.

A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo (2ª Parte, Seção 2, Tópico 13)

“A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
 
SEGUNDA PARTE: O HOMEM PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE VOLTAR

SEGUNDA SEÇÃO: ESTUDO CONCRETO DOS MEIOS QUE O HOMEM DEVE EMPREGAR PARA VOLTAR PARA DEUS
XIII. DAS VIRTUDES MORAIS – A PRUDÊNCIA: SUA NATUREZA, PARTES DA PRUDÊNCIA, VIRTUDES ANEXAS: ESPÉCIES, PRUDÊNCIA INDIVIDUAL, FAMILIAR, REAL E MILITAR.

O que o homem deve fazer para gozar um dia no céu, o que fé, a esperança e a caridade lhe propõem?

Além de possuir as ditas virtudes, deve exercitar-se na prática das morais e de seus correspondentes dons.

Qual é a primeira virtude moral?

A virtude da prudência (XLVII).

Que entendeis por Prudência?

Uma regra moral do senso prático que põe no homem no tato e discrição suficientes para ordenar a sua vida e mandar em cada caso, aos subordinados, o mais apropriado à observância das virtudes (XLXIII, 1-9).

Tem muita importância?

Grandíssima, porque sem ela é impossível praticar qualquer ato virtuoso (XLVII, 13).

É o suficiente o influxo de prudência, em todo o seu vigor, para garantir e manter em seus limites o exercício de todas as virtudes?

Sim (XLVII, 14).

Donde lhe provem tal privilégio?

Da propriedade que tem de congregar todas as virtudes, de modo que nenhuma pode existir sem ela, nem ela pode existir sem o concurso de todas as outras.

É necessário o concurso de muitas condições para que o ato de prudência seja perfeito?

Sim.

Como podereis classificá-las?

Em três grupos: umas são elementos constituintes ou partes integrantes essenciais; outras, virtudes adjuntas e ordenadas a atos secundários em conexão com a principal; por último, o ato principal encerra tantas classificações, como o dirigido e governado (XLVIII-LI).

Quais são os elementos constitutivos ou partes integrantes essenciais?

São as seguintes: Memória ou recordação do passado; inteligência ou conhecimento do presente, quer seja em geral, quer em particular; docilidade e respeito ao disposto por antecessores sábios e prudentes; sagacidade para saber o que no momento pode se esperar de alguém; firmeza e segurança de juízo para aplicar as regras gerais aos casos particulares; providência ou determinação do tempo e do lugar de cada ato para obter o fim desejado; circunspecção ou conhecimento das circunstâncias; precaução contra tudo o que puder ser obstáculo ou comprometer o êxito da empresa (XLIX, 1-8).

Quais são as virtudes adjuntas e ordenadas para atos secundários em conexão com o principal?

A virtude do conselho e as duas virtudes do bom senso prático, uma referente à maneira de portar-se nos casos e circunstâncias ordinárias, e outra nas extraordinárias e de grande empenho (LI, 1-4).

Supostos os atos das virtudes anteriores, qual é o ato próprio da prudência?
O mandato do executivo (XLVII, 8).

Logo, a prudência é propriamente a virtude que serve para dirigir e mandar?

Sim.

Não será melhor a virtude de obrar sem exaltações, ou inconsiderações, visto que todos chamam prudente ao homem que mede e aquilata suas obras e ditames?

É certo que assim o entendem; mas, apesar disso, o ato próprio da prudência consiste em mandar com energia e decisão quando chega o momento oportuno (XLVII, 8).

Quantas são as espécies de prudência?

Tantas, quantas as espécies de mandatos necessários, a respeito de atos difíceis na prática da virtude.

A quantas podemos reduzi-las?

A quatro: o mando e governo de nós mesmos, o da família, o da sociedade civil e o da militar (L, 1-4).

Como se chamam as espécies da virtude da prudência correspondentes a estes atos?

Prudência individual, familiar, real e militar (ibid.).

O que entendeis por prudência individual?

A que cada um necessita para governar sua vida moral e procurar o bem próprio.

O que entendeis por prudência familiar?

A que cada membro da família necessita para manter-se e atuar em sua própria esfera e sob a direção do chefe, para bem e proveito da sociedade familiar (L, 3).

O que entendeis por prudência real?

A prudência especial que o chefe supremo de toda sociedade perfeita e independente necessita para governa-la como convém (L, 3).

Para que seja bem regida uma nação, é suficiente que sejam prudentes seus governantes?

Não; é necessário que os governados possuam outra prudência proporcionada à dos primeiros (L, 2).

Em que há de consistir a prudência dos súditos?

Em submeterem-se às ordens e decisões do governante, de forma que os seus atos sociais jamais sejam peia ou obstáculo à consecução do bem comum (ibid.).

A prudência militar também se ordena para a consecução do bem da sociedade?

Sim, e é de maior importância, porque tem por destino assegurar a defesa eficaz do Estado contra os inimigos exteriores, e isto só pode ser alcançado mediante a prudência mais delicada no mando e a mais completa disciplina nos subordinados (L,4).

 

©2009 Tradição em foco com Roma | "A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência" Doctor Angelicus Tomás de Aquino