“A Suma Teológica de Santo Tomás de
Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente
obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um
tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do
início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos
tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
SEGUNDA PARTE: O HOMEM PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE
VOLTAR
SEGUNDA SEÇÃO: ESTUDO CONCRETO DOS MEIOS QUE O HOMEM DEVE
EMPREGAR PARA VOLTAR PARA DEUS
XI. DOS
PRECEITOS RELATIVOS À CARIDADE
Existe na lei de
Deus algum preceito relativo à Caridade?
Sim
(XLIV, 1).
Qual é?
É
o seguinte: Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua
alma, com todo o teu ser e com todas as tuas forças (XLIV, 4).
Que se nos manda
com estas palavras?
Que
nossas intenções terminem sempre em Deus; que a Ele estejam submetidos e por
Ele regulados todos os nossos pensamentos e afetos sensíveis, e que a norma de
nossas ações exteriores seja o cumprimento de sua santíssima vontade (XLIV, 4,
5).
Tem grande
importância este preceito?
Tem-na,
tão grande e tal, que é o resumo e centro de todos os demais (XLIV, 1-3).
É um ou múltiplo?
É
as duas coisas, ainda que se considere unicamente como preceito de Caridade; quer
dizer que bem entendido, bastaria um só, porque é impossível amar a Deus sem
amar também ao próximo; mas para que melhor o compreendamos, se lhe ajuntou
outro: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo (XLIV, 2, 3, 7).
Estes preceitos
encontram-se no Decálogo?
Não;
são anteriores, porque os preceitos do Decálogo estão destinados a assegurar o cumprimento
dos da Caridade (XLIV, 1, ad 3).
Suposta a ordem
sobrenatural, são estes preceitos evidentes e conaturais, sem necessidade de
especial promulgação?
Sim;
porque assim como é lei natural gravada nos corações, a de amar a Deus sobre
todas as coisas na ordem natural, a mesma lei, e pelas mesmas razões, rege a
ordem sobrenatural.
Logo, é
contrário ao Direito Natural e ao bom emprego das potências afetivas, não amar
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos?
Sim.