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Descarte de objetos devocionais


Conta do terço soltou, imagem do santo quebrou, páginas da Bíblia e do Breviário Romano amarelou e está com traça. O que fazer?

Depois de ler algumas respostas cretinas de alguns padres redentoristas sobre esse tema, resolvi buscar na via tradicional - que é sempre a mais certa e segura - a resposta adequada para a questão. 

Ao fogo o que pode ser queimado;

À água e depois à terra o que pode ser diluído;
 
Restaura-se o que pode ser restaurado;
 
Ao museu aquilo que tem valor artístico;
 
Pode-se enterrar aquilo que tem um valor e foi abençoado (como imagens quebradas sem chance de restauração). O que não pode ser feito é jogá-las fora indignamente.

Tais práticas de descartes tem eco na Tradição judaica, mas pode-se achar isso até mesmo na bruxaria e no hinduísmo...

A tradição de se queimar é óbvia por si mesma, em várias religiões. Até na novela das 8 se explica agora porque os corpos dos Hindus são cremados ao invés de enterrados, para purificar o bendito. Eles não acreditam no juízo final ou na ressurreição, mas na reencarnação. Não tem problema nenhum em queimar uma bíblia sem mais nenhuma utilidade ou valor, na tradição cristã.

A tradição de se enterrar, é para aquilo que não pode ser queimado. No Judaísmo é interessante, não se queima os rolos da Torah ou do Talmud (pois contêm escrito o nome hebraico de Deus - cf. Dt 12, 3-4), nem objetos sagrados que não podem ser queimados por algum motivo. Jornais, por exemplo, onde se mencionam coisas sagradas, devem ter recortados os nomes sagrados, e o resto jogado fora normalmente. Os Judeus põem este tipo de "lixo sagrado" numa caixa presente nas sinagogas (a Geniza ou Sheimos), que quando fica cheia, é enterrada solenemente). Os hindus fazem um funeral.

A tradição de se diluir, bem, é mais específica, pois que eu me lembre de cabeça, só o catolicismo e o hinduísmo têm solúveis sagrados. Neste, a água do Ganges, naquele, as espécies eucarísticas e a água benta. Água benta pode ser devolvida DIRETAMENTE à terra (nada de esgoto), por isso que nossas igrejas antigamente eram construídas com uma pia especial na Sacristia chamada Sacrarium, que era onde se despejava a água benta e alguma sobra não-consumível da Eucaristia, e isso era ligado direto à terra.

Folhetos e santinhos não são objetos de devoção em si, logo o descarte aqui mencionado não se aplica a estes objetos. Folhetos de missa* são descartáveis pela sua própria natureza, então não há problema em lhes dar qualquer destino. Já terços e imagens podem ser objetos de devoção, principalmente se estiverem bentos, aí deve-se ter zelo para com eles, e se não puderem cumprir com o seu fim, ser devidamente destruídos e ter seus restos depositados em local apropriado.

Destinar parte de um objeto sacro para reciclagem em um uso profano, ainda que bom, não é lícito. É por isso mesmo que os objetos sacros que perderam o seu fim devem ser completamente destruídos ou enterrados, justamente para não serem profanados. 

Quanto às imagens serem transladadas para uma capela, qual o problema? Mesmo que seja uma capela deserta, é um local sagrado (supondo que tenha sido devidamente dedicada e consagrada), e mesmo que não seja, lá certamente as imagens não estarão sendo profanadas. Também não podemos ter escrúpulos que visem evitar qualquer possibilidade de profanação, pois se fosse assim não poderíamos manter abertas as igrejas com imagens em seu interior, pois nada impede que entre um ladrão e as leve embora, sabe Deus para fazer o que. Basta que evitemos o contato imediato do material, por nossos próprios atos, com algum uso indevido. 

* Se for O Domingo ou O Dia do Senhor, serve como substituto do papel higiênico.


PARA CITAR ESTE ARTIGO:

Descarte de objetos devocionais David A. Conceição   07/2013 Tradição em Foco com Roma.

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