Eu tenho um respeito muito grande pela consciência dos sedevacantistas.
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Famosa macumbeira baiana.
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Nunca deixou de assistir à Missa e em 1949 até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.
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Nosso Senhor, além de pregar uma doutrina, fundou uma sociedade de fiéis, a Igreja. Os méritos da Paixão, pelos quais todos foram redimidos e podem ser salvos, são distribuídos por essa Igreja e todos devem pertencer a ela.
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No caso de um pagão, herege ou cismático em ignorância invencível, embora ele não pertença ao *corpo* da Igreja, pertence à alma (tem vontade de obedecer às leis de Deus) pois, dada a sua reta intenção, caso conhece a Igreja de maneira apropriada pertenceria a ela.
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Este princípio estabelecido por Cristo – guardar os mandamentos para salvar-se – vigora em todas as religiões, porque é também um imperativo da razão humana e a razão, assim como a Fé, procede de Deus, nosso Criador. A Humanidade viveu milhares de anos antes de Jesus Cristo vir a este mundo e, durante todo esse tempo, excetuando o povo judaico, pequenino povo que tinha a Revelação dada por Deus a Moisés e aos profetas, todas as nações da terra estavam imersas no paganismo, desconhecendo as verdades da Fé. Mesmo depois da vinda de Jesus, quantos milhões de pessoas tem havido e ainda há, como vários muçulmanos e budistas, que sem culpa nenhuma sua, desconheceram ou ainda desconhecem a Revelação? Podiam ou podem estes homens salvar-se?
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Sim, porque não é admissível que Deus os condenasse a todos irremediavelmente ao Inferno, se eles não tinham culpa nenhuma em desconhecer a Revelação.
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É certo que existe aí um mistério insondável à inteligência humana. Mas mediante a Revelação, Deus forneceu-nos os elementos necessários para que creiamos e sejamos salvos. Sua Igreja é a detentora, explicadora e intérprete dessa Revelação.
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Comparando as situações II:
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O que é a lei natural? Como o próprio nome está dizendo é uma lei nata, ou seja nasce com todo ser humano. A moral está vinculada a lei natural. Até mesmo um ateu possui o sentido do certo e do errado. O que acontece é que por caírem ou no relativismo, ou no conforto de sua própria consciência muitos buscam argumentos dos mais incríveis para justificar certas práticas.
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A moral deve estar amparada na natureza humana. E a natureza humana deve considerar a lei divina. A moral católica é a única que pode conduzir o homem dignamente nesta vida para atingir o seu fim último - a salvação de sua alma.
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É evidente que existe moral sem religião. A moral baseada nos princípios da natureza humana é um conceito filosófico e basta lembrar que muitos sistemas filosóficos propugnaram comportamentos morais, como o próprio Aristóteles. O livo Ética a Nicômano parece um tratado de virtude medieval. De qualquer modo, a moral consiste numa série de conduta de regras temporais que são relativas a qualquer cultura, a qualquer sociedade. É a prática efetiva que se dá nas relações do homem com seu pares através de certas normas que já estão pré-determinadas em seu tempo.
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Se liga desta forma quem, por Ignorância invencível, não a conhece nem a Cristo, Nosso Senhor e 1) Crê que haja um Deus que pune os culpados e abençoa os justos, 2) Cumpre a lei natural, os 10 mandamentos que Deus coloca no coração de todo homem, 3) Não peca gravemente contra a lei natural.
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Mas o mesmo não acontece com os sacramentos celebrados por padres e bispos que foram sagrados no rito de Paulo VI, não só eles buscam como também defendem a validade dos mesmos, para justificar a sua ida à Igreja Conciliar para não correrem o risco de ir para o Inferno estando em pecado mortal. Nesse ponto eles são bem malandrinhos. Até então antes desse blog deixar isso evidente nenhum deles afirmavam isso publicamente.
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Cabe o seguinte ensino presente no Catecismo de Boulanger:
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“Sujeito dos sacramentos. Condições requeridas.
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2º Condições requeridas
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A. Para a validade.
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“Também não se deve afirmar que os verdadeiramente justificados devem estar firmemente, sem sombra de qualquer dúvida, convencidos de sua justificação, e que ninguém é absolvido e justificado, a não ser aquele que seguramente crer que foi absolvido e justificado, e que somente por esta fé se efetua a absolvição e a justificação [cân. 14], como se aquele que não cresse nisto, duvidasse das promessas de Deus, da eficácia da morte e da ressurreição de Cristo.” (D 802)
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O trecho abaixo do Concílio de Trento é ainda mais contundente:
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Porque, assim como nenhum [homem] pio deve duvidar da misericórdia de Deus, dos merecimentos de Cristo, bem como da virtude e eficácia dos sacramentos, assim também, quando cada qual olha para si mesmo e para sua fraqueza e falta de preparação, pode recear e temer pela sua remissão [cân. 13], visto ninguém poder saber com certeza de fé, a qual não pode estar sujeita a erro algum, que sele conseguiu a graça de Deus.
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Tratado III acerca da graça, Capítulo II, Artigo V - De las propiedades de la justificación: TESIS 26. Sin una especial revelación, el hombre no puede tener certeza estricta acerca de su propia justificación.
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Así pues, la sentencia, que al fin prevaleció en las escuelas católicas, está contenida en los puntos siguientes:
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a) La certeza de fe acerca de la propia justificación, más aún la certeza moral estricta, que excluya la posibilidad misma de tener lo opuesto, solamente puede tenerse por una especial revelación.
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b) Una certeza moral, que excluya un acto serio, no en cambio la posibilidad de temor, pueden tenerla varones de santidad muy elevada.
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Valor dogmático.
1) Es de FE DIVINA Y CATÓLICA definida que no es necesaria la certeza de fe acerca de la propia justicia.
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Eis o que diz o Catecismo Maior:
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628) Que deve fazer antes de comungar quem sabe que está em pecado mortal?
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629) Por que não basta o ato de contrição perfeita, a quem sabe que está em pecado mortal, para poder comungar?
Porque a Igreja ordenou, em sinal de respeito a este Sacramento, que quem é culpado de pecado mortal, não ouse receber a Comunhão, sem primeiro se confessar.
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630) Quem comungasse em pecado mortal, receberia a Jesus Cristo?
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Resposta de Santa Joana d'Arc quando lhe perguntaram se estava em estado de graça: Se eu estiver, que Deus nele me conserve. Se não, que nele me queira pôr.
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Objecões sedevacantistas: O Deus dos cristãos não é o mesmo Deus dos judeus e dos muçulmanos.
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Respaldo na doutrina católica para confirmar tal tese: nenhuma.
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Algumas considerações:
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Catecismo de São Pio X:
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Daqueles que estão fora da Igreja
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Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, lançai os vossos olhares sobre nós, humildemente prostrados diante de vosso altar. Nós somos e queremos ser vossos; e para que possamos viver mais intimamente unidos a Vós, cada um de nós neste dia se consagra espontaneamente ao Vosso Sacratíssimo Coração. Muitos nunca Vos conheceram; muitos desprezaram os vossos mandamentos e Vos renegaram. Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros trazei-os todos ao Vosso Sagrado Coração.
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Senhor, sede o Rei não somente dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei que eles tornem quanto antes á casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome. Sede o Rei dos que vivem iludidos no erro ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade de fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só pastor.
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Sede o Rei de todos aqueles que estão sepultados nas trevas da idolatria e do islamismo, e não recuseis conduzi-los todos á luz e ao Reino de Deus. Volvei, enfim, um olhar de misericórdia aos filhos do que outrora vosso povo escolhido; desça também sobre eles, um batismo de redenção e de vida, aquele sangue quem um dia sobre si invocaram.
Não há de errado na citação da Nostra Aetate. Ela diz que os muçulmanos possuem algumas crenças e práticas corretas, que podemos considerar como uma religião natural, e que por isso a Igreja olha com estima para eles. Dizer que adoramos o mesmo Deus significa que, sendo deus na concepção islâmica também eterno, criador do universo, infinito, justo e misericordioso, etc. só pode ser tratar do mesmo Ser. O fato de negarem a Trindade ou a Encarnação significa que erram a respeito de Deus e não que adoram outro deus além do Criador. O que podemos contestar é se os fiéis estão sendo instruídos sobre a necessidade da fé na Trindade e na Encarnação, e em como os muçulmanos erram a respeito disso.
Quem, conhecendo bem o Antigo e o Novo Testamento, ler o Corão, vê claramente o processo de redução da Divina Revelação que nele se efetuou. É impossível não perceber como ele está longe daquilo que Deus disse de Si mesmo, primeiro no Antigo Testamento pela boca dos profetas, e depois de modo definitivo no Novo Testamento por meio de Seu Filho. Toda esta riqueza da auto-revelação de Deus, que constitui o patrimônio do Antigo e do Novo Testamento, foi de fato posta de lado no Islamismo.
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Ao Deus do Corão se dão alguns nomes mais belos que se conhecem na lingua humana, mas em última instância trata-se de um Deus fora do mundo, um Deus que é apenas Majestade, nunca Emanuel, Deus-conosco. O Islamismo não é uma religião de redenção. Nele não há espaço para a Cruz e para a Ressureição. Menciona-se Jesus, mas apenas um profeta que prepara a vinda do último profeta, Maomé. Recorda-se também Maria, Sua Mãe virginal, mas se acha totalmente ausente o drama da redenção. Por isso, não apenas a teologia, mas também a antropologia do Islã se acha muito distante da cristã.
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Cruzando o Limiar da Esperança, página 98, João Paulo II
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Cremos no mesmo Deus e não há desavenças. As coisas são bem simples: embora creiamos num mesmo Deus, os judeus ficaram acreditando no mesmo Deus de forma incompleta, e os muçulmanos no mesmo Deus de forma deturpada. Nós estamos certos, eles é que estão errados.
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Objeções sedevacantistas: Nenhuma autoridade da Igreja jamais alterou a essência de um costume adquirido nessa questão litúrgica, tanto que no século XVII alguns teólogos opinaram que se um papa tentasse mudar os ritos da Igreja, seria ele próprio um cismático.
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Concílio de Trento Dz 1728: Além disso declara que esse poder desde sempre houve na Igreja, que na dispensação dos sacramentos, respeitada a substância deles, estatuísse ou mudasse aquilo que julgasse mais conveniente à veneração destes sacramentos e à utilidade dos que os recebessem, de acordo com a variedade das circunstâncias, dos tempos e dos lugares. Até porque pretender fabricar um rito ou mudar uma parte essencial dele, é, de certa forma, contradizer a idéia de que a Igreja é apostólica.
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Por que? A apostolicidade da Igreja não diz respeito a aspectos acidentais.
A opinião de “alguns teólogos”, como é evidente, não altera a realidade dos fatos. Negar que o Papa possa desempenhar seu pleno poder de legislar em questões disciplinares é, depois do Concílio Vaticano I, negar uma verdade de fé:
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Objeções sedevacantistas: Santo Tomás diz que o Anticristo é um Papa.
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Há outras interpretações feitas por católicos. Alguns defendem uma interpretação preterista, tentando identificar o Anticristo como sendo Nero ou Domiciano, mas isso se deve ao “demolir” das bases da exegese católica, uma vez que o modernismo pretendeu excluir a Tradição ou os Santos Padres da interpretação das Escrituras, postura condenada por Pio XII na “Humani generis”.
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Devemos rechaçar a interpretação histórica que vê ao Anticristo em algum dos perseguidores do cristianismo contemporâneo dos apóstolos (Nero, Calígula); e igualmente devemos rechaçar a explicação histórico-religiosa que busca a origem da idéia do Anticristo nos mitos persas e babilônicos. A monografia mais antiga sobre o Anticristo se deve à pluma de São Hipólito de Roma.
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Também ensina Ludwig Ott, em seu Manual de Teologia Dogmática que a aparição do Anticristo será um dos sinais precursores da segunda vinda de Cristo.
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O nome de Anticristo o emprega pela primeira vez São João (1 Jo 2,18.22; 4,3; 2 Jo 2,7), mas aplica este mesmo nome a todos os falsos mestres que ensinam com o espírito do Anticristo. Segundo São Paulo e São João, o Anticristo aparecerá como uma pessoa determinada que será instrumento de Satanás. A Didaqué nos fala da aparição do “sedutor do mundo” (16,4).
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Fonte: Ludwig Ott, Op. Cit.
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Conseguir a graça de Deus não se refere à perseverança final. Há diferença entre a graça e a glória, e está-se falando da graça, e não da glória. Refere-se à incerteza do estado de justificação, isto é, o estado de graça.
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Não há a menor dúvida de que se trata de um dogma a incerteza sobre o estado de justificação. Ludwig Ott é um teólogo católico, autor de um manual de teologia dogmática.
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Ele não dá uma conotação diferente ao conceito de “anticristo”. Apenas aplica o termo “espírito do Anticristo” a todos os falsos mestres. Anticristo é todo aquele que se opõe a Cristo, e podemos entendê-lo no sentido amplo, aplicando-o a todos os anticristos, e no sentido estrito, como entende a exegese tradicional católica.
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A aparição do Anticristo no fim dos tempos, apesar de não ser um dogma, é uma suposição que a exegese católica sempre entendeu como verdadeira. O modernismo deturpou as bases da exegese, por isso temos interpretações diferentes a respeito.
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O Catecismo Romano esclarece a questão do Anticristo. Aqui temos o texto em inglês:
Signs Of The General Judgment
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The Sacred Scriptures inform us that the general judgment will be preceded by these three principal signs: the preaching of the Gospel throughout the world, a falling away from the faith, and the coming of Antichrist. This gospel of the kingdom, says our Lord, shall be preached in the whole world, for a testimony to all nations, and then shall the consummation come. The Apostle also admonishes us that we be not seduced by anyone, as if the day of the Lord were at hand; for unless there come a revolt first, and the man of sin be revealed, the judgement will not come
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Citações de “O drama do fim dos tempos”, do Pe. Emmanuel André:
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O homem do pecado, o Anticristo, será um homem, um simples viajante para a eternidade. Alguns autores supuseram nele a encarnação do demônio; essa imaginação é sem fundamento. O diabo não tem o poder de tomar e se unir a uma natureza humana, de macaquear o adorável mistério da Encarnação do Verbo.
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Apesar do Anticristo ser chamado o homem do pecado, o filho da perdição, não se deve pensar que ele será votado fatalmente e irremissivelmente ao mal. Ele receberá graças, conhecerá a verdade, terá um anjo da guarda. Terá os meios de alcançar a salvação, e se perderá por sua própria culpa.
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Vejamos à citação da “Catholic Encyclopedia”
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“A pessoa individual [ou seja, não será uma sociedade, mas uma pessoa, substância individual de natureza racional] do Anticristo não será um demônio”.
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A melhor exegese de *Trono de Deus*, em harmonia com a Tradição, com a Patrística e com os teólogos, é a que o identifica com *pretender ter honras como Deus*. Mais que isso é impossível saber, dada a própria natureza da linguagem apocalíptica. Na linha da hermenêutica da continuidade, que identifica, além do Anticristo, anticristos em toda a História, essa ocupação do *Trono de Deus* é algo que temos já hoje.
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É descartável a crença sedevacantista de que *as forças do mal entrando no templo de Deus (a Igreja)*, até porque se São Paulo queria se referir a um evento assim não escreveria *naos* mas *ekklesia* como está escrito no início de sua carta.
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Considerando que essa carta foi escrita em 51 dC, poderia São Paulo ter se referido ao Templo de Jerusalém, visto que a destruição só correu depois no ano 70.
A conjectura acerca da obstacularização acerca da personificação do Anticristo que se assentaria no *Templo de Deus* (melhor é Santuário, pelo menos era até aquela época antes de 70 dC) poderia ser a um evento futuro como um *santuário* ou Templo dos judeus.
Conclusão: Um pai observa seu filho de 11 meses que está aprendendo a andar. Está naquela fase em que, sentindo insegurança ao ficar de pé, procura a mão do pai e se acalma e começa a caminhar em todas as direções o segurando.
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Não que nós nos sentimentos inseguros, ao contrário, confiando em Bento XVI, simplesmente queremos saber onde está a mão do Papa. É o seu cajado que nos dá segurança. Felizmente, não tenho a grave missão do governo da Igreja (missão cujo desempenho será objeto de severas contas diante do Senhor), e o que me toca é reconhecer a voz do pastor. Sou apenas um do seu rebanho.