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O Colégio dos Bispos e o Romano Pontífice.



O Papado e a jurisdição universal do sucessor de Pedro, doutrina clara nas Escrituras e sempre reafirmada pela Tradição que não pode ser compreendida a partir de citações isoladas, mas em conjunto com todos os esritos, com a Bíblia e com o Magistério, pois nem tudo que os Padres escreveram ou disseram vale como testemunho da Revelação ou regra de fé, erro que "ortodoxos" e protestantes comumente cometem.

É preciso esclarecer a confusão que alguns fazem entre Mateus XVI, 18-19 e Mateus XVIII, 18.

Não há oposição entre tais passagens, os bispos são pontífices, mas é evidente que não num grau semelhante ao do sucessor jurídico de Pedro, poia a esse foi dado individualmente o poder que foi dado depois ao conjunto dos apóstolos.

Jesus Cristo deu a São Pedro a primazia de jurisdição, não apenas a de honra (como querem os cismáticos, ditos ortodoxos).

As palavras que pronunciou em Mateus são bem claras. Além disso, Nosso Senhor cumpre essa promessa após a ressurreição, dirigindo-se a São Pedro: “Apascenta meus cordeiros”.

Depois da Ascensão, o exercício da primazia é bem claro e aceito, pois Pedro assume um papel inconteste de chefe. Propõe a eleição de outro apóstolo para substituir Judas (Atos I, 15 – 22). Antes de todos, prega o Evangelho no dia de Pentecostes (Atos II, 14). Embora seja São Thiago o bispo de Jerusalém, é São Pedro quem preside o Concílio celebrado nessa cidade (Atos XV). Os Evangelistas o nomeiam primeiro. E São Paulo se apresenta a ele como eu subordinado (Gal. I, 18; II, 2).

Fora esses argumentos bíblicos (a questão sobre só Mateus falar na promessa não se coloca, pois o livro é inspirado), a história nos testemunha o primado petrino. Com efeito sabemos que a primazia dos bispos de Roma foi aceita e acatada:

1) pelos escritores eclesiásticos, como Santo Inácio (+107), Santo Irineu (+202), Tertuliano (+245), etc. declarando todos que o bispo de Roma possui a supremacia porque é sucessor de Pedro (os protestantes geralmente distorcem Santo Agostinho e mesmo que tivessem razão nas considerações de Agostinho sobre o primado, isso só implicaria que neste ponto ele estava errado, assim com Orígenes estava no que tange ao sexo, já que a Igreja pensa em conjunto e não se fia pela doutrina particular de ninguém).

2) pelos Concílios. Por exemplo, os Padres do concílio de Calcedônia, em 451, enviam ao Papa São Leão uma carta pedindo confirmação dos decretos por eles emitidos. Sucessivamente os concílios de Constantinopla, o 3º realizado em 680, o 4ºem 869, o Concílio de Florença em 1413, composto de Padres gregos e latinos, proclamam a primazia do sucessor de São Pedro, e dizem que Jesus Cristo deu a este sucessor, na pessoa de Pedro “plenos poderes para apascentar, dirigir e governar a Igreja inteira”.

3) pelo costume de apelar ao bispo de Roma, afim de terminar contendas. Assim, já no 1º século, São Clemente escreve à Igreja de Corinto, para acabarem com uma discussão, E ISTO FEZ O PAPA ESTADO VIVO O APÓSTOLO SÃO JOÃO. Santo Atanásio e São Crisóstomo recorrem ao Papa para defesa e amparo dos direitos. Amiudadas vezes o bispos do oriente recorrem ao Papa pedindo sua proteção.

4) a história certifica que os Papas sempre tiveram consciência de seu papel. No século II, o papa São Vitor ordena aos bispos da Ásia, sob pena de excomunhão, que adotem o uso comum da Igreja para a celebração da Páscoa. No século III, o papa Estevão proíbe aos bispos da Ásia e da África que tornem a batizar os que tinham sido batizados validamente por hereges.

Agora, o uso do título "Papa" não implica em absolutamente nada, pois isso é só um título. Em essência o Papa é um bispo, o bispo de Roma e tem jurisdição universal. O patriarca dos coptas no Egito também se denomina PAPA, mas não pelo fato dele querer se apossar da jurisdição universal (o que o faria um anti-papa, como em algumas seitas) , apenas como um título. O Papa possui outors títulos, como "Vigário de Jesus Cristo".

Os Padres reconhecem isso. Veja, por exemplo, Orígenes:

E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3;

E ainda São Gregório de Nissa:

" A memória de Pedro que é a cabeça dos Apóstolos é celebrada e junto com ele [Pedro] os outros membros da Igreja são glorificados, e a Igreja de Deus [no próprio] é consolidada. Este, juntamente à prerrogativa concedida a ele pelo Senhor é pedra firma e solidíssima sobre a qual o Senhor fundou sua Igreja." (citado por Franca, Leonel, Pe., A Igreja a Reforma e a Civilização, Ed. Agir, 2a. ed. pág. 531)

Portanto, é falso que os Padres da Igreja foram contra o Primado de Pedro. E, portanto, o Primado não é uma pretensão da Igreja Romana, mas a verdade expressa no Evangelho de forma inequívoca, confirmada pelos primeiros padres.

O que não tem suporte na Tradição da Igreja é a chamada "pentarquia" ortodoxa, ou ainda o "patriarcado ecumênico". Essa é uma invenção tardia, que não encontra base nem na Escritura, nem na patrística, e que o Concílio de Calcedônia condenou como sendo "perigosa novidade".

Assim, não há nenhuma ambigüidade em São Cipriano, há a repetição da doutrina de sempre e a colocação em paralelo dos dois momentos citados de Mateus.

Agora, é evidente que algo que era óbvio para os primeiros cristãos ficou esmaecido com o passar do tempo e com o crescimento e estruturação da Igreja e, portanto, teve de ser relembrado de maneira explícita (assim como qualquer outra verdade da Fé).

Nenhuma citação isolada é suficiente para nada. Aliás, isso é jogar com um princípio errado. É como querer demonstrar tudo pela Bíblia. Ficam os protestantes fazendo citações e nós fazendo citações, o mesmo se dá com a patrística no caso dos "ortodoxos".

Vale ressaltar que todas as fontes a partir do século IV são unânimes nessa questão, mas para ilustrar o ponto podemos limitar nossa investigação aos séculos precedentes. Ora, nos três primeiros séculos a existência do primado romano é testemunhada pelos escritos dos Padres, pelos Concílios e pelos costumes. Isso tudo eu já explicado, mas que vale a pena ampliar a questão dos concílios:

1) No Concílio de Éfeso (431) São Cirilo de Alexandria, que era o primeiro dos patriarcas do Oriente, pediu ao bispo de Roma que sentenciasse a definisse contra a heresia nestoriana.

2) Os Padres do concílio de Calcedônia (451), quase todos orientais, dirigiram uma carta ao Papa São Leão a solicitar a confirmação dos seus decretos. Este respondeu-lhes com uma carta célebre na qual condenava os erros de Eutiques e, ao mesmo tempo, enviou legados para que em seu nome presidissem ao concílio. O concílio encerrou-se com esta fórmula “Assim falou o concílio pela boca de Leão”.

Por fim, cabe ressaltar que é certo que o próprio São Cipriano julgando que a reiteração do Batismo era uma questão sobretudo disciplinar, resistiu ao decreto do papa Estevão. Mas a resistência dum homem, ainda que muito santo e de boa fé, à autoridade superior, não destrói nem enfraquece essa autoridade.

São Cipriano estaria se dirigindo justamente a pessoas que desacreditavam da importância do Papado, e exatamente por isso não recorria diretamente a esta autoridade, mas antes, tentava provar a sua autenticidade, exemplificando a unidade dos Apóstolos em Pedro.

Este pensamento se insinua várias vezes como por exemplo;

É verdade que os demais [Apóstolos] eram o mesmo que Pedro, mas o primado é conferido a Pedro para que fosse evidente que há uma só Igreja e uma só cátedra.

http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/padres_da_igreja/s_cipriano_vida_e_obras.htm#A

Ou seja, quando São Cipriano diz; "É verdade que os demais [Apóstolos] eram o mesmo que Pedro" ele está admitindo uma verdade que muito provavelmente seus interlocutores estão tentando defender. Só que, embora ele concorde com esta verdade, a complementa da seguinte forma; "mas o primado é conferido a Pedro para que fosse evidente que há uma só Igreja e uma só cátedra."

Desta forma, fica explicado o porque de São Cipriano não apelar para a autoridade do Bispo de Roma, pois ele estava tentando justamente defender a autenticidade desta autoridade.

Mais uma citação que considerada muito válida, é a de Irineu, bispo de Lyone, na sua Adversus Haereses, o contexto dessa obra é o avanço gnotismo na Igreja, e ele combate essa doutrina mandando guardar as Tradições passadas pelos Apóstolos, o mostrando onde encontrar a verdadeira Tradição e autoridade.

Segue um trecho traduzido:

“Uma vez que, contudo, seria muito entediante, num volume como este, avaliar a sucessão de todas as Igrejas, nós declaramos que são confusos todos os que, de alguma forma, seja por uma satisfação pessoal maligna, ou por vangloria, ou pela cegueira e opinião perversa, se ajuntam em reuniões não autorizadas; [fazemos isso, digo eu] através da indicação da doutrina derivada dos apóstolos,da maior, da bem antiga e mais conhecida Igreja fundada e organizada em Roma pelos dois mais gloriosos apóstolos, Pedro e Paulo; como também [por indicação] a fé pregada aos homens, que chega até a nossa época por meio da sucessão dos bispos. Porque é uma questão de necessidade que cada Igreja deva concordar com esta Igreja, no que diz respeito a sua pré-eminente autoridade, que é, fiel em todos os locais, porquanto a tradição apostólica tem sido preservada continuamente por esses [homens fieis] que há em toda parte”.

(Livro 3, capitulo 1, versos 3,2:Sucesión de los obispos de Roma)

Esse trecho abaixo também é interessante, mostra Clemente, 4º sucessor de Pedro, escreve uma carta a Corintios, com AUTORIDADE para congregá-los na paz e repara-los ne fé:

"Logo depois de haverem fundado e edificado a Igreja, os beatos Apóstolos entregaram o serviço do episcopado a Lino: a este Lino o recorda Paulo em suas cartas a Timóteo (2 Tim 4,21). Anacleto o sucedeu. Depois dele, em terceiro lugar desde os Apóstolos, Clemente herdou o episcopado, o qual viu aos beatos Apóstolos e com eles conferiu, e teve ante os olhos a pregação e Tradição dos Apóstolos que todavia ressonava; e não só ele, porque então viviam muitos que dos Apóstolos haviam recebido a doutrina. No tempo deste mesmo Clemente, sucitando-se uma discordância não pequena entre os irmãos que estavam em Corinto, a Igreja de Roma escreveu a carta mais autorizada aos Corintos, para congregá-los na paz e reparar sua fé, e para anunciar-lhes a Tradição que pouco tempo antes haviam recebido dos Apóstolos, anunciando-lhes a um dó Deus soberano universal, Criador do Céu e da Terra (Gén 1,1), o Plasmador do homem (Gén 2, 7) que fez vir o Dilúvio (Gén 6,17), e chamou a Abraão (Gén 12,1), que tirou o povo da terra do Egito (Ex 3,10), que falou com Moisés (Ex 3,4s), que preparou a Lei (Ex 20,1s), que enviou aos profetas (Is 6,8; Jer 1,7; Ez 2,3), que preparou o fogo para o diabo e seus anjos (Mt 25,41). A Igreja anuncia a este como o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, a partir da mesma Escritura, para que, quem queira, possa aprender e entender a Tradição apostólica da Igreja, e que esta carta é mais antiga que quem agora ensina falsamente e mente sobre o Demiurgo e fazedor de todas as coisas que existem.

(Livro 3, capitulo 1, versos 3,3:Sucesión de los obispos de Roma)

Não se vai encontrar testemunhos tão claros da patrística porque, nessa época, a noção da importância do sucessor de Pedro era de conhecimento geral e, portanto, ela não precisava ser afirmada de maneira tão categórica. É o que ocorre com várias outras coisas no âmbito dogmático.

Quanto aos Concílios, vale ressaltar que todo concílio ecumênico deve e foi convocado pelo Papa ou com seu consentimento.

De fato, os oito primeiros concílios foram convocados pelos imperadores. Fizeram isso em seu nome ou como encarregados do Sumo Pontífece? As cartas de convocação, as declarações feitas aos concílios, onde se diz que convocaram o concílio por inspiração divina, e os testemunhos dos contemporâneos, que lhes reconheciam esse direito, poderiam fazer-nos crer, à primeira vista, que procediam independentemente dos papas.

Devemos distinguir entre convocação material e convocação formal. Os bispos, por causa das dificuldades de deslocação, da pouca segurança das estradas, dos múltiplos incômodos de tão longas viagens teriam hesitado em abandonar as suas residências. Ademais, as reuniões numerosas eram proibidas pela legislação do Império.

Por conseguinte, só os imperadores tinham a autoridade e o poder necessários para chamar os bispos, protegê-los e dispensá-los das leis em vigor, numa palavra: para fazer a convocação material.

Mas nem por isso os papas deixavam de ser os autores da convocação formal, pois, presidindo às assembléias, quer por si mesmos, quer, as mais das vezes, por legados seus, erigiam-nas em corpo jurídico com poderes para definir pontos de dogma e de moral, ou para promulgar leis disciplinares.

A objeção ortodoxa ao Primado de Pedro

Num site Ortodoxo:

Canon 34 ( Cânones Apostólicos. Diz os Ortodoxos ter sido aprovado pelos VII Concílios) diz o seguinte:

"Os bispos de cada nação (ethnos) devem conhecer (quem é) o primeiro (protos) entre eles e tomá-lo como o chefe e não fazer qualquer coisa importante sem o seu parecer, e cada um opere apenas com relação a coisas que digam respeito a sua circunscrição e aos territórios que dela dependem; mas nem também aquele (o primeiro ou chefe) faça qualquer coisa sem o parecer de todos: assim haverá concórdia e será glorificado Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo"

Pergunta: como conciliar a primazia do papa sobre toda jurisdição, se este cânone fala claramente que o primaz deve exercer sua primazia de forma sinodal? Estes cânones são legítimos? Foram aceitos pela Igreja Católica algum dia?

A questão não é de local, quando no trecho citado se destaca a "igreja romana" o autor não quer frisar a localização geográfica, mas o fato de já naquela época essa igreja ser a sede do papado, ou seja, se a heresia tivesse atingido tal igreja o problema seria maior já que facilitaria a difusão do erro. O papado já esteve em Jerusalém, em Antioquia e em Avignon, o fato de estar em Roma é um acidente histórico e, por isso mesmo, isso não o caracteriza.

Sim, algumas heresias agiram em Roma e isso facilita sua divulgação tendo em vista a importância de tudo que ocorre na sede do papado. Contudo, isso não afeta o papado em si.

Veja, mesmo supondo que um papa possa cair em heresia, ainda assim o papado não seria afetado, pois do contrário ele estaria subordinado aos caracteres de seu ocupante momentâneo, o que é um erro (infelizmente, alguns católicos também entendem assim). O exercício do poder papal tem limites objetivos e, desse modo, o que alguém faz fora deles é a nível pessoal.

Dito isso, como exercício teórico, não é verdade que Libério (352-366) assinou uma proposição de fé ariana ou semi-ariana.

Recordemos brevemente os fatos. Em 355, o imperador Constâncio, favorável ao arianismo, ordenara ao Papa Libério que assinasse a condenação a Santo Atanásio. Como se recusou a fazê-lo, foi exilado para Bereia na Trácia e o arcediago Félix foi encarregado da igreja de Roma. Depois dum exílio de três anos aproximadamente, Libério foi restituído à sua sé.

Toda questão, portanto, se resume em saber que motivos levaram o imperador a levantar-lhe a pena de exílio. Há duas opiniões. Uns, seguindo Rufino, Sócrates, Teodoreto e Cassiodoro afirmam que o imperador Constâncio pôs termo ao exílio do papa por temor de insurreições do povo romano e do clero, por causa da grande popularidade do pontífice. Outros, pelo contrário, julgam que o Papa obteve o levantamento da pena mediante condescendências culpáveis feitas em matéria de fé. Vamos analisar essa segunda opinião.

Os seus partidários, para fundar a sua pretensão, apoiam-se em dois gêneros de testemunhos:

1) Nos depoimentos dos contemporâneos: S. Atanásio, S. Hilário de Potiers, S. Jerônimo.

2) Nas declarações do próprio Libério.

Entre os fragmentos do Opus historicum de S. Hilário, chegaram até nós nove cartas do Papa Libério, quatro das quais datadas do exílio, parecem ser comprometedoras. Com efeito, nessas cartas o Papa, para alcançar favor, declara que condena Atanásio, faz profissão da fé católica formulada em Sirmium e pede aos seus correspondentes orientais, em especial a Fortunaciano de Aquileia, que intercedam perante o imperador para lhe abreviar o exílio.

A estas duas espécies de testemunhos aduzidos, responderam alguns negando a autenticidade. Mas como isso não se pode provar, devemos aceitar a hipótese da autenticidade. Tudo se reduz, então, a conhecer qual foi a falta do Papa e que fórmula subscreveu; porque, quando Libério terminou o exílio, havia três fórmulas ditas Sirmium. Dentre elas, só a segunda que declarava que a palavra consubstancial deve ser rejeitada como "estranha à Escritura e ininteligível", é tida por herética. Ora, comumente se admite que não foi esta a fórmula que o Papa assinou, mas provavelmente a terceira.

Quer se trate, porém, da primeira quer da terceira, os teólogos são unânimes em dizer que essas fórmulas não são absolutamente heréticas, apesar de terem o grande inconveniente de favorecer o semi-arianismo, suprimindo a palavra consubstancial da profissão de fé do concílio de Nicéia.

Portanto, ainda na hipótese mais favorável, podemos concluir que o Papa Libério cometeu apenas um ato de fraqueza, condenando, num momento angustioso, o grande Atanásio (fraqueza que o santo é o primeiro a desculpar:
"Libério vencido pelos sofrimentos dum exílio de três anos e pela ameaça do suplício, assinou por fim o que lhe pediam, mas tude se deve à violência"). Além disso, o Papa nada definiu; se cometeu algum erro, quando muito podemos dizer que errou como doutor particular e não como doutor universal, quando fala ex-cathedra. E, mesmo que tivesse falado ex-cathedra, não tinha a liberdade que se requer para o exercício da infalibilidade e nem poderia contrariar o conteúdo objetivo do Depósito da Fé (ou sua declaração seria inválida - o Papa não é um ditador). Logo, a infalibilidade, em qualquer hipótese, está fora de questão.

Os cânones apostólicos são uma coleção apócrifa, que teve aprovação não no VII concílio ecumênico, mas no chamado Concílio Quinissexto (Eunodos penthekte) dos “ortodoxos”, por ter sido realizado após o quinto e o sexto. O quinto e o sexto concílios ecumênicos tinham se omitido de redigir cânones disciplinares, e este concílio pretendia terminar ambos nesse respeito. Como foi realizado no palácio de Trulos, dentro da residência do imperador bizantino, foi chamado Trulano II (como o sexto concílio ecumênico tinha ficado, da mesma forma, conhecido como Trulano I).

Roma reconheceu apenas 50 dos cânones apostólicos, mas não como ensinamento dos Apóstolos.

Os outros 35 foram reconhecidos pelo Concílio Trulano II, como sendo ensinamento dos Apóstolos. No entanto, são escritos apócrifos; não remontam aos Apóstolos, mas ao século IV, na Síria.

A própria Sé Romana não foi representada no Concílio Trulano através de legados papais.

Embora a assinatura do metropolita de Creta, Basílio de Gortyna, tenha sido vista, na tradição ortodoxa, como sinal de participação romana ou mesmo de sua aprovação, Basílio não era nenhum apokrisiarios romano. O fato é que ele havia pertencido ao Patriarcado de Roma, na Ilíria, e havia sido cooptado de dentro da delegação romana de 125 bispos presentes no Sexto Concílio Ecumênico (680). Continuou a usar o estilo de assinatura que tinha desenvolvido por lá. E, assim, se autoproclamou representante de Roma, mas não era nenhum legado papal, nem tinha o direito de usar um título que, no Oriente, servisse para revestir os decretos da aprovação romana.

O Concílio de Trulos é tido no Ocidente como um mero concílio local. Os papas refutaram as decisões desse concílio, e, no Ocidente, ele ficou conhecido como “synodus erratica”. Se for considerar-se ecumênico, esse concílio viola o próprio cânon apostólico nº 34, que se diz por ele aprovado:

“Los Obispos de cada nación deben conocer al primado, y reconocerlo como su cabeza; es conveniente que se abstengan de todo acto de importancia excepcional sin su opinión y aprobación”.

Esse concílio foi um concílio-ladrão, um latrocínio, porque os bizantinos, orgulhosos e com espírito cismático, quiseram legislar para Roma, proibindo a prática do celibato no Ocidente e tentando impor seus costumes, pretensamente realizando um falso concílio ecumênico. O imperador tentou impor à força esse concílio a Roma, mas ele foi rechaçado pela própria população.

Muito provavelmente A Igreja não aceitou esse cânon, a não ser que ele possa ser lido de acordo com o Magistério. Mas o concílio in Trullo que aprovou os ditos 85 cânones apostólicos não foi reconhecido por Roma.

Um concílio ecumênico deve ter suas decisões aprovadas pelo Papa, como, aliás, está escrito nesse próprio cânon.

Com o famoso cânon 28 do concílio de Calcedônia, tão caro aos ditos “ortodoxos”, também é assim.

Os Padres do Concílio de Calcedônia, em 451, tinham enviado ao Papa São Leão uma carta pedindo confirmação dos decretos por eles emitidos. E esse cânon 28 foi reprovado e condenado por São Leão I em várias cartas. Marciano e Pulquéria concordaram com essa sentença anulatória, e até o próprio Anatólio, que o fez, escusando sua ousadia com os seguintes termos de uma carta a S. Leão:

"Saiba Vossa Beatitude que eu não tenho nenhuma culpa no que foi decretado ultimamente no sínodo ecumênico de Calcedônia, em favor da sé de Constantinopla... mas foi o reverendíssimo clero da Igreja de Constantinopla que se empenhou nisso...; embora toda a força e confirmação desse ato seja reservada a Vossa Beatitude" (Anatólio, Ep.132 ad Leonem M., 4: PL 54,1084; Mansi, VI, 278s.)

É também digno de nota o falso concílio ecumênico de 449, que ficou conhecido como Latrocínio de Éfeso. Esse concílio foi legitimamente convocado, mas foi totalmente condenado pelo Papa, com exceção de um único documento: a carta de S. Leão I a S. Flaviano, arcebispo de Constantinopla. Mais tarde, essa carta foi lida no concílio de Calcedônia, onde os presentes exclamaram “Pedro falou pela boca de Leão”.

São Flaviano tinha escrito ao Papa com estas palavras:

"Como tudo se voltasse contra mim com premeditação, depois que (Dióscoro) proferiu contra mim aquela injusta sentença, de acordo com os seus desejos e apesar de eu ter apelado para a Sé Apostólica de Pedro, príncipe dos apóstolos, e para todo o sínodo, sujeito à vossa santidade, logo me rodeou multidão de soldados e impedindo-me que me refugiasse junto do altar como tentava, procuraram arrastar-me para fora da Igreja". (Schwartz, Acta Conciliorum Oecumenicorum, II, vol. II, parte I, p. 78. )

De Teodoreto são estas outras:

"Se Paulo, pregoeiro, da verdade... recorreu ao grande Pedro... muito mais nós, humildes e pequeninos... recorremos à vossa Sé Apostólica, afim de recebermos de vós um remédio para as feridas da Igreja. A vós compete em todas as questões ter a suprema autoridade... Eu espero a sentença da vossa Sé Apostólica... Antes de mais nada peço que me digais se me devo conformar ou não com esta deposição injusta: espero a vossa decisão". (Ep. 52 ad Leonem M.,1.5.6: PL 54, 847 e 851; cf. PG 83,1311s. e 1315s)

Será que essas palavras evocam uma primazia de honra, ou, tendo em vista essa série de acontecimentos históricos envolvendo Constantinopla, como a fabricação desse cânon 28 ou as determinações absurdas do II concílio in Trullo, essa idéia de primazia de honra não teria sido forjada?

Não podemos esquecer também a prática do cesaropapismo em Constantinopla. O imperador bizantino Justiniano II tentou forçar o Papa a aceitar os decretos de Trullo II e a permitir o casamento dos sacerdotes, e ainda o cânon 28 do Concílio de Calcedônia, que estabelecia que o Patriarca de Constantinopla teria um lugar igual ao Bispo de Roma. O imperador Justiniano enviou um oficial de nome Zacarias a Roma para assegurar que as suas exigências fossem cumpridas, mas as tropas bizantinas ficaram ao lado do Papa Sérgio, bem como o povo, que correu atrás de Zacarias que acabou se escondendo na residência de Sérgio. São Sérgio permitiu que Zacarias voltasse a Constantinopla, onde ficou sabendo que Justiniano tinha sido deposto, devido a vitória de Sérgio.

As citações feitas não são para provar a primazia de Pedro especificamente, mas sim para mostrar as pretensões de Constantinopla. Os bizantinos eram orgulhosos, queriam realmente suplantar a Sé apostólica de Roma. Não é à toa que qualquer pesquisador neutro nessa questão concordaria que as pretensões do Concílio Trulano II de querer mudar os costumes disciplinares (que nada tinham de dogmático) em Roma, era um absurdo. Era exatamente “intervir na outra diocese de outro bispo”, era a violação dos próprios direitos que os gregos estavam reivindicando contra Roma.

Poderia-se argumentar: “Mas um concílio ecumênico pode”. Só que o Concílio Trulano II não foi ecumênico. Roma não foi representada. Não houve legados papais. Esse concílio foi feito à revelia de Roma e contra Roma, o que viola o cânone anteriormente postado, que diz que “nenhum fato de importância excepcional deveria ser feito sem sua opinião e aprovação”.

Mas os “ortodoxos” aceitam esse concílio como ecumênico, o tal do “Quinto-Sexto”!

Em face dos testemunhos dos Padres, como por exemplo, Santo Irineu, São Cipriano, e em face das citações que coloquei, de que o Papa poderia até mesmo rejeitar as declarações de um concílio ecumênico, como foi o caso no Latrocínio de Éfeso, e aceitar somente os documentos que julgasse válidos, como aconteceu nesse mesmo falso concílio, é os "ortodoxos" que tem que provar o primado de honra!

As afirmações dos concílios devem estar de acordo com a Tradição. Se evocam os concílios contra o Papa (o que é um absurdo), deve provar que esses concílios eram superiores ao Papa (o que não tem sentido, tendo em vista o que aconteceu no Latrocínio de Éfeso e no Concílio de Calcedônia).

A jurisdição do Papa não é só Roma, mas toda a Igreja.

O erro dos "ortodoxos" está em confundir as duas jurisdições.

O título de bispo de Roma pertence ao Papa por direito, mas são duas jurisdições diferentes: a do bispo de Roma e a do chefe universal da Igreja. Se um dia, Roma desaparecer, nem por isso desaparecerá o Primado.

Um dos motivos por que se dá essa confusão com os “ortodoxos” é por causa daquele famoso cânon 28 de Calcedônia, sobre o qual eu já expus mais acima, e que diz que a Igreja de Roma foi escolhida "por ser aquela cidade capital imperial", o que não é verdade, como você pode conferir nos testemunhos abaixo:

"Já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, nos ocuparemos somente com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a tradição apostólica que ela guarda e a fé que ela comunicou aos homens chegaram até nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que querem procurar a verdade onde ela não pode ser encontrada. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda comunidade, isto é, os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi conservada a tradição dos apóstolos" (Ireneu de Lião, +202, Contra as Heresias III,3,2).

O que os "ortodoxos" acham do imperador Justiniano II ter convocado um concílio sem o consentimento do papa (violando o próprio cânon apostólico 34 por esse concílio aprovado), e enviado as conclusões do concílio para que o papa as aprovasse. O papa não aprovou e por isso foi preso. Este gesto provocou o levante do povo que culminou com o exílio do imperador.

E agora:

O que “ortodoxos” dizem sobre aceitarem esse concílio local, adicionando seus cânones ao quinto e ao sexto concílios ecumênicos?

O que eles acham, por exemplo, da tentativa de interferência do Concílio de Trulos na Sé de Roma e no Ocidente para tentar mudar regras disciplinares, já que você defende tão bem a não-interferência de um bispo em outras sedes?

O que eles acham do cesaropapismo?

Pois, se no Ocidente, tínhamos um Papa, no Oriente, um imperador, muitas vezes um sujeito lascivo e que nada tinha de cristão, mandava e desmandava, colocava e depunha os Patriarcas a seu bel-prazer, e muitas vezes podia acabar como “santo” da “Igreja Ortodoxa”, por conta de seus desmandos.

Eles sabem que a deposição de Santo Inácio (que deu início ao Caso Fócio) pelo imperador, foi por causa que o Patriarca se negou a dar a comunhão a um parente do imperador que tinha um caso público com a sua própria nora. E Fócio aceitou ser cúmplice daquele situação, sequioso de poder?

É isto o que tínhamos a dizer sobre a igreja corrupta que se separou de Roma em 1054.

Que justificativa eles dão para que um imperador ímpio ou uma imperatriz prostituta se tornem a suprema autoridade de sua igreja?

Por que o Papa não pode interferir em assuntos de outras dioceses, e um concílio local reunido em Constantinopla pode intervir em assuntos relacionados a Roma e a todo o Ocidente, mudando as regras locais para se adequarem às bizantinas?

Por que os ortodoxos reconhecem esse concílio como ecumênico, se ele passa de um concílio local? (Isso é mero fato histórico ou também é dogmático?)

Será que é só fato histórico (e não dogmático) provar a gafe do cânon 28 de Calcedônia, que pretendeu estabelecer a primazia de Constantinopla igual a de Roma, baseando a primazia de Roma em razões políticas, quando se pode provar pelos Padres que essa primazia vinha de S. Pedro?

Será que é só fato histórico (e não dogmático) que o Imperador pudesse mandar e desmandar, tirar e colocar os Patriarcas, pelas razões mais absurdas possíveis. Será que é mero fato histórico entregar o governo e as decisões dogmáticas da Igreja não mãos de um imbecil ou de uma prostituta? Onde está isso nos evangelhos?

Onde está nos evangelhos que a Igreja estaria circunscrita ao Império Romano? Ou ao bizantino?

Muito pelo contrário, o que vejo nos Evangelhos, é que Cristo fundou uma Igreja e entregou a Pedro para que a apascentasse. Não fala nada de estar circunscrita a um determinado império?

Você sabia que a ambiciosa Imperatriz Teodora, esposa de Justiniano, iniciou sua rápida ascensão ao poder como prostituta, e depois, como eminência parda do governo de Justiniano, tornou-se a tirana cruel que assassinou milhares de pessoas, e tinha um “harém” repleto de amantes? Por que essa mulher é “santa” da “Igreja Ortodoxa”?

Leia mais sobre Teodora aqui:

Quando os ortodoxos citam um padre contra Roma, dizem que ele vai contra a tradição, mas quando Roma cita um padre contra o concílio, como no caso de Irineu, vale a opinião deste contra todo um colegiado de bispos. (objeção modernista)

Vale o fato de que Santo Irineu é uma testemunha muito mais antiga do que o concílio em questão, e o fato decisivo de que o Papa não deu aprovação ao esse cânone clandestino do concílio; pelo contrário, ele fora condenado e reprovado por S. Leão em várias cartas, como pode conferir mais claramente no link abaixo?

http://www.vatican.net/holy_father/pius_xii/encyclicals/documents/hf_p-xii_enc_08091951_sempiternus-rex-christus_po.html

Usando o próprio método histórico, ao fazer uma análise histórica entre os dois documentos, poderíamos afirmar, com certeza, a imprecisão desse cânon 28, quanto ao fato em questão.

No catolicismo se tem a Verdade, total, sem partição, sem brechas.

Dando seguimento, um protestante força a alegação de que já existia Igreja em Roma antes de Pedro lá chegar. Não existia igreja, no sentido estrito do termo, existiam cristãos.

PREGAÇÃO, EPISCOPADO E MARTÍRIO DE SÃO PEDRO EM ROMA


Como a verdade é única e imutável, assim como ninguém pode apagar a história, afim de desmentir aqueles que negam a vida do Santo Apóstolo Pedro em Roma, seu episcopado e martírio nesta cidade, vale a pena sempre recordar a memória cristã afim de combater o erro.

São Pedro pregou em Roma

"Lancemos os olhos sobre os excelentes apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida; e foi em razão da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência: depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro e ter atingido os confins do Ocidente, deu testemunho perante aqueles que governavam e, desta forma, deixou o mundo e foi para o lugar santo. A esses homens [...] juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo." (São Clemente Bispo de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios, 5,3-7; 6,1). Clemente o 3º Bispo de Roma após Pedro, dá testemunho do belíssimo exemplo que o Apóstolo deixou entre os cidadãos Romanos.

"Não é como Pedro e Paulo que eu vos dou ordens; eles foram apóstolos, eu não sou senão um condenado" (Santo Inácio Bispo de Antioquia - Carta aos Romanos 4,3 - 107 d.C).

Se Pedro não esteve em Roma, qual é o sentido destas palavras de Inácio de Antioquia? A ele estava exagerando... claro, para quem acha a própria Bíblia uma especulação aberta e pretende que o Canon ainda esteja aberto tudo é possível e crível quando se pretende confirmar aquilo que já se pensa.

"Assim, Mateus publicou entre os hebreus, na língua deles, o escrito dos Evangelhos, quando Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja." (Santo Ireneu Bispo de Lião - Contra as Heresias,III,1,1 - 180 d.C)

"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, II,25,8).

"Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de São Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à via Óstia e lá encontrareis o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro" (Gaio, ano 199)

"Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, conforme fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III,1).

Grafitos anônimos dos séculos II e III escritos sobre o túmulo de São Pedro localizado durante as escavações arqueológicas promovidas sob a Basílica do Vaticano nas décadas de 50 e 60 (do séc. XX):

"Pedro está aqui." (=Petros Eni)
"Pedro, pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãos sepultados junto do teu corpo."
"Salve, Apóstolo!"
"Cristo e Pedro"
"Viva em Cristo e em Pedro"
"Vitória a Cristo, a Maria e a Pedro"

"Logo depois, o supracitado mágico [Simão], com os olhos do espírito impressionados por uma luz divina e extraordinária, após ter sido convencido de suas insídias [cf. At 8,18-23] pelo apóstolo Pedro, na Judéia, empreendeu uma longa viagem além-mar. Fugiu do Oriente para o Ocidente, julgando que, somente ali, poderia viver de acordo com suas convicções. Veio para Roma, onde fo bastante coadjuvado pela potëncia ali bem estabelecida [cf. Ap 17], e em pouco tempo sua iniciativas tiveram êxito, pois foi honrado como um deus pelo povo da região, com a ereção de uma estátua. Mas estas coisas pouco duraram. Imediatamente depois, ainda no começo do império de Cláudio, a Providência universal, boníssima e cheia de amor aos homens, conduziu mão a Roma, qual adversário deste destruidor da vida, o valoroso e grande apóstolo Pedro, o primeiro dentre todos pela virtude. Autêntico general de Deus, munido de armas divinas [cf. Ef 6,14-17; 1Ts 5,8], trazia do Oriente ao Ocidente a preciosa mercadoria da luz inteligível, e anunciava, como a própria luz [cf. Jo 1,9] e palavra da salvação para as almas, a boa nova do reino dos céus" (Eusébio de Cesaréia - HE,III,14,4-6 - 317 d.C)

"Sob Cláudio [Imperador], Fílon [grande historiador judeu] em Roma relacionou-se com Pedro, que então pregava aos seus habitantes." (Eusébio de Cesaréia - HE II,17,1 - 317 d.C)

São Pedro foi Bispo de Roma

Eusébio de Cesaréia, narrando sobre a primeira sucessão Apostólica em Roma escreve: "Depois do martírio de Pedro e Paulo, o primeiro a obter o episcopado na Igreja de Roma foi Lino. Paulo, ao escrever de Roma a Timóteo, cita-o na saudação final da carta [cf. 2Tm 4,21]." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,III,2 - 317 d.C).

"[...] quanto a Lino, cuja presença junto dele [do Apóstolo Paulo] em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo [cf. 2Tm 4,21], depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado, conforme mencionamos mais acima." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,8 - 317 d.C).

"[...]Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo" (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,IV,1 - 317 d.C).

São Pedro sofreu o martírio em Roma

"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente" (Dionísio de Corinto, ano 170, extrato de uma de suas cartas aos Romanos conforme fragmento conservado na HE II,25,8).

"Eu, porém, posso mostrar o troféu dos Apóstolos [Pedro e Paulo]. Se, pois, quereis ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, encontrarás os troféus dos fundadores desta Igreja" (Discurso contra Probo - Caio presbítero de Roma, + ou - 199 d.C). Eusébio também trata deste escrito em HE II,25,7.

"Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo" (Orígenes, +253, conforme fragmento conservado na HE, III,1).

"Quando Nero viu consolidado seu poder, começou a empreender ações ímpias e muniu-se contra o culto do Deus do universo. [...] Foi também ele, o primeiro de todos os figadais inimigos de Deus, que teve a presunção de matar os apóstolos. Com efeito, conta-se que sob seu reinado Paulo foi decapitado em Roma. E ali igualmente Pedro foi crucificado [cf. Jo 21,18-19; 2Pd 1,14]. Confirmam tal asserção os nomes de Pedro e de Paulo, até hoje atribuídos aos cemitérios da cidade." Eusébio Bispo de Cesaréia - HE,II,25,1-5 - 317 d.C).

"Pedro, contudo, parece ter pregado aos judeus da Diáspora, no Ponto, na Galácia, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia [cf. 1Pd 1,1), e finalmente foi para Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo desejara sofrer." (Eusébio Bispo de Cesaréia - HE III,2 - 317 d.C)

Conclusão

Como podemos ver na grande maioria das vezes, é a falta de memória cristã o grande nascedouro das heresias cristãs. Pedro não só esteve em Roma, como foi Bispo daquela cidade e lá juntamente com São Paulo recebe a coroa do martírio. E é de Roma que ele escreve sua primeira epístola (cf. 1Pd 5,13), onde Babilônia é o codinome para a cidade de Roma, devido à grande semelhança entre as duas cidades quanto à idolatria e perversão. O primado universal é de instituição divina, mas como todas as verdades evangélicas teve de ser explicitado frente aos erros.

O pensamento dos protestantes e o dos "ortodoxos" é circular, por um erro no princípio não consegue se sustentar de maneira sólida e, ou fica sobre valorizando pontos que por si não resolvem nada (só a Escritura / só a Tradição), ou, o que é pior, como faz a teologia liberal protestante, passa a valorizar as "brechas", a doutrina fluida, que inclui todo o pecado e todo o erro e não converte ninguém.

PARA CITAR ESTE ARTIGO:

O Colégio dos Bispos e o Romano Pontífice. David A. Conceição, dezembro de 2011, blogue Tradição em Foco com Roma.

CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:


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