“A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo” do Pe.
Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o
estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista
que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é
formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de
agradável leitura.
SEGUNDA PARTE: O HOMEM
PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE VOLTAR
SEGUNDA SEÇÃO: ESTUDO CONCRETO DOS MEIOS QUE O HOMEM DEVE EMPREGAR PARA
VOLTAR PARA DEUS
XXVIII. NATUREZA DA VIRTUDE DE
RELIGIÃO
Que entendeis por virtude de religião?
A virtude de religião é assim
chamada, porque constitui o vínculo que deve ligar o homem com Deus, como
princípio de todo bem, e uma perfeição da vontade, mediante a qual se aprecia e
estima em seu verdadeiro valor a relação de dependência do homem para com Deus,
como primeiro princípio, último fim, ser infinitamente perfeito e causa
primeira de toda a perfeição (LXXXI, 1-5).
Quais são os seus atos?
Os atos próprios da religião são
todos os que por sua natureza manifestam e confessam esta dependência. Pode,
além disso, a virtude da religião ordenar para este mesmo fim os atos das
outras virtudes, e neste caso, podemos dizer, que converte a vida do homem em
um ato de culto permanente (LXXXI, 7-8).
Como poderemos chamá-la neste último caso?
Chamar-lhe-emos Santidade, porque
santo é o homem cuja vida se transforma num ato de religião (LXXXI, 8).
É grande e excelente a virtude da religião?
Depois das Teologais é a mais excelsa (LXXXI-6).
Por quê?
Porque, entre todas as virtudes
morais, cuja finalidade é disciplinar a atividade consciente do homem para
lançá-lo na conquista de Deus, conhecido pela fé, prometido pela esperança e
amado pela caridade, nenhuma tem objeto mais elevado e próximo do último fim.
As outras virtudes regulamentam os atos e deveres do homem para consigo mesmo
ou para com as outras criaturas; a religião ensina-lhe as suas obrigações para
com Deus, a reconhecer e acatar a sua soberana majestade, a servi-lo e honrá-lo
como servido e honrado quer ser Aquele cuja grandeza e perfeição excedem com
diferença infinita, à de todas as criaturas (Ibid.).