“A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
PRIMEIRA SEÇÃO: NOÇÕES GERAIS ACERCA DO MODO COMO O HOMEM TEM DE VOLTAR A DEUS
VIII. DO PRINCÍPIO DAS BOAS AÇÕES OU DAS VIRTUDES
A aquisição e aperfeiçoamento de todos os hábitos que inclinam o homem a proceder bem (XLIX- LXVIII).
O são os hábitos virtuosos?
São certas disposições e inclinações das diversas faculdades, que fazem bons os atos correspondentes (LV, 1, 4).
Qual é a sua origem?
Há ocasiões em que, ainda que parcialmente, são conaturais ao homem; outras, adquiridas com o exercício, e às vezes infundidos direta e sobrenaturalmente por Deus (LXIII).
Existem hábitos ou virtudes intelectuais?
Sim (LXVI, 3).
Que efeito produzem?
O de conduzir sempre o homem pelos caminhos da verdade (ibid.).
Quais são?
A inteligência, sabedoria, ciência, prudência e arte (LVIII, 1,3).
Qual é o objetivo de cada uma?
O da inteligência é facilitar o conhecimento dos primeiros princípios; a sabedoria,
O das causas segundas, supremas; a ciência, o das conclusões; a prudência orienta a vida moral e a arte, a execução de obras externas (ibid.).
Qual é, moralmente considerada, a mais importante na prática?
A prudência (LXVII, 5).
Não há na inteligência humana mais virtudes do que as enumeradas?
Sim; há outra de ordem muito mais elevada (LXII, 1, 4).
Qual é?
A Fé (ibid.).
Há na vontade algumas virtudes da mesma categoria que a Fé?
Sim (ibid.).
Quais são?
A Esperança e a Caridade (ibid.).
As virtudes da fé, esperança e caridade, têm nome especial?
Sim; chamam-se virtudes teologais (ibid.).
O que significa a expressão "virtudes teologais"?
Significa que as virtudes da fé, esperança e caridade provêm exclusivamente de Deus, e a Deus na ordem sobrenatural têm por objeto (LXII, 1).
Há alguma outra virtude na vontade?
Sim; a virtude da Justiça, e as que dela se derivam (LVI, LIX, LX, 2,3).
Além do entendimento e da vontade, há outras potências no homem que podem ser objeto de virtude?
Sim; as potências afetivas da ordem sensitiva (LVI, 4, LX, 4).
Quais virtudes as adornam?
A Fortaleza e a Temperança, com as demais que delas dependem.
Que nome tem o conjunto das virtudes de Justiça, Fortaleza e Temperança, unidas à Prudência?
Virtudes morais (LVIII, 1).
Não são chamadas também “virtudes cardeais”?
Sim (LXI, 1-4).
O que esse nome significa?
Que são virtudes de capital importância por serem como o eixo (em latim cardo, cardinis) em volta do qual giram todas as demais, exceto as virtudes teologais (ibid.).
As virtudes naturais e adquiridas, quer sejam intelectuais, quer sejam morais, requerem como complemento outras virtudes correspondentes da ordem sobrenatural infundidas por Deus a fim de facilitar ao homem todos os meios necessários para que suas ações sejam perfeitas na ordem moral?
Sim; porque unicamente as virtudes infusas são proporcionadas aos atos que o homem necessita para sua elevação à ordem sobrenatural, e que deve alcançar mediante as virtudes teologais (LXIII, 3, 4).
O homem necessita possuir todas as virtudes, tanto as teologais, como as cardeais para que as suas ações sejam boas em conjunto?
Sim.
Se lhe falta uma só, já não se pode chamar virtuoso?
Não; porque, faltando uma, as demais são informes, ou seja, não têm os caracteres de virtude completa (LXV, 4).