Os sete anjos do Apocalipse são os anjos protetores das Igrejas da Ásia Menor e, segundo alguns exegetas, também podem ser os Bispos dessas Igrejas.
Anjo não tem necessidade de nome. Ele é um ser espiritual apenas. O nome é mais para a nossa relação com eles, um título característico da missão de cada um.
São Rafael, São Miguel e São Gabriel nem mesmo são os sete anjos das Igrejas dos Apocalipse.
Até porque nem arcanjos são, embora o nome. O título “arcanjo” após seus nomes tem o sentido de “anjo maior”, mas eles não pertencem ao coro dos arcanjos, e sim ao dos serafins, segundo Santo Tomás.
Com qual fundamento São Tomás afirma que Miguel, Gabriel e Rafael seriam Serafins?
Seria por ventura o relato de Tobias? “Eu sou o Anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor” (Tb 12,15). Esse relato, ao que me parece, dá uma idéia de que esses 7 estariam quotidianamente mais próximos de Deus do que qualquer outro anjo, sustentando a hipótese de eles serem serafins.
Quanto aos Anjos do Apocalipse, é possível que se refiram também a Anjos protetores, mas com certeza o objetivo maior é referir-se aos Bispos, pois que sentido teria Deus mandar São João escrever aos Anjos? Afinal, geralmente são os anjos que trazem mensagens aos homens, e não o contrário. Talvez o termo “anjo” referindo-se aos Bispos tenha por objetivo, no texto sagrado, mostrar que os Bispos devem de certo modo se identificarem com os Anjos protetores de suas respectivas dioceses.
A classificação em coros ou hierarquias dos anjos vem de Dionísio, o Aeropagita, e de São Gregório Magno. Santo Tomás as recolhe e explica. Os serafins são os anjos mais graduados, e por São Gabriel, São Miguel e São Rafael pertencem a essa hierarquia.
Há um coro chamado “arcanjo”, mas aqui é em outro sentido, diverso do usado em relação aos três santos.
Os Arcanjos seriam o penúltimo coro, “abaixo” deles só os “simples Anjos”. Não obstante, até mesmo os Anjos deste último coro são, pela natureza, superiores a nós humanos.
Pergunta: os anjos também são filhos adotivos de Deus, ou essa graça foi dada por Deus só a nós? Se positivo, então com relação à graça, eles são iguais a nós; se negativo, então nós somos até mais agraciados do que eles; embora com relação à natureza eles nos sejam muito superiores.
Filhos adotivos de Deus são os homens. Aí volta aquela questão: fomos criados em graça, e pelo pecado, caímos dela, sendo que, pela Encarnação e Redenção, não só fomos restituídos na graça como nos foi dado um “upgrade”. Esse upgrade seria dado mesmo que não tivéssemos pecado, quando Deus, na Encarnação de Cristo sem que tivéssemos pecado, nos adotaria como filhos, nos daria uma graça a mais além daquela com a qual Adão e Eva foram criados.
Ou seja, Jesus encarnaria mesmo sem o pecado?
Depois do pecado de Adão, Jesus se encarnou por causa dele. Mas, se não tivéssemos pecado, Cristo se encarnaria mesmo assim? A grande maioria dos teólogos (principalmente Santo Tomás, e os Padres da Igreja Oriental) pensam que sim. Claro que aí a Encarnação não seria para tirar o pecado, já que pecado não havia. Seria para mais nos elevar a Deus. Seria uma segunda etapa da nossa santificação. Nasceríamos com a graça, mas a Encarnação daria um, por assim dizer, “upgrade”.
Os anjos são criaturas, não filhos, ao menos não no sentido de terem sido adotados por Deus através de sua graça na Cruz conquistada.
A impossibilidade dos anjos maus se arrependerem reside na forma de sua intelecção. Eles, ao contemplarem as coisas e os seres, entendem todas as suas potências. Assim, ao elegerem algo, o fazem para sempre. A prova pela qual os anjos passaram (daí que os que foram aprovados possam ser santos também) foi, pois, definitiva.