Tem eco na Tradição a distribuição de doces no dia de São Come e Damião?
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David A. Conceição
- publicado:
9/26/2012
Não! E ainda há católicos vendo uma prática paganizada travestida de católica com banalidade se importanto apenas com o açúçar calórico e maléfico desses doces industrializados.
Houve um debate interessante no msn sobre esse tema e transcrevo o conteúdo.
Premissa: " Muitas vezes os doces foram "benzidos" em centro de umbanda, também... prefiro eu mesmo comprar no depósito de doces e montar uns saquinhos para os meus filhotes, ou comprar uma caixa de bombons..."
Favorável: Bah! Não tenho culpa se ficam pirateando nossos doces. Se tiverem dando e aparecer na minha frente pego e reconverto em meu estômago. Pena que fiquei grande e ninguém mais me dá.
Contra: Só um detalhe, alguns saquinhos tem uma imagem dos santos com uma criança no meio, essa criança é um orixá criança chamado DOUM, por isso essa estampa não é católica.
Favorável: Se pegaram doces e estão com medo de comer. Pode mandar aqui pra casa que eu levo no Padre peço para exorcizar e me infarto de pé de moleque.
Contra: A tradição de dar doces nunca foi nossa, eles é que inventaram. Há uma tradição católica, se não me engano, de dar doces às crianças no dia de Reis... essa seria uma boa resgatar.
Favorável: 1) Ainda que não seja, é irrelevante. 2) O Natal também não era nosso. O templo que é dedicado a São Cosme e São Damião também não era nosso. Era um antigo templo pagão. Veja como são as coisas...
Contra: Você vê mal em pegar doce em centros de macumba? O Natal é exemplo de um uso pagão purificado pela Igreja, não tem nada a ver com o caso aqui. A Igreja não incorporou a tradição dos doces nem a purificou.
Favorável: Purifique-a em teu espírito. Eu sempre tive em conta a celebração de Cosme e Damião, médicos a quem se dirigem preces por saúde, pagas geralmente com a doação de doces a crianças, expressão de caridade de cristãos piedosos. Só fui saber que era macumba já adolescente. Não tenho a pretensão de tolher a infância de ninguém por causa de pirataria canônica. A cara de felicidade de crianças que passavam na casa de meus avós e saíam com seus doces compensa e me faz ignorar qualquer puritanismo excessivo.
Contra: Mas não dar importância para o fato que são candomblecistas que oferecem doces em homenagem aos orixás não seria relativismo?
Favorável: E quem disse que não dou importância? Claro que dou. Não tô oferecendo nada pra orixá nenhum. A não ser que meu pâncreas seja um orixá.
Contra: Inclusive saquinhos com o tal ''doum'? O Doum é um orixá criança, o nome quer dizer dois em um. Eu é que não vou incentivar uma tradição umbandista. Cada macaco no seu galho!
Favorável: Eu é que não vou permitir ficarem roubando meus santos assim na cara dura sem replicar. Se tivesse grana, comprava doces e saía distribuindo de carro no dia 26 com um terço dentro .
Contra: Quem decide qual tradição incorporar e purificar é a Igreja.
Favorável: Puritanismo. Quem decide que doce comer sou eu. E como é que põe esse "doum" dentro do saquinho?
Contra: É na estampa na frente do saquinho.
Contra: Não sou puritana, já demonstrei em outras questões. Nessa questão de não incentivar um desvirtuamento de uma comemoração católica, não estou só, estou em boa companhia. Faz diferença eu pegar o franguinho no despacho da encruzilhada, temperar e assar e almoçá-lo? Afinal pouco importa se foi sacrificado aos orixás. O estômago é meu.
Favorável: São Paulo já respondeu isso em Coríntios 8. Só o escândalo justifica a abstinência. Mas comer ou não é opção exclusivamente sua. Faça a comparação com o ouro. Se um macumbeiro te oferece 4 barras de ouro pra ti, você não vai aceitar porque eles foram oferecidos a demônios?
Contra: Situação imaginária e desproporcional com a realidade exposta.

