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O caráter religioso e sociológico de Karl Marx



Marx teve uma infância judaica; depois foi Luterano, e converteu a família inteira, inclusive - quando chegou a escrever poemas a Cristo, o Salvador. Na Universidade de Berlim, passou a ser *satanista confessional*, seja lá o que isso quer dizer. Aí os poemas passaram a ser dedicados a Oulanem, um nome ritualístico de Satanás. E, a partir de então, tornou-se um sujeito anti-Deus pelo resto da vida. Não exatamente *ateu*, mas um ferrenho anti-Deus, mesmo, o que é (pelo menos quantitativamente) diferente.

Marx também era um pensador inconsistente, crédulo, fracote, um sujeito invejoso, ressentido e definitivamente um pseudo-intelectual. 

Não consigo entender como uma coisa baseada em teorias tão estúpidas, mal explicadas e anti-humanas conseguiu se espalhar tanto a ponto de acabar sendo a maior catástrofe ideológica da história da humanidade.

Pessoalmente acho que Marx, assim como Lenin, Stalin, Hitler, Mao, Pol Pot, era mentalmente insano. 

É, afinal, evidente(!): Se Marx, o louco, inventou uma ideologia louca - nada mais lógico que a divulgação e a aplicação dessa ideologia só pudessem ser feitas através de outros loucos do mesmo quilate. 

Marx escreveu isso:

Todavia, o gracioso Criador é incapaz de odiar a obra de suas mãos. Deseja erguê-la até onde Ele mesmo está, e, assim sendo, enviou o seu Filho, e agora nos chama através destas palavras: ‘Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós...(Jo 15.3,4)” 

Os nossos corações, a razão, a história, a Palavra de Deus, tudo nos faz apelos em altas vozes, convincentemente, dizendo-nos que a união com Ele [Cristo] é absolutamente necessária; que sem Ele seríamos rejeitados por Deus; que somente Ele é capaz de libertar-nos...

Depois isso...

O homem é que faz a religião; a religião não faz o homem... a religião é o ópio do povo... o povo não poderá sentir-se realmente feliz enquanto não for privado da felicidade ilusória mediante a superstição da religião!

Em um de seus poemas, Marx escreveu: “Desejo vingar-me daquele que governa lá em cima”.

E nunca mais mudou de idéia.

O problema do ateísmo é inerente ao ateísmo, é da natureza dele, mesmo - e é um problema que não existe para o religioso e nem para o agnóstico.

O religioso crê que existe Deus e assume sua fé. A fé é seu instrumento, e ele a considera um instrumento válido.

O agnóstico está fora, porque não acredita nem que existe e nem que não existe - não é uma questão que *se coloque* pra ele. Ele simplesmente não tem fé e não faz falta a ele ter, porque ele não precisa de instrumento nenhum, mesmo.

Já o ateu está encurralado para explicar o inexplicável: ele crê que não existe Deus, e rejeita o uso da fé para sustentar sua posição - já que ele renega a fé como instrumento legítimo - mas não tem nenhum outro pra botar no lugar.

É por isso que o sujeito acaba restrito mesmo a se debater entre o agnosticismo e o anti-teísmo declarado. O Constantino, for one, é um típico exemplo disso.

O medo do comunismo leva alguns católicos conservadores a fazerem barbaridades como comemorarem a morte de um homem (Saddam, por exemplo) e até a se acautelarem em falar do dever da caridade cristã com medo de soar *meio comunista*.

Esse erro é proveniente, porém, da total negação de Deus pelo marxismo, da perseguição que ainda hoje a Igreja sofre dos comunistas. Devemos lembrar porém que a Igreja, Esposa de Cristo, existe para seu amado, e não como resistência ao comunismo. Esse sim é que tem seu fundamento em nos destruir, mas as portas do inferno não prevalecerão! Non praevalebunt! 

Capitalistas e Cristãos; liberais (deve ser ressaltado é que a palavra liberalismo pode assumir vários significados, alguns completamente opostos àquilo que a Igreja condenou no século XIX. Então, antes de fazer qualquer crítica, temos de definir exatamente sobre o que se está falando.) e católicos, podem estar unidos a fim de desmantelar o comunismo, o marxismo, o socialismo utópico!

O capitalismo, visto como meio, não é contrário ao Cristianismo e sua base pode ou não ser identificada com a doutrina liberal como formulada no século XIX. 

O liberalismo não se confunde com o catolicismo em especial se falamos dessa palavra no seu sentido clássico. Aliás, nenhuma doutrina política ou econômica, naturalmente contingentes, devam ser identificadas positivamente como católicas. O melhor caminho ao avaliar tais coisas é pelo caminho negativo, ou seja, dizer que ela como um todo ou os pontos X ou Y não encontram guarida no cristianismo. 

A expressão *liberal-conservador* tem um significado preciso na ciência política e não corresponde ao sentido da palavra liberal. Contudo, isso se refere simplesmente a pessoas que adotam vários dos parâmetros derivados do liberalismo e possuem certas posições consideradas popularmente como conservadoras segundo essa perspectiva.

Em primeiro lugar, essa identificação tem origem no fato de que desde a época do regime militar vemos a tomada dos meios formadores de opinião pelo marxismo. O problema é tão amplo que até os referenciais para se debater, a linguagem mesmo, é formulada segundo essa base. A isso se somou a tomada da estrutura da Igreja no Brasil pela TL. Ou seja, os católicos fiéis ficaram sem espaço para se manifestar não só num âmbito social, mas também no âmbito eclesial.

Na segunda metade dos anos 90, alguns sites e blogs (por exemplo O Indivíduo) passaram a fazer oposição à cultura marxistóide geral e atenderam aos anseios de vários católicos deixados na penumbra. 

O fato, porém, era e é que tais válvulas de escape geralmente são liberais ou filo-liberais, o que levou a uma identificação entre coisas que são, em muitos pontos, antagônicas.

Não pode ser desconsiderada também o fato de que no nosso país a esquerda conseguiu criar um parâmetro no qual qualquer coisa oposta a seus princípios é liberal, quando isso é uma falsidade tremenda. O conservadorismo, por exemplo, constitui toda uma escola de pensamento de direita que não tem relação com o liberalismo. Alguém no Brasil já ouviu falar de Roger Scruton? Não e isso demonstra que a análise da questão é artificialmente direcionada. 

Não podemos dexar de lembrar que o esquecimento levou grandes nomes (que respondem aos anseios políticos dos católicos com suas obras) como Pe. Leonel Franca, Gustavo Corção, Plínio Correa, Mons. Teixeira Leite Penido, D. Mayer, Carlos Laet, Alfredo Lage e vários outros nomes que fizeram o riquíssimo período para a Igreja brasileira que foi a primeira metade do século XX irem para o limbo. 

Existem ainda aqueles católicos que recrutam para a galeria dos heróis da história os grandes nomes do capitalismo. Embora um outro ponto deva ser levado em conta: se por grandes nomes do capitalismo se entende os teóricos clássicos do liberalismo, deve-se ter em vista que a maioria deles não tinha a ilusão de poder existir uma sociedade sem um substrato moral (o próprio Adam Smith possui obras com esse foco). Infelizmente, toda a riqueza do pensamento de vários desses homens é afetada pela tendência economicista de nossas análises. 

O regime militar tem duas épocas bem distintas, a do governo de Castelo e a dos outros presidentes. Pinochet salvou o Chile de um desastre; certamente que o tipo de governo dele não pode ser um referencial, mas achar que havia uma alternativa democrática é algo fora da realidade (é como se eu fosse um fazendeiro com as terras invadidas pelo MST e fosse debater com eles as provas de Mises de que que a doutrina econômica do socialismo é uma falsidade). E só se engana com Hitler que adota, até hoje, a propaganda stalinista que procura esconder o acordo dele com Moscou na divisão da Polônia e a raiz de sua doutrina política (a mesma do socialismo = idealismo). 

Todos os reformadores protestantes eram radicalmente anti-capitalistas, enquanto que os escolásticos tardios, católicos, da mesma época, já tinham um pensamento econômico muito mais avançado e de acordo com o liberalismo ou capitalismo.

Críticas à industrialização geralmente advêm da ignorância. A revolução industrial do século XVIII e XIX foi responsável pelo maior aumento dos padrões materiais de vida da história da humanidade.

Os críticos da industrialização têm que simplesmente aceitar o fato de que, se eles quiserem reverter esse processo, condenarão à morte por inanição, doença e frio a maior parte da humanidade.

Não é coincidência que a população tenha crescido a taxas tão intensas desde a revolução industrial; apenas a industrialização permite sustentar tamanho contingente populacional. 

Marx tem *alguma razão* ao falar da alienação humana; em vidas que se tornam sem sentido, pessoas que trabalham, consomem mas não têm nada que lhes dê sentido na vida ou as complete.

No entanto, errou completamente em qual seria a causa disso, e ainda mais em quais os remédios.

Mas que existem pessoas *alienadas*, tanto material quanto espiritualmente, isso existem. E é por isso que o marxismo encontra tanta ressonância entre os jovens: explicita uma realidade, apesar de que de forma errada, e dá uma resposta simples de como melhorá-la. 

O Papa Bento exorta isso bem no livro Jesus de Nazaré. Ora, a doutrina cristã nos pede para sermos *luz para o mundo* e é evidente que, nesse sentido, não podemos corroborar com a exploração humana.
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A economia capitalista-liberal desestruturou as salvaguardas sociais que ainda existiam na época do Ancien Regime, alienando o homem, levando a um tipo de situação insustentável e passível de instrumentalização. Fora todo o blá-blá-blá histórico e econômico, Marx refletia sobre isso.

O liberalismo, dada sua artificialidade, pavimenta o caminho para os delírios socialistas. 

O liberalismo econômico do século XIX trouxe o maior aumento nas condições materiais de vida que a humanidade já viu.

É só ver o crescimento da população, a alimentação, os indicadores de consumo. Mesmo as condições de trabalho dos trabalhadores melhoraram sensivelmente; era ponto passivo na época que o trabalho de uma criança na fábrica era muito menos exaustivo e explorador do que o trabalho de uma criança no campo.

A industrialização e a maior liberdade econômica foram extremamente benéficos à população. Não foram causa de nenhuma alienação. Pelo contrário, trabalharam contra a alienação da população.

Críticos da industrialização e liberalismo acusavam as fábricas de ter AUMENTADO os salários dos trabalhadores, levando-os a se habituar a uma vida de luxos, que era nociva à alma e à moral.

A alienação que Marx percebeu (e que ficara mais fácil de ser percebida; dado o aumento brutal da população e da concentração humana nas cidades) era real, mas não era causada pelo capitalismo nem pela industrialização.

As salvaguardas sociais do antigo regime são, na grande maioria dos casos, uma grande ilusão. A vida dos camponeses nessa época era péssima. 

É sonho romântico imaginar camponeses bem de vida e satisfeitos no Antigo Regime. Concordo plenamente com a condenação moral da Revolução Francesa e outras revoluções republicanas; não partilho dos ideais delas e considero-as injustas em todos os aspectos. Mas isso não deve levar a nós, católicos, a idealizar um idílio campestre sob um monarca sábio e bom que nunca existiu de fato.

Por que a população cresceu tanto no século XIX? Por que que, na própria discussão sobre a implantação das leis trabalhistas, concordava-se que a vida do camponês era pior do que a do trabalhador industrial? Por que os camponeses deixaram em massa suas vidas idílicas no pastoreio para viver nas cidades pobres e sujas?

Já li um relato de um padre francês sobre o campesinato francês que não era favorável: famílias enormes morando em um cômodo só, jovens tendo que pedir esmolas, mulheres indo para a prostituição.

O Antigo Regime, e o mercantilismo que o acompanhava, causaram muita miséria. Foram inclusive um grande retrocesso com relação à Idade Média.

Mas essa discussão não se pode dar apenas no plano empírico, no qual um lado pode sempre contestar o outro.

Se é verdade que o Antigo Regime garantia alguma qualidade de vida ao campesinato que foi perdida com o liberalismo econômico do século XIX, isso se dava por quais meios?

Quais eram as leis, políticas ou medidas do Estado Absolutista que garantia essa qualidade de vida elevada aos camponeses? Assim que alguns exemplos forem levantados, podemos, por meio da ciência econômica, concluir se eles levam ou não aos fins desejados, independente do lugar ou época em que forem implantados. 

O nível de vida após a Revolução Industrial só aumentou com o tempo.

Além disso, o aumento da massa crítica de bens não se deu pelo liberalismo em si, mas pela valorização de princípios econômicos com raiz natural (como a valorização do direito de propriedade), que tanto ele quanto outros podem sistemas ter.

O liberalismo político e social (e tomo essa palavra no sentido típico do século XIX) é o reino do individualismo, A unidade básica do liberalismo é o indivíduo. Ele é como um sujeito de direitos absolutos, sem nehuma referência aos deveres que o ligam a seu Criador, a seus superiores ou a seus semelhantes e especialmente sem referência aos direitos de Deus. O liberalismo faz desaparecer todas as hierarquias sociais naturais, deixando assim o indivíduo sozinho e sem defesa da massa, da qual ele não é mais do que um elemento que acaba sendo absorvido por ela.

Ao contrário, a doutrina social da Igreja afirma que a sociedade não é uma massa disforme de indivíduos, mas um organismo ordenado de grupos sociais coordenados e hierarquizados: a família, as empresas. as organizações profissionais e, por fim, o EStado. As classes não são antagônicas, mas naturalmente complementares. 

A Lei Chapelier (de 14 de junho de 1791), inspirada nos ideais individualistas do liberalismo, que proibiu as associações na França, aniquilou com as corporações, que constituíam o instrumento da paz social desde a Idade Média; em vez de libertar os trabalhadores, os oprimiu. E quando no século XIX, o capital da burguesia liberal havia oprimido a massa informe dos trabalhadores, transformada em proletariado, se idealizou, seguindo a iniciativa dos socialistas, o reagrupamento dos trabalhadores em sindicatos; porém, os sindicatos só fizeram agravar o guerra social, ao estender a toda a sociedade a artificial oposição entre capital e trabalho.

Sabe-se que esta oposição ou luta de classes está na origem da teoria marxista do materialismo dialético; assim, um falso problema social criou um falso sistema: o comunismo. 

Esta é uma verdade histórica e filosófica: o liberalismo leva, por sua inclinação natural, ao totalitarismo e à revolução comunista. Pode-se dizer que é a alma de todas as revoluções modernas (e isso para não entrar nas conseqüências dele noutros campos, como no moral). 

Boa parte dos esquerdistas tenta nos fazer crer que liberalismo e socialismo são expressões antagônicas. Enganados por essa falácia, repetimos esse sofisma todos os dias, perdendo de vista a análise das concepções filosóficas que criam ambos os termos.

Quando dizemos liberalismo, estamos nos referindo a um conceito bem mais abrangente do que a simples liberação econômica ou que a idéia do Estado que interfere minimamente no mercado. O liberalismo é a doutrina da Revolução Francesa, e por causa dela impregna a sociedade moderna. E isso de tal forma que a filosofia moderna é propriamente o liberalismo.

Bem, o que propugnam os liberais? Que o homem não tem inclinação alguma ao mal, e que a sociedade é que o corrompe, negando, portanto, o pecado original, a concupiscência e a ação da graça na alma, e mesmo patrocinando a atual crise de seriedade – traduzida num imbecil otimismo que teima em não ser realista, e vê em todo sacrifício um mal. Que a razão individual e a razão social são realidades tão diversas que se governam por pressupostos independentes, fazendo nascer, por essa crença, a absoluta liberdade de cada um pensar o que quiser, como se a verdade fosse relativa – ora, se a verdade é relativa, deixa a mesma de ser verdadeira, pois é ontológico à verdade ser absoluta (eis o absurdo do relativismo pregado por Kant e seus seguidores!). 

Que todos são absolutamente iguais, esquecendo que, apesar da igualdade essencial entre os seres humanos, somos criados por Deus desiguais em nossos acidentes – e essa desigualdade é um bem. Que a liberdade de expressão, de religião, de imprensa, de educação, são dogmas naturais do ser humano, ignorando que o bem comum e a verdade devem pautar nossas atitudes – inclusive cerceando aquelas quando ferir a moral. Que todas as nações devem, necessariamente, erigir-se em Estados, confundindo tais termos – e ocasionando conflitos no século XX exatamente pela máxima realização desse dogma (guerras entre judeus e palestinos, a I e a II Guerras Mundiais). Que o Estado é absolutamente independente de qualquer regra moral, instalando um rigoroso positivismo jurídico – que desrespeita as noções claríssimas de direito natural. Tanto os que sustentam que o Estado não deve se meter em nada quanto os que propõem o absolutismo estatal são liberais, apenas ressaltam tais aspectos isolados do liberalismo. 

O socialismo, ensinam os Papas Gregório XVI, Beato Pio IX, Leão XIII, São Pio X e João Paulo II, é fruto do liberalismo. Sua matriz filosófica é a mesma. O liberalismo gerou o fascismo, pois este último é a tentativa de estatização uma nação, cumprindo à risca a cartilha liberal. Gerou também o nazismo, tentativa de independência total do Estado frente à moral, e, como o fascismo, idolatria do mesmo. Por sua vez, o liberalismo fez nascer também o socialismo: radicalização das idéias de igualdade absoluta sustentadas pelos revolucionários franceses, das quais encontramos sementes já na Reforma Protestante.

Todos esses sistemas – também com o capitalismo selvagem, outro pernicioso mito liberal, que desvincula as atividades mercantis de qualquer regra moral – são a expressão do que se chama ideologia: a valorização de uma idéia com prejuízo à realidade. 

Ao contrário do que pensam as várias correntes gnósticas, que sustentam um irreal maniqueísmo, o mal não é um oponente do bem com a mesma envergadura deste, tampouco surge do nada, com total e absoluta independência. Longe das definições dualísticas, o mal é, segundo Santo Tomás de Aquino, a distorção do bem, uma “ausência de um bem qualquer que deveria estar presente em determinado ser.” (Papa João Paulo II. Memória e identidade, p. 13)

O diabo mesmo, para a tradição judaico-cristã, é um anjo que se revolta, é uma simples criatura, não um equivalente negativo de Deus, o Criador. Com isso, sem embargo, não se rejeita a existência de um mal objetivo a combater, nem se a relativiza ou a seus erros. Apenas ressalta-se que, mera expressão desvirtuada do bem, está fadado naturalmente ao fracasso.

Quanto mais a mentira do mal se parece com a verdade do bem, mais ela é perigosa. O heroísmo, v.g., a evocação de tradições guerreiras, o patriotismo, são coisas boas que, desnaturadas, foram pontos básicos do horrendo programa nazista. A fraternidade e a justiça social, por sua vez, são bens que, modificados seus conceitos a serviço do mal, preenchem o discurso comunista. 

Vemos a realização histórica daquela sentença no pensamento iluminista, que varreu a Europa após a Idade Média, contribuindo para sua atual união política sem referência à fé cristã que a moldou. O Iluminismo, de fato, toma como carro-chefe de sua doutrina um grande valor, a liberdade. Ocorre que seu conceito de liberdade é equivocado, e dele surge a conclusão que tanto o bem quanto o mal tem os mesmos direitos, eis que a verdade iluminista é relativa. Intrínseco ao pensamento iluminista é o liberalismo, o qual não demoraria, em tese, a transformar-se em bagunça. Para evitar essa funesta conseqüência, estabelecem seus próceres outro mito obtido da deformação de um bem: a democracia. No liberalismo iluminista, é a maioria democrática quem escolhe o que é bem e o que é mal, em última instância, e o que é verdade e o que é mentira.

Filósofos que se debruçaram detidamente sobre a crise do pensamento europeu nos séculos XVIII e XIX, como, por exemplo, Paul Hazard, e Ortega y Gasset, estão plenamente convencidos da afiliação doutrinária dos modernos comunismo e nazismo ao Iluminismo. Por mais que pareça contraditório, o totalitarismo tem origem filosófica no liberalismo: todos partem da idéia da relatividade da verdade, e tanto faz, por isso, que quem faz a escolha seja a maioria (liberalismo), o Estado (fascismo), o proletariado representado teoricamente pelo partido (comunismo), ou a raça “pura” (nazismo). Nesses sistemas, em que o mal é a deturpação do bem – o que é um grande fator de atração dos incautos seduzidos pelas migalhas de verdade –, o erro é a matriz essencial: a rejeição do absoluto, da verdade, do próprio Deus, no fim das contas. 

Há um ótimo livro sobre a questão para ser indicado: O Mercado Livre numa Sociedade Cristã de Adolpho Lindemberg. 
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Bibliografia:
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FURET, François e CALVIÉ, Lucian. (1988) Marx and the French Revolution. University of Chicago Press, Chicago. 
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AVINERI, Shlomo. (1968). The Social and Political Thought of Karl Marx. Cambridge: Cambridge University Press.

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PARA CITAR ESTE ARTIGO:

O caráter religioso e sociológico de Karl Marx


David A. Conceição, 02/2012 Tradição em Foco com Roma RJ.


Domine Iesu, quem velatum nunc aspicio, Oro, fiat illud, quod tam sitio, Ut te revelata cernes facie, Visu sim beatus tuae gloriae. Amem.
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