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O Corpo e o Sangue de um milagre eucarísticos são adorados ou venerados?


Sugestão de artigo por Jefferson Ferreira.

Santo Tomás de Aquino ensinou que Jesus está presente todo inteiro com Espírito, Alma e Divindade no vinho - Seja numa gota ou nele inteiro - e no pão - Seja num fragmento mínimo ou nele inteiro.

Portanto tanto comungando do Sangue ou do Vinho recebemos Cristo inteiro. Dizer que para recebermos Cristo precisamos comungar dos dois é heresia, pois dividiríamos Cristo, o que é impossível.

Os fiéis apenas comungam do Corpo apenas (na maioria dos lugares), mas o sacerdote comunga obrigatoriamente sempre dos dois. 

Pois o sacerdote em nome do povo faz o sacrifício do Cordeiro a Deus, e para o sacrifício ser completo o sacerdote deve comer da vítima sacrifical inteira, daí a necessidade de comer as partes. Este é o aspecto Sacrificial ou propiciatório do ato.

O povo não necessita, pois participa do aspecto propiciatório, apenas participando da Missa, já que o sacerdote faz em nome de todos, o povo participa do aspecto impetratório quando vai receber Cristo para receber as graças necessárias, neste caso basta receber um deles, já que Cristo está presente em cada partícula e espécie isoladamente e inteiramente.

Quanto ao aspecto bíblico, não necessariamente precisa-se participar das duas espécies, já que em alguns versículos Jesus dá a plenitude do ato apenas com uma das espécies.  

“ Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.

E logo depois de dizer :"Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele.

 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.

Vejam que após Ele falar dos dois diz que apenas com a Carne viverá eternamente.

Segundo as regras de interpretação bíblica pelo Magistério podemos supor que: 

* Comendo só a carne seremos salvos, já que Jesus prometeu.

* Assim também tomando só o vinho, já que são espécies de mesma natureza espiritual.

* Uma vez que neles estão Jesus inteiro, posso participar de uma espécie apenas sem medo de ficar com MEIO JESUS.

* A Igreja ensinou através do Papa - Tudo o que ligares na terra será ligado no céu. Temos pois a segurança da promessa e que Deus permitiu que o Papa autorizasse é porque era lícito e correto.

* O sacerdote participando em meu nome é válido, já que assim ocorria nos sacrifícios judaicos, e como Deus não muda não muda a recepção dos sacrifícios.

A Heresia que dizia que Jesus só está presente nas duas espécies é a heresia utraquista.

* Errado é o padre consagrar uma só espécie, pois aí não haveria sacrifício, pois faltaria a Vítima, que tem que ter o corpo e o sangue, na falta de um, o sacrifício seria nulo, por simples falta do que sacrificar.

* Errado é a pessoa negar a presença de Cristo no vinho por exemplo só porque comunga do Corpo. Jesus está presente inteiro nas duas espécies.

Mais correto seria dizer que a presença em si mesma é que é distinta, e não a maneira de se apresentar. Na Eucaristia Cristo está material e substancialmente presente, tanto quanto Cristo estava material e substancialmente presente quando andava entre o povo. A sua presença na figura do sacerdote, nas Sagradas Escrituras, no Santo Altar e no povo são presenças figurativas, simbólicas. Trata-se de outra essência, sentido e conotação da palavra "presença", ou seja, outro fenômeno, distinto. O zelo e os costumes de se tratar com veemência e respeito os objetos que representam essa presença não podem se comparar à forma como devemos tratar a Santa Eucaristia, de vez que é o próprio Deus ali presente.

O único motivo pelo qual se pode guardar o Precioso Sangue no tabernáculo é reservar, por pouco tempo, a fim de que não se estrague, a espécie de vinho para ministrar a Eucaristia a doentes que não podem comungar sob a espécie de pão. Há uma instrução nesse sentido. O vinho consagrado deve ser guardado, no tabernáculo, em cálices transparentes.

A IGMR e a RS, ao falarem em cálices dourados, referem-se aos usados na Missa, não na reserva eucarística.

De toda sorte, a espécie de vinho é subsidiária da espécie de pão. O mesmo para a adoração. Se há espécie de pão para ser adorada, é esta que deve ser usada. Até porque, tanto em uma como em outra espécie, está Cristo inteiro.

Santo Tomás: “pela virtude divina, que não pressupõe a matéria, mas a produz, esta matéria se converte naquela, e por conseguinte este indivíduo naquele;”. Isto é, a matéria do pão converte-se na matéria de Cristo, e por conseguinte o pão converte-se em Cristo. (Suma Contra os Gentios. Livro IV. Cap. LXIII.)

A Presença real continua tanto tempo quanto vão subsistindo as espécies do pão e do vinho. Por conseguinte, alterando-se ou decompondo-se as espécies, já não fica mais presente Jesus Cristo. É porque, para a Eucaristia, como para os outros sacramentos, o sinal sensível é condição necessária. Daí resulta que se o sinal não for o que a propria instituição determinou, não existe mais a devida matéria para constituir o sacramento.  (Doutrina Católica, de Boulanger, 1927, p. 92)

Jesus diz que não podemos aceitar este mistério pensando de modo carnal, isto é, atendendo exclusivamente ao que apreciam os nossos sentidos ou partindo de uma visão das coisas meramente natural. Só quem escuta as Suas Palavras e as recebe como Revelação de Deus, que é "espírito e vida", está disposto a aceitá-las. Biblia de Navarra

O que ocorreu em Lanciano, como em outros casos, não foi apenas transubstanciação, pois não só a substância mudou, mas também as espécies. Um caso de verdadeira transformação.

Um teólogo da FSSPX dá o seguinte parecer:

Quando o padre começa a Missa, diante de si tem pão de trigo.Quando consagra, ali permanecem os acidentes de pão (o peso é o mesmo,o cheiro, o gosto e a cor se mantêm, etc.), mas a substância não é mais de pão. A susbtância é o Corpo de Cristo. Imagine: o sr. tem uma árvore na sua frente. O sr. põe fogo. Depois do incêndio, a substância mudou ( antes era uma árvora, agora é carvão) e os acidentes mudaram (antes tinha cheiro e cores, agora tem outro peso, outro cheiro emudou a cor ).

O normal é que, quando uma coisa muda, muda a substânciae os acidentes. Na Missa, muda a substância, mas não mudam os acidentes! Na hóstia, o milagre é este: muda a substância de pão parao Corpo de Cristo, mas os acidentes ficam ( mesma cor, cheiro, sabor, peso etc. ). Em Lanciano, podemos dizer que houve um "pouco menos" demilagre do que na Missa: mudou a substância e mudaram também os acidentes!

Na hóstia, o milagre é este: muda a substância de pão parao Corpo de Cristo, mas os acidentes ficam ( mesma cor, cheiro, sabor, peso etc. ). Em Lanciano, podemos dizer que houve um "pouco menos" demilagre do que na Missa: mudou a substância e mudaram também os acidentes. Quanto ao Corpo glorioso de Cristo no céu, os acidentes do Corpo glorioso de Cristo não manifestam sua condição gloriosa, mas sua carne sim está gloriosa ali.

Nos Evangelhos, logo depois da Ressurreição, Jesus apareceu a Maria Madalena: ela não reparou que seu Corpo estava glorificado pois Jesus ocultou a ela essa sua condição gloriosa. O mesmo que Jesus fez para Maria Madalena, o mesmo faz em Lanciano ocultando essa condição. A presença real se deve à substância das coisas.

Nas matérias dos milagres eucarísticos não há a presença da divindade pois quando o sangue e a carne se degradaram a presença divina cessou. O que há nas relíquias são manchas do sangue que lá tocou, não o sangue mesmo. Por isso, não adoramos a matéria contida pós-milagre, e sim a veneramos.

Essa conclusão do artigo não é definitiva, mas indutiva. Logo, como a questão está em aberto estamos abertos a posições divergentes dando espaço para debate.


PARA CITAR ESTE ARTIGO:


O Corpo e o Sangue de um milagre eucarísticos são adorados ou venerados? David A. Conceição 10/2013 Tradição em Foco com Roma.

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