Há muito tempo uma reflexão deveria ser feita para estudo e reflexão sobre a liturgia. Gostaria de enfocar um princípio que vejo hoje como muito predominante e grave: a questão da “criatividade” na liturgia.
Não há dúvida de que o engajamento dos leigos em diversas pastorais é uma postura louvável, e devemos sempre incentivar esses diversos serviços conforme a vocação de cada um. No entanto, hoje temos algo que chamamos de “pastoral litúrgica”, que, para mim, é algo totalmente desnecessário e vai na contramão do bom serviço litúrgico.
As tais “pastorais litúrgicas”, ou “pastorais da liturgia” são geralmente compostas por leigos participantes da paróquia local, com o objetivo de “preparar a liturgia da missa”. Aí, eu pergunto, o que seria “preparar” a liturgia? Não é ela um rito imutável, fixo, por sua própria sacramentalidade e sublimidade? No entanto, tais pastorais têm a visão de que a Missa é uma cerimônia que deve sempre ser enriquecida com vários fatores, com a inteção -- muito nobre, por sinal -- de levar o fiel a um maior entendimento da Palavra de Deus.
Uma Liturgia bem celebrada é algo importantíssimo. O problema é justamente a dificuldade das pessoas de entenderem a real natureza do sentido da missa e das próprias regras litúrgicas. Assim, esses grupos geralmente se utilizam da “criatividade” para promover missas recheadas de elementos que não são próprios da Missa, nem se é permitido utilizá-los. Numa nobre tentativa de enriquecer a celebração, acabam passando por cima de todo o caráter sacrifical, deixando a missa parecida com tudo, menos com missa mesmo.
Sanctus:Não há dúvida de que o engajamento dos leigos em diversas pastorais é uma postura louvável, e devemos sempre incentivar esses diversos serviços conforme a vocação de cada um. No entanto, hoje temos algo que chamamos de “pastoral litúrgica”, que, para mim, é algo totalmente desnecessário e vai na contramão do bom serviço litúrgico.
As tais “pastorais litúrgicas”, ou “pastorais da liturgia” são geralmente compostas por leigos participantes da paróquia local, com o objetivo de “preparar a liturgia da missa”. Aí, eu pergunto, o que seria “preparar” a liturgia? Não é ela um rito imutável, fixo, por sua própria sacramentalidade e sublimidade? No entanto, tais pastorais têm a visão de que a Missa é uma cerimônia que deve sempre ser enriquecida com vários fatores, com a inteção -- muito nobre, por sinal -- de levar o fiel a um maior entendimento da Palavra de Deus.
Uma Liturgia bem celebrada é algo importantíssimo. O problema é justamente a dificuldade das pessoas de entenderem a real natureza do sentido da missa e das próprias regras litúrgicas. Assim, esses grupos geralmente se utilizam da “criatividade” para promover missas recheadas de elementos que não são próprios da Missa, nem se é permitido utilizá-los. Numa nobre tentativa de enriquecer a celebração, acabam passando por cima de todo o caráter sacrifical, deixando a missa parecida com tudo, menos com missa mesmo.
Dica de criatividade nº2: uso de véus
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Os católicos tradicionais costumam participar da Missa dominical no Rito Tridentino ou no Novus Ordo sacralizado, [ que graças a uma sólida formação que os novos seminaristas e padres estão tendo tanto dentro e fora dos seminários (vide internet) está multiplicando, fruto do Pontificado de Bento XVI ], e quando por algum motivo não podem ir, temos de participar da missa nas paróquias, à noite. É bem raro de nossas presenças lá, e toda a vamos percebemos que o pessoal preparou uma “inovação”. Parece que o objetivo é fazer com que aquela missa, aquela liturgia, seja única. Que fique marcada na memória de todos. É verdade que esses elementos “inovadores” de fato cumprem bem esses objetivos, são didáticos, levam o fiel a prestar mais atenção na mensagem do Evangelho, e tudo o mais. A questão é: até onde podemos nos dar ao luxo de inserir coisas na liturgia?
Teve um dia que lemos um relato de missas em paróquias com direito a um susto: estava lá no meio do corredor uma cruz enorme. Era o dia do Evangelho em que Nosso Senhor dizia “Quem quer me seguir, carregue a sua cruz”. Outra vez, no mês da Bíblia, a Bíblia ficava lá na frente do presbitério, bem de frente para os degraus do altar, no centro. Isso quando não há encenação do evangelho. Dois atores vestidos com roupas da época de Nosso Senhor, berrando na frente do presbitério como se fosse o monte narrado no Evangelho. Na hora da oração sacerdotal “Por Cristo, com Cristo...”, o padre chamou um casal de jovens ao altar, cada um para segurar uma espécie do Corpo e Sangue de Nosso Senhor, porque era o Dia Nacional da Juventude. No final da Oração após a Comunhão, o padre chama todos os jovens que estavam na missa lá em cima do presbitério, faz quase que uma segunda homilia, e lhes dá uma bênção especial, por conta do mesmo motivo.
O fiel casual, que não está a par das regras litúrgicas, acha tudo muito bonito, muito louvável, e realmente é difícil chegar para essas pessoas e dizer que “não pode”. Então, o que fazer? Como instruir esse povo a deixar de promover esses abusos, sendo que é algo que eles fazem com tanto empenho e dedicação, com tanta caridade?
Essas duas reflexões: o que pode e o que não pode ser inserido na liturgia, e como trabalhar com esse problema?
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Teve um dia que lemos um relato de missas em paróquias com direito a um susto: estava lá no meio do corredor uma cruz enorme. Era o dia do Evangelho em que Nosso Senhor dizia “Quem quer me seguir, carregue a sua cruz”. Outra vez, no mês da Bíblia, a Bíblia ficava lá na frente do presbitério, bem de frente para os degraus do altar, no centro. Isso quando não há encenação do evangelho. Dois atores vestidos com roupas da época de Nosso Senhor, berrando na frente do presbitério como se fosse o monte narrado no Evangelho. Na hora da oração sacerdotal “Por Cristo, com Cristo...”, o padre chamou um casal de jovens ao altar, cada um para segurar uma espécie do Corpo e Sangue de Nosso Senhor, porque era o Dia Nacional da Juventude. No final da Oração após a Comunhão, o padre chama todos os jovens que estavam na missa lá em cima do presbitério, faz quase que uma segunda homilia, e lhes dá uma bênção especial, por conta do mesmo motivo.
O fiel casual, que não está a par das regras litúrgicas, acha tudo muito bonito, muito louvável, e realmente é difícil chegar para essas pessoas e dizer que “não pode”. Então, o que fazer? Como instruir esse povo a deixar de promover esses abusos, sendo que é algo que eles fazem com tanto empenho e dedicação, com tanta caridade?
Essas duas reflexões: o que pode e o que não pode ser inserido na liturgia, e como trabalhar com esse problema?
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Dica de criatividade nº 3: casula romana
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“Apresentações artísticas e Santa Missa
Mesmo que, em algumas ocasiões especiais, tenha presenciado apresentações artísticas durante a Santa Missa, como uma peça de teatro encenada no Natal, isso não está correto. A Missa é um ato real em que Cristo Se oferece por nós em sacrifício ao Pai. É a Cruz tornada presente. Por isso, não há lugar para eventos que não apontem para essa realidade: uma encenação, por exemplo, passaria a idéia de tudo é mero símbolo, quando, na verdade, os símbolos da Missa indicam e refletem algo vivo, o sacrifício de Cristo.
As regras litúrgicas, por essa razão, não permitem que a Santa Missa seja interrompida. Se um coral deseja se apresentar, ou um grupo de atores quer representar o Evangelho, faça-se fora da Missa, antes ou depois dela. E, para que se utilize o recinto da igreja, cuide-se que o presbitério não seja usado como palco, respeitando o santuário, e também seja o pároco ou reitor extremamente zeloso de que não se faça algazarra no recinto sagrado.”
BRODBECK, Rafael Vitola: Principais regras litúrgicas desobedecidas no Brasil.
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“A Liturgia não é nunca propriedade do fiel, nem do celebrante, nem da comunidade. Não se trata de uma peça literária que se inventa. Ela compreende, com efeito, elementos permanentes que emanam do Redentor, como são os componentes essenciais dos Sacramentos, sendo que há, outrossim, elementos variáveis que são cuidadosamente transmitidos e conservados pela Igreja. Cumpre uma educação religiosa profunda para que toda a riqueza da linguagem litúrgica seja vivida em sua plenitude. (...) Eis por que toda teatralidade agride a participação plena e ativa do povo, impedindo que se colham frutos espirituais.”
CÔN. JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO: Iniciativas litúrgicas arbitrárias.
Minha expectativa neste artigo é exatamente discutir quais elementos, mesmo que não constem no missal, são “permitidos”, no sentido em que não exalte o simbolismo que destoe do sacrifício, e não transforme a missa em bagunça. A questão do teatro para mim está mais que esclarecida.
O outro problema é no nível prático, como cada um de nós pode ajudar a reverter esse quadro em sua paróquia local? Simplesmente mostrando o missal e dizendo que “não pode” não costuma funcionar, pois eles têm na cabeça que o Missal é só um instrumento, e que já está ultrapassado porque na época “ninguém pensava em inovar”. Teria que ser feito todo um trabalho de conscientização sobre os verdadeiros valores da Santa Missa, mas e quando a pessoa não tem formação nem base para discutir nesse nível, ou as pessoas simplesmente se recusam a escutar?
Fora que, muitas vezes, partir do princípio proibitivo seria uma indelicadeza, visto que algumas “pastorais litúrgicas” realmente depositam nesse trabalho a sua dedicação e devoção.
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Mesmo que, em algumas ocasiões especiais, tenha presenciado apresentações artísticas durante a Santa Missa, como uma peça de teatro encenada no Natal, isso não está correto. A Missa é um ato real em que Cristo Se oferece por nós em sacrifício ao Pai. É a Cruz tornada presente. Por isso, não há lugar para eventos que não apontem para essa realidade: uma encenação, por exemplo, passaria a idéia de tudo é mero símbolo, quando, na verdade, os símbolos da Missa indicam e refletem algo vivo, o sacrifício de Cristo.
As regras litúrgicas, por essa razão, não permitem que a Santa Missa seja interrompida. Se um coral deseja se apresentar, ou um grupo de atores quer representar o Evangelho, faça-se fora da Missa, antes ou depois dela. E, para que se utilize o recinto da igreja, cuide-se que o presbitério não seja usado como palco, respeitando o santuário, e também seja o pároco ou reitor extremamente zeloso de que não se faça algazarra no recinto sagrado.”
BRODBECK, Rafael Vitola: Principais regras litúrgicas desobedecidas no Brasil.
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“A Liturgia não é nunca propriedade do fiel, nem do celebrante, nem da comunidade. Não se trata de uma peça literária que se inventa. Ela compreende, com efeito, elementos permanentes que emanam do Redentor, como são os componentes essenciais dos Sacramentos, sendo que há, outrossim, elementos variáveis que são cuidadosamente transmitidos e conservados pela Igreja. Cumpre uma educação religiosa profunda para que toda a riqueza da linguagem litúrgica seja vivida em sua plenitude. (...) Eis por que toda teatralidade agride a participação plena e ativa do povo, impedindo que se colham frutos espirituais.”
CÔN. JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO: Iniciativas litúrgicas arbitrárias.
Minha expectativa neste artigo é exatamente discutir quais elementos, mesmo que não constem no missal, são “permitidos”, no sentido em que não exalte o simbolismo que destoe do sacrifício, e não transforme a missa em bagunça. A questão do teatro para mim está mais que esclarecida.
O outro problema é no nível prático, como cada um de nós pode ajudar a reverter esse quadro em sua paróquia local? Simplesmente mostrando o missal e dizendo que “não pode” não costuma funcionar, pois eles têm na cabeça que o Missal é só um instrumento, e que já está ultrapassado porque na época “ninguém pensava em inovar”. Teria que ser feito todo um trabalho de conscientização sobre os verdadeiros valores da Santa Missa, mas e quando a pessoa não tem formação nem base para discutir nesse nível, ou as pessoas simplesmente se recusam a escutar?
Fora que, muitas vezes, partir do princípio proibitivo seria uma indelicadeza, visto que algumas “pastorais litúrgicas” realmente depositam nesse trabalho a sua dedicação e devoção.
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.Dica de criatividade nº4: somente rapazes no acolitato.
O que não está nos livros litúrgicos é proibido. É um princípio das leis litúrgicas.
O único que pode constar da celebração, não havendo previsão nos livros, é algo que já venha de costume tradicional (tipo, uns duzentos anos): por exemplo, o sacerdote fazer sinal-da-cruz sobre a água antes de adicionar o vinho (não está prescrito, mas o costume vem do rito tridentino, que mandava fazer), ou o uso das luvas pontificais (não está prescrito, mas era o costume anterior etc).
Essas inovações ou “costumes” de dez, vinte anos, saídos de reuniões de equipes de liturgia, não são costumes legalmente falando, e, pois, não possuem força legal.
O único que pode constar da celebração, não havendo previsão nos livros, é algo que já venha de costume tradicional (tipo, uns duzentos anos): por exemplo, o sacerdote fazer sinal-da-cruz sobre a água antes de adicionar o vinho (não está prescrito, mas o costume vem do rito tridentino, que mandava fazer), ou o uso das luvas pontificais (não está prescrito, mas era o costume anterior etc).
Essas inovações ou “costumes” de dez, vinte anos, saídos de reuniões de equipes de liturgia, não são costumes legalmente falando, e, pois, não possuem força legal.
É aquele velho princípio. Ou é ou não é.
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O termo “cultura” aqui está sendo usado em sentido errado, pois nós temos a cultura romana. Acredito que o que se quis dizer é que o que o rito, em si, não é algo a que estamos acostumados. Ainda bem que não é! Se fosse um rito corriqueiro, algo que se parecesse com uma cerimônia qualquer, perderia o seu valor. Como levar as pessoas à plena consciência da grandeza da missa, se essa grandeza se destoa com os elementos corriqueiros inseridos? Além disso, mesmo que fosse verdade que o povo não pudesse ter um “movimento confortável”, isso não significa que seria incapaz de entender o que está acontecendo e de participar ativamente (assistindo) tão grande mistério.
Do Diretório Litúrgico para o ano de 2008, folheando suas instruções gerais é encontrado o seguinte texto:
“A liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os temas e problemas que afligem a comunidade. A liturgia 'não esgota toda a ação da Igreja' (Sacrossanctum Concilium, 9). Ele é, sim, 'o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana a sua força' (ib. 10).
A liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela 'não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe pertencem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos diferentes para a celebração, segundo as 'cores' da vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a luz do mistério pascal nas 'cores' diferentes da vida com seu mistério para o encontro da celebração domincal'. (Liturgia, 20 anos de caminhada pós-conciliar, Coleção estudos da CNBB, no. 42, pág. 80.)
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Para dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equipe de Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e subsídios oferecidos. Na missa, os 'temas' podem ser lembrados no início (recordação da vida), na homilia e nas preces dos fiéis.”
Grifos meus. Interessante notar que mesmo a CNBB, com todo o seu medo de pronunciar as palavras “sacrifício”, “rito”, como lhe é de costume, ela mesma admite que a liturgia é sagrada e intocável pela sua própria natureza. É um belo tapa na cara de muito padre e “agente de liturgia” que acha que pode fazer na missa o que quiser. Destaquei, no final, que eles citaram muito bem onde se pode ser introduzido algo que não é próprio do sacrifício em si: no comentário inicial (que não faz parte da missa afinal), na homilia e na oração dos fiéis.
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Objeção modernista: Nessa situação, o rito vale por si mesmo, sem se tornar ponte entre uma comunidade concreta e o mistério celebrado. Faltando abertura para a cultura da comunidade, para o seu perfil e seu jeito próprio de entender e assimilar a celebração, o rito se tornou uma camisa de força, que não admite um movimento confortável do povo celebrante.
Mas é claro que o rito vale por si mesmo! O rito é o próprio sacrifício de Cristo, que acontece quando o Sacerdote pronuncia as palavras da Ceia!
Ok, acredito que o que quando se quis dizer com “ponte” seja o fato de, embora o sacrifício existir, as pessoas não têm acesso a ele, não têm conhecimento do que está acontecendo. Isso é uma realidade. Mas não é preciso usurpar o rito para cultivar esse conhecimento entre o povo. Basta uma boa formação, coisa que o padre pode fazer inclusive na homilia da própria missa.
Ok, acredito que o que quando se quis dizer com “ponte” seja o fato de, embora o sacrifício existir, as pessoas não têm acesso a ele, não têm conhecimento do que está acontecendo. Isso é uma realidade. Mas não é preciso usurpar o rito para cultivar esse conhecimento entre o povo. Basta uma boa formação, coisa que o padre pode fazer inclusive na homilia da própria missa.
O termo “cultura” aqui está sendo usado em sentido errado, pois nós temos a cultura romana. Acredito que o que se quis dizer é que o que o rito, em si, não é algo a que estamos acostumados. Ainda bem que não é! Se fosse um rito corriqueiro, algo que se parecesse com uma cerimônia qualquer, perderia o seu valor. Como levar as pessoas à plena consciência da grandeza da missa, se essa grandeza se destoa com os elementos corriqueiros inseridos? Além disso, mesmo que fosse verdade que o povo não pudesse ter um “movimento confortável”, isso não significa que seria incapaz de entender o que está acontecendo e de participar ativamente (assistindo) tão grande mistério.
Do Diretório Litúrgico para o ano de 2008, folheando suas instruções gerais é encontrado o seguinte texto:
“A liturgia não pode se tornar lugar para discutir soluções e respostas para os temas e problemas que afligem a comunidade. A liturgia 'não esgota toda a ação da Igreja' (Sacrossanctum Concilium, 9). Ele é, sim, 'o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana a sua força' (ib. 10).
A liturgia não é primordialmente o lugar de evangelização e conscientização. Ela 'não pode ser aproveitada (usada) quase que exclusivamente para fins que não lhe pertencem. Pois seu objetivo é a celebração da presença viva do mistério da vida. Daí se poderá concluir também que a missa não tem tema. Ela é o tema! Existem coloridos diferentes para a celebração, segundo as 'cores' da vida da comunidade. Mas o único tema é sempre o mesmo na diversidade das situações: a luz do mistério pascal nas 'cores' diferentes da vida com seu mistério para o encontro da celebração domincal'. (Liturgia, 20 anos de caminhada pós-conciliar, Coleção estudos da CNBB, no. 42, pág. 80.)
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Para dar aos meses e dias temáticos o seu justo lugar, é importante que a Equipe de Pastoral Litúrgica prepare bem a celebração, não reproduzindo apenas folhetos e subsídios oferecidos. Na missa, os 'temas' podem ser lembrados no início (recordação da vida), na homilia e nas preces dos fiéis.”
Grifos meus. Interessante notar que mesmo a CNBB, com todo o seu medo de pronunciar as palavras “sacrifício”, “rito”, como lhe é de costume, ela mesma admite que a liturgia é sagrada e intocável pela sua própria natureza. É um belo tapa na cara de muito padre e “agente de liturgia” que acha que pode fazer na missa o que quiser. Destaquei, no final, que eles citaram muito bem onde se pode ser introduzido algo que não é próprio do sacrifício em si: no comentário inicial (que não faz parte da missa afinal), na homilia e na oração dos fiéis.
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Objeção modernista: Podemos fazer muitas coisas que se inserem nessa área, pois dentro da liturgia há muito espaço para a criatividade, desde que submetida a um rigor litúrgico, e que toda a liturgia siga num mesmo tom. Ou seja, sem oscilações, sendo suave do início ao fim!
A Liturgia não é a mesma em todo o mundo, e quem pensar que em todos os lugares a a liturgia deve ser igual a de Roma, está tremendamente enganado.
Suporte para a objeção: Sacrosanctum Concilium:
A adaptação da Igreja
37. Não é desejo da Igreja impor, nem mesmo na Liturgia , a não ser quando está em causa a fé e o bem de toda a comunidade, uma forma única e rígida, mas respeitar e procurar desenvolver as qualidades e dotes de espírito das várias raças e povos . A Igreja considera com benevolência tudo o que nos seus costumes não está indissoluvelmente ligado a superstições e erros, e, quando é possível, mantém-nos inalterável, por vezes chega a aceitá-lo na Liturgia, se se harmoniza com o verdadeiro e autêntico espírito litúrgico.
A Sacrosanctum Concilium em nenhum momento autoriza esse tipo de criatividade. A sadia liberdade está na escolha de uma dentre várias possibilidades, quando expressas no Missal.
Inventar coisas, criar ritos, inserir elementos na Missa, não é autorizado.
O rito romano deve ter sua unidade substancial preservada.
Aliás, não conheço nenhum documento que cite a palavra “criatividade”, que pressupõe adaptarmos à Missa ao nosso bel prazer, mas sim inculturação, e cultura não é modismo nem invencionice, é tradição milenar.
Eles tem toda razão quando diz que a liturgia não é a mesma em todas as partes do mundo. E os diferentes ritos apovados pela Santa Sé só são diferentes por essa mesma inculturação, que é milenar, está no mais profundo da raiz da civilização, e por isso é perfeitalmente lícito à liturgia.
Ademais, elementos novos pressupõem um rito novo. Não pode haver alterações dentro de um mesmo rito.
Ninguém negou o número 38. Mas a inculturação legítima é só aquela autorizada pela Santa Sé (como o uso zairense do rito romano, por exemplo), não essas caricaturas que vemos por aí (Missa afro, Missa crioula).
O documento conciliar não previu que os padres pudessem celebrar missas como quiserem, mas sim que se preparassem rubricas diferentes em determinados casos.
A criatividade na Liturgia é muito bem-vinda, na ornamentação do espaço celebrativo, na escolha do repertório, na confecção dos paramentos, nos momentos de silêncio devidamente preparados. Daí a sair “inculturando” o Santo Sacrifício ao bel-prazer de qualquer comunidade é um passo longo e abusivo.
Se pegarem o Missal Romano, irão constatar que sim, a liturgia pode ser adaptada a mudanças a serem decididas pelo ordinário e pelas conferências episcopais locais. Todas estão previstas pelo próprio missal. Se o missal não pressupõe as adaptações, estas não podem ser feitas.
Alguns exemplos tirados do próprio Missal:
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“26. [A respeito do canto de entrada] (...) Pode-se usar a antífona com seu salmo, do Gradual Romano ou Gradual Simples, ou então outro canto condizente com a ação sagrada e com a índole do dia ou do tempo, cujo texto tenha sido aprovado pela Conferência Episcopal. (...)
30. [A respeito do Ato Penitencial] (...) Via de regra, cada aclamação é repetida duas vezes, não se excluindo, porém, por causa da índole das diversas línguas ou da música e das ciscunstâncias, um número maior de repetições ou a intercalação de um breve tropo. (...)
36. [a respeito do Salmo Responsorial] (...) O salmo geralmente é tirado do Lecionário, pois cada um de seus textos se acha diretamente ligado à respectiva leitura; assim a escolha do salmo depende das leituras. Mas, para que o povo possa mais facilmente recitar o refrão salmódico, foram escolhidos alguns textos de responsórios e de salmos para os diversos tempos do ano e as várias categorias de Santos, que poderão ser empregados em lugar do texto correspondente à leitura, sempre que o salmo é cantado. (...)
38. item a) no tempo em que se diz o Aleluia, pode haver um salmo aleluiático, ou um salmo e o Aleluia, com seu versículo, ou então apenas um salmo ou o Aleluia.
56. item e) [a respeito do Cordeiro de Deus] (...) pode-se repetir essa invocação quantas vezes for necessário, terminando-se sempre com as palavras dai-nos a paz;
Item b) (...) quanto ao próprio rito da paz, seja estabelecido pelas Conferências Episcopais, de acordo com a índole e os costumes dos povos, o modo de realizá-lo.”
Coisas desse tipo são suscetíveis a mudança e a escolhas.
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Diz: Torna-se cada vez mais perceptível o pavoroso empobrecimento que se manifesta onde se expulsou a beleza, sujeitando-se apenas ao útil.
A experiência tem demonstrado que a limitação apenas à categoria do "compreensível para todos' não tornou as liturgias realmente mais compreensíveis, mais abertas, somente as fez mais pobres.
Liturgia 'simples' não significa mísera ou reles: existe a simplicidade que provém do banal e uma outra que deriva da riqueza espiritual, cultural e histórica".
"Também nisso", continua ele, "deixou-se de lado a grande música da Igreja em nome da 'participação ativa', mas essa 'participação' não pode, talvez, significar também o perceber com o espírito, com os sentidos?
Não existe nada de 'ativo' no intuir, no perceber, no comover-se?
Não há, aqui, um diminuir o homem, reduzindo-o apenas à expressão oral, exatamente quando sabemos que aquilo que existe em nós de racionalmente consciente e que emerge à superfície é apenas a ponta de um iceberg, com relação ao que é a nossa totalidade?
Questionar tudo isso não significa, evidentemente, opor-se ao esforço para fazer cantar todo o povo, opor-se à 'música utilitária'.
Significa opor-se a um exclusivismo (somente tal música), não justificado nem pelo Concílio nem pelas necessidades pastorais.”
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A Liturgia não é a mesma em todo o mundo, e quem pensar que em todos os lugares a a liturgia deve ser igual a de Roma, está tremendamente enganado.
Suporte para a objeção: Sacrosanctum Concilium:
A adaptação da Igreja
37. Não é desejo da Igreja impor, nem mesmo na Liturgia , a não ser quando está em causa a fé e o bem de toda a comunidade, uma forma única e rígida, mas respeitar e procurar desenvolver as qualidades e dotes de espírito das várias raças e povos . A Igreja considera com benevolência tudo o que nos seus costumes não está indissoluvelmente ligado a superstições e erros, e, quando é possível, mantém-nos inalterável, por vezes chega a aceitá-lo na Liturgia, se se harmoniza com o verdadeiro e autêntico espírito litúrgico.
A Sacrosanctum Concilium em nenhum momento autoriza esse tipo de criatividade. A sadia liberdade está na escolha de uma dentre várias possibilidades, quando expressas no Missal.
Inventar coisas, criar ritos, inserir elementos na Missa, não é autorizado.
O rito romano deve ter sua unidade substancial preservada.
Aliás, não conheço nenhum documento que cite a palavra “criatividade”, que pressupõe adaptarmos à Missa ao nosso bel prazer, mas sim inculturação, e cultura não é modismo nem invencionice, é tradição milenar.
Eles tem toda razão quando diz que a liturgia não é a mesma em todas as partes do mundo. E os diferentes ritos apovados pela Santa Sé só são diferentes por essa mesma inculturação, que é milenar, está no mais profundo da raiz da civilização, e por isso é perfeitalmente lícito à liturgia.
Ademais, elementos novos pressupõem um rito novo. Não pode haver alterações dentro de um mesmo rito.
Ninguém negou o número 38. Mas a inculturação legítima é só aquela autorizada pela Santa Sé (como o uso zairense do rito romano, por exemplo), não essas caricaturas que vemos por aí (Missa afro, Missa crioula).
O documento conciliar não previu que os padres pudessem celebrar missas como quiserem, mas sim que se preparassem rubricas diferentes em determinados casos.
A criatividade na Liturgia é muito bem-vinda, na ornamentação do espaço celebrativo, na escolha do repertório, na confecção dos paramentos, nos momentos de silêncio devidamente preparados. Daí a sair “inculturando” o Santo Sacrifício ao bel-prazer de qualquer comunidade é um passo longo e abusivo.
Se pegarem o Missal Romano, irão constatar que sim, a liturgia pode ser adaptada a mudanças a serem decididas pelo ordinário e pelas conferências episcopais locais. Todas estão previstas pelo próprio missal. Se o missal não pressupõe as adaptações, estas não podem ser feitas.
Alguns exemplos tirados do próprio Missal:
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“26. [A respeito do canto de entrada] (...) Pode-se usar a antífona com seu salmo, do Gradual Romano ou Gradual Simples, ou então outro canto condizente com a ação sagrada e com a índole do dia ou do tempo, cujo texto tenha sido aprovado pela Conferência Episcopal. (...)
30. [A respeito do Ato Penitencial] (...) Via de regra, cada aclamação é repetida duas vezes, não se excluindo, porém, por causa da índole das diversas línguas ou da música e das ciscunstâncias, um número maior de repetições ou a intercalação de um breve tropo. (...)
36. [a respeito do Salmo Responsorial] (...) O salmo geralmente é tirado do Lecionário, pois cada um de seus textos se acha diretamente ligado à respectiva leitura; assim a escolha do salmo depende das leituras. Mas, para que o povo possa mais facilmente recitar o refrão salmódico, foram escolhidos alguns textos de responsórios e de salmos para os diversos tempos do ano e as várias categorias de Santos, que poderão ser empregados em lugar do texto correspondente à leitura, sempre que o salmo é cantado. (...)
38. item a) no tempo em que se diz o Aleluia, pode haver um salmo aleluiático, ou um salmo e o Aleluia, com seu versículo, ou então apenas um salmo ou o Aleluia.
56. item e) [a respeito do Cordeiro de Deus] (...) pode-se repetir essa invocação quantas vezes for necessário, terminando-se sempre com as palavras dai-nos a paz;
Item b) (...) quanto ao próprio rito da paz, seja estabelecido pelas Conferências Episcopais, de acordo com a índole e os costumes dos povos, o modo de realizá-lo.”
Coisas desse tipo são suscetíveis a mudança e a escolhas.
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.Dica para criatividade nº 5: arranjo beneditino.
Ainda outros exemplos:
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“283. (...) Contudo, quanto ao modo de distribuir a sagrada Comunhão sob as duas espécies aos fiéis, e à extensão da faculdade, as Conferências dos Bispos podem baixar normas, a serem reconhecidas pela Sé Apostólica.
342. Quanto à forma das vestes sagradas, as Conferências dos Bispos podem definir e propor à Sé Apostólica as adaptações que correspondam às necessidades e costumes da região.
346. item g) (...) No que se refere às cores litúrgicas, as Conferências dos Bispos podem determinar e propor à Sé Apostólica adaptações que correspondam à necessidades e ao caráter de cada povo.
362. Além das faculdades de escolher textos mais apropriados, conforme foi exposto acima, dá-se às Conferências dos Bispos, em circunstâncias peculiares, a faculdade de indicar algumas adaptações relativas às leituras, mantendo-se, no entanto, o princípio de que os textos sejam escolhidos do lecionário devidamente aprovado.
390. Compete às Conferências dos Bispos definir as adaptações, e introduzi-las no próprio Missal, com a aprovação da Sé Apostólica, pontos indicados nesta Instrução geral e no Ordinário da Missa, como:
- gestos e posições do corpo dos fiéis (cf. acima, n. 43);
- gestos de veneração ao altar e ao Evangeliário (cf. acima, n. 273);
- textos dos cantos da Entrada, da Preparação das oferendas e da Comunhão (cf. acima, n. 48, 74 e 87);
- a escolha de leituras da Sagrada Escritura a serem usadas em circunstâncias peculiares (cf. acima, n. 362);
- a forma de dar a paz (cf. acima, n. 82);
- o modo de receber a sagrada Comunhão (cf. acima, n. 160 e 283);
- o material para a confecção do altar e das sagradas alfaias, sobretudo dos vasos sagrados, bem como a forma e a cor das vestes litúrgicas (cf. acima, n. 301, 326, 329, 339, 342-346).”
Essas alterações estão contidas nas notas de rodapé dos missais. É só conferir.
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.“A par destas luzes, não faltam sombras, infelizmente.
De facto, há lugares onde se verifica um abandono quase completo do culto de adoração eucarística.
Num contexto eclesial ou outro, existem abusos que contribuem para obscurecer a recta fé e a doutrina católica acerca deste admirável sacramento.
Às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa.
Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que assenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio.
Aparecem depois, aqui e além, iniciativas ecuménicas que, embora bem intencionadas, levam a práticas na Eucaristia contrárias à disciplina que serve à Igreja para exprimir a sua fé.
Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto?
A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções.”
João Paulo II
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CARTA ENCÍCLICA ECCLESIA DE EUCHARISTIA
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“283. (...) Contudo, quanto ao modo de distribuir a sagrada Comunhão sob as duas espécies aos fiéis, e à extensão da faculdade, as Conferências dos Bispos podem baixar normas, a serem reconhecidas pela Sé Apostólica.
342. Quanto à forma das vestes sagradas, as Conferências dos Bispos podem definir e propor à Sé Apostólica as adaptações que correspondam às necessidades e costumes da região.
346. item g) (...) No que se refere às cores litúrgicas, as Conferências dos Bispos podem determinar e propor à Sé Apostólica adaptações que correspondam à necessidades e ao caráter de cada povo.
362. Além das faculdades de escolher textos mais apropriados, conforme foi exposto acima, dá-se às Conferências dos Bispos, em circunstâncias peculiares, a faculdade de indicar algumas adaptações relativas às leituras, mantendo-se, no entanto, o princípio de que os textos sejam escolhidos do lecionário devidamente aprovado.
390. Compete às Conferências dos Bispos definir as adaptações, e introduzi-las no próprio Missal, com a aprovação da Sé Apostólica, pontos indicados nesta Instrução geral e no Ordinário da Missa, como:
- gestos e posições do corpo dos fiéis (cf. acima, n. 43);
- gestos de veneração ao altar e ao Evangeliário (cf. acima, n. 273);
- textos dos cantos da Entrada, da Preparação das oferendas e da Comunhão (cf. acima, n. 48, 74 e 87);
- a escolha de leituras da Sagrada Escritura a serem usadas em circunstâncias peculiares (cf. acima, n. 362);
- a forma de dar a paz (cf. acima, n. 82);
- o modo de receber a sagrada Comunhão (cf. acima, n. 160 e 283);
- o material para a confecção do altar e das sagradas alfaias, sobretudo dos vasos sagrados, bem como a forma e a cor das vestes litúrgicas (cf. acima, n. 301, 326, 329, 339, 342-346).”
Essas alterações estão contidas nas notas de rodapé dos missais. É só conferir.
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.“A par destas luzes, não faltam sombras, infelizmente.
De facto, há lugares onde se verifica um abandono quase completo do culto de adoração eucarística.
Num contexto eclesial ou outro, existem abusos que contribuem para obscurecer a recta fé e a doutrina católica acerca deste admirável sacramento.
Às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa.
Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que assenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio.
Aparecem depois, aqui e além, iniciativas ecuménicas que, embora bem intencionadas, levam a práticas na Eucaristia contrárias à disciplina que serve à Igreja para exprimir a sua fé.
Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto?
A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções.”
João Paulo II
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CARTA ENCÍCLICA ECCLESIA DE EUCHARISTIA
“Palavras do então Cardeal Ratzinger extraídas do livro “A Fé em crise? O Cardeal Ratzinger se interroga”, no qual este foi entrevistado pelo jornalista italiano Vittorio Messori. São palavras do capítulo IX (“Liturgia, entre o antigo e o novo”), pp. 95-97:
Diz: Torna-se cada vez mais perceptível o pavoroso empobrecimento que se manifesta onde se expulsou a beleza, sujeitando-se apenas ao útil.
A experiência tem demonstrado que a limitação apenas à categoria do "compreensível para todos' não tornou as liturgias realmente mais compreensíveis, mais abertas, somente as fez mais pobres.
Liturgia 'simples' não significa mísera ou reles: existe a simplicidade que provém do banal e uma outra que deriva da riqueza espiritual, cultural e histórica".
"Também nisso", continua ele, "deixou-se de lado a grande música da Igreja em nome da 'participação ativa', mas essa 'participação' não pode, talvez, significar também o perceber com o espírito, com os sentidos?
Não existe nada de 'ativo' no intuir, no perceber, no comover-se?
Não há, aqui, um diminuir o homem, reduzindo-o apenas à expressão oral, exatamente quando sabemos que aquilo que existe em nós de racionalmente consciente e que emerge à superfície é apenas a ponta de um iceberg, com relação ao que é a nossa totalidade?
Questionar tudo isso não significa, evidentemente, opor-se ao esforço para fazer cantar todo o povo, opor-se à 'música utilitária'.
Significa opor-se a um exclusivismo (somente tal música), não justificado nem pelo Concílio nem pelas necessidades pastorais.”
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.Dica de criatividade nº6: estacional versus Deum
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Este assunto da música sacra, percebida também como símbolo da presença da beleza “gratuita” na Igreja, é particularmente importante para Joseph Ratzinger, que lhe dedicou páginas vibrantes:
“Uma Igreja que se limite apenas a fazer música “corrente” cai na incapacidade e torna-se, ela mesma, incapaz. A Igreja tem o dever de ser também “cidade da glória”, lugar em que se reúnem e se elevam aos ouvidos de Deus as vozes mais profundas da humanidade. A Igreja não pode se satisfazer apenas com o ordinário, com o usual, deve reavivar a voz do cosmos, glorificando o Criador e revelando ao próprio cosmos a sua magnificência, tornando-o belo, habitável e humano”.
O reconhecimento das dificuldades objetivas não lhe impede defender apaixonadamente não apenas a música, mas a arte cristã em geral e sua função de reveladora da verdade: A única, a verdadeira apologia do cristianismo pode se reduzir a dois argumentos: os santos que a Igreja produziu e a arte que germinou em seu seio.
O Senhor torna-se crível pela magnificência da santidade e da arte, que explodem dentro da comunidade crente, mais do que pelas astutas escapatórias que a apologética elaborou para justificar os lados obscuros de que abundam, infelizmente, os acontecimentos humanos da Igreja.
Se a Igreja, portanto, deve continuar a converter, a humanizar o mundo, como pode, na sua liturgia, renunciar à beleza, que é unida de modo inseparável ao amor e, ao mesmo tempo, ao esplendor da Ressurreição? Não, os cristãos não devem se contentar facilmente, devem continuar fazendo de sua Igreja o lar do belo, portanto do verdadeiro, sem o que o mundo se torna o primeiro círculo do inferno.”
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Mudanças somente conforme adaptações aprovadas pelas conferências Episcopais e previstas no Missal! E também igualmente aprovadas pela Santa Sé. CNBB sozinha não tem autonomia para nada. Nada!
O Missal prevê a cruz processional, mas não uma encenação do evangelho. Alías, a própria CNBB anda rejeitando essas práticas, reconhecendo que missa não tem tema, ela É o tema, e não deve se utilizar de simbolismos apelativos. A liberdade par adaptações não descritas no missal podem ser utilizadas no comentário inicial, na homilia e na oração dos fiéis, e ainda assim com moderação.
A SC apóia e estimula o canto gregoriano, e permite o popular.
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Falsificar a Liturgia é que nunca dará fruto algum para as almas, seja de crianças, adultos ou de quem for.
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Uma sadia criatividade saberá desenvolver com fruto diversas inovações possíveis como: saudação espontânea aos presentes, em particular aos visitantes ou novos membros da comunidade que se apresentam; a categorias específicas, conforme as circunstâncias (jovens, casais, mães, etc.), seguida eventualmente por um breve canto de boas vindas.
Canto de Boas-vindas! Certo.
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Existe a possibilidade de o rito penitencial integrar ou ser complementado por cantos populares de caráter penitencial, refrões variados, atitudes corporais (inclinar-se, ajoelhar-se, erguer as mãos em súplica, bater no peito, fechar os olhos, colocar a mão no coração, etc.), símbolos (objetos ou gestos), bem como de elementos visuais (cartazes, slides...) que se julgarem mais aptos para externar os sentimentos de penitência e de conversão.
Errado. A própria CNBB insiste para que os únicos cantos penitenciais sejam apenas vertentes musicalizadas das fórmulas previstas no Missal. Por sinal, existem muitas e muitas para cada tempo litúrgico, sendo possível, portanto, uma vasta possibilidade de escolha. Até a RCC está seguindo essas diretrizes.
Ah, e cartazes e slides no Santo Sacrifício. Certo.
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Ocasionalmente, o gesto facultativo da saudação poderá ser realizado em outro momento da celebração: por exemplo nos ritos de entrada da Missa, como saudação fraterna; no ato penitencial em sinal de reconciliação; após a homilia ou antes da apresentação das oferendas, também como, perdão das ofensas ou, se deixado para o fim da Missa, como gesto de despedida ou cumprimento ( pêsames, parabéns, etc.).
Invencionice de Ione Buyst e companhia limitada. Transpor momentos do rito para outros momentos não é permitido, pois acaba tirando o caráter pleno dos ritos vizinhos (muito sentimentalismo no Ato Penitencial, muita farra na Entrada, etc. No final, a missa já acabou, então não tem tanto problema assim. Mas lembrando que ainda estamos em solo sagrado e eucarístico.
.“Pastoral da liturgia”: grupo encarregado de decidir qual página do Missal irão rasgar em determinada Missa e votar qual documento sobre liturgia será desobedecido dessa vez.
Não é preciso pastoral ou equipe alguma. O que é pra ser feito está no Missal. O resto é invenção.
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“21. A santa mãe Igreja, para permitir ao povo cristão um acesso mais seguro à abundância de graça que a Liturgia contém, deseja fazer uma acurada reforma geral da mesma Liturgia. Na verdade, a Liturgia compõe-se duma parte imutável, porque de instituição divina, e de partes suscetíveis de modificação, as quais podem e devem variar no decorrer do tempo, se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que não correspondam tão bem à natureza íntima da Liturgia ou se tenham tornado menos apropriados. ”
Olha só que interessante. E o que a má vontade não faz para distorcer um texto a nosso favor. Leiam o que está escrito acima com atenção.
Primeiro, destaco que o documento fala de variações “no decorrer do tempo”, ou seja, variações naturais, não invencionices, modismos, mas sim uma verdadeira inculturação, que passa a se coadunar de forma harmoniosa com o sentido do Santo Sacrifício.
Em segundo lugar, coloco a parte mais interessante, que mais me chamou a atenção: o texto diz que mudanças devem ser feitas “se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que não correspondam tão bem à natureza da Liturgia”. Ou seja, o que o SC defende nesse parágrafo é exatamente a mudança contra os abusos e as invencionices, e os elementos que destoam o sacrifício. Nesse sentido, o rito, evidentemente, pode e deve passar por uma “purificação”, uma volta às origens, ao simples.
Ler com atenção não faz mal a ninguém.
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“Uma Igreja que se limite apenas a fazer música “corrente” cai na incapacidade e torna-se, ela mesma, incapaz. A Igreja tem o dever de ser também “cidade da glória”, lugar em que se reúnem e se elevam aos ouvidos de Deus as vozes mais profundas da humanidade. A Igreja não pode se satisfazer apenas com o ordinário, com o usual, deve reavivar a voz do cosmos, glorificando o Criador e revelando ao próprio cosmos a sua magnificência, tornando-o belo, habitável e humano”.
O reconhecimento das dificuldades objetivas não lhe impede defender apaixonadamente não apenas a música, mas a arte cristã em geral e sua função de reveladora da verdade: A única, a verdadeira apologia do cristianismo pode se reduzir a dois argumentos: os santos que a Igreja produziu e a arte que germinou em seu seio.
O Senhor torna-se crível pela magnificência da santidade e da arte, que explodem dentro da comunidade crente, mais do que pelas astutas escapatórias que a apologética elaborou para justificar os lados obscuros de que abundam, infelizmente, os acontecimentos humanos da Igreja.
Se a Igreja, portanto, deve continuar a converter, a humanizar o mundo, como pode, na sua liturgia, renunciar à beleza, que é unida de modo inseparável ao amor e, ao mesmo tempo, ao esplendor da Ressurreição? Não, os cristãos não devem se contentar facilmente, devem continuar fazendo de sua Igreja o lar do belo, portanto do verdadeiro, sem o que o mundo se torna o primeiro círculo do inferno.”
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Mudanças somente conforme adaptações aprovadas pelas conferências Episcopais e previstas no Missal! E também igualmente aprovadas pela Santa Sé. CNBB sozinha não tem autonomia para nada. Nada!
O Missal prevê a cruz processional, mas não uma encenação do evangelho. Alías, a própria CNBB anda rejeitando essas práticas, reconhecendo que missa não tem tema, ela É o tema, e não deve se utilizar de simbolismos apelativos. A liberdade par adaptações não descritas no missal podem ser utilizadas no comentário inicial, na homilia e na oração dos fiéis, e ainda assim com moderação.
A SC apóia e estimula o canto gregoriano, e permite o popular.
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Falsificar a Liturgia é que nunca dará fruto algum para as almas, seja de crianças, adultos ou de quem for.
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Objeção modernista: Doc 43 da CNBB
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Serve muito bem para papel higiênico.
Não troco a Ecclesia de Eucharistia, a Redemptionis Sacramentum, a Mediator Dei e a tradição litúrgica ocidental por nenhum documentozinho sem autoridade, ainda que assinado por meia dúzia de Bispos (que têm o meu respeito e minha obediência, mas também a minha reverente discordância quando extrapolam sua missão ou dizem algo diferente do que Roma determina).
Não troco a Ecclesia de Eucharistia, a Redemptionis Sacramentum, a Mediator Dei e a tradição litúrgica ocidental por nenhum documentozinho sem autoridade, ainda que assinado por meia dúzia de Bispos (que têm o meu respeito e minha obediência, mas também a minha reverente discordância quando extrapolam sua missão ou dizem algo diferente do que Roma determina).
Uma sadia criatividade saberá desenvolver com fruto diversas inovações possíveis como: saudação espontânea aos presentes, em particular aos visitantes ou novos membros da comunidade que se apresentam; a categorias específicas, conforme as circunstâncias (jovens, casais, mães, etc.), seguida eventualmente por um breve canto de boas vindas.
Canto de Boas-vindas! Certo.
;
Existe a possibilidade de o rito penitencial integrar ou ser complementado por cantos populares de caráter penitencial, refrões variados, atitudes corporais (inclinar-se, ajoelhar-se, erguer as mãos em súplica, bater no peito, fechar os olhos, colocar a mão no coração, etc.), símbolos (objetos ou gestos), bem como de elementos visuais (cartazes, slides...) que se julgarem mais aptos para externar os sentimentos de penitência e de conversão.
Errado. A própria CNBB insiste para que os únicos cantos penitenciais sejam apenas vertentes musicalizadas das fórmulas previstas no Missal. Por sinal, existem muitas e muitas para cada tempo litúrgico, sendo possível, portanto, uma vasta possibilidade de escolha. Até a RCC está seguindo essas diretrizes.
Ah, e cartazes e slides no Santo Sacrifício. Certo.
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Ocasionalmente, o gesto facultativo da saudação poderá ser realizado em outro momento da celebração: por exemplo nos ritos de entrada da Missa, como saudação fraterna; no ato penitencial em sinal de reconciliação; após a homilia ou antes da apresentação das oferendas, também como, perdão das ofensas ou, se deixado para o fim da Missa, como gesto de despedida ou cumprimento ( pêsames, parabéns, etc.).
Invencionice de Ione Buyst e companhia limitada. Transpor momentos do rito para outros momentos não é permitido, pois acaba tirando o caráter pleno dos ritos vizinhos (muito sentimentalismo no Ato Penitencial, muita farra na Entrada, etc. No final, a missa já acabou, então não tem tanto problema assim. Mas lembrando que ainda estamos em solo sagrado e eucarístico.
.“Pastoral da liturgia”: grupo encarregado de decidir qual página do Missal irão rasgar em determinada Missa e votar qual documento sobre liturgia será desobedecido dessa vez.
Não é preciso pastoral ou equipe alguma. O que é pra ser feito está no Missal. O resto é invenção.
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Dica de criatividade nº8: canto gregoriano
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Acho que é um momento oportuno para analisarmos com um pouco mais de rigor o que a Sacrossanctum Conciluim diz a esse respeito:.
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“21. A santa mãe Igreja, para permitir ao povo cristão um acesso mais seguro à abundância de graça que a Liturgia contém, deseja fazer uma acurada reforma geral da mesma Liturgia. Na verdade, a Liturgia compõe-se duma parte imutável, porque de instituição divina, e de partes suscetíveis de modificação, as quais podem e devem variar no decorrer do tempo, se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que não correspondam tão bem à natureza íntima da Liturgia ou se tenham tornado menos apropriados. ”
Olha só que interessante. E o que a má vontade não faz para distorcer um texto a nosso favor. Leiam o que está escrito acima com atenção.
Primeiro, destaco que o documento fala de variações “no decorrer do tempo”, ou seja, variações naturais, não invencionices, modismos, mas sim uma verdadeira inculturação, que passa a se coadunar de forma harmoniosa com o sentido do Santo Sacrifício.
Em segundo lugar, coloco a parte mais interessante, que mais me chamou a atenção: o texto diz que mudanças devem ser feitas “se porventura se tiverem introduzido nelas elementos que não correspondam tão bem à natureza da Liturgia”. Ou seja, o que o SC defende nesse parágrafo é exatamente a mudança contra os abusos e as invencionices, e os elementos que destoam o sacrifício. Nesse sentido, o rito, evidentemente, pode e deve passar por uma “purificação”, uma volta às origens, ao simples.
Ler com atenção não faz mal a ninguém.
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Objeção modernista: “A diferença entre o catolicismo dos clérigos e o catolicismo popular consiste apenas nisto, que os clérigos imaginam que seu cristianismo é puro e o único verdadeiramente autêntico, e os outros não têm a problemática de ortodoxia, nem de autenticidade. Na realidade, existem apenas diferentes sistemas de tradução do cristianismo em condições concretas de vivência humana. As formas populares merecem tanto respeito quanto às formas oficiais. A conversão ao cristianismo não se fará por imposição a todos de um cristianismo oficial definido a priori pelos clérigos e sim pelo contato renovado com o Evangelho que cada um firma dentro de suas próprias estruturas.”
COMBLIN, J. Revista Eclesiástica Brasileira, 1968. p. 46-73.
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COMBLIN, J. Revista Eclesiástica Brasileira, 1968. p. 46-73.
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Responde o confrade Rafael Vitola Brodback, do Domestica Ecclesia:
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“Catolicismo popular nada tem a ver com desrespeito às rubricas e às normas litúrgicas.
Aliás, quem tentou acabar com a piedade popular em nome de um falso liturgicismo foi justamente a TL. Agora, o catolicismo popular presta, é?
Não. A questão é que o que eles chamam de catolicismo popular NÃO é catolicismo popular.
Ah, e Comblin eu gosto: com batatas!
Os padres são obrigados a implantar a dita “inculturação”?
Depende do que se entende por isso.
Se, por inculturação, entendes uma adaptação progressiva, harmônica, sem ferir a unidade do rito, levada a cabo pelos Bispos, com autorização da Santa Sé, ela acaba atingindo todo um território, e é uma coisa boa.
Agora, se por inculturação estás falando de “Missas afro”, “Missas crioulas”, “Missas sertanejas” e outras aberrações rituais, bem, aí não só não são obrigados, como são proibidos!
Bem, a dança é incompatível com o sentido de religiosidade de nossa cultura romana. Um caso de verdadeira e harmônica inculturação com dança é o uso zairense do rito romano, como praticado no Congo, onde a Santa Sé EXPLICITAMENTE aprovou a utilização de uma dança ritual que era própria da cultura deles. Na cultura ocidental, porém, que é a mesma em que se inseriram os negros e índios brasileiros (foram evangelizados com o rito romano e nele seus bisavós, avós e pais viveram e praticaram sua fé), a dança não tem função religiosa. Por isso, é estranha sua incorporação.
É por isso que danças, palmas e ofertórios esquisitos NÃO são inculturação no Brasil.
E ninguém pode ser obrigado a isso. Aliás, são obrigados justamente ao contrário!
Em tempo: inculturação correta só vi no Brasil em um exemplo! É o rito alternativo do Matrimônio, aprovado pela Santa Sé.
Esse rito alternativo pode ser usado se os noivos quiserem. Eu, particularmente, acho feio, mas não é algo contrário à fé e à mentalidade católica.
Trata-se, basicamente, da eliminação dos plurais majestáticos na forma, da procissão de entrada da noiva separada do noivo (como vemos, ordinariamente, mas não é assim que está no Ritual Romano), e de outras fórmulas para determinadas bênçãos.
Essa inculturação é tão boa que foi aproveitado um dos seus elementos (procissão de entrada da noiva separada do noivo) para uso no rito romano primário, reconhecendo, oficialmente, o que na prática já se fazia no Brasil há anos.
Outra boa adaptação é o uso de determinados instrumentos, desde que não firam o senso litúrgico.
Um pequeno desenvolvimento de algumas coisas, tendo por base a bizarrice da “Missa crioula”.
O “rito crioulo” é artificial porque cria elementos não presentes em nenhum outro rito e completamente destoante até mesmo da espiritualidade católica tradicional. Não usa uma linguagem adequada para a liturgia também. De outra sorte, nem mesmo atende a um legítimo anseio do povo gaúcho: tradicional por tradicional (que é o que esse rito pretende ser), a forma extraordinária do rito romano é muito mais.
Além disso, ele não se pretende outro rito, mas uma variação do rito romano, ou um rito romano inculturado. Entretanto, o próprio Vaticano II - como bem recordava João Paulo II - só permitiu a inculturação litúrgica salvaguardada a unidade substancial do rito romano. Esse rito crioulo, de romano não tem nada (nada mesmo!), e, se é um rito novo, só poderia ser "criado" a partir de desenvolvimento litúrgico (o que não se faz, ademais, de uma hora para outra; desenvolvimento supõe anos, décadas, séculos). Outrossim, só quem pode criar ou reformar ritos é o Papa.
Além disso, é de um mau gosto horrível! Até pela estética desse rito se poderia criticá-lo!
Essa mania de ter tudo “à moda crioula” é um deboche da verdadeira tradição.
Gaúcho que anda pilchado usa pilcha mais contemporânea, não uma “roupa típica do século XIX”: ninguém anda na rua fantasiado de gaúcho antigo (só se usa isso em apresentações artísticas de grupos que preservam o folclore gaúcho, os chamados CTGs). A pilcha que o homem do campo usa não é a pilcha do seu antepassado: e os homens da cidade que gostam das coisas do Sul também se pilcham como se estivéssemos na Revolução Farroupilha. Se assim o fosse, não seria pilcha, mas fantasia...
É o mesmo raciocínio para a “Missa crioula”. Uma caricatura da verdadeira tradição gaúcha.
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Nos ritos orientais, por sua vez, é justo o que é exuberante a característica de sua mentalidade. Assim, natural que os siríacos, os maronitas, os bizantinos, os armênios, tenham liturgias mais longas, com mais incenso, com palavras mais rebuscadas, com vestes mais esplendorosas, que, para nós, soaria como culturalmente exagerado.
Assim, o que se vê é que se um “rito crioulo” pudesse existir, ele deveria incorporar o ethos gaúcho, não simplesmente jogar termos e costumes regionais da pampa para dentro da celebração.
Claro que ele nasceria primeiro não como um rito próprio, mas como uma adaptação do rito romano para uso local e eventual, e, aos poucos, poderia ir aumentando sua influência a ponto de, COM OS SÉCULOS, se formar um novo rito, autônomo. Ainda assim, seria, repito, o ethos, a mentalidade do gaúcho, que ajudaria no nascedouro e no desenvolvimento desse hipotético rito.
O que vemos com a “Missa crioula” e com essa eventual “Oração Eucarística crioula” seria simplesmente uma adaptação das formas romanas a uma linguagem campeira. Aliás, estereotipada.
Muito melhor é que aquilo que está na alma do gaúcho (sua bravura, seu gosto pela guerra, sua característica mais sisuda e menos “calorosa” do que o restante do país, seu amor pela ordem, seu gosto pela liberdade etc) é que vá, aos poucos, formando um “jeito” de celebrar o rito, e isso, aos poucos, se vá desenvolvendo. Não vejo agora nenhum exemplo, mas também acho que os primeiros cristãos romanos não tinham eles a mão se para eles lhes fosse indagado como formar um “rito romano”.
Outra coisa que se poderia pensar, em hipótese, seria como incorporar a tradição musical gaúcha, SEM PERDER A ESTÉTICA PRÓPRIA DA LITURGIA, no rito. Assim, embora o rito da “Missa criuola” do MTG seja um fiasco, a obra musical “Misa criolla” do Ariel Ramírez parece um feliz e acertado exemplo de inculturação bem sucedida, até porque apenas propõe melodias campeiras (chacareras, zambas e milongas, especificamente), sem alterar fórmulas nem ritos (o que até poderia ser feito, mas dentro do quadro geral apresentado, não do modo como é feito pelos CTGs da vida).
Sobre a belíssima “Misa criolla”, de Ariel Ramírez, EXCELENTE EXEMPLO DE INCULTURAÇÃO (que não altera o rito nem fórmulas, e os instrumentos campeiros são utilizados de modo sóbrio), executada pelo Coro da Catedral de Santo Isidoro, na Argentina, e pelo grupo de folclore gaucho igualmente argentino Los Fronterizos:
Kyrie:
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Glória:
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Credo:
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“Catolicismo popular nada tem a ver com desrespeito às rubricas e às normas litúrgicas.
Aliás, quem tentou acabar com a piedade popular em nome de um falso liturgicismo foi justamente a TL. Agora, o catolicismo popular presta, é?
Não. A questão é que o que eles chamam de catolicismo popular NÃO é catolicismo popular.
Ah, e Comblin eu gosto: com batatas!
Os padres são obrigados a implantar a dita “inculturação”?
Depende do que se entende por isso.
Se, por inculturação, entendes uma adaptação progressiva, harmônica, sem ferir a unidade do rito, levada a cabo pelos Bispos, com autorização da Santa Sé, ela acaba atingindo todo um território, e é uma coisa boa.
Agora, se por inculturação estás falando de “Missas afro”, “Missas crioulas”, “Missas sertanejas” e outras aberrações rituais, bem, aí não só não são obrigados, como são proibidos!
Bem, a dança é incompatível com o sentido de religiosidade de nossa cultura romana. Um caso de verdadeira e harmônica inculturação com dança é o uso zairense do rito romano, como praticado no Congo, onde a Santa Sé EXPLICITAMENTE aprovou a utilização de uma dança ritual que era própria da cultura deles. Na cultura ocidental, porém, que é a mesma em que se inseriram os negros e índios brasileiros (foram evangelizados com o rito romano e nele seus bisavós, avós e pais viveram e praticaram sua fé), a dança não tem função religiosa. Por isso, é estranha sua incorporação.
É por isso que danças, palmas e ofertórios esquisitos NÃO são inculturação no Brasil.
E ninguém pode ser obrigado a isso. Aliás, são obrigados justamente ao contrário!
Em tempo: inculturação correta só vi no Brasil em um exemplo! É o rito alternativo do Matrimônio, aprovado pela Santa Sé.
Esse rito alternativo pode ser usado se os noivos quiserem. Eu, particularmente, acho feio, mas não é algo contrário à fé e à mentalidade católica.
Trata-se, basicamente, da eliminação dos plurais majestáticos na forma, da procissão de entrada da noiva separada do noivo (como vemos, ordinariamente, mas não é assim que está no Ritual Romano), e de outras fórmulas para determinadas bênçãos.
Essa inculturação é tão boa que foi aproveitado um dos seus elementos (procissão de entrada da noiva separada do noivo) para uso no rito romano primário, reconhecendo, oficialmente, o que na prática já se fazia no Brasil há anos.
Outra boa adaptação é o uso de determinados instrumentos, desde que não firam o senso litúrgico.
Um pequeno desenvolvimento de algumas coisas, tendo por base a bizarrice da “Missa crioula”.
O “rito crioulo” é artificial porque cria elementos não presentes em nenhum outro rito e completamente destoante até mesmo da espiritualidade católica tradicional. Não usa uma linguagem adequada para a liturgia também. De outra sorte, nem mesmo atende a um legítimo anseio do povo gaúcho: tradicional por tradicional (que é o que esse rito pretende ser), a forma extraordinária do rito romano é muito mais.
Além disso, ele não se pretende outro rito, mas uma variação do rito romano, ou um rito romano inculturado. Entretanto, o próprio Vaticano II - como bem recordava João Paulo II - só permitiu a inculturação litúrgica salvaguardada a unidade substancial do rito romano. Esse rito crioulo, de romano não tem nada (nada mesmo!), e, se é um rito novo, só poderia ser "criado" a partir de desenvolvimento litúrgico (o que não se faz, ademais, de uma hora para outra; desenvolvimento supõe anos, décadas, séculos). Outrossim, só quem pode criar ou reformar ritos é o Papa.
Além disso, é de um mau gosto horrível! Até pela estética desse rito se poderia criticá-lo!
Essa mania de ter tudo “à moda crioula” é um deboche da verdadeira tradição.
Gaúcho que anda pilchado usa pilcha mais contemporânea, não uma “roupa típica do século XIX”: ninguém anda na rua fantasiado de gaúcho antigo (só se usa isso em apresentações artísticas de grupos que preservam o folclore gaúcho, os chamados CTGs). A pilcha que o homem do campo usa não é a pilcha do seu antepassado: e os homens da cidade que gostam das coisas do Sul também se pilcham como se estivéssemos na Revolução Farroupilha. Se assim o fosse, não seria pilcha, mas fantasia...
É o mesmo raciocínio para a “Missa crioula”. Uma caricatura da verdadeira tradição gaúcha.
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Dica de criatividade nº9: dedos unidos após a consagração
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Dica de criatividade nº9: dedos unidos após a consagração
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O próprio processo de criação do rito romano é uma inculturação, um desenvolvimento dos elementos da cultura romana e, mais tarde, gálica.
Por isso, em tese, não se poderia opor nada à criação de um outro rito a partir do romano. Mas a cultura posta nesse rito romano de modo a permitir uma justa inculturação que, por sua vez, levasse a uma criação ritual nova, deve ser algo harmônico, gradual, e NATURAL.
Quanto à “Missa crioula” e à “Missa sertaneja”, como à “Missa afro”, a cultura incorporada nesses elementos está posta de um modo caricato.
Claro que certos elementos regionais vão influenciar na formação do rito (ou em sua inculturação), mas não podem soar como caricatura. Não se é gaúcho, por exemplo, por, na eventual Oração Eucarística crioula, falar em bombacha e chimarrão. Os elementos culturais ficam forçados, digamos assim. Assim como o rito romano tradicional (ou o moderno bem feito) não é romano por falar em “senado”, “cônsul”, “direito romano”, “togas” e “corrida de bigas”.
Nem o rito bizantino fica nomeando “filosofia”, “teatro”, “cicuta” etc.
O que faz o rito romano ser romano é ter incorporado não os termos, não os elementos exteriores de uma cultura, mas o ethos. Por exemplo, é próprio da cultura romana (e ocidental, por derivação), a sobriedade aliada à nobreza. Isso quer dizer que cultivamos o que é nobre, distinto, bonito, mas sem extravagância, sem o que, para nós, seria exagerado. A sobriedade, a simplicidade, limita a nobreza. Somos equilibrados, digamos assim. E esse equilíbrio, essa nobre simplicidade, é marca fundamental do rito romano tradicional (é verdade que, em alguns pontos, essa nobre simplicidade se perdeu por causa de algumas rubricas, e isso fez com que os reformadores litúrgicos instaurassem o rito moderno, que cumpriu bem seu papel nesse sentido, mas exagerou muito na simplicidade, deixando de lado a nobreza, mas isso é outro assunto).
Por isso, em tese, não se poderia opor nada à criação de um outro rito a partir do romano. Mas a cultura posta nesse rito romano de modo a permitir uma justa inculturação que, por sua vez, levasse a uma criação ritual nova, deve ser algo harmônico, gradual, e NATURAL.
Quanto à “Missa crioula” e à “Missa sertaneja”, como à “Missa afro”, a cultura incorporada nesses elementos está posta de um modo caricato.
Claro que certos elementos regionais vão influenciar na formação do rito (ou em sua inculturação), mas não podem soar como caricatura. Não se é gaúcho, por exemplo, por, na eventual Oração Eucarística crioula, falar em bombacha e chimarrão. Os elementos culturais ficam forçados, digamos assim. Assim como o rito romano tradicional (ou o moderno bem feito) não é romano por falar em “senado”, “cônsul”, “direito romano”, “togas” e “corrida de bigas”.
Nem o rito bizantino fica nomeando “filosofia”, “teatro”, “cicuta” etc.
O que faz o rito romano ser romano é ter incorporado não os termos, não os elementos exteriores de uma cultura, mas o ethos. Por exemplo, é próprio da cultura romana (e ocidental, por derivação), a sobriedade aliada à nobreza. Isso quer dizer que cultivamos o que é nobre, distinto, bonito, mas sem extravagância, sem o que, para nós, seria exagerado. A sobriedade, a simplicidade, limita a nobreza. Somos equilibrados, digamos assim. E esse equilíbrio, essa nobre simplicidade, é marca fundamental do rito romano tradicional (é verdade que, em alguns pontos, essa nobre simplicidade se perdeu por causa de algumas rubricas, e isso fez com que os reformadores litúrgicos instaurassem o rito moderno, que cumpriu bem seu papel nesse sentido, mas exagerou muito na simplicidade, deixando de lado a nobreza, mas isso é outro assunto).
Nos ritos orientais, por sua vez, é justo o que é exuberante a característica de sua mentalidade. Assim, natural que os siríacos, os maronitas, os bizantinos, os armênios, tenham liturgias mais longas, com mais incenso, com palavras mais rebuscadas, com vestes mais esplendorosas, que, para nós, soaria como culturalmente exagerado.
Assim, o que se vê é que se um “rito crioulo” pudesse existir, ele deveria incorporar o ethos gaúcho, não simplesmente jogar termos e costumes regionais da pampa para dentro da celebração.
Claro que ele nasceria primeiro não como um rito próprio, mas como uma adaptação do rito romano para uso local e eventual, e, aos poucos, poderia ir aumentando sua influência a ponto de, COM OS SÉCULOS, se formar um novo rito, autônomo. Ainda assim, seria, repito, o ethos, a mentalidade do gaúcho, que ajudaria no nascedouro e no desenvolvimento desse hipotético rito.
O que vemos com a “Missa crioula” e com essa eventual “Oração Eucarística crioula” seria simplesmente uma adaptação das formas romanas a uma linguagem campeira. Aliás, estereotipada.
Muito melhor é que aquilo que está na alma do gaúcho (sua bravura, seu gosto pela guerra, sua característica mais sisuda e menos “calorosa” do que o restante do país, seu amor pela ordem, seu gosto pela liberdade etc) é que vá, aos poucos, formando um “jeito” de celebrar o rito, e isso, aos poucos, se vá desenvolvendo. Não vejo agora nenhum exemplo, mas também acho que os primeiros cristãos romanos não tinham eles a mão se para eles lhes fosse indagado como formar um “rito romano”.
Outra coisa que se poderia pensar, em hipótese, seria como incorporar a tradição musical gaúcha, SEM PERDER A ESTÉTICA PRÓPRIA DA LITURGIA, no rito. Assim, embora o rito da “Missa criuola” do MTG seja um fiasco, a obra musical “Misa criolla” do Ariel Ramírez parece um feliz e acertado exemplo de inculturação bem sucedida, até porque apenas propõe melodias campeiras (chacareras, zambas e milongas, especificamente), sem alterar fórmulas nem ritos (o que até poderia ser feito, mas dentro do quadro geral apresentado, não do modo como é feito pelos CTGs da vida).
Sobre a belíssima “Misa criolla”, de Ariel Ramírez, EXCELENTE EXEMPLO DE INCULTURAÇÃO (que não altera o rito nem fórmulas, e os instrumentos campeiros são utilizados de modo sóbrio), executada pelo Coro da Catedral de Santo Isidoro, na Argentina, e pelo grupo de folclore gaucho igualmente argentino Los Fronterizos:
Kyrie:
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Glória:
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Credo:
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Agnus Dei:
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O uso zairense recebeu vários elogios do Cardeal Ratzinger. É algo muito próprio da cultura deles, e talvez nós, romanos, nos espantemos. Mas, a liturgia deve refletir a cultura.
Claro, não se use esse argumento para as “Missas afro” e “crioulas”. Fomos evangelizados com o rito romano, e temos 500 anos de “tradição”. Além disso, a incorporação desses elementos é a partir do ethos da cultura, não de termos, vocábulos e expressões.
É uma composição erudita que foi elogiadíssima pela crítica especializada e já foi executada por grandes orquestras, inclusive. A “forçada” pode existir porque as melodias campeiras não soam de modo muito claro a ouvidos não-gaúchos.”
Em relação a palmas, podemos fazer uma comparação com algumas recomendações que se encontram no missal no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão, para se ter uma idéia de como o simbolismo dos atos mais banais é tido em alta conta na liturgia.
Consta no Diretório de Liturgia no dia de Domingo de Ramos:
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“5. Durante a história da Paixão, não se usa nem incenso nem velas. Os diáconos que vão ler pedem e recebem a bênção. Omitem-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre o livro. Depois de anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham, e faz-se uma breve pausa. no fim, diz-se: Palavra da salvação, mas não se beija o livro.”
Vejam: incenso, velas, saudação ao povo, sinal da cruz (da cruz, hein!), beijo... todos gestos aparentemente simples, sóbrios e que não têm nada de alegres, são omitidos simplesmente pelo conteúdo da leitura a ser proclamada, que é a paixão do Senhor. Ora, se é assim, o que dizer de bater palmas, que além de ser um gesto não litúrgico, é muito mais escandaloso do que incenso, velas, beijo... e a Missa é por excelência o santo sacrifício.
Apenas uma comparação que achei interessante observar.
O que aconteceu é que o documento 43 da CNBB foi por demais permissivo, distante de uma disciplina forte e concreta acerca da natureza da Santa Missa, e por isso tratou com leviandade questões que são corriqueiras em nosso país, como as palmas e os cantos. Talvez a CNBB, quando escreveu este documento, soubesse muito bem que estes elementos são ilícitos, mas para “não pegar muito pesado” decidiu deixá-los passar, em um primeiro momento. Ao que me consta, atualmente, ela está bem mais rigorosa e levando bem mais a sério a estrutura disciplinar litúrgica. Glória a Deus por isso!
A criatividade na liturgia é um comando da Santa Sé para as conferências episcopais estarem abertas para sugerirem adaptações de ritos. E também é aquela usada quando, diante de várias opções previstas, se possa escolher uma.
Por exemplo: há três tipos de Ato Penitencial; há várias Orações Eucarísticas; em dias livres (i.e., sem solenidades, festas ou memórias obrigatórias, e que não sejam Domingos nem Tempos privilegiados) pode-se escolher celebrar a Missa do dia ou uma votiva ou uma ritual, nas memórias facultativas pode-se celebrá-las ou a Missa do dia ou uma votiva ou uma ritual; pode-se usar ou não o incenso; pode-se ter ou não procissão de entrada e no ofertório; há criatividade para a composição das preces da comunidade ou para o que fazer no momento da Ação de Graças; há liberdade para usar latim ou vernáculo; gregoriano, polifonia ou canto popular etc.
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Claro, não se use esse argumento para as “Missas afro” e “crioulas”. Fomos evangelizados com o rito romano, e temos 500 anos de “tradição”. Além disso, a incorporação desses elementos é a partir do ethos da cultura, não de termos, vocábulos e expressões.
É uma composição erudita que foi elogiadíssima pela crítica especializada e já foi executada por grandes orquestras, inclusive. A “forçada” pode existir porque as melodias campeiras não soam de modo muito claro a ouvidos não-gaúchos.”
Em relação a palmas, podemos fazer uma comparação com algumas recomendações que se encontram no missal no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira da Paixão, para se ter uma idéia de como o simbolismo dos atos mais banais é tido em alta conta na liturgia.
Consta no Diretório de Liturgia no dia de Domingo de Ramos:
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“5. Durante a história da Paixão, não se usa nem incenso nem velas. Os diáconos que vão ler pedem e recebem a bênção. Omitem-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre o livro. Depois de anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham, e faz-se uma breve pausa. no fim, diz-se: Palavra da salvação, mas não se beija o livro.”
Vejam: incenso, velas, saudação ao povo, sinal da cruz (da cruz, hein!), beijo... todos gestos aparentemente simples, sóbrios e que não têm nada de alegres, são omitidos simplesmente pelo conteúdo da leitura a ser proclamada, que é a paixão do Senhor. Ora, se é assim, o que dizer de bater palmas, que além de ser um gesto não litúrgico, é muito mais escandaloso do que incenso, velas, beijo... e a Missa é por excelência o santo sacrifício.
Apenas uma comparação que achei interessante observar.
O que aconteceu é que o documento 43 da CNBB foi por demais permissivo, distante de uma disciplina forte e concreta acerca da natureza da Santa Missa, e por isso tratou com leviandade questões que são corriqueiras em nosso país, como as palmas e os cantos. Talvez a CNBB, quando escreveu este documento, soubesse muito bem que estes elementos são ilícitos, mas para “não pegar muito pesado” decidiu deixá-los passar, em um primeiro momento. Ao que me consta, atualmente, ela está bem mais rigorosa e levando bem mais a sério a estrutura disciplinar litúrgica. Glória a Deus por isso!
A criatividade na liturgia é um comando da Santa Sé para as conferências episcopais estarem abertas para sugerirem adaptações de ritos. E também é aquela usada quando, diante de várias opções previstas, se possa escolher uma.
Por exemplo: há três tipos de Ato Penitencial; há várias Orações Eucarísticas; em dias livres (i.e., sem solenidades, festas ou memórias obrigatórias, e que não sejam Domingos nem Tempos privilegiados) pode-se escolher celebrar a Missa do dia ou uma votiva ou uma ritual, nas memórias facultativas pode-se celebrá-las ou a Missa do dia ou uma votiva ou uma ritual; pode-se usar ou não o incenso; pode-se ter ou não procissão de entrada e no ofertório; há criatividade para a composição das preces da comunidade ou para o que fazer no momento da Ação de Graças; há liberdade para usar latim ou vernáculo; gregoriano, polifonia ou canto popular etc.
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A Missa não tem por fim levar o fiel ao arrependimento. A Missa, aliás, não tem por fim nada em relação ao fiel. Se tiver, é meramente acidental. A Missa tem por fim único e exclusivo a ADORAÇÃO A DEUS. É um perfeito culto latrêutico. Deus deve estar no centro. É por isso que a posição versus Deum é, objetivamente, a melhor, pois sinaliza que o foco é o Senhor, não o fiel. O objetivo nunca é o fiel, mas Deus.
Dica de criatividade nº10: uso do latim
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A Missa não tem por fim levar o fiel ao arrependimento. A Missa, aliás, não tem por fim nada em relação ao fiel. Se tiver, é meramente acidental. A Missa tem por fim único e exclusivo a ADORAÇÃO A DEUS. É um perfeito culto latrêutico. Deus deve estar no centro. É por isso que a posição versus Deum é, objetivamente, a melhor, pois sinaliza que o foco é o Senhor, não o fiel. O objetivo nunca é o fiel, mas Deus.
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Hoje “criatividade” é entendida como necessidade de inovação, e aqui “inovar” não é simplesmente compor uma música nova, mas mudar de estilo, sair da rotina, surpreender, enfim, tudo o que reforça essa visão modernista de que a liturgia é monótona e quem manda é o leigo, as tais equipes de liturgia.
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Hoje “criatividade” é entendida como necessidade de inovação, e aqui “inovar” não é simplesmente compor uma música nova, mas mudar de estilo, sair da rotina, surpreender, enfim, tudo o que reforça essa visão modernista de que a liturgia é monótona e quem manda é o leigo, as tais equipes de liturgia.
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Domine Iesu, quem velatum nunc aspicio, Oro, fiat illud, quod tam sitio, Ut te revelata cernes facie, Visu sim beatus tuae gloriae. Amem.
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CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS: