.

A Campanha da Fraternidade e a CNBB


Adoraria um tema da CF que cuidasse da alma.

O problema da CF nem são os temas em si se fossem tratados dentro do contexto da doutrina da Igreja, nos levaria sim a um bela reflexão, mas infelizmente o que vemos são distorções enormes.

Aquele livrinho da Via Sacra quase leva a pessoa que está fazendo a oração a se suicidar... Eles colocam um fardo tão grande em quem não está encaixado no tema da campanha, que temos vontade de chorar quando terminamos a oração.


Minha tristeza também é quando a equipe de liturgia não entende o contexto da mesma e começam a colocar coisas na Santa Missa que até Deus duvida. Na campanha passada, entrava coronel, benzedeira com ramo de arruda na orelha, indios na hora do ofertório, era triste demais.

Não adianta nada querer mudar o exterior sem mudar o indivíduo.


O Evangelho muda as pessoas, as pessoas mudam o mundo.

Já se foi falado sobre: drogas, sobre inclusão social, sobre os povos indígenas, sobre tanta coisa e ngm se tocou ainda que o que falta mesmo é Cristo como modelo de nossas atitudes e pensamentos.

Nas CFs deveria utilizar as Encíclicas dos Papas que mostram a Doutrina Social da Igreja. O comunismo e TL infelizmente fazem uso da CF para introduzirem erros e tornarem as pessoas menos combativas ao comunismo. As Encíclicas dos Papas e o magistério dos bispos unidos ao Papa têm primazia sobre CNBB, que não fala em nome dos bispos e só em nome da conferência mesma.

Não se trata de ver marxismo em tudo o que é obra social. Trata-se de ver marxismo onde há marxismo. Infelizmente, no Brasil, as duas coisas costumam andar de mãos dadas, mas é evidente que há exceções. Por exemplo, congregações e movimentos como a Toca de Assis, Comunhão e Libertação (apesar do nome!) e outros essencialmente não adotam nenhum tipo de atitude marxista em seus propósitos.

Já as famosas Campanhas da Fraternidade, por serem campanhas em âmbito nacional, são moldadas e conduzidas sob um viés (para ser eufêmico) primariamente esquerdista, já que infelizmente o pensamento esquerdista já tomou conta do
senso comum brasileiro, o que não exclui o clero.

Depois que você passa a conhecer a forma de pensar dos marxistas culturais, seus vícios, suas argumentações, suas falácias, seu jeito
politicamente correto, sua antipatia por qualquer autoridade hierárquica ou ordem empresarial, sua simpatia com movimentos nascidos de guerrilhas, sua apatia pela visão tradicional e teológica da Igreja (e não essa pseudo-teologia que chama de profetas e missionários os líderes de sindicatos e do MST), então é facílimo perceber o viés esquerdista nesses movimentos.

A Campanha da Fraternidade pode ajudar os fiéis na prática quaresmal?


Sinceramente, eu acredito que sim. Diferente da maioria dos leitores, eu penso que a Quaresma é um tempo propício para uma iniciativa social, já que neste período somos chamados à prática não apenas do jejum e da oração, mas também da esmola, ou seja, da caridade para com as necessidades do próximo.

Nada impede que nos utilizemos dos temas das CFs, mesmo quando são, oficialmente, conduzidos de forma inapropriada, pelos ridículos e comunistóides
Textos-base da CNBB. Não somos obrigados a segui-los. Nada impede, por exemplo, que alguém com um conhecimento muito mais profundo sobre o tema, como nesse ano, por exemplo, o Rafael Vitola, que é policial, proponha uma série de palestras para esclarecer muitos pontos obscuros sobre segurança, lei natural, posição da doutrina da Igreja, etc. E também propor iniciativas que de forma concreta e eficaz possam servir para a população.

Penso que nos envolvermos com ações sociais não atrapalha em nada a vida de maior oração ou contrição. Dou o exemplo de mim mesmo: na quaresma, tento sempre direcionar minha atenção para a oração e deixar de fazer a maior parte das diversões costumeiras, para refletir sobre minhas misérias e a misericórdia de Deus. Mas não dá para rezar o dia inteiro, e então o que fazer com o tempo livre? Acabo gastando com essas bobagens do mesmo jeito, e isso sim acaba me afastando da oração. Eu deveria usar esse tempo de espairecimento para alguma ação concreta e social. Claro, seria bem mais fácil se já houvesse alguma paróquia ou instituição que soubesse falar da CF ou de outro tema social sem o viés marxista.

A quaresma é, tipicamente, um tempo para meditação espiritual. Debates sobre aborto e as condições da saúde no país são importantíssimos, claro, nos 365 dias do ano e desde que no contexto de uma conversão espiritual perante as verdades cristãs. Mas não é isso que vai ocorrer se a quaresma for conduzida por debates sobre as condições sociais da saúde no Brasil. Só vai esvaziar o sentido espiritual principal que a QUARESMA deveria ter.

Primeiro o reconhecimento das verdades cristãs, da importância do amor fraterno, da miséria de nossas fraquezas, depois o perdão dos pecados, a penitência, a ação corretora.

A CNBB só fala das obras, não importando a fé.

A questão é bem interessante do ponto de vista ideológico até, pois levanta a questão de se boas obras sem Deus significam um amor ao próximo genuíno. Os ateus socialistas defendem um humanismo e um amor ao próximo sem Deus, como uma formiga que deve dar a vida pelo formigueiro, sem Deus e sem se importar com a salvação da alma.

A impressão que dá é que a CNBB se importa principalmente em agradar os líderes do atual governo para quem os católicos são massa de manobra a ser manipulada a fim de garantir votos nas próximas eleições.

E essa voz vai falar de quê?

De saúde pública?

Da campanha contra a dengue?

Das ações comunitárias
uma bisnaga para cada irmão nas paróquias?

Isso é prática social, mas onde está o essencial? A razão de ser da prática social? Um humanismo sem Deus? Um socialismo ateu?

Se você fizer isso, terá caído na armadilha da CNBB e estará seguindo seu programa que nada tem a ver com a Quaresma ou com a salvação das almas!

Quem faz a campanha? Quem orienta as musiquinhas? Quem prepara os documentos? Quem faz os eventos?

E quem vai mudar o tom? Quem vai evangelizar de verdade o povo? Meia dúzia de blogueiros numa Internet para uma elite que sabe ler?

O que falta na Igreja católica no Brasil é exatamente uma voz forte, com alcance, que fale segundo o Evangelho de Cristo e não segundo Marx ou uma visão latino-americana de um
socialismo-cristão mais pálido que Judas dependurado na árvore.

A CNBB, muito espertamente, se faz dessa voz, mesmo que não tenha autoridade eclesiástica nenhuma sobre os bispos. E assim, vai vendendo Jesus por um punhado de moedas aqui, outro punhado ali...

.

Complemento a questão com a resposta do prezado Profº Carlos Ramalhete: 
.
Mas, em termos práticos, fora rezar, o que é que poderíamos fazer? Campanhazinha de mimimi na Internet (agora tornada ainda mais fútil e superficial pela adesão em massa dos brasileiros a esqueminhas de auto-publicação de desenhinhos bobos e frases de efeito em tuíteres e feicebuques da vida)? Levantar dinheiro pra botar anúncio nos jornais dizendo CNBB, pare de fingir que é a Igreja e obedeça ao Papa?

Na verdade, o ideal seria se os Bispos que acreditam em Deus reduzissem a CNBB àquilo que ela, pelo direito canônico, deveria ser: um grande salão vazio, com uma cadeira para cada um, que só publicasse algo se houvesse a assinatura de *todos* os Bispos.

Essa barbaridade da Campanha Anti-Quaresma, ano após ano, faz um estrago formidável, mas ela é só a cereja do bolo. Ela impede, ou ao menos dificulta, a santificação de enorme parcela dos fiéis, mas e os escândalos públicos de quando vem um Fulano ou Beltrano falando
pela CNBB e dizendo abobrinhas? E os textos e materiais asquerosos que os assessores que a compõem lançam a cada ano, os livrinhos de musiquinhas e folhetinhos de missa que só faltam ter um casco de bode como assinatura?

O Papa Emérito Bento XVI já deu um puxão de orelhas. Segundo o Vatican Information Service, que eu recebo em francês, ele disse que (original segue após minha tradução duns pedacinhos):
 
a cura perfeita reside no perdão dos pecados e a saúde por excelência é a da alma. [...] Devemos também ajudar os doentes a descobrir que se a doença deles for uma provação, ela pode ser, em união com o Cristo, participação no Mistério de Seu sofrimento para a salvação do mundo.
 
Além do quê, POMBAS!, é Quaresma!

O que me tira do sério nessa barbaridade é ela atacar justamente a Quaresma. Fizessem isso no Tempo Comum já era ruim, mas na Quaresma até o
contra-ataque proposto distrai do que é realmente importante. Agora é a hora para a gente jejuar e fazer penitência, para se fortalecer para, no resto do ano, poder combater inimigos externos (a cultura da morte, por exemplo).

Aí fica, de um lado, a CNBB gritando
vamos fazer passeata pedindo verba pra combate à dengue, ou qualquer irrelevância (por comparação com a Salvação) do gênero, e do outro o melhor que se pode propôr é dizer não, vamos fazer conscientização sobre o valor da vida?!

E cadê a penitência, e cadê a oração, e cadê o jejum? Cadê, em suma, a Quaresma?!

Gente, Deus está dando uma surra de cinto atrás da outra (tem uma cidade no Acre que está 95% inundada!); é o tempo mais propício para a penitência evidentemente necessária, e vêm esses néscios falar de fila em posto de saúde?! E a resposta é falar mal de camisinha?!

Eu sugeriria, simplesmente dizer
buscai primeiro o Reino dos Céus, e tudo o mais vos será acrescentado. Fazer campanhas sugerindo penitência, oração diária do rosário inteiro, sei lá.



A Lumen Gentium é clara ao dizer que a missão da Igreja é essencialmente religiosa LG 48. Sendo assim me pergunto então qual deve ser o papel da CNBB.

Por que tanta insistência em propor formas novas de organização social e pouca em falar da salvação eterna e da prática de virtudes como a caridade ?


Não cabe aos leigos tratar de questões como a da organização social? Será que é missão dos Bispos escrever documentos sobre Economia?


Foi para isso que Cristo os chamou?

De caridade nem se fala mais; as palavras mais vistas nestes documentos da CNBB são solidariedade e partilha. Isso reduz a ação social dos católicos ao plano temporal , pois sem caridade não há referência a Deus.

Cade a DSI em tudo isso?


No documento da CNBB sobre segurança pública havia referência até a Adorno e Horkheimer teóricos marxistas da escola de frankfurt!


E referências a São Tomás de Aquino? E a Leão XIII?


A CF pode tratar de temas sociais, pois se não se fizesse isso, não seria CF. A Igreja deve intervir no meio temporal da sociedade, o problema não é o social, é o SOCIALISMO. Se fizesem a CF pautada na DSI, pronto, a CNBB estaria sendo fiel ao seu papel.

Por fim, repito: CNBB não faz parte da Igreja, em sentido teológico, porque conferências são dispensáveis à sua estrutura; não são um reflexo do modo como Cristo A instituiu, mas de uma concepção pastoral adotada posteriormente. A existência delas é acidental, não essencial. E quem disse isso foi o então Cardeal Ratzinger em “A Fé em Crise”.

Não é Igreja porque o ser Igreja compreende ontologicamente pessoas, uma comunidade de santos, não instituições. Quem faz parte da Igreja Militante são os batizados.

.

PARA CITAR ESTE ARTIGO:

A Campanha da Fraternidade e a CNBB

David A. Conceição, 02/2014 Tradição em Foco com Roma.

Grupo Tradição - Vaticano II acesse:


CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS: 

tradicaoemfococomroma@hotmail.com

 

©2009 Tradição em foco com Roma | "A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência" Doctor Angelicus Tomás de Aquino