas continuam amigos normalmente. Não creio que gouve aqui um abuso de intimidade entre o par.
Isso ocorreu com um par de pessoas católicas praticantes e ligadas à RCC (que por sinal defende a castidade de forma maravilhosa, é um fato e contra fatos não há argumentos), mas podia ter acontecido em casos gerais também. Claro que as chances de que não haja reta intenção quando é entre pessoas não-católicas diminuem muito, mas, ainda assim, existem. Temos que saber separar o que é mera “ficação” de um legítimo “dar-se a conhecer”.
Um namoro é a preparação do casamento. O namoro é a fase de conhecer a mulher e ver se ela será a minha esposa. Hoje em dia tenho isso muito claramente na minha cabeça. Antes de namorar penso se casaria com essa mulher e se ela poderia educar meus filhos.
Está perfeito! Se todo mundo tivesse essa retidão de intenção, não precisaríamos nos preocupa com a “fórmula” com que vamos iniciar o namoro, ele pode acontecer de surpresa e você será maduro o suficiente para separar as coisas.
Análise de artigo: A Moça Católica que namora
Em um artigo do Sem Roma [ blog extinto, Deo Gracias ] vejo que houve um tom de exagero nas colocações, prova disso é que o autor do mesmo está divulgando como se fosse doutrina dogmática que namoro católico não pode ter beijo na boca.
Segue a leitura para que possamos ver e corrigir alguns possíveis erros do texto. No final colocarei a origem da fonte.
A católica hoje não tem mais a família que a rodeie de cuidados e de reservas, especialmente quando o assunto é a sua castidade e pureza. Em tempos tão difícieis como os nossos, em que os costumes e as virtudes foram distorcidos e até mesmo abandonados, fica-se apenas a sensação de que certos assuntos não são mais do interesse da Igreja. Falando dos antigos namoros, mesmo as pessoas que se pretendem virtuosas se riem deles, como de velhas regras de colégios dos tempos passados. “É, eram outros tempos… o rapaz não podia ficar sozinho com a moça…”
Não lhes ocorre – ou talvez finjam não recordar – que todo o pudor de “antigamente” não era excentricidade de uma época simplesmente, como se o próprio tempo desse a direção da moral. Ora, era 1910! Era em 1860! Quando, na realidade, o correto seria dizer: Era quando a moral católica era seguida, quando tudo não havia sido revolucionado!
Esta moral católica, rígida e imutável, continua e continuará a mesma até o fim do mundo. Ela atravessou diferentes épocas, com seus costumes variados, combateu muitas coisas nefastas, e em todos os séculos – até mesmo na Idade Média – houve terríveis transgressões e afrontas; pois do contrário, estaríamos falando de uma época paradisíaca, em que ninguém era condenado ao Inferno por estas questões.
A grande diferença, desde que a civilização cristã triunfou no Ocidente, é que nos nossos dias a moral católica está esquecida: sofreu duros golpes sobretudo a partir da Revolução Francesa, e foi verdadeiramente assaltada de morte no século XX.
Tudo o que dizia respeito aos mandamentos de Deus e da Igreja, especialmente quanto aos valores da castidade e da modéstia, foi sendo sistematicamente apagado, e chegamos ao ponto em que ninguém vai à missa ou frequenta os sacramentos, em que cada um resolve apagar algum dos mandamentos no seu catolicismo. Há aqueles que são católicos “praticantes” mas não acreditam que precisam ir à missa aos Domingos. Há os que, na impossibilidade de comungar, nada fazem para mudar de vida, bem como os católicos que evitam ter os filhos que Deus quer porque usam métodos contraceptivos. E há grande número dos que apagam o sexto mandamento: não pecar contra a castidade!
Grande preocupação é, portanto, a moça católica que namora hoje. Dentro desse mundo caótico, ela está à própria sorte, e por isso é de extrema importãncia que se traga à discussão novamente como ela pode preservar a sua pureza dentro da realidade em que nos encontramos. Falemos da moça, por ora, apenas porque como educadoras e mães que naturalmente somos, cabe a nós reeducar as famílias e os hábitos; quanto aos rapazes, igualmente devem guardar a pureza e a castidade, pois Nosso Senhor não os julgará segundo os “imaginários” da sociedade moderna (em que ao homem é “permitido” liberdades), mas segundo os mesmos mandamentos da Lei
A realidade
Em linhas gerais, sabemos que a realidade anda cruel ao ponto de que boa parte da dita juventude não guarda a castidade; sabemos no entanto que os dados estatísticos mostram que a maioria dos jovens ainda diz ter religião (mesmo quando se referem mais á família do que a si próprios) e que portanto, assinalam que são “católicos”. São os mesmos jovens que são pautas de discussões de preservativos, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, “primeira vez”.
Preciso deixar claro que não é destes jovens “católicos” que estou falando – e reitero isso, embora seja bastante óbvio, porque os católicos praticantes estão envolvidos em muitos erros com relação à castidade e à modéstia, mas acabam achando que quaisquer críticas com relação à conduta acabam recaindo sobre estes católicos de IBGE e estatísticas, e nunca aos católicos que estão no seio da Igreja, participando de grupos, etc. Quando me refiro, portanto, às moças católicas que namoram, estou fazendo referência às que realmente vivem a religião, mas que ainda asim têm muita dificuldade de seguir as recomendações da Igreja, por inúmeras razões.
A principal delas é que infelizmente os padres não falam mais nesses assuntos, nem dirigem exortações à pureza que exigiam de todos a seriedade na prática da bela virtude! Mesmo alguns sacerdotes acham “normais” certas liberdades dos jovens católicos, parando apenas quando se refere ao ato sexual propriamente dito. Eis a única coisa que parece ser exigida para a moça católica: que não deixe a relação chegar a tal ponto! (E mesmo se chegar, não é encarado com a tamanha gravidade que lhe é devida)
A moça católica se pergunta: mas então, o que é o namoro católico? Se já não é mais possível que as famílias tratem do assunto, se todo o mundo se transformou de tal maneira que esta moça é quem tem de cuidar ela mesma do seu futuro, de que maneira ela poderia agir? Primeiramente, uma coisa precisa ser relembrada e seguida: o namoro católico só existe com intenção de casamento, e portanto deve tornar-se brevemente num noivado.
Não tendo mais família que se importe com este fato, terá ela mesma de se lembrar desta condição, e fazer valer a prerrogativa. Dito isso, se a moça católica tem um namorado, mas ainda não tem certeza se ele será seu futuro marido (ou mesmo se ambos desejam isso), a situação é preocupante. Não existe “conhecer” uma pessoa do sexo oposto namorando, para depois pensar nos “temas sérios”. È preciso que a moça católica tenha muita certeza de sua vocação matrimonial, encontre um rapaz digno que tenha igual certeza de sua vocação, para que alguma aproximação seja possível.
Uma vez que estamos falando de uma situação muito distante da ideal, teremos de ter muita cautela e nos apoiarmos nos santos para conseguirmos “driblar” as dificuldades do mundo moderno. É certo que o tema mais delicado é o de que espécies de intimidades são permitidas aos namorados – e já nesta pergunta identificamos um erro da premissa. Exceto às intimidades de almas que se unem pela oração e pela devoção, antes do matrimônio nenhuma intimidade é permitida. Contudo, estando comprometido em contrair matrimônio, o noivo ganha os direitos de demonstrar seu afeto, sem ferir a dignidade, e pode seguras as mãos de sua noiva, ou tocar no seu rosto (pois são partes honestas do corpo). São Francisco de Sales escreveu:
“Nunca é lícito usar dos sentidos para um prazer impuro, de qualquer maneira que seja, a não ser num legítimo matrimônio, cuja santidade possa por justa compensação reparar o desaire que a deleitação importa. No próprio casamento há de guardar a honestidade da intenção (…)”
Com usar dos sentidos o santo deixa muito claro que abraços, corpos próximos e beijos na boca – parte muito íntima – não são permitidos àqueles que ainda não se casaram. Santo Anfonso de Ligório e Padre Pio escrevem coisas indispensáveis sobre o assunto. Embora seja evidente que os casais de namorados católicos fiquem chocados com a proibição de beijos na boca, é preciso tranquilidade para que eles próprios consigam, a partir do momento em que se preocupam verdadeiramente com a castidade, orar ainda mais para manter a virtude.
Certas verdades parecem evidentes apenas quando somos chamados severamente à atenção, e a moça católica muitas vezes não pára para pensar nas espécies de liberdades que permite com a desculpa de que são “inocentes”. E então ela pode examinar se inocentes foram os beijos apaixonados, os encontros no cinema, as fotos “românticas”, os momentos dedicados exclusivamente a “estarem juntos”. Que ela possa comparar, com honestidade, todos estes momentos com as diretrizes da Igreja acerca da castidade, nos pensamentos e nas ações. Que ela, enfim, seja capaz de perceber quanta transgressão da santa castidade ocorre entre os casais que se permitem estas aproximações imprudentes.
Como estas são verdades esquecidas, tudo o que sobrou do que seja um namoro casto são aquelas caricaturas da moça “certinha” que “espera até o casamento”, mas que está de tal maneira propensa às outras intimidades, que acaba sempre naquelas situações constrangedoras.
Há grupos católicos que, inspirados por essas “modas” de defender a virgindade, a exemplo dos anéis de castidade, fazem campanhas como ” Castidade: Deus quer, você consegue!”, como se a castidade pudesse ser unicamente reduzida a não ter “relações” antes do casamento. Por isso a juventude acha que não há nenhum problema em vestir as roupas da moda (há castidade sem modéstia?), ver filmes com aquelas ceninhas imorais, ouvir músicas que falam claramente do que lhes é proibido, e por aí vai. Tudo isso é transgressão da castidade, mas as pessoas atualmente compraram o imaginário de que casta é a protagonista de “Um amor para recordar“.
No Blog “The Catholic young Woman”, uma moça certa vez levantou a hipótese de guardar o seu primeiro beijo para o futuro marido, no dia de seu casamento. Ela fez questão de apontar que não se achava superior a ninguém fazendo isto, e que era uma escolha bastante pessoal. Ela condenava apenas os beijos apaixonados, e não os que, segundo ela, seriam “castos”. A iniciativa tratava-se, portanto, de mais uma desses coágulos da juventude que sente falta da perfeição cristã, mas lhes falta doutrina. Ela poderia ter simplesmente resolvido a questão usando a doutrina eterna da Igreja Católica, com alguma citação de Santo Afonso ou pelo menos usando a lógica (beijos nunca foram permitidos antigamente, desde Cristo, até digamos, a minha avó).
Mas como disse Dr. Plinio Correa de Oliveira em A inocência primeva, hoje em dia ninguém quer ser melhor ou pior do que ninguém, mas apenas igual. E mesmo quando chegam tão próximos à verdade, como chegou esta moça que deu até belas razões para sua decisão, pedem tantas desculpas por medo de serem julgadas como diferentes, que tudo é esvaziado de sentido. Se você souber ler em inglês, vale a pena ver os comentários do post com os testemunhos das pessoas – é interessante ver que mesmo sem muita informação, as pessoas sabem que não é nada impossível ser fiel às virtudes
http://www.tradicaoemfoco.com/2010/07/moca-catolica-que-namora.html [ blog extinto ]
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“...beijos nunca foram permitidos antigamente, desde Cristo, até digamos, a minha avó”
Isso tem algum embasamento histórico?
Nas cartas que Santa Gianna escrevia durante seu noivado ela muitas vezes mandava beijos e abraços para o seu noivo. Impuríssima ela, não?
Hoje em dia é comum amigos de sexo opostos se abraçarem e mesmo beijarem os rostos. Isso não desperta nenhuma malícia em mim ou em quem quer que eu conheça.
O beijo deixa de ser lícito apenas quando começa a despertar reações sexuais que não tem porquê no namoro. É esse o “alarme” para parar e quem sabe até rezar ou fazer um sinal da cruz.
Se o beijo é só mais uma forma de demonstração de afeto, como o abraço, o cafuné, até mesmo o beijo de língua é lícito se não despertar outras coisas. Cabe ao casal delimitar os próprios limites com suas respectivas consciências.
A Igreja nunca tinha falado nada sobre “até onde ir” , cabe à consciência dos casais. Não vai ser agora que vão começar a ser fabricados manuais de “pode ou não pode” ...
Se só quando se noiva é que se é permitido pegar na mão ou no rosto qualquer beijo, visto que seria algo intrinsecamente mau fora do casamento, não poderia ser reproduzido seja por foto ou vídeo mesmo por quem fosse casado, para que não estimulasse os não casados a se beijarem...
Prestem atenção no oitavo segundo do vídeo e vejam que mulher “impudica” essa que beija o seu marido na frente da câmera:
Bom exemplo de Santa Giana.
Também alguns teólogos mencionam que somente o beijo intencional para provocar maus desejos é condenável, ao contrário do beijo afetuoso.
“É opinião provável a que diz ser somente pecado venial o beijo que se dá pelo deleite carnal e sensível que se origina do beijo, se for excluído o perigo de consentimento posterior e polução”. (Denzinger, The sources of Catholic Dogma, Loreto Publications, 2007, p. 322)
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“São-lhes [aos noivos] lícitos, se levam a sério [a intenção de] casamento, e não o prolongam muito: (…); b) os sinais admitidos de amor mútuo, por exemplo, dar a mão como saudação, as conversas, às vezes até beijar as mãos e o rosto, mesmo com previsão, mas sem intenção de algum deleite venéreo (…)”. (Arregui-Zalba, Compendio de Teología Moral, Ed. El Mensajero Del Corazón de Jesús, 1958, p. 220)
“Eles [os noivos] se recordarão de que nenhuma licença pode autorizar atos de sensualidade como beijos voluptuosos e outros.” (Noel Barbara, Catéchèse Catholique Du Mariage, Ed. Fort dans La Foi, 2003, p. 61).
Citação do Pe. Royo Marín, O.P., grande teólogo dominicano.
Ei-la:
602. 2.° Beijos e abraços.
a) Constituem pecado mortal quando se tenta com eles excitar diretamente o deleite venéreo, embora se trate de parentes e familiares (e com maior razão entre estes, pelo aspecto incestuoso desses atos).
b) Podem ser mortais, com muita facilidade, os beijos passionais entre noivos caso não se tente o prazer desonesto, sobretudo se forem na boca e se prolongam algum tempo de forma sexuada; pois é quase impossível que não representem um perigo próximo e notável de movimentos carnais em si mesmo ou na outra pessoa. Quando menos, constituem uma falta maior de caridade para com a pessoa amada, pelo grande perigo de pecar a que a expõe.
É incrível que estas coisas possam fazer-se em nome do amor. Até tal ponto os cega a paixão, que não lhes deixa ver que esse ato de paixão sensual, longe de constituir um ato de verdadeiro e autêntico amor—que consiste em desejar ou fazer o bem ao ser amado—, constitui, em realidade, um ato de egoísmo refinadísimo, posto que não vacila em satisfazer a própria sensualidade até a costa de lhe causar um grande dano moral à pessoa amada. Diga-o mesmo dos tocamientos, olhadas, etc., entre esta classe de pessoas.
c) Um beijo rápido, suave e carinhoso dado a outra pessoa em testemunho de afeto, com boa intenção, sem escândalo para ninguém, sem perigo (ou muito remoto) de excitar a própria ou alheia sensualidade, não pode proibir-se em nome da moral cristã, sobre tudo se houver alguma causa razoável para isso; v.gr., entre prometidos formais, parentes, compatriotas (onde haja costume disso), etc.
d) O que acabamos de dizer pode aplicar-se, na devida proporção, aos abraços e outras manifestações de afeto.
E assim ele inicia esta parte de seu grande livro “Teología Moral para seglares” (Teologia Moral para leigos):
Ele falará do respeito devido ao prórpio corpo, depois de ter tratado o respeito devido a DEUS, claro.
Neste capítulo, onde tratará do sexto e do nono mandamento, inicia com as seguintes palavras:
Ao abordar esta matéria tão acidentada e nauseabunda, acreditam oportuno recolher a muito prudente advertência com que São Alfonso do Ligorio começa a explicação da mesma: “Agora vamos tratar, com desgosto, daquela matéria cujo só nome infecciona a mente dos homens... !
Oxalá mais breve e mais obscuramente pudesse me explicar. Mas, como esta seja a mais freqüente e mais abundante matéria das confissões e pela que maior número de almas caem no inferno—mais ainda: não vacilo em afirmar que por este só vício ou, ao menos, não sem ele se condenam todos os que se condenam—, daí que seja necessário, para instrução dos que desejam aprender a ciência moral, me explicar com claridade (embora da maneira mais casta possível) e discutir algumas costure particulares.”
Ainda Royo Marín:
Fiéis a esta ordem do grande santo e eminente moralista, vamos estudar esta matéria na forma mais breve e discreta possível, sem renunciar, não obstante, a informar ao leitor secular de tudo que precisa saber para formar sua própria consciência em torno destas questões.
Dividimos a matéria em dois artigos fundamentais: I.°, da luxúria em geral, e 2. °, das espécies de luxúria.
Vejam que ele não se funda em si mesmo, no seu tempo, nem em princípios meramente filosóficos, culturais e etc.
Cont.
Noção de luxúria em geral:
Em sentido amplo ou metafórico, a palavra luxúria designa qualquer luxo, excesso ou exuberância; e assim, por exemplo, de um campo muito fértil se diz que tem uma luxuriante vegetação. Mas no sentido próprio e estrito que aqui nos interessa se define: o apetite ou o uso desordenado do venéreo. Consiste principalmente no uso da faculdade generativa fora do matrimônio ou dentro dele contra suas leis.
A luxúria é um dos sete pecados capitais. dela derivam outros muitos pecados, principalmente a cegueira da mente, precipitação, desconsideração, inconstância, amor desordenado de si mesmo, odeio a Deus, apego às coisas desta vida e horror à futura. Santo Tomam dedica um muito belo artigo a esta questão.
Divisão : A divisão fundamental é a que distingue entre luxúria consumada, completa ou perfeita, e a não consumada, incompleta ou imperfeita, conforme chegue ou não até o orgasmo completo, com sua correspondente efusão seminal no varão ou de humores vaginais na mulher. Consumada-a se subdivide em segundo a natureza, se dela pode segui-la geração de um novo ser, e contra a natureza, se de sua não é apta para a geração. refere-se sempre a atos externos e não pode dar-se nos meramente internos.
A não consumada pode ser interna e externa, conforme se refira tão somente a atos meramente internos ou a atos externos imperfeitos. É preciso, acima de tudo, ter sempre à vista dois grandes princípios que informam toda esta questão, e que, bem compreendidos, resolvem sem mais toda a abundante e complicada casuística que pode expor-se em torno à luxúria, ei-los aqui com toda claridade e precisão: Primeiro princípio: A luxúria ou deleite venéreo, tanto a consumada ou perfeita como a não consumada ou imperfeita, DIRETAMENTE PROCURADA fora do legítimo matrimônio, é sempre pecado mortal e não admite diminuição de matéria.
Expliquemos, acima de tudo, os termos do princípio: A LUXÚRIA Ou DELEITE VENÉREO, Ou seja, a própria e específica da geração humana,
Diferencia-se:
A. Do deleite puramente sensível, que é o produzido por um ato ou objeto prazeroso em si mesmo, mas não apto de seu para excitar o prazer venéreo (v.gr., o aroma de uma rosa, a suavidade do veludo, o aprimoramento de um manjar, etc.).
B. Do deleite sensual, que é o produzido por um ato ou objeto que, embora não é propriamente venéreo em si mesmo, é apto, entretanto, para excitar a concupiscência da carne (v.gr., um beijo, um abraço, etc.).
Nestes últimos terá pecado ou não segundo a intenção ou finalidade com que se façam. TANTO A CONSUMADA Ou PERFEITA, ou seja, a que chega a seu término natural pelo orgasmo e efusão seminal no varão ou de humores vaginais na mulher. COMO A NÃO CONSUMADA Ou IMPERFEITA, que se reduz a pensamentos, olhares, toques, etc., com intenção ou finalidade desonesta. DIRETAMENTE PROCURADA, já seja por ter tentado voluntariamente obter o prazer venéreo completo ou incompleto, ou por ter mimado nele quando se produziu sem buscá-lo. FORA DO LEGÍTIMO MATRIMÔNIO, ou seja, fora dos atos ordenados de sua à geração humana dentro do legítimo matrimônio. É SEMPRE PECADO MORTAL, não só por estar grave e expressamente proibida Por Deus, mas sim por ser uma coisa de sua natureza intrinsecamente má.
E NÃO ADMITE DIMINUIÇÃO DE MATÉRIA, ou seja, que, por insignificante que seja o ato desordenado (v.gr., um simples movimento carnal), é sempre pecado mortal quando através dele se busca diretamente o prazer venéreo. Só pode dar o pecado venial por imperfeição do ato humano, ou seja, por falta da suficiente advertência ou de pleno consentimento.
Vejamos agora a prova teológica do princípio:
a) PELA SAGRADA ESCRITURA. São inumeráveis os textos. Eis aqui alguns dos mais conhecidos:
«Não adulterará» (Ex. 20,14).
«Todo aquele que olha a uma mulher desejando-a, já adulterou com ela em seu coração» (MT. 5,28).
«Não lhes enganem: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adulteros, nem os efeminados, nem os sodomitas... possuirão o reino de Deus» (1 Cor. 6,9-1o).
«Agora bem: as obras da carne são manifestas, ou seja: fornicação, impureza, lascívia... e outras como estas, das quais lhes previno, como antes o fiz, que quem tais coisas fazem não herdarão o reino de Deus» (Gal. 5,19-21).
«Pois têm que saber que nenhum fornicador ou impuro... terá parte na herdade do reino de Cristo e de Deus» (Eph. 5,5).
Como se vê, os textos não podem ser mais claros e categóricos. trata-se da exclusão do reino dos céus, que corresponde ao pecado grave ou mortal; e afeta não só aos atos consumados ou perfeitos (fornicação, adultério), mas sim inclusive aos não consumados ou imperfeitos: basta um simples olhar mal ntencionado, como declara o mesmo Cristo no Evangelho (MT. 5,z8).
b) PELO MAGISTÉRIO DA IGREJA.
A Igreja (Aelxandre VII) condenou, ao menos como escandalosa, a seguinte proposição:
«É opinião provável a que diz ser somente pecado venial o beijo que se dá pelo deleite carnal e sensível que do beijo se origina, excluído o perigo de ulterior consentimento e poluição» (D I140).
Agora bem: se um simples beijo dado com intenção carnal (luxúria imperfeita ou não consumada) é pecado grave, serão-o também outros atos de luxúria imperfeita, e a fortiori os de luxúria consumada ou perfeita.
c) PELA RAZÃO TEOLÓGICA. Todos os teólogos católicos estão de acordo em proclamar que a luxúria perfeita ou imperfeita é de sua intrinsecamente má e não só porque está proibida Por Deus. A razão fundamental é porque o prazer venéreo o pôs Deus no ato da geração como estímulo e estímulo para ela, dada sua necessidade imprescindível para a propagação do gênero humano.
É, pois, um prazer cuja única e exclusiva razão de ser é o bem da espécie, não do indivíduo particular. Agora bem: utilizar esse agradar em proveito e utilidade própria fora de sua ordenação natural à geração em legítimo matrimônio é subverter a ordem natural das coisas, o qual é sempre intrinsecamente mal, porque se opõe ao que dispôs Deus, não só por uma lei positiva, mas também na natureza mesma das coisas; e como se trata de uma desordem grave, que afeta ao bem de toda a sociedade humana, sua infração voluntária e direta tem que constituir forzosamente um pecado mortal.
A esta razão fundamental podem acrescentar-se outras várias, principalmente para pôr de manifesto a ilegitimidade incluso dos atos imperfeitos. Porque:
I.° Tratando-se de matéria tão escorregadia, é quase impossível realizar o ato imperfeito sem expor-se a grave perigo de chegar até o perfeito; e, como é sabido, é pecado grave expor-se sem causa justificada—não o é nunca o desejo de satisfazer a própria sensualidade—a perigo próximo de pecado grave.
2º. É virtualmente impossível procurar o deleite venéreo incompleto sem que implicitamente se busque e queira o completo; porque, como adverte com fundamento Santo Tomam, asa incógnita de uma coisa se ordena sempre a sua consumação»; de onde, que quer a incógnita, pelo mesmo quer implícita e necessariamente a consumação, da mesma maneira que o que quer um bem imperfeito o quer assim que tende de seu ao bem perfeito.
3º. O prazer venéreo que se obtém com a luxúria imperfeita se ordena também, de dele, ao bem da espécie, já que é um aspecto parcial do estímulo natural para a geração posto no organismo humano pelo mesmo Autor da natureza. Logo utilizá-lo em proveito próprio fora daquela muito alto finalidade é subverter a ordem natural das coisas, e, pelo mesmo, é de seu intrinsecamente mau.
Segundo princípio: A luxúria perfeita ou imperfeita, involuntária em si mesmo, mas INDIRETAMENTE PERMITIDA ao realizar uma ação de seu boa ou indiferente, pode ser pecado grave, leve ou nenhum pecado, segundo as razões que se tiveram para realizar aquela ação e o comportamento observado ao produzir o prazer venéreo não procurado.
Expliquemos, acima de tudo, os termos do princípio: A LUXÚRIA PERFEITA Ou IMPERFEITA, no sentido já explicado. INVOLUNTÁRIA em si mesmo, ou seja, não procurada nem tentada direta nem indiretamente em si mesmo. MAS INDIRETAMENTE PERMITIDA. Não é o mesmo querer uma coisa que permiti-la indiretamente quando há justa causa para isso, de acordo com as leis do voluntário indireto.
Tornaremos em seguida sobre isto. AO REALIZAR UMA AÇÃO DE SEU BOA Ou INDIFERENTE; por exemplo, ao reconhecer a uma doente, ao estudar certas matérias necessárias de medicina ou moral, ao tomar um banho quente, etc. Se a ação excitante fora já de sua má (v.gr., a assistência a um espetáculo imoral), não poderia invocar-se ao voluntário indireto, já que uma de suas regras fundamentais é que se realize e tente exclusivamente uma ação boa, ainda que dela se siga indiretamente um efeito mau.
PODE SER PECADO GRAVE, LEVE Ou NENHUM PECADO, na forma que explicaremos em seguida. SEGUNDO AS RAZÕES QUE SE TIVERAM PARA REALIZAR AQUELA AÇÃO. É o aspecto mais importante do princípio, que explicaremos em seguida detalhadamente. E O COMPORTAMENTO OBSERVADO AO PRODUZIR O PRAZER VENÉREO NÃO PROCURADO. É outro aspecto fundamental. Se, ao produzir o prazer não procurado, consente-se voluntária e perfeitamente nele, comete-se sempre pecado mortal, embora a causa excitante se tenha posto por graves razões e sem intenção alguma pecaminosa.
Se o consentimento for imperfeito, comete-se pecado venial por imperfeição do ato humano. E se se rechaça totalmente o prazer, não se comete pecado algum, contanto que a causa excitante se pôs por razões gravemente proporcionadas segundo as leis do voluntário indireto. Expliquemos agora com detalhe os dois pontos que ficaram sem explicar, ou seja, os relativos à classe do pecado que se comete segundo as razões que tenha havido para permitir o efeito desordenado que se segue ou pode seguir-se de uma causa em si boa ou indiferente.
A questão não é tão fácil como a primeira vista pudesse parecer, e é preciso, para resolvê-la com acerto, estabelecer com toda claridade e precisão umas quantas distinções muito importantes.
1a Há ações que de dele (per se) são aptas para excitar a deleite venérea (v.gr., um olhar ou toque francamente obscenos); e outras que de suyonada têm que ver com o prazer venéreo, mas poderiam lhe excitar indiretamente (per accidens); por exemplo, comer ou beber em demasia, montar a cavalo, tomar um banho quente, etc.
2.a Entre as primeiras—ou seja, as que operaram per se — terá as que atuam próxima e notavelmente no efeito desordenado, de sorte que sempre ou quase sempre se produz de fato (v.gr., a vista prolongada das partes desonestas de uma pessoa de diferente sexo, uma leitura muito obscena, etc.); e outras que só influem remota e levemente (v.gr., a vista ou conversação com uma pessoa de aparência agradável, estreitá-las mãos ao cumprimentar-se, etc.).
3.a Há ações que excitam próxima e notavelmente a certas pessoas (v.gr., aos jovens, aos de temperamento muito ardente e passional, etc.) que não causam impressão alguma, ou só muito leve, a outras pessoas (v.gr., de temperamento frio ou de idade muito avançada, etc.).
4.a Ao realizar uma ação em si boa ou indiferente que produz ou pode produzir um efeito mau, poderiam existir razões gravemente proporcionadas para realizá-la, ou razões insuficientes, ou nenhuma razão absolutamente. Tendo em conta estes princípios, eis aqui as conclusões a que se deve chegar:
1a É PECADO MORTAL realizar sem grave razão uma ação boa ou indiferente que influa próxima e gravemente no prazer venéreo (já seja por si mesmo ou pela especial psicologia de uma pessoa determinada), embora em algum caso concreto não se seguisse de fato aquele prazer. A razão é porque não é lícito a ninguém, sem grave causa, expor-se a perigo próximo de pecar gravemente (cf. n.256). Grave causa a tem, v.gr., o médico. que deve reconhecer ao doente ou doente, o estudante de medicina que deve aprender anatomia ou obstetria, o sacerdote que tem obrigação de estudar a moral ou de ouvir confissões acidentadas, etc.
Nenhum destes pecaria se ao realizar esses estudos ou desempenhar suas funções profissionais experimentassem algum prazer desordenado, com tal, naturalmente, que rechaçassem absolutamente o voluntário consentimiento do mesmo. Tampouco pecaria por este capítulo o que por uma larga experiência soubesse com toda certeza que não lhe excita carnalmente alguma ação de seu boa ou indiferente que para outros resulta gravemente provocadora. Mas, como é natural, esta frieza subjetiva não poderia invocar-se para legitimar uma ação de si mesma má (v.gr., a assistência a um espetáculo imoral), porque se pecaria, ao menos, por razão do escândalo e da cooperação ao mal.
2.a É PECADO VENIAL realizar sem justa causa uma ação que influi tão somente per accidens, ou de maneira leve e remota, no prazer venéreo não procurado nem tentado direta nem indiretamente (v.gr., algum excesso na comida ou bebida, a vista e conversação com uma pessoa muito bela, etc.). A razão é porque, embora estas ações influem tão somente e remotamente no prazer venéreo, que, além disso, não se busca nem se tenta, pôr essas causas sem razão alguma e por puro capricho não deixa de envolver certa desordem, ao menos de imprudência e temeridade.
Entretanto, como esta desordem não afeta diretamente à luxúria (já que neste caso seria grave, porque, como já havemos dito, não se dá DIMINUIÇÃO de matéria na luxúria diretamente intencionada), constitui tão somente um pecado venial, com tal, naturalmente, de rechaçar o consentimento ao prazer desordenado que possa produzir-se inesperadamente.
3ª. Não É PECADO ALGUM realizar com justa causa (v.gr., por necessidade, educação, utilidade ou conveniência) as ações que acabamos de indicar no parágrafo anterior (ou seja, as que influem só per accidens ou leve e remotamente). E com grave causa (v.gr., o exercício profissional de médicos, enfermeiros, etc.) inclusive as do primeiro parágrafo (ou seja, as que influem próxima e gravemente), com tal de tomar toda espécie de precauções e de rechaçar no ato o prazer se se produzir.
Entretanto, se a causa fora de tal maneira excitante e a própria debilidade tão grande que se tivesse certeza moral de que se produzirá o prazer e de que não se terá a suficiente energia para rechaçar o consentimento, seria absolutamente ilícito pôr aquela causa, embora para isso tivesse o interessado que abandonar sua própria profissão ou emprego, já que nem sequer para salvar a própria vida ou a do próximo é lícito jamais expor-se a perigo certo ou virtualmente inevitável de pecado.
Com estes dois princípios que acabamos de expor, bem compreendidos e assimilados, pode resolver com acerto toda a muito abundante casuística que expõe a luxúria em todas suas manifestações completas ou incompletas. Tudo gira em torno destes dois pontos fundamentais:
I.°, a luxúria diretamente tentada fora do legítimo matrimônio é sempre pecado mortal, sem que admita DIMINUIÇÃO de matéria (um simples movimento carnal, um simples olhar ao corpo de uma pessoa, basta para pecar mortalmente se com isso se tenta diretamente e experimentar um prazer ou deleite venéreo); e
2.°, a luxúria involuntária, mas prevista, será pecado grave, leve ou nenhum pecado, conforme tenha havido ou não raciocine proporcionadas para permiti-la e se rechaçou ou não o consentimento ao prazer desordenado no momento de produzir-se.
Depois o Padre Royo Marín vai expor quais sejam as espécies de luxúria:
a) a simples fornicação;
- o concubinato;
- a prostituição;
- a fornicação onanística;
b) o estupro;
c) o sequestro para prazeres desonestos;
d) o adultério;
e) o incesto;
d) o sacrilégio (como ocorre em algumas seitas), ou seja, a violação de um objeto sagrado para um fim imoral (maçonaria por ex. que utilizam prostitutas para profanar a EUCARISTA [os textos entre parênteses são meus, não do Pe. Royo Marín];
Depois ele trata da luxúria consumada contra a natureza:
a) polução;
b)onanismo;
c) sodomia;
d) bestialidade, ou seja, relação com seres distintos da espécie humana;
E na III Parte desta matéria ele trata do tema que nos interessa, a saber, os pecados internos da luxúria, que vou colocar a tradução.
III. OS PECADOS INTERNOS DA LUXÚRIA
597. Os pecados internos de luxúria são três: os pensamentos impuros, os desejos impuros e o gozo pelos pecados cometidos. O primeiro se refere ao presente; o segundo, ao futuro, e o terceiro, ao passado.
Falamos que todos eles ao tratar dos pecados internos em geral e remetemos ao leitor a aquele outro lugar (cf. n.257-262).
Aqui nos limitamos a recordar os dois princípios fundamentais que iluminam toda esta questão, e que, bem aplicados, resolvem toda a ampla casuística que possa apresentar-se na prática. São os seguintes:
1.0 O deleite desonesto interno diretamente procurado ou voluntariamente aceito é sempre pecado mortal e não admite DIMINUIÇÃO de matéria.
Por conseguinte, qualquer pensamento impuro, qualquer desejo impuro, qualquer gozo pela lembrança de uma ação impura que se cometeu anteriormente, é de seu pecado mortal quando lhe adverte com toda clareza e lhe consente ou aceita com plena vontade. Somente cabe o pecado venial por imperfeição do ato (ou seja, por falta desta plena advertência ou consentimento), mas não pelo DIMINUIÇÃO de matéria quando foi plenamente advertida e aceita.
Que classe de pecado se comete e se recolher ou não as circunstâncias do objeto sobre que recai (v.gr., a malícia do adultério, incesto, etc.), explicamo-lo já ao falar dos pecados internos em geral (cf. n.257-262).
2.° Não há nenhuma razão que possa autorizar jamais a permissão indireta de atos internos de luxúria referentes ao futuro (desejos impuros) ou ao passado (gozo ou aprovação dos atos impuros realizados), já que estes são atos próprios da vontade que supõem a aceitação, ou consentimento ao pecado. Mas com causa gravemente proporcionada (v. gr., o exercício profissional do médico, sacerdote, estudante de medicina, etc.) é lícito permitir que sobrevenham pensamentos desordenados, com tal de rechaçar absolutamente o consentimento voluntário aos mesmos, já que é do todo impossível evitá-los e não se contrai sua malícia do momento em que não se buscam diretamente nem se consentem ao produzir-se.
IV. LUXÚRIA EXTERNA NÃO CONSUMADA
Para maior ordem e claridade dividimos esta matéria em duas partes:
A. Atos impudicos em geral.
B. Aplicações concretas.
A) Atos impudicos em geral
598. I. Noção. Em geral se designam com o nome de atos impudicos aqueles que, sem ser propriamente venéreos em si mesmos, relacionam-se, entretanto, com a luxúria e influem nela mais ou menos diretamente. Tais são, principalmente, olhada-las, toques, beijos sexuados, abraços, leituras, cantar ou conversações perigosas, etc. A eles se reduzem também os bailes, espetáculos, fotografias, etc., que sejam perigosos de dela ou relativamente à pessoa em questão.
599• 2. Malícia. Consiste na aptidão natural que têm para excitar movimentos torpes que podem conduzir até o deleite venéreo completo. Mas, em si mesmos, muitos deles são indiferentes e podem realizar-se de tal forma que não envolvam pecado algum e até que sejam inclusive louváveis (v.gr., o beijo carinhoso dado à própria mãe).
Estes atos, de seu indiferentes, convertem-se em impudicos e maus por um triplo capítulo :
Iº. PELO FIM COM QUE SE EXECUTAM. E neste sentido podem ser:
A. Atos impudicos em geral.
B. Aplicações concretas.
A) Atos impudicos em geral
598. I. Noção. Em geral se designam com o nome de atos impudicos aqueles que, sem ser propriamente venéreos em si mesmos, relacionam-se, entretanto, com a luxúria e influem nela mais ou menos diretamente. Tais são, principalmente, olhada-las, toques, beijos sexuados, abraços, leituras, cantar ou conversações perigosas, etc. A eles se reduzem também os bailes, espetáculos, fotografias, etc., que sejam perigosos de dela ou relativamente à pessoa em questão.
599• 2. Malícia. Consiste na aptidão natural que têm para excitar movimentos torpes que podem conduzir até o deleite venéreo completo. Mas, em si mesmos, muitos deles são indiferentes e podem realizar-se de tal forma que não envolvam pecado algum e até que sejam inclusive louváveis (v.gr., o beijo carinhoso dado à própria mãe).
Estes atos, de seu indiferentes, convertem-se em impudicos e maus por um triplo capítulo :
Iº. PELO FIM COM QUE SE EXECUTAM. E neste sentido podem ser:
2º. PELO INFLUXO NA COMOÇÃO VENÉREA. E assim serão
a) Pecado mortal, quando influem próxima e notavelmente em dita comoção e se executam sem causa alguma ou de tudo insuficiente e desproporcionada. As aplicações são variadísimas: olhares, toques, beijos, baile, espetáculos, fotografias, praias, etc., etc., quando influírem nessa forma próxima e notável e se executam sem grave causa e sem as devidas precauções.
b) Pecado venial, quando ficam sem razão suficiente, mas influem tão somente remota ou levemente (v.gr., alguma piada um pouco obscena, um beijo rápido na testa ou na bochecha, um espetáculo um pouco atrevido, mas não imoral, etc.), e não se teve má intenção, nem se produziu grave escândalo, nem se consentiu em nenhum pensamento ou afeto torpe.
c) Nenhum pecado, quando influem tão somente remota ou levemente e houve, além disso, alguma razão de verdadeira utilidade ou conveniência para isso (v.gr, por educação, amizade, afeto familiar, etc.), excluído sempre o consentimento aos movimentos torpes que possam surgir.
3º. PELA FRAGILIDADE ESPECIAL DO AGENTE Ou POR RAZÃO DE ESCÂNDALO. Pode ocorrer, em efeito, que algum desses atos que de ordinário influem tão somente remota ou levemente na maior parte da gente, afetem, entretanto, próxima e notavelmente a uma pessoa extraordinariamente frágil e propensa à sensualidade, em cujo caso deve evitar, ao menos até que se serene e normalize, aquelas coisas que outras pessoas mais normais se podem permitir sem pecado. Diga-o mesmo por razão do escândalo que pode produzir-se (v. gr., vendo um sacerdote em um espetáculo impróprio para ele, embora não levasse por sua parte nenhuma má intenção ao assistir).
B) Aplicações concretas Para ilustrar melhor os princípios que acabamos de expor, vamos aplicá-los a alguns casos concretos e particulares, advertindo, não obstante, que estas aplicações valem unicamente em termos gerais e segundo o que está acostumado a ocorrer ordinariamente; mas na prática terá que ter sempre em conta o conjunto de circunstâncias, principalmente a intenção ou finalidade do agente, as razões que existam para expor-se a algum perigo, sua maior ou menor periculosidade em ordem a suas disposições subjetivas e o escândalo que possivelmente possa dar-se com uma ação acaso lícita em si mesmo ou para outros. Feitas estas condições, eis aqui o que se pode concluir em termos gerais:
600. 1º. Olhares e toques.
a) Será ordinariamente pecado mortal olhar ou tocar sem causa grave (como a tem o médico, cirurgião, etc.) as partes desonestas de outras pessoas, sobre tudo se forem de diversos sexo, e até do mesmo se se tiver inclinação desviada para ele. Diga-o mesmo com relação às mulheres nos peitos.
b) Pode ser simplesmente venial olhar ou tocar as próprias partes unicamente por ligeireza, curiosidade, etc., excluída toda intenção venérea ou sensual e todo perigo próximo de excitar nelas movimentos desordenados. Não é pecado algum fazer isso mesmo por necessidade ou conveniência (v.gr., para curar uma enfermidade, lavar-se, etc.).
c) Para julgar da importância ou gravidade dos olhares ou toques às restantes parte do corpo humano próprio ou alheio, mais que à anatomia terá que atender à intenção do agente, ao influxo que pode exercer na comoção carnal e às razões que houve para as permitir, de acordo com os princípios anteriormente expostos. Às vezes será pecado mortal o que em outras circunstâncias ou intenções seria tão somente venial e possivelmente nenhum pecado.
d) O dito com relação ao corpo humano, aplique-se à vista de estátuas, quadros, fotografias, espetáculos, etc., na medida, grau e proporção com que possam excitar a própria sensualidade.
602. 3º. Conversaciones y cantos.
603. 4.° Leituras. b) Pode ser simplesmente venial olhar ou tocar as próprias partes unicamente por ligeireza, curiosidade, etc., excluída toda intenção venérea ou sensual e todo perigo próximo de excitar nelas movimentos desordenados. Não é pecado algum fazer isso mesmo por necessidade ou conveniência (v.gr., para curar uma enfermidade, lavar-se, etc.).
c) Para julgar da importância ou gravidade dos olhares ou toques às restantes parte do corpo humano próprio ou alheio, mais que à anatomia terá que atender à intenção do agente, ao influxo que pode exercer na comoção carnal e às razões que houve para as permitir, de acordo com os princípios anteriormente expostos. Às vezes será pecado mortal o que em outras circunstâncias ou intenções seria tão somente venial e possivelmente nenhum pecado.
d) O dito com relação ao corpo humano, aplique-se à vista de estátuas, quadros, fotografias, espetáculos, etc., na medida, grau e proporção com que possam excitar a própria sensualidade.
602. 3º. Conversaciones y cantos.
a) É pecado mortal iniciar ou manter uma conversação francamente desonesta ou obscena, que não pode ter outra finalidade que excitar a sensualidade própria ou alheia ou escandalizar a outros. O iniciador peca mais gravemente que o resto dos interlocutores. Diga-o mesmo de um canto gravemente obsceno, ou seja, apto para escandalizar a qualquer pessoa normal.
b) Sustentar alguma conversação sobre matérias obscenas ou perigosas (v.gr., sobre os deveres íntimos do matrimônio, obstetrícia, etc.) sem causa suficiente para isso, mas também sem nenhuma má intenção, ordinariamente não passará de pecado venial, ao menos se pela maneira de falar, seriedade dos circunstantes, etc., vê-se claro que não produz escândalo nenhum nem se corre perigo de excitar a sensualidade própria ou alheia. Com causa justificada (v.gr., por razão de estudo da medicina ou a moral) não teria pecado algum.
c) As piadas, historietas mais ou menos subidas de tom, etc., relatados sem má intenção e sem escândalo dos circunstantes, ordinariamente não passam tampouco de pecado venial, porque a risada está acostumada recair, não sobre a coisa obscena em si mesmo, a não ser sobre o engenho ou graça do caso. Entretanto, são muito inconvenientes (sobre tudo em presença de pessoas ligeiras e largas de consciência), porque revistam degenerar facilmente em conversações obscenas, gestos torpes e brincadeiras soezes das coisas mais sérias e sagradas. Neste último caso, claro está que seriam pecado mortal.
b) Sustentar alguma conversação sobre matérias obscenas ou perigosas (v.gr., sobre os deveres íntimos do matrimônio, obstetrícia, etc.) sem causa suficiente para isso, mas também sem nenhuma má intenção, ordinariamente não passará de pecado venial, ao menos se pela maneira de falar, seriedade dos circunstantes, etc., vê-se claro que não produz escândalo nenhum nem se corre perigo de excitar a sensualidade própria ou alheia. Com causa justificada (v.gr., por razão de estudo da medicina ou a moral) não teria pecado algum.
c) As piadas, historietas mais ou menos subidas de tom, etc., relatados sem má intenção e sem escândalo dos circunstantes, ordinariamente não passam tampouco de pecado venial, porque a risada está acostumada recair, não sobre a coisa obscena em si mesmo, a não ser sobre o engenho ou graça do caso. Entretanto, são muito inconvenientes (sobre tudo em presença de pessoas ligeiras e largas de consciência), porque revistam degenerar facilmente em conversações obscenas, gestos torpes e brincadeiras soezes das coisas mais sérias e sagradas. Neste último caso, claro está que seriam pecado mortal.
Com ligeiras variantes, pode aplicar-se às leituras o que acabamos de dizer nos números anteriores. E assim; a) É pecado mortal ler um livro francamente obsceno que excite gravemente a sensualidade do leitor, já seja de tipo científico, recreativo ou histórico. Com grave causa e as devidas precauções poderia autorizar-se por razão do ofício (médico, confessor, censor literário, etc.), sempre que não represente um perigo próximo de consentimento nos movimentos desordenados que excite, porque, neste caso, seria gravemente ilícito pelo mesmo direito natural. b) As novelas amorosas, científicas ou de aventuras, etc., que não excitem a sensualidade, ou só de maneira remota ou leve, podem ler-se sem pecado grave até com causa muito ligeira; e com causa proporcionada, inclusive sem pecado leve. Mas de ordinário devem desaconselhar-se aos jovens, pelo tempo que perdem nisso com prejuízo de suas obrigações, por lhes transladar a uma esfera irreal cheia de ilusões e fantasias e por outros muitos inconvenientes pelo estilo. As novelas obscenas estão de sua gravemente proibidas para todos pelo mesmo direito natural.
A Imitação de Cristo, Livro III, LII, (sobre castigos e consolações) diz que “Pela verdadeira contrição e humilhação do coração nasce a esperança do perdão, a consciência perturbada é reconciliada, a graça perdida é reencontrada, o homem é protegido da cólera que se aproxima: Deus e o coração contrito vão, num santo beijo, ao encontro um do outro.” [grifos nossos]
Bem, vamos a algumas considerações.
Primeiramente, é preciso dizer que a moral cristã não muda. O que era pecado permanece e permanecerá sendo, independente da mentalidade dominante de uma cultura ou sociedade. Essa jamais será pretexto para se minar o mal natural (entenda-se = essencial) de um ato. Assim, em uma época em que o sexo é quase divinizado, e toda a sociedade praticamente incentiva a prática sexual precoce, o casal que se conhece à primeira noite e vai para o motel peca tanto quanto o casal de épocas passadas que se arriscava para driblar os pais e ter relações às escondidas.
No entanto, é preciso sempre se perguntar e saber onde está o pecado. No exemplo citado, ele está no ato em si, mas pode estar presente também nas más intenções e inclinações de cada um, que serão mais ou menos graves conforme o grau de consciência de cada um, que por sua vez é moldado de acordo com os valores da sociedade, de modo que a transgressão destes pode em um caso ser alcançável sem muita concupiscência (uma vez que conta com o apoio da sociedade) e em outro pode exigir muita concupiscência (uma vez que a sociedade é contra).
Ora, isso significa que pode-se pecar tanto por atos intrinsecamente maus como também por atos neutros, se com eles houver real intenção de se pecar, ou se as circunstâncias foram desfavoráveis o bastante para alimentar um verdadeiro espírito de pecado.
Assim, vemos que no item a) acima citado, o que se está levando em conta é a intenção direta de se pecar contra o sexto mandamento e a dignidade do outro, seja em pensamento, seja na tentativa de experimentar o prazer realmente. No item b) o que se está levando em conta são as circunstâncias. Ou seja, em casos onde “é quase impossível que não representem um perigo próximo e notável de movimentos carnais” , tais atos são evidentemente condenáveis por esse motivo, e não por outro.
Bem, o pecado não muda, mas as circunstâncias mudam. De modo que se estas circunstâncias não se fizerem presentes em alguma época ou cultura, não é que o pecado deixou de ser pecado, mas sim que simplesmente não se manifestará por essa via. E então é que entra a resposta aos que questionaram sobre a época atual em que vivemos: pode-se dizer que ainda hoje a maioria dos beijos prolongados, sem que haja a intenção de se obter a excitação sexual, o façam involuntariamente? A meu ver, não. Da mesma forma que a valsa hoje, quando dançada sem a intenção de provocar a excitação sexual, não a causa acidentalmente. Podemos, porém, e devemos, aplicar o mesmo raciocínio para trazer a tona os atos que na cultura de hoje estão atrelados a circunstâncias que tornam esse perigo iminente. E aí entram os bailes funk, as músicas sensuais, enfim, tudo aquilo que culturalmente está vinculado com o sexo que não se pode praticá-lo sem que isso ocasione um perigo iminente de se pecar, ainda que por pensamento, contra a castidade. Note que não estou dizendo que a dança precisa representar um perigo para deixar a pessoa com vontade de ter relações, mas simplesmente de alimentar pensamentos impuros.
Ja o item c) poderia ser entendido como o “selinho” ou o beijo carinhoso na bochecha, que na nossa cultura não traz perigo algum para o alimento da concupiscência (embora o selinho entre amigos seja uma prática que escandalize ainda, e não se pode negar que é feito com um certo teor de liberalismo sexual).
Nem todos os movimentos carnais (paixões) são pecados. São, na medida em que não se submetem à reta razão. Evidente que o eros é uma parte boa do ser humano, mas é possível ser parcialmente desenvolvida (regradamente) fora do matrimônio?
Eu não vejo por que não, já que é normal que alguém se case com uma pessoa pela qual sente esse amor especial (não que isso seja essencial à validade do matrimônio, pois há outros tipos de amor e afinidades).
Agora, eu não considero que o amor eros se identifique ou implique em deleite venéreo. Um beijo pode ser, sim, um desenvolvimento regrado do eros.
A natureza humana não pode negar as paixões. Até Jesus Cristo teve paixões, que são movimentos do apetite sensível. Que dizer do “Pai, se possível, afasta de mim esse cálice” ?
O que ocorre é que, às vezes, os movimentos do apetite sensível não ficam retidos no apetite sensível, mas arrastam a razão, e, assim, impedem a razão de fazer o que convém. Em Cristo, também existiram esses movimentos, mas ficaram retidos no apetite sensível, debaixo do império da razão.
A esse respeito, Santo Tomás refere-se a um comentário de São Jerônimo:
.
“Jerônimo, In Matth., diz a este propósito: Nosso Senhor, para demonstrar a verdade da natureza humana que havia assumido, entristeceu-se realmente; mas, a fim de que a paixão não dominasse em sua alma, diz-se que se deixou afligir por uma pró-paixão; para indicar que a paixão perfeita é a que domina a alma, isto é, a razão, enquanto a pró-paixão é a que se inicia no apetite sensível, mas não se propaga a outros âmbitos.” (S. Th., III, q.15, a.4, co.)
A alegria, a tristeza, o medo, o desespero, tudo isso são movimentos do apetite sensível, junto com o amor-paixão. Diz Jolivet: “Existem [inclusive] paixões nobres: a paixão da verdade, a paixão da caridade, a paixão do amor de Deus, que produz os santos. Estes, em certo sentido, são todos apaixonados. A paixão não se torna culpável a não ser que se dirija para um objeto moralmente mau” .
Uns comentários interessantes de Jolivet, para pôr neste artigo:
As afeições simpáticas.
Quanto às afeições simpáticas, elas não são em si más, tanto quanto possam parecer, mas devem ser atentamente vigiadas. As amizades da juventude podem ser simplesmente uma ajuda e um auxílio. Mas acontece muitas vezes, também, que se oferece uma amizade sem reflexão, ou que nos entreguemos ou nos isolemos com uma incrível leviandade. Devemos, por isso, aprender a governar os sentimentos do coração. — Enfim, acontece, por vezes, que certas amizades precoces tenham alguma coisa de inquieto e apaixonado, e se tornem facilmente absorventes. Este é o sinal de uma sensibilidade afetiva desordenada, que é necessário trabalhar para dominar e moderar.
§ 2. Remédios para as paixões más
131 Não basta trabalhar para desenvolver em nós as boas inclinações, mas é necessário ainda esforçar-se por vencer as inclinações más e evitar ou domar as paixões malsãs. Quer dizer que existe lugar para empregar remédios preventivos e remédios curativos.
1. Remédios preventivos. — Sabemos que a paixão pode nascer, quer das disposições fisiológicas ou morais, quer das circunstâncias exteriores. Cumpre, então, chamar a atenção para estes dois pontos:
a) A imaginação é a grande fonte das paixões. Por isso, neste domínio, tudo se resume em aplicar as regras que demos a propósito da imaginação. — Quanto ao temperamento físico, é conveniente esclarecer se ele é ou não perfeitamente são, e, em caso negativo, fazer intervir os remédios físicos apropriados.
b) As circunstâncias exteriores têm uma grande influência sobre a formação das paixões. Estas circunstâncias, na maior parte do tempo, não dependem de nós. Pelo menos, convém não criar voluntária ou imprudentemente circunstâncias que sejam perigosas: deste ponto-de-vista as leituras e os espetáculos devem tornar-se objeto de uma escolha escrupulosa. Que nós nos lembremos destas palavras: "Quem ama o perigo, nele morrerá." Acima de tudo, é necessário esforçar-se para adquirir uma vontade forte, como o mostraremos mais adiante.
2. Remédios curativos. — Quando uma paixão má se manifesta, como poderemos combatê-la?
a) A luta direta nem sempre é indicada, e é mesmo muito paro que tenha bons resultados. Em regra geral, não se combate eficazmente uma paixão a não ser por uma paixão contrária.
b) Em certos casos, contudo, a luta direta pode mostrar-se eficaz. Seu processo consiste em associar às paixões alguma emoção desagradável. É assim que se luta contra a covardia, contra a sensualidade etc, expondo as detestáveis conseqüências destas paixões: vergonha, desprezo, perturbações físicas. Acima de tudo, a idéia do pecado e a ofensa feita a Deus devem ser eficazes nas almas cristãs.
As circunstâncias, mais do que o beijo propriamente, podem estimular o deleite venéreo. Assim, eu penso que um beijo entre namorados que estão sentados pode estimular mais o deleite venéreo do que um beijo em pé, pois, sentado, há, mais facilmente, o entrelaçamento entre as partes inferiores do corpo ou a visão de tais partes em posturas que possam estimular o deleite venéreo. Porém, não desejo aqui entrar no terreno das circunstâncias, pois acredito que não deva constar de um manual pronto quais situações podem estimular o prazer venéreo, uma vez que isso realmente faz produzir uma conduta escrupulosa. Cada um deve ser responsável em avaliar as circunstâncias em que ele próprio se põe em perigo de pecar. E isso é a mesma coisa que venho dizendo por aqui no que tange à leitura de livros heréticos, etc.
Cabe dizer também que o deleite venéreo em si não é pecado e sim o deleite venéreo consentido, isto é, após o ato permissivo da razão. Por isso, em determinadas circunstâncias pode haver acidentalmente o despertar de um deleite venéreo que não foi buscado diretamente. Acredito que somente será pecado, se o indivíduo tiver possuído as condições de prever a ação da inclinação ao bem desordenado em face de sua própria capacidade de oferecer resistência. Por isso, eu sou contra que os manuais qualifiquem determinadas condutas em si de pecaminosas, se, no fundo, elas se fazem depender de uma vontade forte ou fraca, da ciência que o indivíduo tem de si mesmo, etc.
Até porque as pessoas não são iguais, apesar de possuírem a mesma essência. Cada um é influenciado por paixões e hábitos diferentes. Desta forma, as receitas dos manuais, embora possam servir de determinado parâmetro, não se aplicam infalivelmente a todas as pessoas. Sou mais favorável a uma moral que dê uma análise dos princípios que devem reger a conduta humana, como faz o "Curso de filosofia" de Jolivet, do que uma moral casuística, que parta para a análise de casos particulares.
Não existe matéria leve (pecado venial) em se tratando de castidade.
Todo ato voluntário que induza a qualquer tipo de prazer físico de natureza sexual é falta grave.
O que é perverso é subtrair o beijo na boca de sua finalidade evidentemente conjugal: casais que se amam e que sentem-se sexualmente atraídos um pelo outro não deveriam conseguir beijar na boca e não se excitar.
Mas a questão do eros isto é, sem o eros pode-se até haver beijo na boca entre pessoas do mesmo sexo, apesar de ser um costume que para nós aqui é feio e que pode despertar certa repulsa.
O grande Papa João Paulo II, em sua doutrina sobre o significado esponsal do corpo, demonstra magistralmente como Deus criou o ser humano homem e mulher para prefigurar, pela união física e espiritual, a união da natureza divina com a humana em Nosso Senhor, a união mística de Nosso Senhor com sua Igreja, e a própria dinâmica de Amor da Santíssima Trindade.
Mais alta demonstração de amor e de amizade entre dois seres humanos, o ato conjugal faz dos cônjuges co-autores da vida.
Vivificados pelos sacramentos, nos tornamos moradas de Deus, templos do Espírito Santo.
A gravidade dos pecados contra a castitade deriva, portanto, não da falsa convicção de que o ato sexual é uma coisa suja ou impura em si, mas, muito pelo contrário, da sacralidade de sua finalidade e da elevadíssima dignidade dos corpos dos filhos de Deus.
Sugiro a leitura dos artigos linkados abaixo, que comentam o livro Amor e Responsabilidade do então Bispo Karol Wojtyla, nosso Beato!
http://www.catholiceducation.org/article s/marriage/mf0078.html
.
http://www.cathol iceducation.org/articles/marriage/mf0076 .html
.
http://www.catholiceducation.org/a rticles/marriage/mf0077.html
.
http://cath oliceducation.org/articles/parenting/pa0 111.html
.
http://catholiceducation.org/ar ticles/marriage/mf0072.html
.
http://catho liceducation.org/articles/marriage/mf007 1.html
Sei que a maioria (e aqui me incluo) não dominam o inglês, mas consegui fazer uma boa leitura jogando os textos no Tradutor On line, uma mão na roda!
Esse beijo, anos 50, seria imoral?
Cada um deve ser responsável em avaliar as circunstâncias em que ele próprio se põe em perigo de pecar. Não dá para tratar a teologia moral apenas como se fosse receita de bolo.
O namoro é o tempo de conhecer o outro. Mais por dentro do que por fora. E para conhecer o outro é preciso que ele “se revele”, se mostre. Cada um de nós é um mistério, desconhecido para o outro. E o namoro é o tempo de revelar (= tirar o véu) esse mistério. Cada um veio de uma família diferente, recebeu valores próprios dos pais, foi educado de maneira diferente e viveu experiências próprias, cultivando hábitos e valores distintos. Tudo isto vai ter que ser posto em comum, reciprocamente, para que cada um conheça a "história"do outro. Há que revelar o mistério! Se você não se revelar, ele não vai conhecê-la, pois este mistério que é você, é como uma caixa bem fechada e que só tem chave por dentro. É a sua intimidade que vai ser mostrada ao outro, nos limites e na proporção que o relacionamento for aumentando e se firmando.
FIM
O relato das visões da Beata Ana Catarina diz que ao tomar a Cruz, nosso Senhor a beija por três vezes.A Imitação de Cristo, Livro III, LII, (sobre castigos e consolações) diz que “Pela verdadeira contrição e humilhação do coração nasce a esperança do perdão, a consciência perturbada é reconciliada, a graça perdida é reencontrada, o homem é protegido da cólera que se aproxima: Deus e o coração contrito vão, num santo beijo, ao encontro um do outro.” [grifos nossos]
Bem, vamos a algumas considerações.
Primeiramente, é preciso dizer que a moral cristã não muda. O que era pecado permanece e permanecerá sendo, independente da mentalidade dominante de uma cultura ou sociedade. Essa jamais será pretexto para se minar o mal natural (entenda-se = essencial) de um ato. Assim, em uma época em que o sexo é quase divinizado, e toda a sociedade praticamente incentiva a prática sexual precoce, o casal que se conhece à primeira noite e vai para o motel peca tanto quanto o casal de épocas passadas que se arriscava para driblar os pais e ter relações às escondidas.
No entanto, é preciso sempre se perguntar e saber onde está o pecado. No exemplo citado, ele está no ato em si, mas pode estar presente também nas más intenções e inclinações de cada um, que serão mais ou menos graves conforme o grau de consciência de cada um, que por sua vez é moldado de acordo com os valores da sociedade, de modo que a transgressão destes pode em um caso ser alcançável sem muita concupiscência (uma vez que conta com o apoio da sociedade) e em outro pode exigir muita concupiscência (uma vez que a sociedade é contra).
Ora, isso significa que pode-se pecar tanto por atos intrinsecamente maus como também por atos neutros, se com eles houver real intenção de se pecar, ou se as circunstâncias foram desfavoráveis o bastante para alimentar um verdadeiro espírito de pecado.
Assim, vemos que no item a) acima citado, o que se está levando em conta é a intenção direta de se pecar contra o sexto mandamento e a dignidade do outro, seja em pensamento, seja na tentativa de experimentar o prazer realmente. No item b) o que se está levando em conta são as circunstâncias. Ou seja, em casos onde “é quase impossível que não representem um perigo próximo e notável de movimentos carnais” , tais atos são evidentemente condenáveis por esse motivo, e não por outro.
Bem, o pecado não muda, mas as circunstâncias mudam. De modo que se estas circunstâncias não se fizerem presentes em alguma época ou cultura, não é que o pecado deixou de ser pecado, mas sim que simplesmente não se manifestará por essa via. E então é que entra a resposta aos que questionaram sobre a época atual em que vivemos: pode-se dizer que ainda hoje a maioria dos beijos prolongados, sem que haja a intenção de se obter a excitação sexual, o façam involuntariamente? A meu ver, não. Da mesma forma que a valsa hoje, quando dançada sem a intenção de provocar a excitação sexual, não a causa acidentalmente. Podemos, porém, e devemos, aplicar o mesmo raciocínio para trazer a tona os atos que na cultura de hoje estão atrelados a circunstâncias que tornam esse perigo iminente. E aí entram os bailes funk, as músicas sensuais, enfim, tudo aquilo que culturalmente está vinculado com o sexo que não se pode praticá-lo sem que isso ocasione um perigo iminente de se pecar, ainda que por pensamento, contra a castidade. Note que não estou dizendo que a dança precisa representar um perigo para deixar a pessoa com vontade de ter relações, mas simplesmente de alimentar pensamentos impuros.
Ja o item c) poderia ser entendido como o “selinho” ou o beijo carinhoso na bochecha, que na nossa cultura não traz perigo algum para o alimento da concupiscência (embora o selinho entre amigos seja uma prática que escandalize ainda, e não se pode negar que é feito com um certo teor de liberalismo sexual).
Nem todos os movimentos carnais (paixões) são pecados. São, na medida em que não se submetem à reta razão. Evidente que o eros é uma parte boa do ser humano, mas é possível ser parcialmente desenvolvida (regradamente) fora do matrimônio?
Eu não vejo por que não, já que é normal que alguém se case com uma pessoa pela qual sente esse amor especial (não que isso seja essencial à validade do matrimônio, pois há outros tipos de amor e afinidades).
Agora, eu não considero que o amor eros se identifique ou implique em deleite venéreo. Um beijo pode ser, sim, um desenvolvimento regrado do eros.
A natureza humana não pode negar as paixões. Até Jesus Cristo teve paixões, que são movimentos do apetite sensível. Que dizer do “Pai, se possível, afasta de mim esse cálice” ?
O que ocorre é que, às vezes, os movimentos do apetite sensível não ficam retidos no apetite sensível, mas arrastam a razão, e, assim, impedem a razão de fazer o que convém. Em Cristo, também existiram esses movimentos, mas ficaram retidos no apetite sensível, debaixo do império da razão.
A esse respeito, Santo Tomás refere-se a um comentário de São Jerônimo:
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“Jerônimo, In Matth., diz a este propósito: Nosso Senhor, para demonstrar a verdade da natureza humana que havia assumido, entristeceu-se realmente; mas, a fim de que a paixão não dominasse em sua alma, diz-se que se deixou afligir por uma pró-paixão; para indicar que a paixão perfeita é a que domina a alma, isto é, a razão, enquanto a pró-paixão é a que se inicia no apetite sensível, mas não se propaga a outros âmbitos.” (S. Th., III, q.15, a.4, co.)
A alegria, a tristeza, o medo, o desespero, tudo isso são movimentos do apetite sensível, junto com o amor-paixão. Diz Jolivet: “Existem [inclusive] paixões nobres: a paixão da verdade, a paixão da caridade, a paixão do amor de Deus, que produz os santos. Estes, em certo sentido, são todos apaixonados. A paixão não se torna culpável a não ser que se dirija para um objeto moralmente mau” .
Uns comentários interessantes de Jolivet, para pôr neste artigo:
As afeições simpáticas.
Quanto às afeições simpáticas, elas não são em si más, tanto quanto possam parecer, mas devem ser atentamente vigiadas. As amizades da juventude podem ser simplesmente uma ajuda e um auxílio. Mas acontece muitas vezes, também, que se oferece uma amizade sem reflexão, ou que nos entreguemos ou nos isolemos com uma incrível leviandade. Devemos, por isso, aprender a governar os sentimentos do coração. — Enfim, acontece, por vezes, que certas amizades precoces tenham alguma coisa de inquieto e apaixonado, e se tornem facilmente absorventes. Este é o sinal de uma sensibilidade afetiva desordenada, que é necessário trabalhar para dominar e moderar.
§ 2. Remédios para as paixões más
131 Não basta trabalhar para desenvolver em nós as boas inclinações, mas é necessário ainda esforçar-se por vencer as inclinações más e evitar ou domar as paixões malsãs. Quer dizer que existe lugar para empregar remédios preventivos e remédios curativos.
1. Remédios preventivos. — Sabemos que a paixão pode nascer, quer das disposições fisiológicas ou morais, quer das circunstâncias exteriores. Cumpre, então, chamar a atenção para estes dois pontos:
a) A imaginação é a grande fonte das paixões. Por isso, neste domínio, tudo se resume em aplicar as regras que demos a propósito da imaginação. — Quanto ao temperamento físico, é conveniente esclarecer se ele é ou não perfeitamente são, e, em caso negativo, fazer intervir os remédios físicos apropriados.
b) As circunstâncias exteriores têm uma grande influência sobre a formação das paixões. Estas circunstâncias, na maior parte do tempo, não dependem de nós. Pelo menos, convém não criar voluntária ou imprudentemente circunstâncias que sejam perigosas: deste ponto-de-vista as leituras e os espetáculos devem tornar-se objeto de uma escolha escrupulosa. Que nós nos lembremos destas palavras: "Quem ama o perigo, nele morrerá." Acima de tudo, é necessário esforçar-se para adquirir uma vontade forte, como o mostraremos mais adiante.
2. Remédios curativos. — Quando uma paixão má se manifesta, como poderemos combatê-la?
a) A luta direta nem sempre é indicada, e é mesmo muito paro que tenha bons resultados. Em regra geral, não se combate eficazmente uma paixão a não ser por uma paixão contrária.
b) Em certos casos, contudo, a luta direta pode mostrar-se eficaz. Seu processo consiste em associar às paixões alguma emoção desagradável. É assim que se luta contra a covardia, contra a sensualidade etc, expondo as detestáveis conseqüências destas paixões: vergonha, desprezo, perturbações físicas. Acima de tudo, a idéia do pecado e a ofensa feita a Deus devem ser eficazes nas almas cristãs.
As circunstâncias, mais do que o beijo propriamente, podem estimular o deleite venéreo. Assim, eu penso que um beijo entre namorados que estão sentados pode estimular mais o deleite venéreo do que um beijo em pé, pois, sentado, há, mais facilmente, o entrelaçamento entre as partes inferiores do corpo ou a visão de tais partes em posturas que possam estimular o deleite venéreo. Porém, não desejo aqui entrar no terreno das circunstâncias, pois acredito que não deva constar de um manual pronto quais situações podem estimular o prazer venéreo, uma vez que isso realmente faz produzir uma conduta escrupulosa. Cada um deve ser responsável em avaliar as circunstâncias em que ele próprio se põe em perigo de pecar. E isso é a mesma coisa que venho dizendo por aqui no que tange à leitura de livros heréticos, etc.
Cabe dizer também que o deleite venéreo em si não é pecado e sim o deleite venéreo consentido, isto é, após o ato permissivo da razão. Por isso, em determinadas circunstâncias pode haver acidentalmente o despertar de um deleite venéreo que não foi buscado diretamente. Acredito que somente será pecado, se o indivíduo tiver possuído as condições de prever a ação da inclinação ao bem desordenado em face de sua própria capacidade de oferecer resistência. Por isso, eu sou contra que os manuais qualifiquem determinadas condutas em si de pecaminosas, se, no fundo, elas se fazem depender de uma vontade forte ou fraca, da ciência que o indivíduo tem de si mesmo, etc.
Até porque as pessoas não são iguais, apesar de possuírem a mesma essência. Cada um é influenciado por paixões e hábitos diferentes. Desta forma, as receitas dos manuais, embora possam servir de determinado parâmetro, não se aplicam infalivelmente a todas as pessoas. Sou mais favorável a uma moral que dê uma análise dos princípios que devem reger a conduta humana, como faz o "Curso de filosofia" de Jolivet, do que uma moral casuística, que parta para a análise de casos particulares.
Não existe matéria leve (pecado venial) em se tratando de castidade.
Todo ato voluntário que induza a qualquer tipo de prazer físico de natureza sexual é falta grave.
O que é perverso é subtrair o beijo na boca de sua finalidade evidentemente conjugal: casais que se amam e que sentem-se sexualmente atraídos um pelo outro não deveriam conseguir beijar na boca e não se excitar.
Mas a questão do eros isto é, sem o eros pode-se até haver beijo na boca entre pessoas do mesmo sexo, apesar de ser um costume que para nós aqui é feio e que pode despertar certa repulsa.
O grande Papa João Paulo II, em sua doutrina sobre o significado esponsal do corpo, demonstra magistralmente como Deus criou o ser humano homem e mulher para prefigurar, pela união física e espiritual, a união da natureza divina com a humana em Nosso Senhor, a união mística de Nosso Senhor com sua Igreja, e a própria dinâmica de Amor da Santíssima Trindade.
Mais alta demonstração de amor e de amizade entre dois seres humanos, o ato conjugal faz dos cônjuges co-autores da vida.
Vivificados pelos sacramentos, nos tornamos moradas de Deus, templos do Espírito Santo.
A gravidade dos pecados contra a castitade deriva, portanto, não da falsa convicção de que o ato sexual é uma coisa suja ou impura em si, mas, muito pelo contrário, da sacralidade de sua finalidade e da elevadíssima dignidade dos corpos dos filhos de Deus.
Sugiro a leitura dos artigos linkados abaixo, que comentam o livro Amor e Responsabilidade do então Bispo Karol Wojtyla, nosso Beato!
http://www.catholiceducation.org/article
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http://www.cathol
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http://www.catholiceducation.org/a
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http://cath
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http://catholiceducation.org/ar
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http://catho
Sei que a maioria (e aqui me incluo) não dominam o inglês, mas consegui fazer uma boa leitura jogando os textos no Tradutor On line, uma mão na roda!
Esse beijo, anos 50, seria imoral?
O namoro é o tempo de conhecer o outro. Mais por dentro do que por fora. E para conhecer o outro é preciso que ele “se revele”, se mostre. Cada um de nós é um mistério, desconhecido para o outro. E o namoro é o tempo de revelar (= tirar o véu) esse mistério. Cada um veio de uma família diferente, recebeu valores próprios dos pais, foi educado de maneira diferente e viveu experiências próprias, cultivando hábitos e valores distintos. Tudo isto vai ter que ser posto em comum, reciprocamente, para que cada um conheça a "história"do outro. Há que revelar o mistério! Se você não se revelar, ele não vai conhecê-la, pois este mistério que é você, é como uma caixa bem fechada e que só tem chave por dentro. É a sua intimidade que vai ser mostrada ao outro, nos limites e na proporção que o relacionamento for aumentando e se firmando.