Catedral Anglicana de São Paulo
.Reflexão de Gabriel Fernando .
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A Igreja da Inglaterra surgiu no primeiro século da chamada era cristã. Por volta dos anos 70 d.C. temos vestígios da presença de cristãos nas Ilhas Britânicas (chamadas de Bretanha pelo Império Romano). Tanto que Tertuliano, no Século II, nos fala da presença de uma grande comunidade cristã na Bretanha. Provavelmente organizada por comerciantes cristãos, soldados romanos convertidos ou mesmo cristãos fugidos da perseguição ocorrida na Gália (hoje França) e que buscaram refúgio nas praias da Bretanha. Seja como for, é uma presença que se fez por imigração e não por alguma missão especial da Igreja. Os cristãos andavam por todo o Império, e por onde iam, anunciavam o Evangelho e faziam crescer a Igreja.
A Igreja da Inglaterra surgiu no primeiro século da chamada era cristã. Por volta dos anos 70 d.C. temos vestígios da presença de cristãos nas Ilhas Britânicas (chamadas de Bretanha pelo Império Romano). Tanto que Tertuliano, no Século II, nos fala da presença de uma grande comunidade cristã na Bretanha. Provavelmente organizada por comerciantes cristãos, soldados romanos convertidos ou mesmo cristãos fugidos da perseguição ocorrida na Gália (hoje França) e que buscaram refúgio nas praias da Bretanha. Seja como for, é uma presença que se fez por imigração e não por alguma missão especial da Igreja. Os cristãos andavam por todo o Império, e por onde iam, anunciavam o Evangelho e faziam crescer a Igreja.
Os celtas, habitantes das Ilhas Britânicas, foram os primeiros a aderir à fé cristã na Inglaterra. Sua principal característica está registrada no chamado RITO DE SARUM (uma liturgia própria dos cristãos celtas) e cuja estrutura básica era monástica. Sendo assim, como é característica do monasticismo a missão, o anglo-cristianismo surge com forte marca de evangelização, destacando-se entre os missionários: Patrício e Columba. Entretanto, mesmo sendo uma fé, digamos, autóctone, não vinculada a nenhum centro de poder do continente, sempre esteve presente nos Concílios da Igreja Universal, como, por exemplo, em 314, no chamado Concílio de Arles, na França e, muito provavelmente, ao Concílio de Nicéia, em 325, pois se submeteu a todas as decisões deste importante concílio da fé cristã.
Sendo sua estrutura básica a monástica ela foi altamente missionária, expandindo-se além das fronteiras do Império Romano, ou seja, para a Irlanda e a Escócia, atingindo o que se chama de Grã-Bretanha. Tanto que, quando a Grã-Bretanha foi, ao início do Século V, invadida pelos bárbaros, o cristianismo local sobreviveu justamente por refugiar-se nas montanhas (do hoje chamado País de Gales) e na Ilha de Iona (na hoje Escócia). Refugiado nas montanhas e ilhas, o cristianismo na Bretanha quase desapareceu. Isso levou o Bispo de Roma da época, conhecido como Gregório Magno, a enviar quarenta monges, liderados pelo monge conhecido como Agostinho, para fortalecer e mesmo evangelizar os bárbaros que dominavam as Ilhas Britânicas. Eles chegaram em Kent em 597 d.C., converteram o rei Etelberto e, neste mesmo ano Agostinho foi sagrado Bispo da Inglaterra e, em Cantuária teria convertido cerca de dez mil pagãos à fé cristã. Até hoje ele é conhecido como Santo Agostinho de Cantuária.
A Igreja Celta, autóctone, e que resistiu à invasão bárbara, manteve muita resistência a esta submissão ao Bispo de Roma. Tanto que, para resumir a situação, somente em 663, ou seja, mais de 65 anos depois da chegada de Agostinho de Cantuária, no chamado Sínodo de Whitby, esta situação foi resolvida. Apesar disso, certa resistência sempre permaneceu. Um fato marcante para o anglo-cristianismo na Idade Média foi a invasão dos saxões. Os daneses (mais conhecidos como wikings) invadiram no Século IX a Grã-Bretanha, destruíram a Cidade de Cantuária e mataram vários religiosos, monges e escravizaram a outros. Outro fato marcante para a Grã-Bretanha foi, no Século XI, foi a invasão normanda (os normandos habitavam o norte da França, descendentes dos wikings). A diferença da invasão wiking e da normanda é que o rei normando, Cnut, era cristão, e defendeu o anglo-cristianismo. Com a morte do rei normando, oito anos após a invasão, sobe ao trono o rei Eduardo (em 1.043), cujo apelido era “Confessor”, por fazer uma fiel confissão da fé cristã.
Os normandos, de um lado, não eram bem visto pelos ingleses, mas para a liderança da Igreja foram vistos como positivos. Assim, a corte era normanda (francesa, por assim dizer, os ingleses foram alijados da nobreza), mas a Igreja lhes dava apoio, justamente por causa dos favorecimentos que recebeu e por estar perfeitamente alinhada com o cristianismo continental (do restante da Europa, especialmente Roma). Isso criou uma ordem de coisas que, ao serem expulsos os normandos, trocando-se a nobreza francesa pela inglesa, a Igreja estava em situação difícil e, por vezes, em conflito com a coroa inglesa.
A lenda de Robin Hood, conhecida por todos, fala bem deste período de dominação normanda e de resistência aos franceses por um grupo de ingleses marginais, em cujo grupo se encontra a figura de um monge FREI TUCK. Neste período, no baixo clero, havia resistência ao domínio normando e, em especial, aos Bispos na própria Igreja, cujo representante da resistência, na lenda, é o FREI TUCK.
O proceder dos missionários católicos para a conversão da (por assim dizer) nobreza bárbara de então, creio eu, daria grandes sagas de aventura em livros e em cinema, pudéssemos dispor de recursos propagandísticos equivalentes aos que há em mãos do anticristianismo contemporâneo. Quantos e quão belíssimos “Kingdom of Heaven” e “King Arthur” ortodoxos surgiriam de semelhantes histórias, e quantas almas despertariam se as viessem a conhecer.
“Em pensar no cristão, naqueles tempos, despencando até a Bretanha, entre mares e florestas, por estradas dia a dia mais incertas, com o propósito de dar a conhecer a um nada pacato invasor a realidade suprema do Universo... Heroísmo inimaginável.
Aliás, ouvir e ler sobre a vida dos santos foi sempre um meio preferencial de catequese, durante os melhores tempos da Cristandade.” Leonardo Faccioni
De qualquer forma, a Igreja Romana só declarou as ordens anglicanas inválidas duzentos anos depois. Na verdade, o rompimento (a Reforma propriamente dita) da Igreja da Inglaterra com Roma não se deu no reinado de Henrique VIII, mas na de sua filha Elisabeth. A Igreja da Inglaterra se tornou protestante depois da morte de Henrique VIII.
Henrique VIII recebeu o trono de seu pai e como esposa a mulher de seu irmão que havia falecido. A casa dos Tudor iniciara um projeto audacioso de centralização monárquica que culminou com a pacificação da nobreza (impedida de portar armas e empunhar brasões dinásticos) e assim Henrique gozava de relativa tranquilidade. Precisava apenas garantir a questão da sucessão ao trono. Sem um herdeiro homem e arrependido de ter recebido a esposa do irmão pediu ao Papa através do Cardeal Wolsey que lavrasse uma carta de divórcio. Diante da recusa do pontífice (que não podia conceder o divórcio porque Catarina de Aragão era tia do Imperado Carlos V)
Henrique viu a oportunidade de nacionalizar a Igreja. Destituiu o Cardeal Wolsey e fez consagrar Arcebispo de Cantuária a Thomas Cranmer, que esteve na Alemanha e havia aderido às idéias da Reforma. Henrique nacionalizou a Igreja, se apropriou de suas terras, deu uma parte aos nobres, fechou os mosteiros e conseguiu casar-se com Ana Bolena, que era de família protestante. Longe de ser um responsável pela Reforma protestante, Henrique VIII manteve a Igreja na liturgia e na teologia praticamente do mesmo jeito, isto é, ainda romana. Portanto, não é correto dizer que Henrique Reformou a Igreja. Ao contrário, é após a sua morte que a “Reforma” toma força na Inglaterra.
Igreja anglicana São Felipe e São James, Palma de Mallorca - Espanha
Em parte, o anglicanismo herdou e preservou algumas tradições da Igreja Católica inglesa. Podemos também, encontrar em alguns ritos anglicanos, alguns aspectos do antigo cristianismo celta.
O LOC (Livro de Oração Comum) manteve certa liturgia e formalidade em aspectos religiosos, isso manteve alguma semelhança com o catolicismo. Já os Artigos da Religião foi fortemente influenciados por luteranos e calvinistas, e, no reinado de Elizabeth todo ministro anglicano tinha que subscrever e assinar fidelidade aos Artigos.
Isso gerou três partidos na Igreja da Inglaterra(agora anglicana), o primeiro queria restaurar o cristianismo inglês e manter o Antigo cristianismo celta, foram chamados de 'papistas' e faziam parte da Alta Igreja, voltada pra liturgia e práticas católicas. O segundo grupo eram os moderados, os confessionais que estavam satisfeitos com uma igreja moderada, um meio termo entre protestantismo e catolicismo. Esses seguiram as ideias de Richard Hooker. O ultimo grupo eram os calvinistas reformados que vinham do continente, em especial dos países Baixos, esses queriam “purificar” a Igreja da Inglaterra de todos vestígio e resquício de Roma. Foram chamados de puritanos, pois queriam purificar a Igreja da Inglaterra da liturgia Romana, esses viam a Genebra de Calvino o modelo de cristandade. Queriam uma igreja congregacional e presbiteriana, nos moldes da Reforma escocesa de John Knox. Esses queriam eliminar a monarquia e instituir uma República.
Que possamos rezar por um grande despertar espiritual na Inglaterra, rezemos pedindo a intercessão do beato Jonh Henry Newman, com o glorioso auxílio de Nossa Senhora de Walsingham!
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