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A Suma Teológica de Santo Tomas de Aquino em forma de Catecismo (1ª Parte, Tópico 4)


“A Suma Teológica de Santo Tomas de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
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PRIMEIRA PARTE: DE DEUS, SER SOBERANO E SENHOR DE TODAS AS COISAS
 
IV. DAS PESSOAS DIVINAS

 Que quereis dizer quando afirmais que Deus é um espírito em três Pessoas?
Que há Nele três Pessoas, cada uma das quais se identifica com Deus e possui os atributos da divindade (XXX, 2).

Quais são os nomes das três Pessoas divinas?
Pai, Filho e Espírito Santo.

Quem é o Pai?
É Aquele que, sem ter tido princípio, gera o Filho e dá origem ao Espírito Santo.

Quem é o Filho?
É Aquele gerado pelo Pai, e do qual, conjuntamente com o Pai, procede o Espírito Santo.

Quem é o Espírito Santo?
É Aquele que procede do Pai e do Filho.

As Pessoas divinas são distintas de Deus, em si mesmo?
Não.

São distintas entre si?
Sim.

Que quereis dizer quando afirmais que as Pessoas divinas são distintas entre si?
Que o Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo; que o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo, e que o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho.

Podem separar-se as Pessoas divinas?
Não.

Estão unidas desde a eternidade?
Sim.

Possui o Pai, com relação ao Filho, tudo o que temos visto que há em Deus?
Sim.

E o Filho com relação ao Pai?
Também.

E o Pai e o Filho com relação ao Espírito Santo?
Também.

E o Espírito Santo com relação ao Pai e ao Filho?
Sim.

Logo, são três Deuses com conexões eternas?
Não; são três Pessoas que se identificam com Deus, apesar de permanecerem realmente distintas.

As Pessoas divinas formam sociedade?
Sim, e a mais perfeita de todas (XXXI, 3 ad 1).

Por quê?
Porque, sendo três, cada uma das Pessoas possui de modo infinito a perfeição, a duração, a ciência, o amor, o poder, a felicidade; e todas e cada uma, constituem a sua própria Bem-Aventurança no seio da divindade.

Como sabemos que há três Pessoas em Deus?
Porque Ele mesmo o revelou.

Pode a razão humana, sem o auxilio da fé, perscrutar a existência das Pessoas divinas?
Não (XXXII, 1, 2).

Como se chamam as verdades inacessíveis à inteligência e que somente pela fé conhecemos?
Chamam-se mistérios.

É, por conseguinte, um mistério a existência das Pessoas divinas?
É mistério e o mais profundo de todos.

Que nome tem?
Mistério da Santíssima Trindade.

Poderemos chegar a compreendê-lo?
Sim, e com seu conhecimento seremos eternamente felizes.

Poderemos nesta vida entrever alguma coisa dos admiráveis segredos do mistério da Santíssima Trindade através de uma reflexão sobre as ações que são próprias dos seres intelectuais?
Sim. Dois são os atos imanentes do ser espiritual: entender e amar, e em cada um estabelecem-se relações de princípio a termo, e de termo a princípio de operação. Daqui se deduz, conforme o que ensina a fé, que o Pai, no ato de entender, é princípio, porquanto diz e pronuncia um verbo, e o Verbo tem relação de termo, dito ou pronunciado. O mesmo sucede no ato de amor: o Pai e o Filho formam um princípio de amor, com relação ao Espírito Santo, que é o termo.

Em que qualidade divina se funda o Mistério da Santíssima Trindade?
Na fecundidade e riqueza infinitas da divina natureza, em virtude da qual se estabelecem em Deus misteriosas processões de origem (XXVIII, 1).

Como se chamam as processões de origem?
Geração e Processão (XXVIII, 1, 3).

O que se deduz da existência da geração e processão?
Que entre os dois termos de cada processão há relação real constituída pelos mesmos termos.

Quantas e quais são as relações em Deus?
São quatro: Paternidade, Filiação, Espiração ativa e Processão ou Espiração passiva (XXVIII, 4).

Relação é o mesmo que Pessoa Divina?
Sim.

Por que então, sendo quatro as relações, não são mais que três as Pessoas?
Porque a relação chamada de espiração ativa, não só não se opõe, relativamente, à Paternidade e à Filiação, mas pelo contrário, pertence a ambos, Pai e Filho como um só princípio; portanto, as Pessoas constituídas pela Paternidade e pela Filiação, podem e devem ser sujeito da espiração ativa, a qual não constitui Pessoa, senão que convém conjuntamente às Pessoas do Pai e do Filho (XXX, 2).

Guardam ordem entre si as Pessoas divinas?
Sim, guardam a ordem de origem, em virtude da qual o Pai pode enviar o Filho, e o Filho enviar o Espírito Santo (XLII, XLIII).

As ações divinas (exceto os atos de noção, gerar e espirar) são comuns às três Pessoas?
Sim. Assim, o conhecer e amar de Deus é um só ato realizado pelas três Pessoas, e bem assim todas as ações divinas que produzam algo de extrínseco à divindade (XXXIX, XLI).

 

©2009 Tradição em foco com Roma | "A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência" Doctor Angelicus Tomás de Aquino