“A Suma Teológica de Santo Tomas de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
-----
Um Espírito em três Pessoas; Criador e Soberano Senhor de todas as coisas.
Quero dizer que não tem corpo como nós, mas que está, absolutamente, isento da matéria e de qualquer elemento estranho ao seu ser (III, 1-4).
Resulta que Deus é, no sentido mais absoluto e transcendental, o Ser por essência, e as coisas restantes são seres particulares, são tais seres e não “o Ser”. (III,4).
Sim, porque nada lhe falta (VII, 1).
É a própria bondade, como principio e fim de todos os amores (VI).
Sim, porque coisa alguma pode limitá-lo.
Sim, porque tudo o que existe, Nele e por Ele existe (VII).
Sim, porque nada pode adquirir (IX).
Sim, porque Nele não há sucessão (X).
Um só (XI).
Sim, e se não os possuísse não seria “o Ser” por essência.
Não. Não o consente o nosso corpo mortal (XI, 11).
Sim, com os olhos da alma glorificada (XII, 1-10).
De dois modos: por meio da fé e da razão (XII-12-13).
Significa conhecê-lo mediante as criaturas, obras de suas mãos (XII, 12).
PRIMEIRA PARTE: DE DEUS, SER SOBERANO E SENHOR DE TODAS AS COISAS
II. DA NATUREZA E ATRIBUTOS DE DEUS
Um Espírito em três Pessoas; Criador e Soberano Senhor de todas as coisas.
Que quereis dizer quando dizeis que Deus é espírito?
Quero dizer que não tem corpo como nós, mas que está, absolutamente, isento da matéria e de qualquer elemento estranho ao seu ser (III, 1-4).
Que consequências derivam destes princípios?
Resulta que Deus é, no sentido mais absoluto e transcendental, o Ser por essência, e as coisas restantes são seres particulares, são tais seres e não “o Ser”. (III,4).
Deus é perfeito?
Sim, porque nada lhe falta (VII, 1).
Deus é bom?
É a própria bondade, como principio e fim de todos os amores (VI).
Deus é infinito?
Sim, porque coisa alguma pode limitá-lo.
Deus está em toda parte?
Sim, porque tudo o que existe, Nele e por Ele existe (VII).
Deus é imutável?
Sim, porque nada pode adquirir (IX).
Deus é eterno?
Sim, porque Nele não há sucessão (X).
Quantos deuses há?
Um só (XI).
Existem em Deus os referidos atributos?
Sim, e se não os possuísse não seria “o Ser” por essência.
Podereis demonstrá-lo?
Sim. Deus não seria “o Ser” por essência, se não fosse o que existe per si, ou como dissemos, por necessidade de sua natureza. O que existe per si concentra em si mesmo todos os modos do ser; é, portanto perfeito e, sendo perfeito, necessariamente há de ser bom. É, além disso, infinito, condição indispensável para que nenhum ser tenha ação sobre Ele e o limite; e se é infinito possui o dom da ubiquidade (onipresença).
É imutável, porque, se mudasse, haveria de ser em busca de uma perfeição que lhe faltasse. Sendo imutável, é eterno, porque o tempo é sucessão e toda sucessão revela mudança. Sendo perfeito em grau infinito, não pode haver mais do que um; se houvesse dois seres infinitamente perfeitos, nada teria um que o outro não possuísse; não haveria meios de distingui-los e seriam, portanto, um (III-XI).
É imutável, porque, se mudasse, haveria de ser em busca de uma perfeição que lhe faltasse. Sendo imutável, é eterno, porque o tempo é sucessão e toda sucessão revela mudança. Sendo perfeito em grau infinito, não pode haver mais do que um; se houvesse dois seres infinitamente perfeitos, nada teria um que o outro não possuísse; não haveria meios de distingui-los e seriam, portanto, um (III-XI).
Podemos ver a Deus enquanto vivemos neste mundo?
Não. Não o consente o nosso corpo mortal (XI, 11).
Poderemos vê-lo no céu?
Sim, com os olhos da alma glorificada (XII, 1-10).
De quantos modos podemos conhecer a Deus neste mundo?
De dois modos: por meio da fé e da razão (XII-12-13).
O que significa conhecer a Deus por meio da razão?
Significa conhecê-lo mediante as criaturas, obras de suas mãos (XII, 12).
O que significa conhecer a Deus por meio da fé?
Significa conhecê-lo sabendo quem Ele é, pelo que nos revelou de Si mesmo (XII, 13).
Qual destes dois modos de conhecimento é mais perfeito?
Indubitavelmente, o da fé, dom sobrenatural que nos mostra Deus com uma claridade como jamais o pode conjecturar a razão humana; e ainda que, devido à imperfeição de nosso entendimento percebemos esta claridade manchada de sombras e obscuridades impenetráveis, é, todavia, da luz da fé, como aurora do dia feliz da visão perfeita, que se constituirá a nossa Bem-Aventurança no céu (XII, 15).
As palavras e proposições que usamos para falar de Deus expressam alguma coisa de positivo, determinado e real?
Sim, porque, ainda que sejam usadas primeiramente para designar as perfeições das criaturas, podem empregar-se para manifestar o que em Deus corresponde a essas perfeições (XIII, 1-4).
Estas palavras e proposições têm o mesmo sentido quando aplicadas a Deus e às criaturas?
Sim, porém com alcance diverso: quer dizer que, quando aplicadas às criaturas, manifestam plenamente a natureza e as perfeições que expressam; porém, quando usadas para designar perfeições divinas, ainda que tudo a que se refiram seja verdadeiro em Deus, não alcançam expressá-lo de modo elevado como está em Deus (XIII, 1-4).
Por conseguinte, Deus é inefável qualquer que seja a nossa linguagem e a sublimidade das expressões que usemos para falar Dele?
É inefável. Apesar disso, não pode ter o homem ocupação mais digna e proveitosa do que a de falar de Deus e dos seus atributos, apesar do confuso e impreciso da nossa linguagem, durante esta vida mortal (XIII, 6,12).