Em uma carta dirigida ao Cardeal francês Jean-Pierre Ricard por motivo do centenário da abertura do primeiro acampamento escoteiro, o Papa Bento XVI recordou a figura do fundador do escotismo católico, o Pe. Jacques Sevin, S.I., e destacou o valor e vigência que oferece este movimento.
O escotismo católico segue propondo aos jovens de hoje "uma pedagogia que forma uma personalidade forte, assentada em Cristo e desejosa de viver altos ideais de fé e de solidariedade humana", destacou o Santo Padre em sua missiva dirigida ao Arcebispo de Bordeaux e Presidente da Conferência Episcopal Francesa.
O primeiro acampamento escoteiro foi realizado em 1º de agosto de 1907 na ilha Brownsea (Reino Unido) e foi organizado pelo Lorde Baden-Powell. [1]
Jacques Sevin, co-fundador do Escotismo Católico
Jacques Sevin nasceu Lille, França, em 1882, entrou para ordem dos Jesuítas em 1900 e foi ordenado padre em 1914.
Impressionado pelo método educacional do Escotismo, Sevin encontrou-se com Baden-Powell em 1913 e escreveu sua obra prima "Scouting, a documentary study and applications".
Tendo feito os curso de Insígnia da Madeira em Gilwell Park, Sevin o levou adaptado para a França. Aos poucos ele começou a aplicar o método, que com o passar do tempo, foi muito bem aceito nos círculos religiosos.
Em 1920, baseado nas idéias e nos projetos de Jacques Sevin, começou oficialmente o Escotismo Católico na França com o nome de "Scouts de França". O sucesso foi imediato.
A partir do Escotismo Católico surgiu uma Espiritualidade Escoteira, que está na origem da Congregação da Santa Cruz de Jerusalém cujas raízes estão fundadas na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola. O processo de beatificação de Jacques Sevin está aberto em Roma.
Sobre Jacques Sevin, Baden-Powell disse:" Ele fez as melhores realizações de minhas próprias idéias". [2]
Diferenças entre o Escotismo Católico e o Laico
-Diferenças quanto ao alcance e o objeto do Método
-Diferenças quanto à posição do escoteiro no mundo
-Diferenças quanto às relações com Realidade e Panos de Fundo
-Diferenças quanto ao Método e as Pedagogias
1. Quanto ao alcance e o objeto do Método
Visão laica: O Escotismo é um método educacional complementar à escola e família (algumas versões adicionam aqui a palavra “igreja”). Coloca-se como uma entidade nova e positivamente acima da família, escola e Igreja uma vez que lhes complementa.
Visão Católica: O Escotismo é equiparado à Escola, quanto à sua natureza. Complementa a educação dada na família. A base de tudo é a família. A Igreja a Deus pertence.
-- # --
Visão laica: O Método não atinge a área de formação religiosa da juventude. É vagamente espiritualista e influenciado pelo deismo. Religião é questão de foro íntimo. Restringe-se a informar da importância da adoção de uma religião e aponta, vagamente, um Desafio Espiritual. Sem defini-lo ou limitá-lo, deixa o assunto Religião ao encargo de iniciativas privadas. É, portanto um Método Educativo incompleto, pois não dá a devida importância formal ao aspecto religioso do homem. Não insiste nele, evita negá-lo, mas não o aplica.
Visão Católica: O Escotismo é um Método Educativo completo. Portanto a formação religiosa formal é imprescindível e intrínseca ao Método. A Igreja, através das Escrituras, da sua Tradição e Magistério Autorizado é um meio seguro e eficaz para a educação religiosa da juventude.
2. Quanto à posição do escoteiro no mundo
Visão laica: Subentende-se que, crianças jovens e adultos, são positivamente escoteiros e que passam a pertencer a uma fraternidade mundial de escoteiros. Em decorrência disso tornar-se-iam bons cidadãos. O termo “cidadãos do mundo” é de uso dúbio e indefinido, podendo ser interpretado como “cidadãos mundanos”.
Visão Católica: A criança e o adolescente pertencem às suas famílias. Os adultos pertencem, em adição, às suas comunidades naturais. A fraternidade mundial de escoteiros é acidental e totalmente secundária. É simplesmente uma fraternidade de iguais, buscada por bons cidadãos e filhos da Igreja.
3. Quanto à Realidade e Panos de Fundo
Visão laica: O Escotismo encena a realidade através de panos de fundo, cenários, e situações imaginárias, lendas, folclores e tradições sem vínculo direto com a realidade das comunidades e famílias, criando uma visão romântica e naturalista do homem e relativista da Verdade. Não raramente cria um universo místico que afasta a juventude do culto ao Deus verdadeiro.
Visão Católica: O Escotismo ensina a Realidade. Ensina o que somos e o como somos. Coloca o homem no seu devido lugar, no centro da Criação, porém como pecador e santo. Ensina ao jovem a identificar suas misérias e aponta o caminho da Salvação através de Igreja e do Verdadeiro Culto a Deus.
--#--
Visão Laica: O Escotismo baseia-se na ordem positiva das coisas. Devido à forte influência positivista, vê na letra fria da lei e da Promessa, uma possibilidade de autoconstrução para o homem.
Visão Católica: O Escotismo baseia-se na ordem natural das coisas. A lei e a Promessa Escoteira são meros códigos de ética, aderentes à moral e à Fé Católicas. A justificação, a Salvação do homem, depende de sua conversão sobrenatural a Deus. A autoconstrução está fora do alcance do homem.
4. Quanto ao Método e às Pedagogias
Visão laica: O Escotismo está sempre em busca de novas pedagogias auxiliares ao Método Escoteiro que o justifique frente às crises morais da sociedade humana, tendo sofrido ao longo de cem anos, diversas reformas e experiências que o deturparam. Como conseqüência destas experiências, o Escotismo passou a ser entendido como um fim em si mesmo, uma instituição autônoma e auto-explicada.
Visão Católica: O Método Escoteiro original é a própria pedagogia do Escotismo. É a sua força, inovação e inspiração. O Escotismo não é um fim em si mesmo, é uma ferramenta, um meio a ser utilizado por uma atividade-fim externa. Somente pode ser explicado e justificado quando inserido, como meio, em um fim maior.
Por mais de setenta anos o escotismo, no Brasil, foi monopólio da União dos Escoteiros do Brasil, a histórica UEB. Setenta anos corresponde mais ou menos a vida de três gerações.
Por esta razão, o escotismo no Brasil tornou-se sinônimo de UEB. Falar de escotismo e da UEB era exatamente a mesma coisa nas mentes dos escoteiros brasileiros.
Em 2006, porém, um punhado de considerados malucos, resolveu que o monopólio deveria ser quebrado e criou a AEBP-Associação Escoteira Baden-Powell. Três anos mais tarde, a maioria dos escoteiros ainda confunde dois substantivos que não são absolutamente sinônimos: UEB e Escotismo.
Ocorreu que, pela ação da Divina Providência, ajustaram-se condições tais que, no seio da AEBP passou a se organizar o escotismo católico no Brasil.
Nossa existência deve-se unicamente a uma visão diferenciada de Escotismo que não pode ser levada a termo dentro da UEB em respeito ao seu POR e estatutos.
Na França o escotismo é uma grande método de apostolado com a juventude usado pelos católicos tradicionalistas de todas as vertentes.
O escotismo prevê três ramos: o básico ("de terra"), do mar e do ar. O do ar foi fundado no Brasil, aliás.
A WOSM, que é a entidade mundial que regula o escotismo a que está filiada a UEB, e que foi fundada por Baden-Powell, reconhece esses três ramos.
A WIFIS, que é a entidade mundial do escotismo tradicional (ou seja, que rompeu com a WOSM/UEB e tenta fazer um escotismo como na época de Baden-Powell), também reconhece esses ramos. No Brasil, a WIFIS é representada pela AEBP.
Não sei a que entidade os escoteiros católicos da França estão ligados. Se a WOSM ou a WIFIS.
Em Portugal, há duas associações nacionais escoteiras: uma laica e outra católica, mas ambas são da WOSM, portanto são fraternas à UEB Ou seja, em tese, dá para fazer escotismo católico na UEB.
Aliás, mesmo escotismo laico, mas tradicional, pode ser feito na UEB, "driblando" algumas coisas. Conheço grupos escoteiros que não saíram da UEB para entrar na AEBP, mas continuaram "tradicionais": aplicam o método molenga da UEB, mas mesclam com as normas antigas. E não podem ser criticados pela UEB, pois o método oficial e "moderno" continua sendo aplicado (ainda que mesclado).
Resumindo, existe escotismo católico e não-católico, tradicional e "molenga", e esses quatro se combinam: católico e tradicional, católico e molenga, não-católico e tradicional, não-católico e molenga.
A AEBP, no Brasil, pratica um escotismo tradicional, com grupos católicos e não-católicos.
A UEB, no Brasil, pratica um escotismo oficialmente molenga, mas vários grupos estão mantendo o caráter tradicional com verdadeiro heroísmo. Também tem grupos católicos e não-católicos, tanto entre os tradicionais quanto entre os molengas.
Os escoteiros do mar e do ar fazem tudo o que o escoteiro básico faz, e mais as suas especificidades.
Enquanto os grupos do mar estão, geralmente, sob os auspícios da Marinha, os do ar estão apadrinhados pela Força Aérea. Eles possuem uma ênfase na radiocomunicação, no aeromodelismo, faz atividades em aviões, promove paraquedismo, estudo da astronomia e da astronáutica, culto das tradições aeromilitares etc.
Baden-Powell fundou o escotismo para rapazes. Sua irmã e sua esposa, o escotismo para moças: eram as girl guides.
No Brasil, as girl guides foram chamadas de bandeirantes. Seu movimento era o bandeirantismo, e era regido pela FBB, Federação das Bandeirantes do Brasil, ligado à WAGGS, co-irmã da WOSM.
Ocorre que, nos anos 70, 80 e 90, a WOSM começou a admitir moças nas associações a ela vinculadas. A UEB, aqui no Brasil, abriu-se às escoteiras.
Assim, a associação escoteira inicialmente de rapazes passou a incorporar moças: escoteiros e escoteiras na UEB/WOSM. E a FBB passou a admitir rapazes: bandeirantes mulheres e bandeirantes homens. Não sei se outras associações da WAGGS aceitam homens, mas a FBB sim.
A recente AEBP, ligada à WFIS, também aceita mulheres.
Desse modo, o escotismo feminino está tanto no bandeirantismo/guidismo (FBB/WAGGS), quanto no escotismo mesmo, antes só de meninos (UEB/WOSM e AEBP/WFIS).
Há grupos católicos na AEBP e na UEB/WOSM, bem como associações especificamente católicas, como o Corpo Nacional de Escutas, em Portugal, ligado à WOSM, e os grupos franceses tradicionalISTAS. Esses grupos podem ser femininos, ou podem ser mistos, com tropas femininas e tropas masculinas. Ou seja, há escotismo católico feminino na WOSM e na WFIS.
Mas, sobre bandeirantismo "estrito", naquele movimento fundado originalmente para meninas, mas que hoje admite meninos, tanto quando a UEB/WOSM admite meninas, sim, há grupos bandeirantes, na FBB e em outras associações da WAGGS que são católicas.
Patrulhas mistas e tropas mistas não, mas podem ter tropas femininas e tropas masculinas no mesmo grupo. Ou mesmo grupos femininos e grupos masculinos, mas os femininos ligados à WOSM e não à WAGGS
No Brasil, além dos escoteiros e escoteiras da AEBP e da UEB, e das bandeirantes e dos bandeirantes da FBB, existem os desbravadores, que não usam o nome "escotismo", mas o aplicam inteiramente. São um movimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e fazem isso que queremos: escotismo e religião. Conseguiram mesclar isso de maneira excelente, e acho que são um perfeito exemplo a ser seguido (claro, tirando o fato de serem uma seita herética).
Uma reunião típica escoteira começa com o hasteamento da bandeira, com a tropa em formação, e todos uniformizados, patrulhas (a menor célula escoteira) apresentadas por seus monitores. Depois a oração conduzida por um voluntário. Em seguida a atividade em si: palestras sobre história escoteira, jogos (um jogo "quebra-gelo" para iniciar, e outros jogos, de estratégia, de força, de disciplina, de aplicação do que foi aprendido), limpar a sede (lavar banheiro, lavar cozinha, arrumar os "cantos de patrulha"), alguma atividade dividade entra as patrulhas (por exemplo, aprontar o próximo acampamento, dar uma conversada com algum elemento que não anda muito disciplinado, ver o "caixa" da patrulha para alguma atividade externa), adestramento (sobre nós, amarras, técnicas de acampamento), palestra sobre honra, moral, honestidade, valores humanos, virtudes, arriamento da bandeira e outra oração.
Mensalmente ou bimestralmente, um acampamento de tropa no fim-de-semana. Semestralmente ou anualmente, um acampamento de todo o grupo.
Eventualmente, atividades externas: excursões, viagens, palestras, representações do grupo ou da tropa em solenidades militares, desfiles, atividades beneficentes.
Grupo Escoteiro (GE) é a associação local, a unidade local onde se pratica o escotismo.
O movimento escoteiro é dividido em ramos, por idades: lobinho (7 a 10 anos), escoteiro (11 a 14 anos), escoteiro sênior (15 a 17 anos), pioneiro (18 a 21), e escotista (os mais velhos, que são naturalmente os chefes).
Um GE saudável e organizado deve contar com todos esses ramos. Os escotistas são chefes dos vários ramos, mas um sênior ou pioneiro pode ser chefe de um ramo inferior também.
Lobinhos
Especialmente concebido para atender às necessidades de desenvolvimento das crianças de ambos os sexos na faixa etária compreendida entre 7 e 10 anos, o programa educativo aplicado ao Ramo Lobinho concentra a sua ênfase no processo de socialização da criança, preparando-a para que, ao atingir a idade e as condições necessárias, prossiga a sua formação no ramo escoteiro.
O Lobismo é inspirado no "Livro da Jangal", de Rudyard Kipling, resumido em "Mowgli, o menino-lobo".
A seção do grupo escoteiro que congrega os lobinhos é denominada alcatéia (de Lobinhos, Lobinhas ou Mista). O chefe é chamado de Akelá pelas crianças e seus assistentes são chamados Baloo, Baguera, Kaa, Chill ou outros nomes constantes do "Livro da Jângal". A escolha dos nomes dos assistentes é feita em geral pelas crianças.
A Alcatéia é dividida em unidades denominadas Matilhas, cada uma com 4 a 6 crianças, as quais constituem as equipes de trabalho e de jogos, sem atingir contudo, o grau de estratificação e de desenvolvimento recomendado para o sistema de patrulhas, adotado nos ramos Escoteiro e Sênior.
Uma Alcatéia completa deve contar com 4 Matilhas. O lobo é o animal símbolo de todas as Matilhas, que se distinguem numa mesma Alcatéia pelas cores próprias dos lobos. A Matilha é liderada por um Lobinho ou Lobinha denominado Primo, auxiliado por outro denominado Segundo.
Os Primos e Segundos são designados pelo Akelá, mas cada Primo deve ser consultado antes da designação do seu Segundo.
Antes de completar 11 anos, o Lobinho deve deixar a Alcatéia e ser transferido para a Tropa do Ramo Escoteiro, em uma adequada cerimônia de passagem. Se o Grupo não possui essa espécie de seção, a criança deve ser encaminhada a outro Grupo que a possua.
Um GE pode ter várias alcatéias, com 4 matilhas cada um. Já fui de um GE, em Porto Alegre, em que existiam 6 alcatéias (com 4 matilhas, cada uma com 6 crianças).
O programa educativo aplicado ao ramo escoteiro atende às necessidades de jovens de ambos os sexos na faixa etária compreendida entre 11 e 14 anos, e concentra sua ênfase no processo de criação e ampliação da autonomia. O programa é fundamentado na vida em equipe e no encontro com a natureza, sem se descuidar de outros aspectos relacionados com o desenvolvimento integral da personalidade.
A tropa é dividida em no máximo 4 patrulhas, que são equipes de 5 a 8 jovens, constituindo uma unidade básica permanente, autônoma e auto-suficiente para excursões, acampamentos, trabalhos, jogos, boas ações, atividades comunitárias e demais atividades escoteiras.
Cada patrulha tem como designativo um animal, uma estrela ou uma constelação. A patrulha tem o nome deste totem, e todos os seus membros devem conhecer detalhadamente suas principais características.
Os fatos marcantes da vida da patrulha devem ser indicados no bastão da bandeirola da patrulha.
A patrulha é dirigida por um dos seus integrantes, nomeado pelo chefe de seção para ser monitor, após consultar a opinião da patrulha e da Corte de Honra.
O monitor é um jovem que está desenvolvendo a sua capacidade de liderança. Como tal, é responsável pela administração, disciplina, treinamento, atividades e boa apresentação de sua patrulha.
O submonitor é um jovem selecionado pelo monitor com a aprovação do chefe de seção e da Corte de Honra para auxiliá-lo em todos os seus deveres e substituí-lo quando ausente. O submonitor é nomeado pelo chefe da seção.
Um GE pode ter várias tropas, cada uma com um chefe, e essas tropas são divididas em patrulhas, com seus monitores. Meu primeiro GE, em Porto Alere, tinha 2 tropas masculinas e 1 feminina. E meu último GE tinha uma 2 tropa masculina e uma 1 mista. Cada uma com quatro patrulhas de 8 escoteiros.
O programa educativo aplicado ao ramo sênior atende às necessidades de jovens de ambos os sexos na faixa etária compreendida entre 15 e 17 anos, e concentra sua ênfase no processo de autoconhecimento, aceitação e aprimoramento das características pessoais e auxiliando o jovem em seu desenvolvimento físico, intelectual, espiritual e social.
A tropa de seniores (rapazes) e guias (moças) é dividida em no máximo 4 patrulhas de 4 a 6 jovens, constituindo uma unidade básica permanente, autônoma e auto-suficiente para excursões, acampamentos, trabalhos, jogos, boas ações, atividades comunitárias e demais atividades escoteiras.
Cada patrulha de seniores ou de guias adota um nome característico, que pode ser o de acidente geográfico bem conhecido pela patrulha ou de uma tribo indígena nacional, ou nome de um grande vulto ou personalidade histórica nacional.
Nos trabalhos e atividades que, por sua natureza, exijam interesses, habilidades ou conhecimentos especializados, as patrulhas poderão ceder lugar a equipes de trabalho, integradas por membros de diferentes patrulhas, cabendo a coordenação de cada equipe ao seu integrante melhor qualificado.
As demais características desse ramo são semelhantes ao ramo escoteiro.
Pioneiros
O pionerismo é uma fratenidade de ar livre e de serviço ao próximo para jovens adultos de ambos os sexos entre 18 e 21 anos incompletos.
O programa educativo aplicado ao ramo pioneiro concentra a sua ênfase no processo de integração do jovem ao mundo, previlegiando sobretudo o serviço à comunidade como expressão da cidadania, e auxiliando o jovem a por em prática os valores da Promessa e Lei Escoteira.
O lema pioneiro é "Servir!"
A seção do grupo escoteiro que congrega os integrantes do ramo pioneiro é chamado de clã, que poderá ser integrado por rapazes, por moças ou por jovens de ambos os sexos.
O clã é orientado por um mestre pioneiro e/ou uma mestre pioneira que podem ter um ou mais assistentes. O clã misto terá preferencialmente uma chefia mista. A Comissão Administrativa do Clã ou o Conselho do Clã é a autoridade para tratar de todos os assuntos internos de administração, finanças, disciplina e programação.
O Mestre Pioneiro detém o poder de veto, que deverá exercitar em casos excepcionais de forma a balizar as atividades dentro dos princípios do Escotismo.
O clã pioneiro NÃO se divide em outras células, ao contrário dos lobinhos (cuja alcatéia se divide em matilhas), e escoteiros e sêniores (cuja tropa se divide em patrulhas).
O normal é haver um só clã em cada GE, mas pode haver mais de um, desde que não se dividam em outras células.
Boa notícia! Excelente, aliás!
A UEB, em seu congresso nacional (acho o nome uma merda... antes era conselho, bem mais "escoteiro"), decidiu abandonar o sistema "molenga", e está reimplantando o mérito, o esforço, a disciplina, a garra na conquista de distintivos. Parece que estão fazendo uma transição para voltar o sistema antigo, de progressão por classes (os escoteiros passavam de noviço a segunda classe, de segunda classe a primeira, após prestar uma série de provas, e as classes eram hierarquicamente superiores umas às outras). E o uniforme antigo, o cáqui, tradicional, está sendo novamente utilizado e incentivado, ao invés do horroroso "traje: calça jeans e camisa azul".
Já se pode pensar em escotismo tradicional (seja católico, seja laico) na UEB, e não só na AEBP.
Na França, há uma associação escoteira católica, a Association Française de Scoutisme, também chamada Scouts et Guides de France (SGdF), que congrega grupos masculinos e femininos, mas em tropas sempre separadas. Essa SGdF é filiada tanto à WOSM quanto à WAGGS (bandeirantes). Bem diferente do Brasil, onde a UEB é da WOSM, mesmo que tenha meninas, e a FBB é da WAGGS mesmo que tenha meninos.
Essa associação católica aceita o Vaticano II e está sob o controle das dioceses.
Além da SGdF/WOSM/WAGGS, existe a Fédération du Scoutisme Français (FSF), que também da WOSM e da WAGGS, só que não é católica.
Há também, pelo que pesquisei, uma associação católica independente, que não é ligada à WOSM/WAGGS nem à WFIS, a Association Française de Scouts et Guides. E outros grupos. Essa Association Française de Scouts et Guides é controlada pela SSPX, e esses outros grupos também. Foi criada quando a SGdF aceitou o Vaticano II.
Pelo que eu saiba, entretanto, todas as associações, católicas tradicionalistas, católicas não-tradicionalistas, laicas, muçulmanas, judaicas, etc, praticam o que chamamos "escotismo tradicional": técnicas mateiras, método escoteiro de Baden-Powell, adestramento, disciplina, hierarquia, faça-você-mesmo, progressão pessoal nas etapas de classe.
Há também os Scouts Unitaires de France, associação católica independente, não ligada à WOSM/WAGGS, mas dependente das dioceses e paróquias. Se diferenciam das demais porque não possuem o ramo sênior (14 a 17 anos), agrupando-os na tropa "comum", perfazendo um ramo "unitário", de 12 a 17 anos. Como disse, ela também é católica.
Uma correção: a associação SGdF é uma subdivisão da Fédération du Scoutisme Français. Essa FSF reúne associações judias, protestantes, muçulmanas, neutras e católicas. A SGdF é a associação católica, mas faz parte da FSF e, por ela, se une à WOSM/WAGGS.
Existem três linhas de afiliação na França. A WOSM/WAGGS, representada pela FSF. A União de Escoteiros Católicos da Europa (ligada ao Vaticano), representada pela Conférence Française de Scoutisme. E os escoteiros independentes, quase todos católicos, embora existem os mórmons.
Os grupos católicos tradicionalistas são independentes.
Uma melhor visualização:
Fédération du Scoutisme Français, ligada à WOSM e à WAGGS, e reunindo:
* Éclaireuses Éclaireurs de France
* Éclaireuses éclaireurs israélites de France
* Éclaireuses et Éclaireurs unionistes de France
* Scouts et Guides de France (católica)
* Scouts musulmans de France
Conférence Française de Scoutisme, ligada ao Vaticano, e reunindo:
* Éclaireurs Neutres de France
* Fédération des Éclaireuses et Éclaireurs
* Guides et Scouts d'Europe
Todos praticam o escotismo tradicional (no sentido do escotismo, não do catolicismo).
Como viram, há uma CFS toda católica, uma associação católica da FSF, e inúmeros grupos e associações católicas independentes. Os tradicionalistas pertencem a esse terceiro grupo.
Escotismo católico em nível mundial
Embora exista uma grande associação católica de escotismo - a União dos Escoteiros Católicos da Europa -, ligada ao Vaticano, e independente da WOSM, há também escotismo católico dentro da WOSM, com grupos e associações (como o Corpo Nacional de Escutas, de Portugal).
O escotismo católico da WOSM é orientado pela Conferência Internacional Católica de Escotismo, que também é reconhecida pelo Vaticano.
Em suma, ligados ao Vaticano há dois grandes grupos: o braço católico da WOSM, e a associação somente católica que não é da WOSM. Além dos grupos católicos da WFIS, que ainda não possuem reconhecimento do Vaticano, e dos grupos ligados aos tradicionalistas.
No Brasil, a UEB, ligada à WOSM, tem grupos católicos e uma diretoria encarregada do Escotismo Católico. A AEBP, ligada à WFIS, também tem sua federação de Escotismo Católico.
Eu, realmente, ando discernindo em retomar o escotismo e, desta vez, quero trabalhar com escotismo católico, confessional. Só não sei se vou para a AEBP/WFIS, onde há mais respeito ao escotismo tradicional, ou para a UEB/WOSM, onde me criei, e onde posso, apesar do método muito "moderno", lutar pelo aspecto tradicional.
Fala-se tanto em direitos... Tens também DEVERES! Carta dos Deveres do Homem: http://www.deveresdohomem.cne-escutismo.pt/
A iniciativa é do Corpo Nacional de Escutas, a associação escoteira católica portuguesa ligada à WOSM (há, ainda, uma associação escoteira católica portuguesa ligada à UIGSE, e uma associação escoteira laica portuguesa ligada à WOSM). [3]
1. Acidital.com
2. Escotismotradicional.com
3. Rafael Vitola Brodbeck
PARA CITAR ESTE ARTIGO:
Os escoteiros católicos David A. Conceição, maio de 2011, blogue Tradição em Foco com Roma.
O escotismo católico segue propondo aos jovens de hoje "uma pedagogia que forma uma personalidade forte, assentada em Cristo e desejosa de viver altos ideais de fé e de solidariedade humana", destacou o Santo Padre em sua missiva dirigida ao Arcebispo de Bordeaux e Presidente da Conferência Episcopal Francesa.
O primeiro acampamento escoteiro foi realizado em 1º de agosto de 1907 na ilha Brownsea (Reino Unido) e foi organizado pelo Lorde Baden-Powell. [1]
Jacques Sevin, co-fundador do Escotismo Católico
Jacques Sevin nasceu Lille, França, em 1882, entrou para ordem dos Jesuítas em 1900 e foi ordenado padre em 1914.
Impressionado pelo método educacional do Escotismo, Sevin encontrou-se com Baden-Powell em 1913 e escreveu sua obra prima "Scouting, a documentary study and applications".
Tendo feito os curso de Insígnia da Madeira em Gilwell Park, Sevin o levou adaptado para a França. Aos poucos ele começou a aplicar o método, que com o passar do tempo, foi muito bem aceito nos círculos religiosos.
Em 1920, baseado nas idéias e nos projetos de Jacques Sevin, começou oficialmente o Escotismo Católico na França com o nome de "Scouts de França". O sucesso foi imediato.
A partir do Escotismo Católico surgiu uma Espiritualidade Escoteira, que está na origem da Congregação da Santa Cruz de Jerusalém cujas raízes estão fundadas na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola. O processo de beatificação de Jacques Sevin está aberto em Roma.
Sobre Jacques Sevin, Baden-Powell disse:" Ele fez as melhores realizações de minhas próprias idéias". [2]
Diferenças entre o Escotismo Católico e o Laico
-Diferenças quanto ao alcance e o objeto do Método
-Diferenças quanto à posição do escoteiro no mundo
-Diferenças quanto às relações com Realidade e Panos de Fundo
-Diferenças quanto ao Método e as Pedagogias
1. Quanto ao alcance e o objeto do Método
Visão laica: O Escotismo é um método educacional complementar à escola e família (algumas versões adicionam aqui a palavra “igreja”). Coloca-se como uma entidade nova e positivamente acima da família, escola e Igreja uma vez que lhes complementa.
Visão Católica: O Escotismo é equiparado à Escola, quanto à sua natureza. Complementa a educação dada na família. A base de tudo é a família. A Igreja a Deus pertence.
-- # --
Visão laica: O Método não atinge a área de formação religiosa da juventude. É vagamente espiritualista e influenciado pelo deismo. Religião é questão de foro íntimo. Restringe-se a informar da importância da adoção de uma religião e aponta, vagamente, um Desafio Espiritual. Sem defini-lo ou limitá-lo, deixa o assunto Religião ao encargo de iniciativas privadas. É, portanto um Método Educativo incompleto, pois não dá a devida importância formal ao aspecto religioso do homem. Não insiste nele, evita negá-lo, mas não o aplica.
Visão Católica: O Escotismo é um Método Educativo completo. Portanto a formação religiosa formal é imprescindível e intrínseca ao Método. A Igreja, através das Escrituras, da sua Tradição e Magistério Autorizado é um meio seguro e eficaz para a educação religiosa da juventude.
2. Quanto à posição do escoteiro no mundo
Visão laica: Subentende-se que, crianças jovens e adultos, são positivamente escoteiros e que passam a pertencer a uma fraternidade mundial de escoteiros. Em decorrência disso tornar-se-iam bons cidadãos. O termo “cidadãos do mundo” é de uso dúbio e indefinido, podendo ser interpretado como “cidadãos mundanos”.
Visão Católica: A criança e o adolescente pertencem às suas famílias. Os adultos pertencem, em adição, às suas comunidades naturais. A fraternidade mundial de escoteiros é acidental e totalmente secundária. É simplesmente uma fraternidade de iguais, buscada por bons cidadãos e filhos da Igreja.
3. Quanto à Realidade e Panos de Fundo
Visão laica: O Escotismo encena a realidade através de panos de fundo, cenários, e situações imaginárias, lendas, folclores e tradições sem vínculo direto com a realidade das comunidades e famílias, criando uma visão romântica e naturalista do homem e relativista da Verdade. Não raramente cria um universo místico que afasta a juventude do culto ao Deus verdadeiro.
Visão Católica: O Escotismo ensina a Realidade. Ensina o que somos e o como somos. Coloca o homem no seu devido lugar, no centro da Criação, porém como pecador e santo. Ensina ao jovem a identificar suas misérias e aponta o caminho da Salvação através de Igreja e do Verdadeiro Culto a Deus.
--#--
Visão Laica: O Escotismo baseia-se na ordem positiva das coisas. Devido à forte influência positivista, vê na letra fria da lei e da Promessa, uma possibilidade de autoconstrução para o homem.
Visão Católica: O Escotismo baseia-se na ordem natural das coisas. A lei e a Promessa Escoteira são meros códigos de ética, aderentes à moral e à Fé Católicas. A justificação, a Salvação do homem, depende de sua conversão sobrenatural a Deus. A autoconstrução está fora do alcance do homem.
4. Quanto ao Método e às Pedagogias
Visão laica: O Escotismo está sempre em busca de novas pedagogias auxiliares ao Método Escoteiro que o justifique frente às crises morais da sociedade humana, tendo sofrido ao longo de cem anos, diversas reformas e experiências que o deturparam. Como conseqüência destas experiências, o Escotismo passou a ser entendido como um fim em si mesmo, uma instituição autônoma e auto-explicada.
Visão Católica: O Método Escoteiro original é a própria pedagogia do Escotismo. É a sua força, inovação e inspiração. O Escotismo não é um fim em si mesmo, é uma ferramenta, um meio a ser utilizado por uma atividade-fim externa. Somente pode ser explicado e justificado quando inserido, como meio, em um fim maior.
Os católicos e a UEB
Por mais de setenta anos o escotismo, no Brasil, foi monopólio da União dos Escoteiros do Brasil, a histórica UEB. Setenta anos corresponde mais ou menos a vida de três gerações.
Por esta razão, o escotismo no Brasil tornou-se sinônimo de UEB. Falar de escotismo e da UEB era exatamente a mesma coisa nas mentes dos escoteiros brasileiros.
Em 2006, porém, um punhado de considerados malucos, resolveu que o monopólio deveria ser quebrado e criou a AEBP-Associação Escoteira Baden-Powell. Três anos mais tarde, a maioria dos escoteiros ainda confunde dois substantivos que não são absolutamente sinônimos: UEB e Escotismo.
Ocorreu que, pela ação da Divina Providência, ajustaram-se condições tais que, no seio da AEBP passou a se organizar o escotismo católico no Brasil.
Nossa existência deve-se unicamente a uma visão diferenciada de Escotismo que não pode ser levada a termo dentro da UEB em respeito ao seu POR e estatutos.
Na França o escotismo é uma grande método de apostolado com a juventude usado pelos católicos tradicionalistas de todas as vertentes.
O escotismo prevê três ramos: o básico ("de terra"), do mar e do ar. O do ar foi fundado no Brasil, aliás.
A WOSM, que é a entidade mundial que regula o escotismo a que está filiada a UEB, e que foi fundada por Baden-Powell, reconhece esses três ramos.
A WIFIS, que é a entidade mundial do escotismo tradicional (ou seja, que rompeu com a WOSM/UEB e tenta fazer um escotismo como na época de Baden-Powell), também reconhece esses ramos. No Brasil, a WIFIS é representada pela AEBP.
Não sei a que entidade os escoteiros católicos da França estão ligados. Se a WOSM ou a WIFIS.
Em Portugal, há duas associações nacionais escoteiras: uma laica e outra católica, mas ambas são da WOSM, portanto são fraternas à UEB Ou seja, em tese, dá para fazer escotismo católico na UEB.
Aliás, mesmo escotismo laico, mas tradicional, pode ser feito na UEB, "driblando" algumas coisas. Conheço grupos escoteiros que não saíram da UEB para entrar na AEBP, mas continuaram "tradicionais": aplicam o método molenga da UEB, mas mesclam com as normas antigas. E não podem ser criticados pela UEB, pois o método oficial e "moderno" continua sendo aplicado (ainda que mesclado).
Resumindo, existe escotismo católico e não-católico, tradicional e "molenga", e esses quatro se combinam: católico e tradicional, católico e molenga, não-católico e tradicional, não-católico e molenga.
A AEBP, no Brasil, pratica um escotismo tradicional, com grupos católicos e não-católicos.
A UEB, no Brasil, pratica um escotismo oficialmente molenga, mas vários grupos estão mantendo o caráter tradicional com verdadeiro heroísmo. Também tem grupos católicos e não-católicos, tanto entre os tradicionais quanto entre os molengas.
Os escoteiros do mar e do ar fazem tudo o que o escoteiro básico faz, e mais as suas especificidades.
Enquanto os grupos do mar estão, geralmente, sob os auspícios da Marinha, os do ar estão apadrinhados pela Força Aérea. Eles possuem uma ênfase na radiocomunicação, no aeromodelismo, faz atividades em aviões, promove paraquedismo, estudo da astronomia e da astronáutica, culto das tradições aeromilitares etc.
Baden-Powell fundou o escotismo para rapazes. Sua irmã e sua esposa, o escotismo para moças: eram as girl guides.
No Brasil, as girl guides foram chamadas de bandeirantes. Seu movimento era o bandeirantismo, e era regido pela FBB, Federação das Bandeirantes do Brasil, ligado à WAGGS, co-irmã da WOSM.
Ocorre que, nos anos 70, 80 e 90, a WOSM começou a admitir moças nas associações a ela vinculadas. A UEB, aqui no Brasil, abriu-se às escoteiras.
Assim, a associação escoteira inicialmente de rapazes passou a incorporar moças: escoteiros e escoteiras na UEB/WOSM. E a FBB passou a admitir rapazes: bandeirantes mulheres e bandeirantes homens. Não sei se outras associações da WAGGS aceitam homens, mas a FBB sim.
A recente AEBP, ligada à WFIS, também aceita mulheres.
Desse modo, o escotismo feminino está tanto no bandeirantismo/guidismo (FBB/WAGGS), quanto no escotismo mesmo, antes só de meninos (UEB/WOSM e AEBP/WFIS).
Há grupos católicos na AEBP e na UEB/WOSM, bem como associações especificamente católicas, como o Corpo Nacional de Escutas, em Portugal, ligado à WOSM, e os grupos franceses tradicionalISTAS. Esses grupos podem ser femininos, ou podem ser mistos, com tropas femininas e tropas masculinas. Ou seja, há escotismo católico feminino na WOSM e na WFIS.
Mas, sobre bandeirantismo "estrito", naquele movimento fundado originalmente para meninas, mas que hoje admite meninos, tanto quando a UEB/WOSM admite meninas, sim, há grupos bandeirantes, na FBB e em outras associações da WAGGS que são católicas.
Patrulhas mistas e tropas mistas não, mas podem ter tropas femininas e tropas masculinas no mesmo grupo. Ou mesmo grupos femininos e grupos masculinos, mas os femininos ligados à WOSM e não à WAGGS
No Brasil, além dos escoteiros e escoteiras da AEBP e da UEB, e das bandeirantes e dos bandeirantes da FBB, existem os desbravadores, que não usam o nome "escotismo", mas o aplicam inteiramente. São um movimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e fazem isso que queremos: escotismo e religião. Conseguiram mesclar isso de maneira excelente, e acho que são um perfeito exemplo a ser seguido (claro, tirando o fato de serem uma seita herética).
Uma reunião típica escoteira começa com o hasteamento da bandeira, com a tropa em formação, e todos uniformizados, patrulhas (a menor célula escoteira) apresentadas por seus monitores. Depois a oração conduzida por um voluntário. Em seguida a atividade em si: palestras sobre história escoteira, jogos (um jogo "quebra-gelo" para iniciar, e outros jogos, de estratégia, de força, de disciplina, de aplicação do que foi aprendido), limpar a sede (lavar banheiro, lavar cozinha, arrumar os "cantos de patrulha"), alguma atividade dividade entra as patrulhas (por exemplo, aprontar o próximo acampamento, dar uma conversada com algum elemento que não anda muito disciplinado, ver o "caixa" da patrulha para alguma atividade externa), adestramento (sobre nós, amarras, técnicas de acampamento), palestra sobre honra, moral, honestidade, valores humanos, virtudes, arriamento da bandeira e outra oração.
Mensalmente ou bimestralmente, um acampamento de tropa no fim-de-semana. Semestralmente ou anualmente, um acampamento de todo o grupo.
Eventualmente, atividades externas: excursões, viagens, palestras, representações do grupo ou da tropa em solenidades militares, desfiles, atividades beneficentes.
Organização de um grupo escoteiro
Grupo Escoteiro (GE) é a associação local, a unidade local onde se pratica o escotismo.
O movimento escoteiro é dividido em ramos, por idades: lobinho (7 a 10 anos), escoteiro (11 a 14 anos), escoteiro sênior (15 a 17 anos), pioneiro (18 a 21), e escotista (os mais velhos, que são naturalmente os chefes).
Um GE saudável e organizado deve contar com todos esses ramos. Os escotistas são chefes dos vários ramos, mas um sênior ou pioneiro pode ser chefe de um ramo inferior também.
Lobinhos
Especialmente concebido para atender às necessidades de desenvolvimento das crianças de ambos os sexos na faixa etária compreendida entre 7 e 10 anos, o programa educativo aplicado ao Ramo Lobinho concentra a sua ênfase no processo de socialização da criança, preparando-a para que, ao atingir a idade e as condições necessárias, prossiga a sua formação no ramo escoteiro.
O Lobismo é inspirado no "Livro da Jangal", de Rudyard Kipling, resumido em "Mowgli, o menino-lobo".
A seção do grupo escoteiro que congrega os lobinhos é denominada alcatéia (de Lobinhos, Lobinhas ou Mista). O chefe é chamado de Akelá pelas crianças e seus assistentes são chamados Baloo, Baguera, Kaa, Chill ou outros nomes constantes do "Livro da Jângal". A escolha dos nomes dos assistentes é feita em geral pelas crianças.
A Alcatéia é dividida em unidades denominadas Matilhas, cada uma com 4 a 6 crianças, as quais constituem as equipes de trabalho e de jogos, sem atingir contudo, o grau de estratificação e de desenvolvimento recomendado para o sistema de patrulhas, adotado nos ramos Escoteiro e Sênior.
Uma Alcatéia completa deve contar com 4 Matilhas. O lobo é o animal símbolo de todas as Matilhas, que se distinguem numa mesma Alcatéia pelas cores próprias dos lobos. A Matilha é liderada por um Lobinho ou Lobinha denominado Primo, auxiliado por outro denominado Segundo.
Os Primos e Segundos são designados pelo Akelá, mas cada Primo deve ser consultado antes da designação do seu Segundo.
Antes de completar 11 anos, o Lobinho deve deixar a Alcatéia e ser transferido para a Tropa do Ramo Escoteiro, em uma adequada cerimônia de passagem. Se o Grupo não possui essa espécie de seção, a criança deve ser encaminhada a outro Grupo que a possua.
Um GE pode ter várias alcatéias, com 4 matilhas cada um. Já fui de um GE, em Porto Alegre, em que existiam 6 alcatéias (com 4 matilhas, cada uma com 6 crianças).
Ramo escoteiro
O programa educativo aplicado ao ramo escoteiro atende às necessidades de jovens de ambos os sexos na faixa etária compreendida entre 11 e 14 anos, e concentra sua ênfase no processo de criação e ampliação da autonomia. O programa é fundamentado na vida em equipe e no encontro com a natureza, sem se descuidar de outros aspectos relacionados com o desenvolvimento integral da personalidade.
A tropa é dividida em no máximo 4 patrulhas, que são equipes de 5 a 8 jovens, constituindo uma unidade básica permanente, autônoma e auto-suficiente para excursões, acampamentos, trabalhos, jogos, boas ações, atividades comunitárias e demais atividades escoteiras.
Cada patrulha tem como designativo um animal, uma estrela ou uma constelação. A patrulha tem o nome deste totem, e todos os seus membros devem conhecer detalhadamente suas principais características.
Os fatos marcantes da vida da patrulha devem ser indicados no bastão da bandeirola da patrulha.
A patrulha é dirigida por um dos seus integrantes, nomeado pelo chefe de seção para ser monitor, após consultar a opinião da patrulha e da Corte de Honra.
O monitor é um jovem que está desenvolvendo a sua capacidade de liderança. Como tal, é responsável pela administração, disciplina, treinamento, atividades e boa apresentação de sua patrulha.
O submonitor é um jovem selecionado pelo monitor com a aprovação do chefe de seção e da Corte de Honra para auxiliá-lo em todos os seus deveres e substituí-lo quando ausente. O submonitor é nomeado pelo chefe da seção.
Um GE pode ter várias tropas, cada uma com um chefe, e essas tropas são divididas em patrulhas, com seus monitores. Meu primeiro GE, em Porto Alere, tinha 2 tropas masculinas e 1 feminina. E meu último GE tinha uma 2 tropa masculina e uma 1 mista. Cada uma com quatro patrulhas de 8 escoteiros.
Sênior
O programa educativo aplicado ao ramo sênior atende às necessidades de jovens de ambos os sexos na faixa etária compreendida entre 15 e 17 anos, e concentra sua ênfase no processo de autoconhecimento, aceitação e aprimoramento das características pessoais e auxiliando o jovem em seu desenvolvimento físico, intelectual, espiritual e social.
A tropa de seniores (rapazes) e guias (moças) é dividida em no máximo 4 patrulhas de 4 a 6 jovens, constituindo uma unidade básica permanente, autônoma e auto-suficiente para excursões, acampamentos, trabalhos, jogos, boas ações, atividades comunitárias e demais atividades escoteiras.
Cada patrulha de seniores ou de guias adota um nome característico, que pode ser o de acidente geográfico bem conhecido pela patrulha ou de uma tribo indígena nacional, ou nome de um grande vulto ou personalidade histórica nacional.
Nos trabalhos e atividades que, por sua natureza, exijam interesses, habilidades ou conhecimentos especializados, as patrulhas poderão ceder lugar a equipes de trabalho, integradas por membros de diferentes patrulhas, cabendo a coordenação de cada equipe ao seu integrante melhor qualificado.
As demais características desse ramo são semelhantes ao ramo escoteiro.
Pioneiros
O pionerismo é uma fratenidade de ar livre e de serviço ao próximo para jovens adultos de ambos os sexos entre 18 e 21 anos incompletos.
O programa educativo aplicado ao ramo pioneiro concentra a sua ênfase no processo de integração do jovem ao mundo, previlegiando sobretudo o serviço à comunidade como expressão da cidadania, e auxiliando o jovem a por em prática os valores da Promessa e Lei Escoteira.
O lema pioneiro é "Servir!"
A seção do grupo escoteiro que congrega os integrantes do ramo pioneiro é chamado de clã, que poderá ser integrado por rapazes, por moças ou por jovens de ambos os sexos.
O clã é orientado por um mestre pioneiro e/ou uma mestre pioneira que podem ter um ou mais assistentes. O clã misto terá preferencialmente uma chefia mista. A Comissão Administrativa do Clã ou o Conselho do Clã é a autoridade para tratar de todos os assuntos internos de administração, finanças, disciplina e programação.
O Mestre Pioneiro detém o poder de veto, que deverá exercitar em casos excepcionais de forma a balizar as atividades dentro dos princípios do Escotismo.
O clã pioneiro NÃO se divide em outras células, ao contrário dos lobinhos (cuja alcatéia se divide em matilhas), e escoteiros e sêniores (cuja tropa se divide em patrulhas).
O normal é haver um só clã em cada GE, mas pode haver mais de um, desde que não se dividam em outras células.
Boa notícia! Excelente, aliás!
A UEB, em seu congresso nacional (acho o nome uma merda... antes era conselho, bem mais "escoteiro"), decidiu abandonar o sistema "molenga", e está reimplantando o mérito, o esforço, a disciplina, a garra na conquista de distintivos. Parece que estão fazendo uma transição para voltar o sistema antigo, de progressão por classes (os escoteiros passavam de noviço a segunda classe, de segunda classe a primeira, após prestar uma série de provas, e as classes eram hierarquicamente superiores umas às outras). E o uniforme antigo, o cáqui, tradicional, está sendo novamente utilizado e incentivado, ao invés do horroroso "traje: calça jeans e camisa azul".
Já se pode pensar em escotismo tradicional (seja católico, seja laico) na UEB, e não só na AEBP.
Elevação numa Missa no rito gregoriano celebrada para escoteiros (Instituto Riaumont).
Na França, há uma associação escoteira católica, a Association Française de Scoutisme, também chamada Scouts et Guides de France (SGdF), que congrega grupos masculinos e femininos, mas em tropas sempre separadas. Essa SGdF é filiada tanto à WOSM quanto à WAGGS (bandeirantes). Bem diferente do Brasil, onde a UEB é da WOSM, mesmo que tenha meninas, e a FBB é da WAGGS mesmo que tenha meninos.
Essa associação católica aceita o Vaticano II e está sob o controle das dioceses.
Além da SGdF/WOSM/WAGGS, existe a Fédération du Scoutisme Français (FSF), que também da WOSM e da WAGGS, só que não é católica.
Há também, pelo que pesquisei, uma associação católica independente, que não é ligada à WOSM/WAGGS nem à WFIS, a Association Française de Scouts et Guides. E outros grupos. Essa Association Française de Scouts et Guides é controlada pela SSPX, e esses outros grupos também. Foi criada quando a SGdF aceitou o Vaticano II.
Pelo que eu saiba, entretanto, todas as associações, católicas tradicionalistas, católicas não-tradicionalistas, laicas, muçulmanas, judaicas, etc, praticam o que chamamos "escotismo tradicional": técnicas mateiras, método escoteiro de Baden-Powell, adestramento, disciplina, hierarquia, faça-você-mesmo, progressão pessoal nas etapas de classe.
Há também os Scouts Unitaires de France, associação católica independente, não ligada à WOSM/WAGGS, mas dependente das dioceses e paróquias. Se diferenciam das demais porque não possuem o ramo sênior (14 a 17 anos), agrupando-os na tropa "comum", perfazendo um ramo "unitário", de 12 a 17 anos. Como disse, ela também é católica.
Uma correção: a associação SGdF é uma subdivisão da Fédération du Scoutisme Français. Essa FSF reúne associações judias, protestantes, muçulmanas, neutras e católicas. A SGdF é a associação católica, mas faz parte da FSF e, por ela, se une à WOSM/WAGGS.
Existem três linhas de afiliação na França. A WOSM/WAGGS, representada pela FSF. A União de Escoteiros Católicos da Europa (ligada ao Vaticano), representada pela Conférence Française de Scoutisme. E os escoteiros independentes, quase todos católicos, embora existem os mórmons.
Os grupos católicos tradicionalistas são independentes.
Uma melhor visualização:
Fédération du Scoutisme Français, ligada à WOSM e à WAGGS, e reunindo:
* Éclaireuses Éclaireurs de France
* Éclaireuses éclaireurs israélites de France
* Éclaireuses et Éclaireurs unionistes de France
* Scouts et Guides de France (católica)
* Scouts musulmans de France
Conférence Française de Scoutisme, ligada ao Vaticano, e reunindo:
* Éclaireurs Neutres de France
* Fédération des Éclaireuses et Éclaireurs
* Guides et Scouts d'Europe
Todos praticam o escotismo tradicional (no sentido do escotismo, não do catolicismo).
Como viram, há uma CFS toda católica, uma associação católica da FSF, e inúmeros grupos e associações católicas independentes. Os tradicionalistas pertencem a esse terceiro grupo.
Oração do Escoteiro
Senhor,
Ensina-me a ser generoso
A servir-te como mereces,
A dar sem medir,
A combater sem medo de ser ferido,
A trabalhar sem descanso,
E a não esperar outra recompensa
Se não a de saber que faço a tua vontade.
Amém.
Ensina-me a ser generoso
A servir-te como mereces,
A dar sem medir,
A combater sem medo de ser ferido,
A trabalhar sem descanso,
E a não esperar outra recompensa
Se não a de saber que faço a tua vontade.
Amém.
Escotismo católico em nível mundial
Embora exista uma grande associação católica de escotismo - a União dos Escoteiros Católicos da Europa -, ligada ao Vaticano, e independente da WOSM, há também escotismo católico dentro da WOSM, com grupos e associações (como o Corpo Nacional de Escutas, de Portugal).
O escotismo católico da WOSM é orientado pela Conferência Internacional Católica de Escotismo, que também é reconhecida pelo Vaticano.
Em suma, ligados ao Vaticano há dois grandes grupos: o braço católico da WOSM, e a associação somente católica que não é da WOSM. Além dos grupos católicos da WFIS, que ainda não possuem reconhecimento do Vaticano, e dos grupos ligados aos tradicionalistas.
No Brasil, a UEB, ligada à WOSM, tem grupos católicos e uma diretoria encarregada do Escotismo Católico. A AEBP, ligada à WFIS, também tem sua federação de Escotismo Católico.
Eu, realmente, ando discernindo em retomar o escotismo e, desta vez, quero trabalhar com escotismo católico, confessional. Só não sei se vou para a AEBP/WFIS, onde há mais respeito ao escotismo tradicional, ou para a UEB/WOSM, onde me criei, e onde posso, apesar do método muito "moderno", lutar pelo aspecto tradicional.
Fala-se tanto em direitos... Tens também DEVERES! Carta dos Deveres do Homem: http://www.deveresdohomem.cne-escutismo.pt/
A iniciativa é do Corpo Nacional de Escutas, a associação escoteira católica portuguesa ligada à WOSM (há, ainda, uma associação escoteira católica portuguesa ligada à UIGSE, e uma associação escoteira laica portuguesa ligada à WOSM). [3]
1. Acidital.com
2. Escotismotradicional.com
3. Rafael Vitola Brodbeck
PARA CITAR ESTE ARTIGO:
Os escoteiros católicos David A. Conceição, maio de 2011, blogue Tradição em Foco com Roma.
CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:
tradicaoemfococomroma@hotmail.com