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A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo (2ª Parte, Seção 1, Tópico 7)


“A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.

SEGUNDA PARTE: O HOMEM PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE VOLTAR

PRIMEIRA SEÇÃO: NOÇÕES GERAIS ACERCA DO MODO COMO O HOMEM TEM DE VOLTAR A DEUS

VII. DOS MOVIMENTOS AFETIVOS CHAMADOS PAIXÕES

Há no homem, além de atos de vontade, outros impulsos afetivos capazes de contribuir para a consecução do último fim?
Sim.

Quais são?
As paixões (XXII.- XLVIII.).

O que entendeis por paixões?
Os movimentos afetivos da parte sensível.

As paixões são próprias e exclusivas do homem?
Não; os animais também as têm (XXII, 1, 2, 3).

As paixões de animais podem ser objeto de moralidade?
Não; só podem sê-lo as do homem.

Por quê?
Porque só no homem estão sujeitas ao império da vontade livre (XXIV, 1, 4).

A que chamamos propriamente movimentos afetivos ou paixões?
Aos movimentos do coração, que nos impelem a procurar o bem e a fugir do mal, conforme o apresentam os sentidos (XXIII - XXV).

Quantas são?
Há onze (XXIII, 4).

Como se chamam?
Amor, desejo, prazer ou alegria, ódio, tédio, tristeza, esperança, audácia, temor, ira e desespero.

Em muitos dos nossos atos encontra-se o impulso passional?
Sim.

Por quê?
Porque somos compostos de duas naturezas, uma racional e outra sensitiva, e esta é a primeira que atua, por estar em contato com o mundo exterior sensível, donde tomamos os dados provenientes de todo o conhecimento e ação.

Logo, as paixões nem sempre são más?
Por si mesmas, não.

Elas algumas vezes são más?
Sim; quando não estão em conformidade com a reta razão.

E quando é que não estão?
Quando nos afastam do bem e nos impelem para o mal sensível, antecipando ou contrariando o juízo da razão (XXIV, 3).

As paixões que nos referimos acima radicam-se, exclusivamente, na parte sensível do homem?
Não; também encontram-se na vontade (XXVI, 1).

Qual é a diferença entre as paixões da parte sensitiva e as da vontade?
Diferenciam-se em que o organismo toma sempre parte nos movimentos das paixões sensitivas, ao passo que as da vontade são totalmente espirituais (XXXI, 4).

Quando se fala dos movimentos do coração, trata-se das paixões sensitivas ou das da vontade?
Propriamente das sensitivas, mas em um sentido metafórico, a frase aplica-se também às da vontade.

Logo, ao falarmos do coração humano, referimo-nos, indiferentemente, às duas espécies de paixões?
Sim.

O que queremos dizer quando aplicamos a um homem a expressão “homem de coração”?
Umas vezes, queremos dizer que é afetuoso e terno, tanto na ordem sensível, como na ordem superior da vontade; noutras, que é homem de valor e energia.

Por que se recomenda vigiar atentamente os movimentos do coração, e o que significa tal conselho?
Significa que devemos por grande cuidado para não seguir inconsideravelmente os primeiros movimentos afetivos, uma vez que só nos levam a buscar o prazer e fugir do sofrimento.

Também se recomenda educar o coração; o que significa este outro preceito?
Que devemos ocupar-nos em desarraigar os movimentos afetivos que nos inclinam ao mal.

Quão importante é a educação do coração, no sentido explicado?
É como um resumo de todos os esforços do homem para adquirir a virtude e afastar-se do vício.

 

©2009 Tradição em foco com Roma | "A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência" Doctor Angelicus Tomás de Aquino