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“No princípio, Deus criou os céus e a terra.” (Gênesis 1, 1)


O verso que principia meu artigo, e que principia também a Bíblia, é uma das provas da existência de Deus. Resumidamente podemos inferir “o universo para poder ter início, obviamente, necessitou de um criador atemporal e poderoso, pois se não há nada, nada vem a ser.” O big bang é a maior evidência disso. A expansão do universo, a radiação detectada por Penzias e Wilson, as oscilações descobertas pela NASA e a teoria da relatividade são comprovações do big bang, tão certas que não dão vez a qualquer outra teoria.

Os ateus hoje em dia fazem uso de tal teoria e, por vezes, querem tomá-la sem considerar seu valor no campo religioso. Mas no começo não foi assim. No começo, muitos ateus não aceitaram a teoria do big bang para continuarem a defender o suposto universo eterno.

Logo no começo das comprovações da teoria vejamos o posicionamento do Papa Pio XII:

“Assim, tudo parece indicar que o universo material teve um poderoso começo no tempo, dotado como estava de vastas reservas de energia, em virtude das quais, a princípio rapidamente, depois aos poucos, evoluiu para o seu estado atual... De fato, parece que a ciência atual, com seu abrangente salto através de milhões de séculos até o passado, conseguiu tornar-se testemunha daquele Fiat lux primordial, pronunciado no momento em que, junto com a matéria, se derramou do nada um mar de luz e radiação, enquanto as partículas dos elementos químicos se dividiam e formavam milhões de galáxias... Portanto, existe um Criador. Portanto, Deus existe! Embora isso não seja explícito nem completo, essa é a resposta que esperávamos da ciência, e que a presente geração dela esperava” (Na Academia Pontífice de Ciências em 22 de novembro de1951)

Enquanto os ateus se pronunciavam sarcasticamente quanto à teoria, associando-a como produto de religiosos fanáticos. Fred Hoyle fez isso. Condenou a teoria como construída sobre alicerce judaico-cristão. Thomas Gold quando interrogado falou: “Bem, o Papa também apoiou a terra estacionária.” Outro ateu, chamado Andrei Jdanov , resumiu a posição soviética: “Falsificadores da ciência querem reviver o conto de fadas da origem do mundo a partir do nada.” Aliás, ele perseguiu os que concordavam com o big bang, chegando a mandá-los a trabalhos forçados, como fez com o astrofísico Nikolai Kozirev.

O astrônomo russo V. E. Lov. Seguiu a mesma linha do partido declarando que o big bang era “um tumor canceroso que corrói a moderna teoria astrômica e é o principal inimigo ideológico da ciência materialista.” O físico britânico William Bonner concordava com a suposta conspiração, disse: “O motivo subjacente a isso, é claro, é colocar Deus como criador. Parece ser a oportunidade que a teologia cristã estava esperando desde a ciência começou a derrubar a religião das mentes dos homens racionais do século XVII”

Isso, só para citar alguns. Nos jornais da época podemos ver as mesmas posições, ou melhor, oposições.

Bem como dissera Robert Jastrow:

“Para o cientista que tem vivido pela fé no poder da razão, a história termina como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância; esta prestes a conquistar o pico mais elevado e, quando se lança sobre a última rocha, e saudado por um grupo de teólogos que estão sentados ali ha vários séculos.” (God and the Astronomers, p. 116.)

Não obstante, frente a todas as evidências para o início do universo, os ateus correm a teorias alternativas. A mais corrente é a do cilclo eterno de big bang e big crunch, segundo essa teoria o universo expande-se e contrai-se infinitamente. Ela é facilmente refutada por várias bases. A primeira é a filosófica. Um número infinito de big bangs é uma divisão ao eterno e isto é irracional, não podemos dividir o que seria atemporal, pois daí estaria no tempo.

O que é eterno, atemporal, É, NÃO ESTAVA e NEM ESTARÁ. Ora, o que muda está no tempo, logo teve começo. O atemporal não pode mudar. Mais ainda, se há uma sequência é porque há um começo. Todas as cadeias que sucedem devem ter um começo, senão não poderiam existir. É o que disse Duns Scotus: “A infinitude é impossível na cadeia ascendente.” O argumento cosmológico de Kalam que prova o início do universo pode ser adaptado contra a teoria do ricochete cósmico, ela diz:

1. Um número infinito de dias não tem fim.

2. Mas hoje e o dia final da historia (a história como uma coleção de todos os
dias).

3. Portanto, nao houve um numero infinito de dias antes de hoje (i.e., o tempo teve um inicio).

Adaptação:

1. Um numero infinito de big bangs não tem fim.

2. Mas hoje é o dia final da historia (a historia como uma coleção de todos os
Big bangs).

3. Portanto, não houve um número infinito de big bangs antes de hoje (i.e., o tempo teve um inicio).

Pela ciência não obtém sucesso. Em primeiro lugar não há evidência para um número infinito de big bangs. Em segundo, o universo parece equilibrado para continuar expandindo-se indefinidamente. Os astrônomos estão descobrindo que velocidade da expansão do universo está acelerando, fazendo que um colapso total seja cada vez mais improvável [1]. Seria de se esperar diminuição da velocidade e não o contrário caso a teoria fosse correta. Em terceiro, tal teoria contradiz a segunda lei da termodinâmica, pois pressupõe que a energia utilizável não acabaria.

Assim, por mais que os ateus se esforcem nunca terão êxito contra o que é racional, Deus existe.

“O que há de invisível em Deus, torna-se visível pelas coisas criadas”. (Rm 1,. 20)

Referências e notas:

[1]V. Kathy SAWYER, "Cosmic Driving Force? Scientists' Work on "Dark Energy" Mystery Could Yield a New View e of the Universe". Washington Post, February 19, 2000, AI. V. " 'Baby Pie' Shows Cosmos 13 Billion Years Ago", CNN.com, 11 de fevereiro de 2003, em http://www.cnn.com/2003/TECH/space/02//lcosmic.pomait/

- Livro: Não tenho fé suficiente para ser ateu - Norman Geisler & Frank Turek

- Livro: Big Bang – Simon Singh



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PARA CITAR ESTE ARTIGO:


Nelson M. Sarmento, “No princípio, Deus criou os céus e a terra.” (Gênesis 1, 1), Porto Alegre, janeiro de 2012, blogue Apostolado Tradição em foco com Roma.


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