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Sexo sem casamento


A doutrina católica é, de longe, a doutrina mais apoiada no crivo da razão, pois que recorre à Lei Natural. Razão pressupõe analisar o estado objetivo de um ato, imutável, independente da consciência de quem o pratica. Claro que as intenções e circunstâncias geram atenuantes ou agravantes, mas a matéria em si é o cerne para se avaliar moralmente um ato. Para ser um bom católico, é preciso ser muito amigo da... razão! 
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Não faz sentido comprar um carro sem antes ter carteira de motorista. Não se compra uma casa com três quartos para se morar sozinho. Não se compram livros de Cálculo Diferencial sem que antes sequer se tenha decidido o curso a disputar na faculdade. Ora, se se deixar claro (e não é difícil) que o ato conjugal tem como uma das finalidades diretas a procriação, há de se concordar que o momento apropriado para que um filho venha ao mundo é quando o núcleo essencial da família -- marido e esposa -- esteja devidamente constituído. Isso significa, entre outras coisas, o acordo jurídico conhecido como casamento civil, e, por tabela, o matrimônio sacramental. 

Um paradoxo da sociedade: todo mundo torce o nariz quando dizemos que os fins últimos do sexo são o procriativo e o unitivo. Implicam sempre com o procriativo, e às vezes engolem o unitivo. Acontece que, na própria natureza, nos animais, o único fim existente é o procriativo.

Não se pode tirar o elemento moral, a Lei Natural, de fora da questão, ou aí qualquer coisa passa a ser permitida. Portanto, no fim das contas, o elemento religioso está presente, mas como consequência e não como causa, já que a Lei Moral leva à crença de uma fé particular e não o contrário.
 
Para a formação moral de uma criança, é preciso tempo. É preciso que sejam cultivados elementos de pureza, mesmo nos pontos que nada têm a ver com sexo. A luxúria se dá de muitas outras formas, e, por incrível que pareça, muitas vezes as vítimas desse vício espiritual são as crianças, já que são guiadas por um instinto egocêntrico, que, se não for podado, degenera para o egoísmo, e que, por sua vez, culmina no hedonismo.

Por um lado, é pertinente uma lista de exortações, porque muitas vezes estes argumentos são usados quase que exclusivamente para convencer a pessoa da ilicitude do sexo fora do matrimônio. Isso não dá certo. Pode ser um ponto de partida para uma reflexão, mas em si mesmos são insuficientes. Claro que muitas pessoas, a partir deles, revêem todos os seus conceitos morais e, por tabela, acabam por acatar a questão do sexo. Mas pode acontecer que não.

Por outro lado, o panorama criticado por esses mesmíssimos argumentos é o responsável pela 
cegueira espiritual que concerne à questão do sexo. Veja: há algumas gerações atrás, era ponto pacífico, tanto para católicos como para agnósticos, ateus, testemunhas de Jeová e o raio que o parta, que o sexo é parte indissociável da vida matrimonial. Por que? Porque havia modéstia no vestir-se, no flertar, no namoro, nos gestos e nos atos. Assistam ao filme Orgulho e Preconceito.
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Isso significa que, pelo menos em teoria, é perfeitamente possível que muitos não-católicos sejam conscientizados da questão. O problema é a ideologia liberal que nos cerca e nos emburrece.

E eu conheço algumas meninas, todas não católicas, que querem casar virgens. A maioria, porém, quer fazer isso só porque acha 
mais romântico. Apenas uma já me disse que não acha certo o sexo antes do casamento.

A realização do ato sexual entre um macho e uma fêmea de qualquer espécie é a consequência natural da maturidade sexual que leva à reprodução e perpetuação da espécie. E neste ponto o ser humano não é diferente, devendo seguir o mesmo critério, um homem se une a uma mulher com a função primária de gerar filhos, prole, através da forma mais natural e prazerosa que Deus criou, o sexo.

O ato sexual em si é bom, é uma bênção de Deus para todas as criaturas e, em especial, para o ser humano. O ato sexual é uma coisa limpa, bela, pura. O ato sexual é um ato de entrega, de intimidade, de comunhão.

Não há nada mais íntimo no ser humano que partilhar o prazer, um homem doa de suas entranhas e uma mulher acolhe em suas entranhas, partilhando o gozo e completando-se para a possibilidade de gerar um filho. Isto é ato de amor e fomos feitos biologicamente para este momento. Esta intimidade é dom de Deus. E somente temos o direito de abdicar disto se for para o Serviço do Evangelho ou enquanto formos solteiros.

A perfeição de Deus está em nossa natureza procriativa, assim como está em nossa alma imortal. Não há como dissociar no Sacramento do Matrimônio a comunhão de corpo e alma de um casal. Ou há esta comunhão ou há pecado. Ponto. 

Castidade é para solteiros e as pessoas consagradas à vida religiosa.

Para os casados pede-se fidelidade. A castidade do casal está em não ter conjunção carnal com outra pessoa que não seja o cônjuge.

Uma vez casados, nem um nem outro poderão viver sem se entregarem sexualmente um ao outro. O ato sexual em um casal é continuidade, frequência, não importa se é diária, semanal, mensal... mas o compromisso de um homem satisfazer a sua esposa e ela a seu marido. Não cumprir a obrigação conjugal de uma vida sexual sadia implicaria em risco de adultério, de fornicação. Como se não bastassem todos os riscos diários que corremos de cair na tentação da libertinagem, com o festival de ofertas sexuais que temos por aí.

A Encíclica Casti Connubii (Casamento Cristão) do Papa Pio XI é uma das leituras essenciais para tal assunto, ela deixa claro que não existe circunstância em que o casal não possa, com a graça de Deus, cumprir fielmente suas obrigações e manter seu casamento santo.

Santo Agostinho já dizia:

A união então, do 'macho e da fêmea' com o propósito da criação é o bem natural do casamento. Mas fazem um mal uso deste bem os que usam-no bestialmente, aonde sua intenção é a gratificação da luxúria, ao invés do desejo de uma nova vida

Sexo é reprodução, não prazer. O prazer ou alívio que temos em nossas necessidades vitais como urinar, defecar, dormir, beber, comer e reproduzir são meramente estímulos que nos lembram de não sermos relapsos com elas, do contrário estaríamos sujeitos a morrer e a espécie não perpetuar.

Comer apenas por prazer, sem temperança, é pecado mortal. Embora sejam prazeres lícitos, devem ser apreciados observando certas normas. Do contrário passam a serem aproveitados indevidamente. 

Se duas pessoas que vivem o matrimônio, tendo uma delas uma deficiência ou doença, a qual não permite ter filhos, elas podem ter relações sexuais normalmente com seu cônjuge? Tendo em vista o sexo como um ato com o principal objetivo a procriação.

Sim, eles podem perfeitamente desfrutar dos privilégios matrimoniais, afinal, num casamento válido, é dado entre eles direitos mútuos sobre seus corpos para a procriação e educação básica dos rebentos.

Mas, existem os bens matrimoniais secundários que, não havendo interferência do casal sobre o fim PRIMÁRIO, pode ser praticado sem o menor risco de pecado.

E seu exemplo é claro e notório que a interferência não é proveniente da vontade do casal.

A Igreja e os teólogos ensinam, de forma una, que mulheres que atingem a idade da menopausa, que passam por cirurgia de arrancar um útero devido a um cancêr, que são estéreis, etc., continuarão podendo exercer os fins secundários do matrimônio, haja vista que os mesmos não tentam impedir, de forma alguma, o fim primário; tal princípio é válido para ambos os sexos.

O grandíssimo e vasto problema de nosso tempo, talvez um dos maiores, é justamente o contrário: Pessoas que podem perfeitamente atingir o fim primário, mas que ESCOLHEM os fins secundários, seja 
igualando ou superando o primário.

PARA CITAR ESTE ARTIGO:


Sexo sem casamento David A. Conceição 05/2013 RJ Tradição em Foco com Roma.



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