Escreve a respeito (defendendo a tese da morte) o Pe. Gino Concetti, teólogo da Casa Pontifícia: “Assim como Cristo preservou Maria do pecado mediante uma única e singular Redenção, precisamente de igual modo concedeu a Maria o privilégio único a um ser humano, de ser subtraída, preservada da corrupção do sepulcro. O seu corpo não se dissolveu na sepultura, mas foi elevado ao Céu pelos méritos e pelo poder de Cristo” (Observatório Romano, edição em português, 4/11/00). Porém, “até a véspera da proclamação dogmática, era muito viva uma corrente mariológica que afirmava a não-morte de Nossa Senhora”. Tais teólogos eram chamados de “imortalistas”.
De qualquer forma, ressalta o Pe. Concetti: “para Nossa Senhora a morte não foi um drama ou um trauma, mas uma suave dormição [como chamavam os Padres da Igreja], da qual foi desperta pelo Filho, que transformou o seu corpo passível em corpo glorioso e não mais sujeito nem à morte nem a corrupção”.
Quando vamos falar sobre a “morte” ou não de Nossa Senhora, podemos tomar como exemplo o que ocorreu na proclamação do dogma da Assunção. Na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, com a qual Pio XII proclamou o dogma da Assunção de Maria aos Céus (1º de novembro de 1950), o Pontífice mostra que não se tratava de criar um novo dogma, uma nova verdade sobre Nossa Senhora, mas que esta verdade já estava na consciência e na tradição da Igreja, sendo crida por todo o povo fiel.
A fórmula dogmática define que Nossa Senhora subiu aos Céus em corpo e alma, porém evita dizer se, antes de tal subida, Ela passou ou não pela morte, que é uma questão importante mas colateral à verdade definida. Toda uma corrente teológica dentro da Igreja propendia então para afirmar que Nossa Senhora não morrera, pois, em virtude de ter sido preservada do pecado original (a Imaculada Conceição), não precisava passar pela morte, uma vez que esta é um castigo decorrente do pecado original.
Outra corrente, pelo contrário, admitia a morte de Nossa Senhora, argumentando inclusive, alguns de seus integrantes, que Ela própria tinha desejado morrer para assemelhar-se mais a seu Divino Filho. Não havendo unanimidade, na reflexão teológica da Igreja a respeito desse ponto, Pio XII contornou a dificuldade, afirmando: “Declaramos ser dogma por Deus revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, TENDO TERMINADO O CURSO DA VIDA TERRESTRE foi elevada à glória celeste, em alma e corpo”. É verdade que na Revelação a morte se apresenta como castigo do pecado.
Todavia, o fato de a Igreja proclamar Maria liberta do pecado original por singular privilégio divino não induz a concluir que Ela recebeu também a imortalidade corporal. A mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe novo significado e transformando-a em instrumento de salvação. Empenhada na obra redentora e associada à oferta salvífica de Cristo, Maria pôde compartilhar o sofrimento e a morte em vista da redenção da humanidade. Também para Ela vale quanto Severo de Antioquia afirma a propósito de Cristo: “Sem uma morte preliminar, como poderia ter lugar a ressurreição?” (Antijulianistica, Beirute 1931, 194 s.). Para ser partícipe da ressurreição de Cristo Maria devia compartilhar antes de mais a Sua morte.
Maria não ascendeu ao Céu, porquanto a Ascensão é por poder próprio, e somente Cristo foi Quem ascendeu ao céu; somente Cristo, que era Deus, tinha poder para ascender ao Céu. Maria foi assunta ao céu, ou seja, Ela foi levada, pelo poder de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao céu. Maria teve uma Assunção. Fala-se, então da Assunção de Nossa Senhora ao Céu. Durante muitos séculos, pensou-se: se Nossa Senhora nunca pecou, e o salário do pecado é a morte, como pôde Ela ter morrido?!... Ou seja: desde muito cedo, a morte de Maria era festejada como uma Dormição. Eram demasiadas as pessoas que questionavam sobre isso, de modo que, após acuradíssimos estudos, a Igreja proclamou o Dogma da Assunção de Nossa Senhora.
Maria teve como que uma morte, uma dormição. A morte da Virgem Maria não passou de um curto sono, e por isto é chamada de Dormição. Antes que a corrupção pudesse desfigurar Seu virginal corpo, Deus devolveu-lhe a vida e glorificou-a no Céu. Neste ponto se entende a dormição de Nossa Senhora, uma morte, porém antes de haver os sinais de degeneração inerente a morte Jesus a teria assunta aos céus. Na verdade, alguns teólogos afirmaram a isenção da morte da Virgem e a sua passagem direta da vida terrena à glória celestial. Todavia, esta opinião é desconhecida até o século XVII, enquanto na realidade existe uma comum tradição que considera a morte de Maria e sua introdução na glória celeste.
É possível que Maria de Nazaré tenha experimentado na sua carne o drama da morte?
Refletindo sobre o destino de Maria e sobre a sua relação com o Filho divino, parece legítimo responder afirmativamente: dado que Cristo morreu, seria difícil afirmar o contrário no que concerne à Mãe. Neste sentido raciocinaram os Padres da Igreja, que não tiveram dúvidas a este propósito. Basta citar São Tiago de Sarug (521), segundo o qual quando para “Maria chegou o tempo de caminhar pela via de todas as gerações, ou seja, a via da morte, *o coro dos doze Apóstolos* reuniu-se para enterrar *o corpo virginal da Bem-aventurada*” (Discurso sobre a sepultura da Santa Mãe de Deus, 87-99 em C. VONA, Lateranum 19 [1953], 188). São Modesto de Jerusalém ( 634), depois de ter falado amplamente da beatíssima dormida da gloriosíssima Mãe de Deus, conclui o seu elogio exaltando a intervenção prodigiosa de Cristo que a ressuscitou do sepulcro para a receber consigo na glória (Enc, in dormitionem Deiparae semperque Virginis Mariae, nn. 7 e 14; PG 86 bis 3293; 3311).
São João Damasceno ( 704), por sua vez, pergunta: “Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todos os limites da natureza, agora se submeta às leis desta e seu corpo imaculado se sujeite à morte?” E responde: “Certamente era necessário que a parte mortal fosse deposta para se revestir de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeitou a experiência da morte. Com efeito, Ele morre segundo a carne e com a morte destrói a morte, à corrupção concede a incorruptibilidade e o morrer faz d’Ele nascente da ressurreição” (Panegírico sobre a Dormida da Mãe de Deus, 10: SC 80,107).
“La palabras de Bar-Hebraeus contiene dos afirmaciones inexactas: S. Juan no fundó la Iglesia de Efeso, ni tampoco llevó consigo a María a Patmos. S. Pablo fundó la Iglesia de Efeso, y María había muerto antes del exilio de Juan en Patmos. No sería sorprendente, por tanto, que el escritor se equivocara en lo que dice sobre el enterramiento de María. Además, Bar-Hebraeus vivió en el siglo XIII; los escritores más antiguos hubieran estado más preocupados acerca de los lugares sagrados de Efeso; mencionan la tumba de S. Juan y la de una hija de Felipe (119), pero no dicen nada sobre el lugar donde está enterrada María”
Se fala sim da morte de Maria. Porém nada exclui que ela possa ter passado pela DORMIÇÃO sem morrer. Pois não se tinha meios de diferenciar uma coisa da outra. A morte dela em nada muda o Dogma. Pois ela tem dois motivos para ter morrido:
1. A morte, após o pecado de Adão é inerente a todos os seres humanos, mesmo aqueles que não tem pecado. Pois o salário do pecado é a morte e como todos recebem de Adão este salário a morte. Todos até quem não peca, já que é filho de Adão - como todo ser humano é.
2. Maria teria que morrer, pois o próprio Cristo não foi poupado da morte ela não deveria ser. Já que ela deve seguir em tudo a seu filho. Portanto lemos: A propósito da conclusão da vida terrena de Maria, o Concílio retoma os termos da Bula de definição do dogma da Assunção e afirma: A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha de culpa original, terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma (LG, 59).
Com esta fórmula, a Constituição dogmática “Lumen gentium”, seguindo o meu venerado Predecessor Pio XII, não se pronuncia sobre a questão da morte de Maria. Todavia Pio XII não quis negar o fato da morte, mas apenas não julgou oportuno afirmar solenemente a morte da Mãe de Deus, como verdade que devia ser admitida por todos os crentes.
O que diz a própria Enciclopédica Católica: En un pasaje de la carta sinodal del Concilio de Efeso (111) se puede leer: “Por esta razón también Nestorio, el instigador de la herejía impía, cuando hubo llegado a la ciudad de los efesios, donde Juan el Teólogo y la Virgen Madre de Dios Sta. María, alejándose por su propia voluntad de la reunión de los santos Padres y Obispos...” Dado que S. Juan había vivido en Efeso y había sido enterrado allí (112), se ha deducido que la elipsis de la carta sinodal significa bien “donde Juan ...y la Virgen...María vivieron” o bien “donde Juan...y la Virgen...María vivieron y están enterrados”.
Veja que o texto é DEDUTIVO da presença e morte de São João. Existe este outro texto que contra-argumenta o anterior. La elipsis de la carta sinodal del Concilio de Efeso puede ser completada de forma que no implique dar por sentado que Nuestra Señora vivió o murió en Efeso. Dado que en la ciudad había una doble iglesia dedicada a la Virgen María y a S. Juan, la frase incompleta de la carta sinodal puede terminarse de forma que diga, *donde Juan el Teólogo y la Virgen... María tienen un santuario*. Esta explicación de dicha frase ambigua es una de las dos sugeridas al margen del Collect. Concil. de Labbe (1.c) (118).
Ele diz que o texto do concílio está incompleto e que se deduz que a parte final que falta do documento se trata da morte de Maria. Quando pode falar dos santuários que se tem dedicados a Ela e a São João. Veja que existe desde o sínodo de Éfeso um Santuário para Santa Mãe de Deus, onde esta já era venerada. Veja que não se sabe ao certo o que ocorreu: En cuanto a Benedicto XIV, este gran pontífice no pone tanto énfasis sobre la muerte y sepultura de María en Efeso cuando habla de su Asunción a los cielos.
Onde está o corpo de Ulisses Guimarães? Em algum lugar do mar? O que importa isto? Se lá ou não, não importa. Quanto ao de Moisés, deve estar no céu, pois Judas fala da luta entre o Anjo e Satanás pelo corpo de Moisés. O anjo ganhou. Em nada muda a Imaculada Conceição com o fato dela ter morrido, pois:
1. É suposição, não aceita por todos os teólogos, que sem pecado não se morre. Primeiro porque Jesus várias vezes diz: “seus pecados estão perdoados” e nem por isto estes deixaram de morrer. Ou seja o pecado de Adão tirou a possibilidade do homem viver eternamente mesmo sem pecado. Portanto Maria iria Morrer mesmo sem pecado, viveria, como vive sim na promessa de Deus no céu.
2. Há sim uma “suposição” sobre quem não peca não morre, pois a única parte indireta que se tem de que quem não peca vive para sempre é “O Salário do pecado é a morte”. Ora isto se fala do pecado de Adão, que nos trouxe a morte corporal. O salário que Adão ganhou para todo mundo foi a morte.
3. Mesmo Maria estando livre do pecado não quer dizer que não iria morrer. Isto Deus não revelou. Tudo é Conjectura Teológica.
4. Maria morreu ou dormiu? Difícil dizer. Os textos dizem que ela morreu, assim como vários na Bíblia dizem que morreu e estava dormindo. Para termos teológicos há uma diferença entre dormir e morrer, muitas vezes não é perceptível humanamente, sem meios médicos. O coma por exemplo, só podemos dizer que não morreu, por meio de aparatos médicos.
5. Os textos sobre a morte de Maria existem. Todos dizem e nunca neguei isto. O que disse é que os teólogos falam de DORMIÇÃO. Que a nível humano é difícil de diferenciar.
6. Os textos não concordam sobre o lugar de enterro de Maria, nem se realmente houve. É explicada a razão desse privilégio; é evocada a Festa da Imaculada Conceição, há muito existente; é falada sobre a Veneração da Imaculada Conceição; mostra-se a Doutrina e as atitudes dos Papas anteriores; a Tradição é lembrada, bem como os antigos documentos Orientais e Ocidentais que justificam essa Doutrina; são apresentada várias passagens bíblicas; e fala-se da Anunciação: “Quando os Padres e escritores da igreja meditaram no fato de que a Bem-Aventurada Virgem foi, em nome e por ordem do próprio Deus, proclamada 'cheia de graça' pelo Anjo Gabriel ao anunciar-lhe Sua sublime dignidade de Mãe de Deus, eles acreditavam que esta singular e solene saudação, nunca ouvida antes, mostrava que a Mãe de Deus é o assento de todas as graças divinas, enfeitada com todos os dons do Espírito Santo. Para eles, Maria é um tesouro quase infinito, um inextinguível abismo desses dons e, por extensão, ela não esteve nunca sujeita à maldição e foi, junto com Seu Filho, a única a receber a Bênção perpétua.”(ID, “The Annunciation”, tradução minha)
Então vemos que essas coisas não foram reveladas na bíblia, por que esta tem uma função clara, “Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.”. Embora ela contenha doutrina, não é só para ensinar doutrina, pois como diz o próprio evangelista: “Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro (Jo 20,31)”e “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever (Jô 21,25)”. Será que as outras coisas ditas por Jesus não eram importantes? Lógico que eram, pois tudo vindo do Salvador é importante. Quem ousa dizer que não? E ela foi-nos passado através da Sagrada Tradição dos apóstolos.
Os teólogos com o tempo descobriram esta verdade da Imaculada Conceição de Maria, ou que Maria nasceu sem pecado, não é inventado, mas revelado pela própria escritura, e por que a Igreja ensina isso? Ora Jesus é Deus e escolheu Maria para ser sua genitora, ou para nascer dela.
Escolheria Jesus uma mulher qualquer? Escolheria o Salvador, o Deus todo-poderoso nascer de uma pecadora? Ora isso é impossível. Se Deus, escolheu uma arca de ouro, dentre os pobres Judeus, para ser carregado em sua Glória, escolheria ele, uma mulher menos que perfeita? Escolheria Ele, uma pecadora, podendo gerar uma sem pecado? Obvio que não. Eu imperfeito que sou, se pudesse faria minha mãe sem defeitos. Iria Cristo a Suma Perfeição, nascer de alguém imperfeito e pecador? Óbvio que não. Portanto está aí. Maria, por uma questão óbvia, não sabia ser ela sem pecados. E como poderia saber? Jesus sabia porque era Deus.
Mas quem em sã consciência, se consideraria sem pecados? Ninguém. Portanto seria muito estranho Maria dizer, em vida que era sem pecado. Muito mesmo. Além do mais Maria em sua humildade, nunca se consideraria sem pecado diante de Deus, pois fora Jesus, que sabia que era Deus, quem pode dizer e ter certeza de que não tem pecado, quem ousa chegar a Deus e dizer que não tem do que se arrepender, por mais Santo que seja.
Muitas vezes nem é pecado, o que achamos ser, mas a santidade de Deus nos faz sentir sempre pecadores, por que seria diferente com Maria? Principalmente por ainda não saber de sua importância, pois a palavra diz: “Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam (Lc 2,33)”. Ora se ela ficou admirada das coisas que se diziam de Jesus é por que ainda não sabia o que realmente Jesus era, Deus verdadeiro, e isso vemos no evangelho que foi sendo revelado pouco a pouco, pois que guardava tudo isso em seu coração. Então como podia saber Ela que Deus a tinha preservado do pecado, por antecipação dos méritos de Cristo? Não sabia, e esta revelação foi sendo dada a medida que os Cristão passaram a entender as palavras do Senhor, pois como ele disse após a sua ida para o Pai, viria o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito (João 14,26).
Então essa verdade foi ensinada pelo Espírito Santo através das coisas que ele iria recordando aos Apóstolos e nos foi passado pela sagrada tradição. Então vem a pergunta, por que a bíblia não fala disso? Então a própria bíblia responde: “Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”.
Há a objeção que Maria tinha pecados, pois ofereceu a Deus as duas rolinhas após o nascimento de Cristo. Vejamos.
Maria não tinha pecados, contra esta afirmação os protestantes citam o texto encontrados em Lucas 2,22-24: “Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos.”
Eles se baseiam no texto análogo de Levíticos 5,7: Apresentará ao Senhor em expiação pelo pecado cometido duas rolas ou dois pombinhos, um em sacrifício pelo pecado e o outro em holocausto. Desse texto eles tiram que Maria tinha pecados, pois estava levando sacrifícios para serem dados em holocaustos, conforme diz a lei do Senhor, mas por uma leitura torta e coxa, eles deixam de ler outro versículo que se adequa mais a situação e o encontramos em Levíticos 12, 2.8 : “quando uma mulher der à luz um menino será impura durante sete dias, como nos dias de sua menstruação. Cumpridos esses dias, por um filho ou por uma filha, apresentará ao sacerdote, à entrada da tenda de reunião, duas rolas ou dois pombinhos, uma para o holocausto e outro para o sacrifício pelo pecado”.
Ora o texto é claro, toda a mulher, que tiver filhos, é considerada impura, devido mais ao sangue da menstruação e de sua condição que a um pecado próprio, e deveria no tempo oportuno levar o sacrifício, para tornar a sua pureza. É óbvio que Maria levou o sacrifico mais por causa do filho que teve, Jesus, pois era prescrição da lei, do que por uma pecado próprio. Imagine se Maria não levasse o sacrifício para cumprir a lei de Moisés, o escândalo que seria. Se ela dissesse que não tinha pecados e não precisava de cumprir tal lei, ela seria no mínimo apedrejada.
Ora da mesma forma que Jesus é o segundo Adão. Maria é a segunda Eva. E isto é dito pelos Pais da Igreja. Em Gêneses se diz “que porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.” É Maria que é a mulher dita em Gêneses, pois Cristo é a descendência dela. É Maria quem fere a cabeça de Satanás ao ter Cristo Jesus.
Em 1823, dois sacerdotes dominicanos, Pes. Bassiti e Pignataro, estavam exorcizando um menino possesso, de 12 anos de idade, analfabeto. Para humilhar o demônio, obrigaram-no, em nome de Deus, a demonstrar a veracidade da Imaculada Conceição de Maria.
Para surpresa dos sacerdotes, pela boca do menino possesso, o demônio compôs o seguinte soneto:
“Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser-lhe mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.
Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.
O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe
E foi a mãe que deu o ser ao filho;
Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho
Ou se dirá Imaculada a mãe.”
O protestante poderá vir com argumentos de que o Diabo é o Pai da mentira, mas sabemos que pela própria Bíblia, o diabo não pode mentir ao ser, ou em nome de Jesus, ou pelo próprio Jesus, obrigados a falar a verdade. Exemplo: Ao ver Jesus os demônios gritam: “Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” Ora se eles mentem, deveriam ter mentido ao ver Jesus, e não falar a verdade - Filho de Deus. E mais: Jesus perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Ele respondeu: Legião! (Porque eram muitos os demônios que nele se ocultavam.) Porque não mentiu? Não é diabo o pai da mentira? Mas não pode, pois foi obrigado por Deus. A mesma coisa no trecho citado. Foi obrigado pelo poder do Nome de Cristo.
Esta doutrina diz que Deus em sua magnitude, excluiu o pecado de Maria, antecipadamente em favor de seus méritos, para que o próprio Cristo nascesse sem qualquer mácula, sem qualquer possibilidade de submissão por Satanás. Pois Cristo sendo Deus e não habitando o pecado como habitaria o ventre pecaminoso de Maria? Tendo portanto Deus excluído Maria do pecado em favor dos méritos de Cristo, Antecipadamente, então Jesus é verdadeiro Salvador de Maria.
Pois embora Maria não tenha Pecado, ela só não tem pois foi salva antecipadamente por Cristo. E como é possível? A bíblia explica. Atos 15: “Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? 11. Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles.”. Ora, Pedro fala dos Pais, Abraão, Moisés e diz que eles foram salvos pela graça de Cristo. Mas como se Cristo não havia nascido e muito menos morrido? Ora pelos méritos antecipados de Cristo, é que Deus salvou todos os Justos do antigo testamento, pois a bíblia diz que o sangue de animais não apaga pecados.
Da mesma forma, Cristo salvou Maria antecipadamente. Deus, em antecipação aos méritos conseguidos por Cristo, SALVOU, Maria já no ventre de Sua Mãe, livrando-a assim do Pecado. E porque a livrou do pecado original? Pelos seus méritos? Obvio que não. Mas pelos de Cristo. Portanto Maria realmente é Salva por Cristo. Mas não tem pecados. O anjo disto que Maria achou Graça diante de Deus. Ora achar graça, não é que Deus achou Maria Cômica, mas diz que Maria encontrou o que Eva Perdeu, a graça Santificante. Ou seja a graça primeira. Para se achar a graça perdida por Eva, é preciso estar sem pecado.
Ora era conveniente a Deus livrar Maria do pecado, para que Cristo, pudesse nascer de um ventre Santo, sem manchas. ΚΕΧΑΡΙΤΩΜΕΝΗ significa plena, repleta, daquela Graça (CHARITOO) que “exprime a corrente de misericórdia divina, pela qual o homem é chamado, é salvo, é justificado” Maria estava já salva, remida do pecado original, justificada, por ocasião da saudação do anjo? Anamarthtov significa “sem pecado, que não pode pecar”. A palavra usada (ΚΕΧΑΡΙΤΩΜΕΝΗ) expressa muito bem o que o autor quis dizer, como já foi explicado. Se alguns hereges não entendem, é problema deles. A Bíblia não foi escrita para que todos a entendessem, mas para que a Igreja interpretasse.
IMMO, kecharitomene é mais conveniente do que anamarthtov no contexto, porque a idéia do autor é dizer que Maria esteve sempre repleta da Graça. É importante frisar que Maria não tem pecado por causa da Graça Divina, e não por si própria. Essa distinção não ficaria clara se fosse usada anamarthtov. Em Jo 1, 14, para se referir a Jesus ('cheio de graça e de verdade'), é usado ΧΑΡΙΤΟΣ. Se o protestante fosse o editor da Bíblia, ia dizer que, dada a importância do fato (a própria Encarnação - importância maior que a Imaculada Conceição, pois esta deriva daquela), seria lógico, coerente, claro e cristalino João usar anamarthtov. Acontece que João não usa.
Isso mostra claramente o descabimento da colocação protestante. A Palavra Kecharitomene é desde os primórdios do Cristianismo interpretada como Gratia Plena. Propositadamente São Lucas muda o Charitos Kai, usado em todos os outros casos, para usar o Kecharitomene. Que na construção Grega significa: kecharitomene: ke (redobro, marca do perfeito) + khari (graça teológica) + tomene (particípio) Portanto Kecharitomene é uma forma reforçada de Charitos. É uma forma enfática, não diferente. Se diz que todos aqueles que são cheios de Graça estão em santidade e em graça santificante.
Os padres da Igreja ensinam que João Batista foi perdoado de seu pecado original, no ventre de sua mãe ao ouvir a saudação de Maria, pois ficou cheio do Espírito Santo, Ninguém em pecado pode ficar cheio do Espírito Santo. O significado de KECHARITOMENE é cheia de graça. De acordo com São Jerônimo, tradutor do texto grego. Pois a expressão foi traduzida como gratia plena. A mesma tradução foi usada no siríaco e apoiada por todos os Padres da Igreja. E - interessante! - a mesma tradução foi usada pelos protestantes de outrora! A famigerada tradução de Wycliff trazia “full of grace”. O mesmo acontecendo com a tradução de Cranmer “KECHARITOMENE” é o particípio passado perfeito de “CHARITOO”.
Significa que a ação foi completada antes do tempo em que se fala. Significa propriedade, permanência; o outro verbo usado em Ef 1, echaritosen, significa estado, momentaneidade. Analogicamente, é a diferença entre Zezinho é feliz (KECHARITOMENE) e Zezinho está feliz (ECHARITOSEN). Este indica algo transitório, deste momento, associado ao sujeito; enquanto aquele indica algo próprio, inerente ao sujeito.
A visão protestante distorcida da Encarnação
A 'situação legal' com Deus é a seguinte: Todo ofensa tem uma culpa associada. A Justiça exige que a culpa seja paga. A culpa por uma ofensa cresce conforme a pessoa ofendida. Se eu bater em você tenho menos culpa do que se bater num velho; se o velho for meu pai, a culpa é ainda maior. Sendo Deus infinito, a culpa do pecado é infinita. Portanto, todo pecador tem uma dívida infinita para com Deus. Para pagar uma dívida infinita, é mister méritos infinitos. Os homens (incluindo Maria) são seres finitos e, portanto, só podem ter méritos finitos. Nem o sacrifício de todo o Universo a Deus seria suficiente para pagar a dívida de um único pecado. Só Deus tem méritos infinitos.
Portanto, somente Jesus, por ser Deus Encarnado, tem os méritos suficientes para pagar a dívida do pecado. Não tem só a ver com a *Justiça Pessoal*. Maria passou a vida sem pecar, e isso não implica que a obediência à Lei de Deus dela possa *servir* para todos os que *crerem nela*. É preciso méritos infinitos. Só Jesus - por ser Deus - os tem. Assim eles também uma visão distorcida da Imaculada Conceição. Não tem 'natureza trocada' nenhuma. A natureza de Maria é humana. A marca do pecado original é uma ausência. Ausência da Graça; desordem. Não é uma parte da natureza. As pessoas, quando são batizadas, têm a marca do pecado original apagada; e nem por isso *trocam* a natureza.
Sobre os mortos do Antigo Testamento:
1) Eles foram justificados no sentido de *tornarem-se merecedores da Graça*: “Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar?” (Tg 2,21)
2) Contudo, não receberam a Graça, que só entrou no mundo com o Sacrifício de Cristo: “Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!” (Rm 5,17)
3) Como não haviam ainda recebido a Graça, ainda não haviam entrado na Bem-Aventurança celeste: “Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do Homem que está no céu” (Jo 3,13). Por isso havia entre os judeus o conceito de Mansão dos Mortos, um *lugar* onde os justos do AT *esperavam* a redenção operada por Jesus.
4) Após a morte do Calvário, Jesus foi até a Mansão dos Mortos pregar aos espíritos dos que morreram antes de Sua vinda: “É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes” (1Pd 3,19)
5) E só então eles receberam a Graça e puderam entrar no Paraíso.
Salvo engano, a ARA que os protestantes mais cultos usam é uma tradução protestante (Almeida Revista Atualizada). Como o protestante sustenta que a palavra original usada em Lc 1, 28 é CHARITOO e, para tanto, baseia-se numa tradução?
O Magistério reafirma que a palavra usada em Lc 1, 28 é KEKHARITÔMENÊ. Tem o mesmo radical de CHARITOO (óbvio), mas não é a mesma palavra. No google, digitando “Hail Mary Greek”. Irá encontrar alguns sites que têm a oração “Ave Maria” em várias línguas. A versão em grego: “Chaire Maria, kechairetomene, ho Kurios meta su”. E nesse Novo Testamento on-line ou nesse outro aqui o versículo 28 do primeiro capítulo de Lucas:
ΚΑΙ ΕΙΣΕΛΘΩΝ ΠΡΟΣ ΑΥΤΗΝ ΕΙΠΕΝ ΧΑΙΡΕ ΚΕΧΑΡΙΤΩΜΕΝΗ Ο ΚΥΡΙΟΣ ΜΕΤΑ ΣΟΥ.
A Vulgata de Jerônimo traduziu o termo grego para a expressão latina gratia plena.
Realmente: são só os católicos que usam esse termo. É claro que Maria não tinha a graça 'por si mesma'. A graça foi trazida por Jesus. A questão é que Maria já tinha essa graça quando o anjo a saudou, e Jesus nem havia encarnado-Se ainda. Por isso que Ela perturbou-se ao ouvir essas palavras (cf Lc 1, 29).
E a graça salva o homem, justifica-o, apaga o pecado. Insisto na pergunta, cuja resposta é tão óbvia, mas o protestante, nos debates, não respondem: ao ser saudada pelo anjo, Maria era ainda pecadora ou já não tinha a marca do pecado? O texto grego de Lucas 1, 28, traz a palavra KEKHARITÔMENÊ como saudação do anjo a Maria. Esse é o termo utilizado na oração “Ave Maria” dos cristãos gregos. É o termo utilizado em todos os documentos eclesiásticos que falam sobre o assunto.
Acho que é porque nenhum deles viu ainda a edição protestante da Bíblia, já que algumas trazem CHARITOO. Sugiremos, então, que os protestantes mandem essa descoberta arqueológica aos estudiosos bíblicos. Ninguém chama “Noé” de “Imaculado Noé” porque o sentido de graça no Antigo Testamento é o de favor. Os justos do Velho Testamento aguardaram a consumação do Sacrifício de Cristo. Após o Calvário, Jesus desceu ao Hades para libertar os justos que O haviam precedido, e não alcançaram a plenitude dos tempos.
É o que significa o artigo do Credo: “Desceu à Mansão dos Mortos, ressuscitou ao Terceiro Dia”. A questão teológica é a seguinte: Se graça “exprime a corrente de misericórdia divina, pela qual o homem é chamado, é salvo, é justificado” e Maria é chamada cheia de graça antes da Encarnação, então Maria estava justificada antes da Encarnação?
Objeção: Maria passou do pecado à graça quando acreditou na Palavra de Deus.
Isso é uma simplificação protestante do problema na qual nem eles mesmos acreditam. É uma simplificação simplesmente porque, antes de ouvir a Palavra de Deus, anunciada pelo anjo, Maria já foi saudada como “cheia de graça”. A Anunciação tem exatamente essa sequência: o anjo a saúda, depois anuncia-lhe o plano de Deus, depois ela diz “sim”. Maria só disse FIAT depois de ouvir o anjo, e depois de ter sido chamada como “cheia de graça”.
Sendo assim a interpretação protestante não se sustenta. Ainda que eles façam um malabarismo e a torne sustentável, acrescente-se a isso esse outro detalhe: é possível passar do pecado à graça antes do Sacrifício Vicário de Cristo? Veja as consequência da contra-argumentação: Maria, ao “acreditar na Palavra de Deus”, foi justificada. Portanto, Ela conseguiu o que todos os justos do Antigo Testamento não conseguiram: “E, no entanto, todos estes mártires da fé não conheceram a realização das promessas!” (Hb 11,39; leia o capítulo inteiro)
E Maria conseguiu isso antes do Calvário! Oras, se Maria conseguiu, antes da consumação do Sacrifício, aquilo pelo qual todos os justos de Israel estavam ainda esperando, Ela é infinitamente superior a todos os outros homens do Antigo ou do Novo Testamento.
Objeção: A expressão 'cheia de graça' é usada também para Estêvão
Sim, é. Só que existem dois detalhes.
O primeiro, é que não é o mesmo termo usado para Estêvão e para Maria. Para o primeiro, é usado PLÊRÊS KHARITOS, ou PLÊRÊS PISTEÔS no texto bizantino; enquanto que, para Maria, é usado KEKHARITÔMENÊ. A expressão usada para Maria não se encontra em nenhum outro lugar. Mas esse é um detalhe pequeno. O detalhe importante é que Estêvão é chamado de 'cheio de graça' após o Sacrifício Vicário de Cristo e seu [de Estêvão] batismo.
Qualquer teólogo de praia sabe que existe uma oposição entre pecado e graça. Sabe que, antes de Cristo, só havia graças temporárias, no sentido de “favor”, que os protestantes trazem do Velho Testamento. A graça plena, completa, só pôde ser obtida ao homem através do Sacrifício Vicário de Cristo.
É esse Sacrifício que paga o pecado do homem, santificando-o e justificando-o. E é esse o sentido da palavra no Novo Testamento. Após o Sacrifício do Calvário, sem o qual não há remissão dos pecados, Estêvão acreditou e foi batizado. Portanto, teve os seus pecados apagados, e pôde receber a graça. E Maria? Ela é chamada de “cheia de graça” antes do Sacrifício Vicário, antes mesmo da Encarnação! É como se Ela já estivesse justificada ao saudar do Anjo.
Por isso, “perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação”. (Lc 1,29) Percebem o problema (insolúvel na “teologia” protestante)? Maria, antes da Encarnação, já era gratia plena - kecharitomene. Antes do Espírito Santo a cobrir com Sua sombra, Maria já foi saudada como “cheia de graça”. Oras, quando foi que Maria passou do pecado à plenitude da graça? Ao ouvir a voz do anjo? Quando tinha cinco anos? Quando nasceu? Quando foi concebida? A “teologia” protestante não responde isso.
Simplesmente ignora.
Independente de qual seja a resposta, o fato Escriturístico é que, na Anunciação (e, portanto, antes da Encarnação), Maria já estava livre do pecado. A dificuldade é, pois, harmonizar isso (Verdade Bíblica) com a Universalidade da Redenção (outra Verdade Bíblica). E não se pode ignorar nem uma coisa nem outra, porque em Deus não pode haver contradição, e Ele não pode enganar-Se e nem nos enganar. Por isso as discussões teológicas. Por isso a dificuldade. E por isso - por respeito às Escrituras, coisa que os protestantes não têm - não se podia simplesmente dizer, como os protestantes, “ninguém mais além do pecador precisa de um Salvador". Os Padres da Igreja não eram tão grosseiros assim.
O problema foi resolvido através da noção de Redenção Preventiva. E não através de uma “absoluta igualdade com o seu adorável Filho”, como alguns inventam. A Doutrina Católica sobre a Imaculada Conceição é que Cristo foi concebido sem o pecado original porque é Deus, ao passo em que Maria foi concebida sem o pecado original em antecipação dos méritos de Cristo, porque também Ela é redimida pelo Sacrifício Vicário de Seu Filho (e, por isso, chama Deus de “meu Salvador”).
São duas coisas completamente diferentes. A dificuldade com a Imaculada Conceição não é a “Universalidade do Pecado”, é a Universalidade da Redenção.
“Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. (Lc 1,28) A expressão cheia de graça - gratia plena - já carrega em si o sentido de ausência de pecado. Por uma razão bem simples: não pode estar pleno da graça quem tem pecado. Pecado e graça não coexistem.
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