Deus Pai ou o Espírito Santo teriam formas perceptiveis à algo análogo à visão? Seria correto afirmar que a unica forma na qual podemos ver a Deus seria na pessoa de Jesus Cristo?
"forma", teológica e filosoficamente falando, não tem nada a ver com aparência. Forma é aquilo que dá coerência à matéria. Tanto que no homem, a matéria é o corpo, mas a forma é a alma (e a alma não é algo visível, não é uma aparência).
"forma", teológica e filosoficamente falando, não tem nada a ver com aparência. Forma é aquilo que dá coerência à matéria. Tanto que no homem, a matéria é o corpo, mas a forma é a alma (e a alma não é algo visível, não é uma aparência).
Na linguagem corriqueira, dentre as Pessoas Divinas, apenas o Verbo Encarnado tem "forma", isto é, é visível materialmente (à nossa retina).
Deus é um ser. "Ser" não é sinônimo de "criatura". O universo não é essência de Deus, pois seria panteísmo.
Seria correto afirmar que Deus Pai seria um Ser que só podemos conhecer pela sua ação no mundo criado?
Apofaticamente, sim.
A teologia se divide em dois discursos: apofático e catafático. Por apofático entende-se o que não podemos conhecer de Deus por nós mesmos, como o conhecimento da Trindade, sendo necessária a via da Revelação para isto, ainda que às vezes o homem perceba "que está faltando alguma coisa". É um caminho positivo.
Já por catafático, o conhecimento que o homem obtém do que Deus não é, a partir da Criação.
Caracterizadamente negativo, o homem, vendo a bondade, beleza e verdade do cosmos, vê que o grau dessas propriedades em Deus são infinitamente maiores; de tal forma que podemos afirmar "Deus não é bom, Deus é Bom", sendo este "Bom" apenas uma analogia, porque mesmo isto Ele supera, Ele é super-Bom, ou melhor, super-super-Bom, ou melhor, super-super-super-Bom, e assim vai...
A teologia oriental costuma dizer que Deus se manifesta a nós tal como é de fato, mas nós que não podemos apreender toda sua plenitude, apenas partes, completas, sim, mas não obviamente totais. Em linguagem própria, captamos as energias divinas.
Segundo o bispo do Brasil da Igreja Greco-Católica Ucraniana, D. Volodomer Koubetch, em exposição das linhas-mestras da teologia oriental, em seu livro "Da Criação à Parusia"(São Paulo - Paulinas:2004), escreve no Glossário:
Energia (gr.) Energeia, força em ação; sinônimo: dynamis. Indica, de modo inseparável, o ato com o qual Deus se manifesta e o conteúdo ontológico desse ato, o real fluir da natureza divina, da qual esse ato nos faz participar. São operações ou manifestações de Deus ad extra, distintas da essência divina, sendo a principal a graça deificante, identificada com a luz tabórica na tradição oriental.
A essência divina permanece incognoscível; não porém a autocomunicação de Deus e as energias ou a atividade doadora de vida. Essa diferenciação em Deus pretende salvaguardar seja a nossa deificação, seja a inacessível alteridade de Deus. O termo "energia" é especialmente empregado nesse sentido na teologia palamita. V. Deificação, Palamismo, Hesicamos, Sinergia, Apófase, Luz da glória. [1]
Usando um exemplo patrístico, uma barra de ferro recebendo calor de uma fogueira. Ela ficará como a fonte; quente e com luz, sem se confundir com a fonte, porém...
[1] Filósofo Philippe Gebara