Santo Atanásio de Alexandria (293-373) foi o primeiro e grande defensor da Igreja contra os arianos. Desde criança este Santo já demonstrou ter dons e talentos especiais, e mais tarde a sua educação foi aperfeiçoada pelos Arcebispos da Alexandria, Pedro e Alexandre. Santo Antônio, o Grande, cuja vida Santo Atanásio escreveu, exerceu uma grande influência sobre ele.
Após ter se aprofundado nos estudos das Escrituras Sagradas e obras dos Santos Padres e Doutores da Igreja, bem como a literatura clássica da antigüidade, Santo Atanásio assumiu um cargo muito importante naquela época: o de arcediácono junto do bispo Alexandre. Em particular, durante o século IV, houve grandes Padres e Doutores que defenderam a Igreja na época em que ela foi, por muito tempo, profundamente abalada pela heresia de Ário (este herege renegava a natureza divina de nosso Senhor Jesus Cristo).
Durante sua vida tão agitada e sacrificada, Santo Atanásio escreveu muitas obras em defesa da Ortodoxia e ensinamentos para os fiéis. As suas obras, traduzidas para o russo, foram editadas em quatro volumes. Até hoje os pensamentos, as refutações e apologias de Santo Atanásio têm um grande significado para todos nós, pois a sua linguagem é muito rica.
Atanásio foi o sucessor do bispo de Alexandria, embora tivesse apenas 31 anos, e dirigiu a Igreja de Alexandria por 46 anos, período de muito sofrimento e perseguição. Os arianos não lhe deram descanso, que, com o apoio do imperador, espalharam muitas calúnias contra Atanásio, que por cinco vezes teve de fugir de sua sede episcopal. Refugiava-se no deserto onde conheceu e conviveu com o grande Santo Antão. Durante cinco anos ficou lá escondido, saindo somente à noite para dirigir sua igreja e consolar seus fiéis. Atanásio foi firme e inquebrantável com seus numerosos escritos, manteve viva a fé no Verbo Encarnado. Faleceu reconhecido por toda a Igreja, com 77 anos. E como reconhecimento de seu trabalho, fidelidade e fundamentais obras escritas para a Santa Igreja foi declarado Doutor da Igreja.
O Credo de Santo Atanásio, com quarenta artigos, é um tanto longo. Apesar de a data ser incerta, este credo foi elaborado para combater o arianismo e reafirmar a doutrina cristã-católica tradicional da Santíssima Trindade. Foi incluído na liturgia, é autêntica profissão de fé e é totalmente reconhecido pela Igreja Católica.
1. Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est, ut teneat catholicam fidem:
(Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica:)
2. Quam nisi quisque integram inviolatamque servaverit, absque dubio in aeternum peribit.
(Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.)
3. Fides autem catholica haec est: ut unum Deum in Trinitate, et Trinitatem in unitate veneremur.
(A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus.)
4. Neque confundentes personas, neque substantiam seperantes.
(Sem confundir as Pessoas nem separar a substância.)
5. Alia est enim persona Patris alia Filii, alia Spiritus Sancti:
(Porque uma so é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo.)
6. Sed Patris, et Fili, et Spiritus Sancti una est divinitas, aequalis gloria, coeterna maiestas.
(Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade.)
7. Qualis Pater, talis Filius, talis [et] Spiritus Sanctus.
(Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.)
8. Increatus Pater, increatus Filius, increatus [et] Spiritus Sanctus.
(O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado.)
9. Immensus Pater, immensus Filius, immensus [et] Spiritus Sanctus.
(O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso.)
10. Aeternus Pater, aeternus Filius, aeternus [et] Spiritus Sanctus.
(O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.)
11. Et tamen non tres aeterni, sed unus aeternus.
(E, contudo não são três eternos, mas um só eterno.)
12. Sicut non tres increati, nec tres immensi, sed unus increatus, et unus immensus.
(Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso.)
13. Similiter omnipotens Pater, omnipotens Filius, omnipotens [et] Spiritus Sanctus.
(Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.)
14. Et tamen non tres omnipotentes, sed unus omnipotens.
(E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente.)
15. Ita Deus Pater, Deus Filius, Deus [et] Spiritus Sanctus.
(Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.)
16. Et tamen non tres dii, sed unus est Deus.
(E contudo não são três deuses, mas um só Deus.)
17. Ita Dominus Pater, Dominus Filius, Dominus [et] Spiritus Sanctus.
(Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor.)
18. Et tamen non tres Domini, sed unus [est] Dominus.
(E contudo não são três senhores, mas um só Senhor.)
19. Quia, sicut singillatim unamquamque personam Deum ac Dominum confiteri christiana veritate compelimur: Ita tres Deos aut [tres] Dominos dicere catholica religione prohibemur.
(Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senhores.)
20. Pater a nullo est factus: nec creatus, nec genitus.
(O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém.)
21. Filius a Patre solo est: non factus, nec creatus, sed genitus.
(O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas gerado.)
22. Spiritus Sanctus a Patre et Filio: non factus, nec creatus, nec genitus, sed procedens.
(O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho.)
23. Unus ergo Pater, non tres Patres: unus Filius, non tres Filii: unus Spiritus Sanctus, non tres Spiritus Sancti.
(Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos.)
24. Et in hac Trinitate nihil prius aut posterius, nihil maius aut minus: Sed totae tres personae coaeternae sibi sunt et coaequales.
(E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos antigo, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas e iguais entre si)
25. Ita, ut per omnia, sicut iam supra dictum est, et unitas in Trinitate, et Trinitas in unitate veneranda sit.
(De sorte que, como se disse acima, em tudo se deve adorar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade.)
26. Qui vult ergo salvus esse, ita de Trinitate sentiat.
(Quem, pois, quiser salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade.)
27. Sed necessarium est ad aeternam salutem, ut incarnationem quoque Domini nostri Iesu Christi fideliter credat.
(Mas, para alcançar a salvação, é necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.)
28. Est ergo fides recta ut credamus et confiteamur, quia Dominus noster Iesus Christus, Dei Filius, Deus [pariter] et homo est.
(A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.)
29. Deus [est] ex substantia Patris ante saecula genitus: et homo est ex substantia matris in saeculo natus.
(É Deus, gerado na substância do Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da sua Mãe.)
30. Perfectus Deus, perfectus homo: ex anima rationali et humana carne subsistens.
(Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana.)
31. Aequalis Patri secundum divinitatem: minor Patre secundum humanitatem.
(Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade.)
32. Qui licet Deus sit et homo, non duo tamen, sed unus est Christus.
(E embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo.)
33. Unus autem non conversione divinitatis in carnem, sed assumptione humanitatis in Deum.
(É um, não porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus
assumiu a humanidade.)
34. Unus omnino, non confusione substantiae, sed unitate personae.
(Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela unidade da Pessoa.)
35. Nam sicut anima rationalis et caro unus est homo: ita Deus et homo unus est Christus.
(Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem, assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo.)
36. Qui passus est pro salute nostra: descendit ad inferos: tertia die resurrexit a mortuis.
(Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos.)
37. Ascendit ad [in] caelos, sedet ad dexteram [Dei] Patris [omnipotentis]. Inde venturus [est] judicare vivos et mortuos.
(Subiu aos Céus e está sentado a direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos)
38. Ad cujus adventum omnes homines resurgere habent cum corporibus suis; Et reddituri sunt de factis propriis rationem.
(E quando vier, todos os homens ressuscitarão com os seus corpos, para prestar conta dos seus atos.)
39. Et qui bona egerunt, ibunt in vitam aeternam: qui vero mala, in ignem aeternum.
(E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno.)
40. Haec est fides catholica, quam nisi quisque fideliter firmiterque crediderit, salvus esse non poterit.
(Esta é a fé católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar)
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