Eu sou apaixonado por crianças. Quem me conhece sabe que sou babão perto de crianças ainda mais de nenêzinhos, mas vocês tem que reconhecer que choro de crianças na Santa Missa é irritante e insuportável. Ainda mais que os pais nem levam a criança pra fora a fim de se acalmar e depois voltar, todos são “obrigados” a aguentar aquele “Uéeeeeee”. Existem paróquias que tem o crying room (lugar vedado destinado aos pais com as crianças que choram e fazem barulho). Mas há quem discorda disso. Afinal, deixemos as crianças na Santa Missa ou não?
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Legalmente falando, criança não é _obrigada_ a ir a missa ao domingo até a idade da razão (o que geralmente ocorria por volta dos 7 anos de idade, pode ser mais, pode ser menos). Não tendo obrigação nenhuma, sua participação é opcional por conta dos pais. Neste sentido, é errado dizer que “eu acho que as crianças devem x ou y”. Logo, qualquer debate que venha a partir de uma situação opcional como essa é mera opinião ou gosto pessoal, não tendo nada vinculante.
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Especulando pelas minhas opiniões pessoais, eu acho que isso deve ser completamente relativo. Existem crianças que são anjos de comportamento e existem crianças que são o cão chupando manga.
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Os pais deveriam avaliar sua própria cria e ver se ela tem condições de estar na Missa (a qual ela não é obrigada a ir e deve achar chato) quietinha sem atrapalhar (e sem estar cometendo absurdos de etiqueta como comer biscoito dentro da Igreja ou ficar brincando com brinquedinhos e fazendo mais barulho ainda ou atrapalhando espiritual ou fisicamente/machucando os outros ou os próprios pais - eles não vão aproveitar nada dos frutos da Sacra Sinaxe se estiverem com a atenção voltada aos pequerruchos).
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Creio que se poderia fazer testes, tipo, leva-se a criança uma ou duas vezes a cada x tempos para verificar se ela se sente à vontade na missa ou se agita ou se chateia à toa, e se são dóceis ou não ao comportamento dos pais (principalmente aos olhares 43, 52, etc). Enquanto isso, dever-se-ia dar a educação religiosa necessária para a criança dentro de casa, introduzindo na fé, ensinando a rezar, ensinando o respeito, enfim, “amansando” o bichinho e preparando o mesmo para entender o que se passa na Missa e assim não achá-la chata.
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Do ponto de vista - experiente - de quem está no altar (principalmente o padre), a criança correndo pra lá e pra cá é SEMPRE uma distração dos infernos (por mais que alguns tentem colocar panos quentes ou engolir a situação) e atrapalham muito no desenvolvimento de uma homilia ou na concentração exigida para a consagração. Hoje em dia, existem diversos mecanismos extras que não existiam no passado, para solucionar tal problema: 1. Existe Missa em mais de um horário por dia (coisa que não existia antes do século XX). Assim sequer a criança precisa aparecer na Igreja.
Antes, quando só havia a Missa das 7 da manhã, não se tinha com quem deixar as crianças, por isso se as levava à Igreja, e mesmo assim, as que ainda não tinham feito primeira comunhão (e os adultos também) só ficavam na Missa durante a Liturgia da Palavra e depois eram retiradas da nave da Igreja de modo que a Liturgia Eucarística ocorresse na mais santa paz com todo mundo prestando atenção e consciente do que estava acontecendo. 2. Existe a “Missa das crianças” (geralmente é a das 10 da manhã ou a do sábado à tarde, depois da catequese), à qual é recomendável que se levem os pequerruchos.
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Nesta Missa, tem catequistas para auxiliar as crianças a se comportarem/prestarem atenção, o padre geralmente fala na linguagem dela, de maneira mais simples. E ela não é exclusividade “moderna” da forma ordinária (Missa de Paulo VI); há como fazer isso na forma extraordinária do Rito Romano também (Missa tridentina).
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Em Campos, o próprio bispo celebra a missa do domingo de manhã, chamada de “missa explicada” (porque ele explica para as crianças e para os adultos o que acontece no rito da missa, mesmo sendo em latim, e também a homilia/tema do dia), muitos anos antes mesmo de ser eleito bispo da Adm. Apostólica.
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Eu só recomendo vivamente que os pais assistam à Missa dos adultos, por causa da homilia e do senso de solenidade. Assim, eles podem “despachar” as crianças para a Missa das crianças e depois ir à missa da noite, ou ir à “Missa das 7” da manhã, ou fazer este esquema de revezamento. Normalmente, em paróquias convencionais, sempre tem um esquema qualquer de distração das crianças para a Missa das 7 (catequese, parquinho, cantinho da criança) para que os pais possam assistir, e depois deixá-la lá para a das 10, ou mesmo ficar para as duas.
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Se for o caso o padre tem todo o direito de pedir que não se levem crianças à Missa, se elas para ele se tornam motivo de distração e desconcentração.
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Quando vemos uma (ou umas) criança(s) “agitada(s)” na Santa Missa, ao ponto de querer começar a me incomodar, lembremos da narração evangélica de quando Nosso Senhor disse aos que queriam afastar os pequeninos: — deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham (Mt 19,14). Sinceramente não creio que os apóstolos desgostassem das crianças e que o motivo para quererem barrá-las deveria ser justamente a “algazarra” que elas deviam estar fazendo. E, assim, fico feliz em vê-las ali.
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É óbvio que os pais devem procurar educar seus filhos de modo que eles se comportem o melhor possível. Faz parte da missão dos pais. Mas, por vezes, este processo é lento e árduo. Benditos os pais que ensinam aos seus filhos o caminho do altar! E feliz é a família que se reúne em torno do Santo Sacrifício do Senhor.
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