.
A personagem Verônica que enxugou o rosto de Jesus Cristo a caminho do calvário é considerada real ou fictícia?
Verônica é uma personagem importante na Tradição e aparece em muitas revelações privadas sobre a Paixão (por isso Mel Gibson colocou-a no seu famoso filme).
Sobre Santa Verônica, há um romance “O mártir do Gólgota” em que ela teria outro nome. Verônica, parece, é uma expressão latino-grega que significa “verdadeira imagem”. Para a Igreja Ortodoxa, Santa Glorificada, comemorada no dia 12 de Julho. Santa Verônica também é identificada como a mulher que foi curada pelo Senhor, do seu fluxo de sangue.
O citado livro apócrifo “Atos de Pilatos” (II – IV séc. d.C.) relata que a mulher de Mt IX, 20* é Santa Berenice (Verônica), que não pode (pôde) testemunhar em favor de Nosso Senhor por ser mulher, e, após a condenação, limpou a Sagrada Face do Cristo a caminho do Calvário.
*“E eis que certa mulher, que há doze anos sofria de uma hemorragia, chegou por detrás dele e tocou-lhe o tsitsit do talit.” (Desculpem-me a versão judaizante, mas foi a mais fácil de postar).
Não ha qualquer embaraço a aceitação de um tópico da Tradição, por este não estar registrado nos Santos Evangelhos. São muitos os elementos, perfeita e universalmente aceitos como verdades da fé, que não estão explicitamente mencionados no registro evangélico. Até porque esse negócio de tem que “tá na bíblia” é uma premissa protestante. Para nós o testemunho da Tradição já é válido como prova da veracidade.
O véu de Verônica está guardado no monastério de Manoppello, nos montes Apeninos. E, 2006 o Papa Emérito Bento XVI foi venerá-lo nesse local, como se pode ler na seguinte notícia aqui.
Não vejo o menor problema em venerar Santos sobre os quais há poucos ou nenhum registro documental.
Até onde sei não existem registros da existência de São Jorge senão na tradição. Foi um oficial romano convertido ao Cristianismo e martirizado por recusar-se a acender incenso para ídolos pagãos. Mas nem de seu nome verdadeiro temos notícia.
É bom lembrar que boa parte dos católicos sempre medita sobre o véu de Verônica na Sexta Estação da Via Sacra, o que é mais uma prova da veracidade do episódio, pois Deus não permitiria o erro em algo tão importante e comum na nossa vida espiritual.
A história de Verônica é um dado da Tradição, ou seja, tem o mesmo valor e antiguidade que qualquer outra presente na Bíblia (mas o mesmo não se pode afirmar sobre o véu que hoje conhecemos).
Em relação ao véu a Enciclopédia Católica (http://www.newadvent.org/cathen/15362a.htm) afirma:
“A crença na existência de imagens autênticas de Cristo está ligada com a velha lenda do rei Abgar de Edessa e o texto apócrifo conhecido como “Mors Pilati” (A morte de Pôncio Pilatos). Para distinguir em Roma a mais conhecida e mais antiga destas imagens, ela foi chamada de (imagem verdadeira), que na língua comum se transformou em “verônica”.
É assim referenciada em diversos textos medievais mencionados pelos bolandistas (ex.: um antigo missal de Augsburgo tem um missa “De S. Veronica seu Vultus Domini”, ou “Santa Verônica, a Face do Senhor”) e Mateus de Westminster fala de uma impressão da imagem do Salvador que é chamada de Veronica: “Effigies Domenici vultus quae Veronica nuncupatur” (“Éfige da face do Senhor que é chamada de Veronica”). Gradualmente, a imaginação popular tomou a palavra como sendo o nome de uma pessoa e ligou a ela uma série de lendas que variam de acordo com o país.”
Naturalmente que essa explicação é contestada por muitos, que vêem nela uma contaminação naturalista.