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Que tipo de católicos nós somos?


O confrade Sandro Pelegrineti de Pontes comentava um tempo atrás como é lamentável a forma como os católicos andam se tratando nas redes sociais e que isso era obra do demônio. Desde então, mediante leitura espiritual e oração, eu mudei minha postura. E desejo através desse artigo que os leitores também reflitam e estejam abertos à conversão, em especial agora na chegada do Cristo que nasce.
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A Verdade é uma só. Mas infelizmente tem muita gente que não consegue aceitar a Verdade e inventa suas próprias crenças para tentar suprir o vazio que a Verdade deixa quando não é acolhida de coração.

Os desentendimentos surgem quando diferentes grupos tentam afirmar sua postura como a Verdade. Isso cria um paradoxo lógico, pois apenas uma delas pode ser verdade. Ou apenas uma é verdadeira, ou nenhuma delas é, pois já que ambas possuem pontos contraditórios entre sim não podem coexistir.
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Essas lutas internas existem na Igreja desde o tempo em que os Apóstolos discutiam entre si sobre quem era o “maior”.
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Afirmações do tipo “você não é católico”, ou “você não serve para ser católico” muito perigosas. Inclusive, podem ser consideradas afirmações como essa verdadeiros pecados contra o Espírito Santo. Conhecemos as pessoas pela internet, elas seguem a busca espiritual dele e dizem que são católicas. Se nós disséssemos que não porque não se enquadram na nossa postura neoconservadora, tradicionalista, sedevacantista estaríamos pecando contra o 8º mandamento, pois estaríamos levantando falso testemunho contra essas pessoas. O único testemunho que podemos dar delas é que possuem um coração sincero no que diz respeito à busca da Verdade. 
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Os N,T,S criam umas fórmulas e depois dizem que não é católico quem não está na fórmula que criaram? É por isso que é certo criticar essa postura ideológica. Por acaso já consultaram o Nosso Senhor Jesus Cristo e a Virgem Santíssima para saber quem serve e quem não serve para ser católico? Existe algum artigo no Código de Direito Canônico dizendo que não é católico quem não está na fórmula criada? 
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Afirmar que um indivíduo *não serve* para ser católico para é o mesmo que afirmar que o ele excomungado. Temos autoridade para fazer isso? É válido lembrar a passagem nas escrituras em que alguns discípulos voltam para Jesus e dizem que tudo o que ele falou aconteceu... eles curaram doenças, expulsaram demônios... e estavam entusiasmados, mas para o escândalo deles viram por onde passaram um 'outro grupo', que não era o deles, mas que estavam fazendo a mesma coisa. Nosso Senhor Jesus Cristo disse que ninguém os repreendessem, que eles não estavam contra eles... mas sim a favor.
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A verdade se encontra em nenhum grupo dentro da Igreja seja tradicionalista, neoconservador ou que for: a verdade está na Cruz.
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Jamais devemos utilizar termos ou expressões que ofendem mesmo indiretamente às pessoas que não fazem parte do nosso *clã*.  Em um debate ou em um diálogo, devemos evitar palavras que não deem resultados. Cristo diz que até de uma palavra vã teremos que dar conta. Não que seja vão dizer qual é a nossa fé, mas devemos dizê-la com propósito, com finalidade.

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A paixão deve ser controlada, dentro de um debate, para que ele possa fruir como se deve. Se for possível ceder a um argumento do adversário, para entender onde ele quer chegar, então que se faça. Friamente. Verdade encontrada é verdade obedecida, como diz o Padre Paulo Ricardo.
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Alguns parecem querer uma Igreja que não é constituída de pecadores. Certos desvios, certas decepções, fazem parte da humanidade da Igreja. É natural que tenhamos pecadores, como, de fato, tivemos e temos, como exemplo, no clero.
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Há católicos tentando instrumentalizar o cristianismo, porque havia sempre um odor político nas argumentações, agora evoluíram para tentar exibir conhecimentos, na pretensão de que está lidando com ignorantes que nunca leram nada sobre os temas que abordam.
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Há muitos que se tornaram ortodoxos pela expansão na obra de Monsenhor Lefebvre e no Pontificado de Bento XVI? Sim, eu fui um deles. Apenas quero observar que esse tempo pós-conversão é muito pouco para alguém pretender conhecer tão profundamente uma história de 2.000 anos, objeto de milhares e milhares de livros ao longo desse tempo, a ponto de se julgar preparado para os ataques que fazem uns aos outros. Deve ser este o motivo pelo qual tantas pessoas se bloqueiam no facebook. Existe uma cegueira que não lhe permite ainda ver o quanto está se sendo arrogante.
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Para ser católico, basta que, depois do batismo, não se tenha incorrido em heresia, nem em apostasia, nem em cisma.
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A acusação de que grupos tradicionalistas são cismáticos não tem base teológica, o cisma não tem por efeito a desobediência ao Papa *Teodoro da Torre del Greco, no seu compêndio de teologia moral, deixa isso bem explicadinho, ainda mais quando se crê sinceramente que o Papa está enganado ou age ilegitimamente; é necessário uma recusa da própria autoridade papal ou da comunhão com a Igreja que reconhece tal autoridade.

Mesmo os sedevacantistas, que não reconhecem o atual Papa reinante, não são cismáticos, posto que eles não se recusam a submissão ao Papa, ainda que não o reconheçam na imagem do atual Romano Pontífice, sendo reconhecido por eles como antipapa.

Teologicamente procuro adotar a postura conservadora, tradicional, tomista e fundamentalista, e interpreto a Bíblia como ensinaram Santo Agostinho e Leão XIII: o sentido literal e óbvio deve ser preferido, e admitido, ao menos que a razão ou a necessidade nos obriguem a abandoná-lo.

Eu me esforço em ser um bom Católico e isso não é fácil. A minha tribo é dos pecadores inconstantes. Um dia eu consigo ser Santo.

Santo Afonso de Ligório nos diz e nos ensina:

Os Bens Espirituais

Esta é a ambição que deves cultivar no coração: amar a Deus o máximo que puderes. Todavia não se deve desejar um grau de amor maior do que aquele que o Deus de amor determinou nos conceder desde toda a eternidade. Disse o bem-aventurado Pe. João de Ávila: - “Não creio que tenha existido um santo que não desejasse ser melhor do que era. Mas isso não lhe tirava a paz e estava sempre contente com os dons recebidos”. Por outro lado, sejamos diligentes e fervorosos em procurar nossa perfeição, usando todos os meios ao nosso alcance. Não devemos permitir jamais que a rotina e a tibieza invadam nossa vida espiritual e religiosa, dizendo: “Se Deus quiser, tudo vai dar certo … Deus é Pai e misericordioso”.

Não devemos nos deixar levar pelo desânimo e arrastar fraquezas, sem fazer esforço algum para romper com o egoísmo e os pecados. Sem perder a coragem, o ânimo e a confiança em Deus, com humildade, paciência e firmeza, procura valer-te da oração e dos sacramentos, do Evangelho e da devoção a Nossa Senhora, prosseguindo a caminhada para o alto. Não percas tempo desejando coisas sublimes como êxtases, visões, revelações, arroubos e outros dons sobrenaturais, o que interessa é a graça da oração, o amor de Deus e zelo pela salvação dos irmãos. E se não for do agrado de Deus levar-nos a tão sublime grau de perfeição e glória, tudo bem; o mais importante é o cumprimento de Sua vontade santa e santificadora.

Que o Senhor nos ajude.
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PARA CITAR ESTE ARTIGO:


Que tipo de católicos nós somos? 

David A. Conceição 12/2014 Tradição em Foco com Roma.

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CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS: 

tradicaoemfococomroma@hotmail.com

 

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