Essa é uma questão sempre em voga, tendo em vista a divulgação do espiritismo sobre o tema.
Primeiramente contestaremos a resposta espírita sobre a questão, que se tornou culturalmente comum, e, depois, apresentar a doutrina católica.
A doutrina da reencarnação é frontalmente contrária à Fé católica. E é um absurdo face à própria ordem natural, pois, entre uma determinada alma e um determinado corpo há uma adequação perfeita, disposta por Deus Criador, de tal modo que essa alma só pode vivicar esse corpo. E quando se dá a morte, imediatamente após o Juízo particular, a alma ou entra na visão e fruição beatífica de Deus (Céu), ou é lançada nas chamas infernais (Inferno), ou é mantida temporariamente nas ardências de expiação (Purgatório) até o momento de ir para o Céu. E assim permanecerá até a Ressurreição e Juízo final, quando a alma se unirá de novo ao mesmo corpo, glorificado, para a vida eterna, no Céu ou no Inferno.
O fato de uma pessoa nascer doente ou com qualquer defeito não tem necessariamente a ver com uma culpa sua ou de seus pais, como lemos no Evangelho de São João: “Jesus estava passando e viu um homem que era cego de nascença. Os discípulos perguntaram-Lhe: ‘Mestre, quem foi que pecou, ele ou seus pais, para ele nascer cego?’ Jesus respondeu: ‘Ninguém pecou, nem ele nem seus pais, mas é para que as obras de Deus se manifestem nele” (IX, 1-4). A doença, a dor, a lágrima, os defeitos de nascença, enfim a morte, são conseqüências do Pecado Original praticado por nossos primeiros pais Adão e Eva, que expulsos de um Paraíso de delícias forma lançados a este vale de lagrimas – a terra do nosso temporário destino. Somos seus descendentes e herdeiros. Ademais, Deus pode permitir que uma pessoa nasça com um defeito ou que uma vida seja acompanhada de sofrimento; mas Ele concede sempre graças abundantes para tal pessoa superar e inclusive tirar proveito espiritual do mesmo, e fazer com que as obras de Deus se manifestem nele.
Por que existem pessoas que nascem dementes ou paraplégicas?
Trata-se aqui dos insondáveis desígneos da Providência, os quais, nem sempre, o homem consegue entender.
Como estas pessoas dão glória a Deus?
No caso dos dementes, desde o nascimento eles dão glória a Deus pelo mero existir, por terem sido criados por Deus. Eles refletem, de algum modo, o Criador, pois todo homem foi feito à sua imagem e semelhança.
Se esse demente, além disso, for batizado, ele será um herdeiro do Céu, onde – após a ressurreição – perfeitamente são e no esplendor da “idade de Cristo”, irá reinar junto com os anjos e santos, contemplando a Deus por toda eternidade.
Por outro lado, essas pessoas dementes ajudam a seus pais, parentes, conhecidos, a, pela sua paciência e conformidade, amarem mais a Deus, e não se deixarem levar em demasia pelas ilusões e atrativos deste mundo.
No caso dos aleijados, além do que foi dito antes, eles dão glória a Deus por todos os seus atos de piedade, e, sobretudo, pela paciência com que aceitarem a pesada cruz que devem carregar. Se é pesada sua cruz, a graça divina será também abundante, para que eles tenham forças para carrega-la, e granjear muitos méritos para o Céu.
Não devemos nos esquecer, por fim, que os pobres, os doentes, enfim, aqueles que sofrem, são prediletos de Deus. Se eles não existissem, a Terra seria menos completa, pois impediria que uma série de virtudes como a compaixão, caridade, paciência, etc. fossem praticadas, não somente pelos doentes e por todos os que sofrem, mas também por todos aqueles a quem a Providência divina põe em seus caminhos.
NÃO HÁ PECADOS (MALDIÇÃO) DE GERAÇÕES
Os textos usados por protestantes ou alguns católicos para justificar isso não se sustentam após uma análise mais demorada.
Tais textos supõem a mentalidade do clã, segundo o qual o indivíduo não tem valor como tal; é o clã ou grupo que dá significado ao indivíduo; o clã arca com as conseqüências daquilo que o indivíduo faz. Essa mentalidade primitiva foi posteriormente corrigida em Israel; com efeito, durante o exílio da Babilônia os exilados alegavam estar sendo punidos por causa dos pecados dos antepassados; seriam eles, no exílio, inocentes e não teriam necessidade de fazer penitência. Intervieram então os Profetas para dissipar o raciocínio e o princípio que o sustentava:
“A palavra do Senhor veio a mim nestes termos: Que provérbio é este que andais repetindo na terra de Israel ‘Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos ficaram embotados’?
Juro por minha vida (oráculo do Senhor) não repetireis mais esse provérbio. Tanto a vida do pai como a vida do filho me pertencem. Quem peca é que morrerá”.
(Ez XVIII, 1-4)
“Nesses dias já não se dirá: ‘Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram’. Mas cada um morrerá por sua própria falta. Todo homem que tenha comido uvas verdes, terá seus dentes embotados”. (Jr. XXXI, 29s)
Por conseguinte, vê-se que Deus não castiga os pecados dos antepassados ferindo seus descendentes.
TRANSMISSÃO DO PECADO
Pelas razões indicadas também não se deve dizer que o pecado se transmite como uma doença física; não se diga que alguém é hoje libertino em matéria sexual porque sua avó foi. Existem micróbios e bactérias que transmitem doenças corporais, mas não os que transmitem males espirituais e do comportamento.
Não se deve negar que o mau exemplo seja um convite à prática do mal; assim os antepassados criminosos deixam aos seus descendentes uma afinidade familiar com o crime, que estimula a prática do mal não por um vírus do crime, mas por um apelo psicológico.
Um amigo, médico e católico, explicou a situação da seguinte forma:
"As crianças nascem deformadas por erros genéticos.
Seja por uso de medicações teratogênicas pelos pais, ou seja, por informações genéticas falhas que os pais carregam em seus cromossomos.
Nada tem haver com o pecado anterior de uma vida passada ou dos pais.
O erro genético a luz da Igreja, pode ser explicada pelo pecado de Adão, criado, sem defeitos, que pelo pecado original acabou levando a erros em sua estrutura. E cada vez mais que passa o tempo estes erros ficam mais graves e mais numerosos e surgem erros novos.
Paulo diz que toda a Criação agoniza depois do pecado de Adão.
Caso fosse de pecados da vida passada, seria algo injusto sofrer por algo que não sabe. Pagar em outra vida o pecado cometida na anterior, em nada vai melhorar a vida da outra pessoa que foi prejudicada, não há justiça neste sistema. É Fatalista. Não meio de conseguir perdão a não ser por reencarnações.
Vai contra a bíblia completamente. Já que devemos morrer uma só vez e Depois da Morte sobrevem o Juízo. (Hebreus 9,27)".
Pecado de gerações não existe, é mais uma invenção protestante.
O que existe é ignorância, problemas morais e espirituais que podem ter conseqüências para todo um conjunto de pessoas.
Se se quiser dar a isso o nome de "pecado de gerações" tudo bem, essa será só uma classificação técnica, mas não vejo benefício no uso dessa nomenclatura pois ela, pouco a pouco, vai inocular no povo uma noção de pecado muito parecida com o "Karma" hindu ou espírita.
Os Santos sempre buscaram a reforma moral da sociedade sem necessitar dessa noção.
Não podemos esquecer que Deus também é justiça e não só pode como, de fato, castiga. Agora, isso não implica no "pecado de gerações" e coisas assemelhadas. O pecado é pessoal, não passa para outras pessoas. O que pode ocorrer, como já foi falado neste tópico, são os efeitos do pecado, no campo natural, afetarem pessoas que não tinham envolvimento com ele.
O pecado original indica uma desordem na nossa natureza quando tomada em relação ao projeto de Deus.
Sobre o Mal (primeiro volume da obra de Santo Tomás - a Vozes está distribuindo em algumas cidades):
http://www.edsetimoselo.com.br/lanca/lanca1.htm
Como o povo deve ficar sabendo, a ameaça do castigo aos ímpios e criminosos, até a terceira e quarta geração, não quer dizer que todos os descendentes paguem indistintamente pelas culpas de seus antepassados; mas que nem toda a posteridade poderá evitar a cólera e vingança de Deus, embora os próprios culpados e seus filhos tenham ficado sem nenhuma punição.
Foi o que aconteceu com o rei Josias (cf. Cr 34,1ss). Graças à sua exímia piedade, foi poupado por Deus, que o fez morrer em paz e repousar no túmulo de seus antepassados, para que não visse as desgraças que haviam de irromper sobre Judá e Jerusalém, por causa da impiedade de seu avô Manassés (cf. 2Rs 21,11; Jr 15,4). No entanto, logo que ele morreu, a vingança de Deus caiu sobre os seus descendentes, mas de tal maneira, que nem os próprios filhos de Josias foram poupados (2Cr 34,28; 2Rs 22,19ss; 23,26).
De que modo, porém, se conciliam estas palavras da Lei com a afirmação do Profeta: “A alma que pecar, ela mesma morrerá?” (Ez 18,4).
Mostra-o, claramente, a autoridade de São Gregório, que se põe de acordo com todos os outros Padres antigos.
Ele dizia assim: “Quem imita a ruindade de seu pai, que é mau, envolve-se também em seu pecado. Mas quem não imita a ruindade de seu pai, de modo algum responde pelo delito que o pai tenha perpetrado. Daí resulta, como conseqüência, que o mau filho de um pai perverso deve sofrer não só pelos pecados que ele mesmo cometeu, mas também pelos pecados de seu pai. Pois, sabendo que os pecados de seu pai provocaram a indignação de Deus, se intimidou de acrescentar-lhe ainda a sua própria maldade.
Se alguém, à vista do juiz inexorável, não teme prosseguir nos caminhos de seu pai perverso, é de justiça que, ainda nesta vida, seja forçado a expiar também as culpas de seu pai transviado”. Ademais deve se ver quanto a bondade e misericórdia de Deus vai além de Sua justiça (cf. Tg 2,13). Pois Deus estende Sua cólera até a terceira e quarta geração, mas usa de Sua misericórdia com milhares de gerações (cf. Ex 20,5-6). Concluindo, convém acentuar que aqui se trata de punições temporais, já neste mundo.
Não está errado quando se diz que a natureza pós-pecado original tem um certo grau de desordem. O próprio conceito de pecado original implica numa desordemm, num afsamento do "projeto origibnal" de Deus.
anto é assim, que o Catecismo Romano nos ensina que na ressurreição dos corpos, os santos terão seu corpo (que será glorioso) como que restaurado. Diz o Catecismo:
“Os cegos de nascença ... os coxos e manetas, os paralíticos de algum membro, ressurgirão com um corpo íntegro e perfeito...”.
“... é opinião assente que a ressurreição faz parte das grandes obras de Deus, em pé de igualdade com a própria Criação. Assim como, desde o início da Criação, Deus faz todas as coisas perfeitas, assim também o fará na ressurreição”.
Ou seja, o que estava no projeto de Deus foi afetado pelo pecado original e será restaurado na plenitude do tempo.
D. Estevão Bettencourt nos explica que:
“Criando o mundo irracional, Deus houve por bem associá-lo ao homem em íntima comunhão de sorte.
Foi este destino que tornou as criaturas visíveis solidárias com o gênero humano na punição ao pecado. Em conseqüência deste, não somente o homem sofre, mas a natureza inteira, que o Apóstolo, em Rom. 8, 19s, com muita eloqüência personifica, geme por estar sujeita à vaidade, isto é, desarmonia, às múltiplas desordem que afetam o curso normal dos elementos e dos séculos.”
Qual é a diferença entre carregar um pecado, sem ter culpa dele, e carregar suas conseqüências?
Temos de entender isso melhor. Para se compreender a natureza do pecado original, importa salientar a distinção entre pecado atual e pecado habitual.
1) O primeiro é o ato que transgride voluntariamente a lei de Deus; o segundo exprime situação em que nos encontramos após o pecado.
2) É intuitivo que o pecado original foi atual apenas para Adão e Eva. Para seus descendentes é pecado habitual, estado de pecado.
3) É na qualidade de pecado habitual, considerado para os descendentes de Adão e Eva, que se estuda a natureza do pecado original.
Sendo assim, as consequências do pecado original, dada a sua natureza, são:
I- Perda dos dons sobrenaturais (graça santificante, visão beatífica). Recuperados pelo Sacrifício da Cruz, cujos méritos são aplicados pelo Batismo.
II- Perda dos dons preternaturais. Não foram recuperados pela Redenção.
III- Enfraquecimento dos dons naturais. Não na sua constituição intrínseca, mas no seu exercício.
Sendo assim, o Batismo apaga o pecado original na medida em que nos torna aptos a receber os dons sobrenaturais, em especial a graça santificante.
Maldição existe, o diabo existe, ele age, tenta, possui, faz "o diabo", hehehe. O que NÃO existe é a maldição lançada contra os pais "pegar" nos filhos, que é justamente a idéia principal da cura de gerações e da quebra de maldições.
O que se transmite entre gerações (além de características genéticas e, de acordo com o ambiente, certos modos, certos comportamentos, moldados desde a tenra infância e pelo meio) é o pecado original, e este é apagado no Batismo. Não adianta nem dizer, para justificar a maldição hereditária, que, embora o pecado original seja apagado no Batismo, resta a conseqüência, pois esta conseqüência é a concupiscência, a inclinação ao pecado.
Resumindo:
1) A única coisa que se transmite de geração em geração é o pecado original.
2) O pecado original é apagado no Batismo.
Eu também acredito em maldição. A Igreja também acredita em maldição.
O que nem eu nem a Igreja acreditamos (e eu só creio assim pq a Igreja o ensina) é que a tal maldição possa passar de geração em geração.
Assim, se eu sou amaldiçoado, o problema é meu, não dos meus filhos nem dos meus netos.
Critico a "oração por quebra de maldições" porque ela fala em quebrar as maldições rogadas aos nossos antepassados.
Outrossim, a maldição, como malefício diabólico, deve ser corretamente entendida, verificada, analisada e, se necessário, "curada" por um sacerdote com experiência no assunto. E feito em privado, não na TV diante de todo mundo, berrando "eu renuncio, em nome de Jesus, a toda macumbaria!" Isso não encontra semelhança em lugar nenhum da tradição da Igreja.
Qualquer combate contra o diabo deve ser travado com os ritos apropriados e não com imitações baratas da "Deus é Amor." Infelizmente tem muito padre metido a Davi Miranda por aí.
Creio que existe a maldição lançada ao Fulano. Ela não "pega" no Fulano Júnior nem no Fulano Neto (se ele for nobre, Fulano III). Mas no Fulano que era o patriarca poderá pegar sim.
Quanto à maldição "sejam amaldiçoados tu, Fulano, e toda a tua descendência", acho que, se ainda não gerados, não poderão ser amaldiçoados. Pois como amaldiçoar o que ainda não existe? Se estiverem gerados, é outro problema, e talvez pegue.
Mas a oração da quebra passa a régua, e vira sessão de espiritismo.
Sabe do que eu me lembro quando vejo as tais orações de quebra de maldição, Marcio? Da paranóia dos mórmons, que ficam loucos fazendo suas árvores genealógicas, para saber os nomes dos ascendentes, a fim de que sejam "batizados" post mortem no mormonismo e, assim, abençoados.
É a mesma coisa! Será que meu tataravô que veio da Suíça era amaldiçoado? Deve ser por isso que algo dá errado na minha vida? Já sei, vou procurar um padre "quebrador de maldições hereditárias". Se não achar, consulto o Walter Mercado mesmo.
É sempre bom lembrar que o que se transmite no pecado original são as conseqüências dele, não a culpa.
A maldição não pega por si só, mas pelo diabo ver nela uma oportunidade de fazer o mal. Claro que quem está em Cristo não teme tais coisas.
Pecado original originante é o ato pecaminoso de Adão e Eva, o pecado factual deles. E pecado original originado é a mancha passada geração a geração desde então.
3) A única conseqüência do pecado original que permanece após o Batismo é a concupiscência.
A maldição não passa de geração em geração. Pode pegar apenas no amaldiçoado, não em sua prole.
Agora, o diabo pode se aproveitar da maldição lançada para atazanar a vida dos descendentes? Pode, mas faria isso com ou sem maldição. Aí entram alguns casos narrados pelo Pe. Gabrielle Amorth.
Vejo uma diferença grande: uma coisa é um pai amaldiçoar seu filho; outra alguém amaldiçoar o pai e "pegar" no filho que ainda nem nasceu, porque essa maldição teria sido transmitida.
É verdade que a graça nos cobre e Deus nos protege, mas se Ele permitir podemos ser provados inclusive com o diabo nos tocando por meio de maldições, desde que isso nos leve à santificação. Se até mesmo possessões podem ocorrer com quem está em graça, por que não uma mera maldição? É caso da Anneliese Michel, não?
Outra coisa é que nem sempre sabemos se estamos em graça, e não podemos presumir disso absolutamente. Quem garante que nossa confissão foi completa, que nos arrependemos plenamente de todos os pecados, inclusive dos veniais? Temos ESPERANÇA na salvação, não CERTEZA.
Assim, talvez para fugir de certo protestantismo pentecostal (que vê o diabo em tudo e acredita em poderes de maldição além do normal) pode-se cair no perigo de professar certo protestantismo histórico (de achar que, por estarmos em Cristo, COM CERTEZA DE SALVAÇÃO PELA FÉ-CONFIANÇA DE LUTERO, nada nos toca, por sermos eleitos etc).
Bençãos são os benefícios temporais e eternos que Deus nos concede.
Maldição são os malefícios temporais e eternos que recebemos quando nos afastamos de Deus.
PARA CITAR ESTE ARTIGO:
Sobre os doentes mentais. David A. Conceição, fevereiro de 2012, blogue Tradição em Foco com Roma.
CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:
tradicaoemfococomroma@hotmail.com
Primeiramente contestaremos a resposta espírita sobre a questão, que se tornou culturalmente comum, e, depois, apresentar a doutrina católica.
A doutrina da reencarnação é frontalmente contrária à Fé católica. E é um absurdo face à própria ordem natural, pois, entre uma determinada alma e um determinado corpo há uma adequação perfeita, disposta por Deus Criador, de tal modo que essa alma só pode vivicar esse corpo. E quando se dá a morte, imediatamente após o Juízo particular, a alma ou entra na visão e fruição beatífica de Deus (Céu), ou é lançada nas chamas infernais (Inferno), ou é mantida temporariamente nas ardências de expiação (Purgatório) até o momento de ir para o Céu. E assim permanecerá até a Ressurreição e Juízo final, quando a alma se unirá de novo ao mesmo corpo, glorificado, para a vida eterna, no Céu ou no Inferno.
O fato de uma pessoa nascer doente ou com qualquer defeito não tem necessariamente a ver com uma culpa sua ou de seus pais, como lemos no Evangelho de São João: “Jesus estava passando e viu um homem que era cego de nascença. Os discípulos perguntaram-Lhe: ‘Mestre, quem foi que pecou, ele ou seus pais, para ele nascer cego?’ Jesus respondeu: ‘Ninguém pecou, nem ele nem seus pais, mas é para que as obras de Deus se manifestem nele” (IX, 1-4). A doença, a dor, a lágrima, os defeitos de nascença, enfim a morte, são conseqüências do Pecado Original praticado por nossos primeiros pais Adão e Eva, que expulsos de um Paraíso de delícias forma lançados a este vale de lagrimas – a terra do nosso temporário destino. Somos seus descendentes e herdeiros. Ademais, Deus pode permitir que uma pessoa nasça com um defeito ou que uma vida seja acompanhada de sofrimento; mas Ele concede sempre graças abundantes para tal pessoa superar e inclusive tirar proveito espiritual do mesmo, e fazer com que as obras de Deus se manifestem nele.
Por que existem pessoas que nascem dementes ou paraplégicas?
Trata-se aqui dos insondáveis desígneos da Providência, os quais, nem sempre, o homem consegue entender.
Como estas pessoas dão glória a Deus?
No caso dos dementes, desde o nascimento eles dão glória a Deus pelo mero existir, por terem sido criados por Deus. Eles refletem, de algum modo, o Criador, pois todo homem foi feito à sua imagem e semelhança.
Se esse demente, além disso, for batizado, ele será um herdeiro do Céu, onde – após a ressurreição – perfeitamente são e no esplendor da “idade de Cristo”, irá reinar junto com os anjos e santos, contemplando a Deus por toda eternidade.
Por outro lado, essas pessoas dementes ajudam a seus pais, parentes, conhecidos, a, pela sua paciência e conformidade, amarem mais a Deus, e não se deixarem levar em demasia pelas ilusões e atrativos deste mundo.
No caso dos aleijados, além do que foi dito antes, eles dão glória a Deus por todos os seus atos de piedade, e, sobretudo, pela paciência com que aceitarem a pesada cruz que devem carregar. Se é pesada sua cruz, a graça divina será também abundante, para que eles tenham forças para carrega-la, e granjear muitos méritos para o Céu.
Não devemos nos esquecer, por fim, que os pobres, os doentes, enfim, aqueles que sofrem, são prediletos de Deus. Se eles não existissem, a Terra seria menos completa, pois impediria que uma série de virtudes como a compaixão, caridade, paciência, etc. fossem praticadas, não somente pelos doentes e por todos os que sofrem, mas também por todos aqueles a quem a Providência divina põe em seus caminhos.
NÃO HÁ PECADOS (MALDIÇÃO) DE GERAÇÕES
Os textos usados por protestantes ou alguns católicos para justificar isso não se sustentam após uma análise mais demorada.
Tais textos supõem a mentalidade do clã, segundo o qual o indivíduo não tem valor como tal; é o clã ou grupo que dá significado ao indivíduo; o clã arca com as conseqüências daquilo que o indivíduo faz. Essa mentalidade primitiva foi posteriormente corrigida em Israel; com efeito, durante o exílio da Babilônia os exilados alegavam estar sendo punidos por causa dos pecados dos antepassados; seriam eles, no exílio, inocentes e não teriam necessidade de fazer penitência. Intervieram então os Profetas para dissipar o raciocínio e o princípio que o sustentava:
“A palavra do Senhor veio a mim nestes termos: Que provérbio é este que andais repetindo na terra de Israel ‘Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos ficaram embotados’?
Juro por minha vida (oráculo do Senhor) não repetireis mais esse provérbio. Tanto a vida do pai como a vida do filho me pertencem. Quem peca é que morrerá”.
(Ez XVIII, 1-4)
“Nesses dias já não se dirá: ‘Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram’. Mas cada um morrerá por sua própria falta. Todo homem que tenha comido uvas verdes, terá seus dentes embotados”. (Jr. XXXI, 29s)
Por conseguinte, vê-se que Deus não castiga os pecados dos antepassados ferindo seus descendentes.
TRANSMISSÃO DO PECADO
Pelas razões indicadas também não se deve dizer que o pecado se transmite como uma doença física; não se diga que alguém é hoje libertino em matéria sexual porque sua avó foi. Existem micróbios e bactérias que transmitem doenças corporais, mas não os que transmitem males espirituais e do comportamento.
Não se deve negar que o mau exemplo seja um convite à prática do mal; assim os antepassados criminosos deixam aos seus descendentes uma afinidade familiar com o crime, que estimula a prática do mal não por um vírus do crime, mas por um apelo psicológico.
Um amigo, médico e católico, explicou a situação da seguinte forma:
"As crianças nascem deformadas por erros genéticos.
Seja por uso de medicações teratogênicas pelos pais, ou seja, por informações genéticas falhas que os pais carregam em seus cromossomos.
Nada tem haver com o pecado anterior de uma vida passada ou dos pais.
O erro genético a luz da Igreja, pode ser explicada pelo pecado de Adão, criado, sem defeitos, que pelo pecado original acabou levando a erros em sua estrutura. E cada vez mais que passa o tempo estes erros ficam mais graves e mais numerosos e surgem erros novos.
Paulo diz que toda a Criação agoniza depois do pecado de Adão.
Caso fosse de pecados da vida passada, seria algo injusto sofrer por algo que não sabe. Pagar em outra vida o pecado cometida na anterior, em nada vai melhorar a vida da outra pessoa que foi prejudicada, não há justiça neste sistema. É Fatalista. Não meio de conseguir perdão a não ser por reencarnações.
Vai contra a bíblia completamente. Já que devemos morrer uma só vez e Depois da Morte sobrevem o Juízo. (Hebreus 9,27)".
Pecado de gerações não existe, é mais uma invenção protestante.
O que existe é ignorância, problemas morais e espirituais que podem ter conseqüências para todo um conjunto de pessoas.
Se se quiser dar a isso o nome de "pecado de gerações" tudo bem, essa será só uma classificação técnica, mas não vejo benefício no uso dessa nomenclatura pois ela, pouco a pouco, vai inocular no povo uma noção de pecado muito parecida com o "Karma" hindu ou espírita.
Os Santos sempre buscaram a reforma moral da sociedade sem necessitar dessa noção.
Não podemos esquecer que Deus também é justiça e não só pode como, de fato, castiga. Agora, isso não implica no "pecado de gerações" e coisas assemelhadas. O pecado é pessoal, não passa para outras pessoas. O que pode ocorrer, como já foi falado neste tópico, são os efeitos do pecado, no campo natural, afetarem pessoas que não tinham envolvimento com ele.
O pecado original indica uma desordem na nossa natureza quando tomada em relação ao projeto de Deus.
Sobre o Mal (primeiro volume da obra de Santo Tomás - a Vozes está distribuindo em algumas cidades):
http://www.edsetimoselo.com.br/lanca/lan
Como o povo deve ficar sabendo, a ameaça do castigo aos ímpios e criminosos, até a terceira e quarta geração, não quer dizer que todos os descendentes paguem indistintamente pelas culpas de seus antepassados; mas que nem toda a posteridade poderá evitar a cólera e vingança de Deus, embora os próprios culpados e seus filhos tenham ficado sem nenhuma punição.
Foi o que aconteceu com o rei Josias (cf. Cr 34,1ss). Graças à sua exímia piedade, foi poupado por Deus, que o fez morrer em paz e repousar no túmulo de seus antepassados, para que não visse as desgraças que haviam de irromper sobre Judá e Jerusalém, por causa da impiedade de seu avô Manassés (cf. 2Rs 21,11; Jr 15,4). No entanto, logo que ele morreu, a vingança de Deus caiu sobre os seus descendentes, mas de tal maneira, que nem os próprios filhos de Josias foram poupados (2Cr 34,28; 2Rs 22,19ss; 23,26).
De que modo, porém, se conciliam estas palavras da Lei com a afirmação do Profeta: “A alma que pecar, ela mesma morrerá?” (Ez 18,4).
Mostra-o, claramente, a autoridade de São Gregório, que se põe de acordo com todos os outros Padres antigos.
Ele dizia assim: “Quem imita a ruindade de seu pai, que é mau, envolve-se também em seu pecado. Mas quem não imita a ruindade de seu pai, de modo algum responde pelo delito que o pai tenha perpetrado. Daí resulta, como conseqüência, que o mau filho de um pai perverso deve sofrer não só pelos pecados que ele mesmo cometeu, mas também pelos pecados de seu pai. Pois, sabendo que os pecados de seu pai provocaram a indignação de Deus, se intimidou de acrescentar-lhe ainda a sua própria maldade.
Se alguém, à vista do juiz inexorável, não teme prosseguir nos caminhos de seu pai perverso, é de justiça que, ainda nesta vida, seja forçado a expiar também as culpas de seu pai transviado”. Ademais deve se ver quanto a bondade e misericórdia de Deus vai além de Sua justiça (cf. Tg 2,13). Pois Deus estende Sua cólera até a terceira e quarta geração, mas usa de Sua misericórdia com milhares de gerações (cf. Ex 20,5-6). Concluindo, convém acentuar que aqui se trata de punições temporais, já neste mundo.
Não está errado quando se diz que a natureza pós-pecado original tem um certo grau de desordem. O próprio conceito de pecado original implica numa desordemm, num afsamento do "projeto origibnal" de Deus.
anto é assim, que o Catecismo Romano nos ensina que na ressurreição dos corpos, os santos terão seu corpo (que será glorioso) como que restaurado. Diz o Catecismo:
“Os cegos de nascença ... os coxos e manetas, os paralíticos de algum membro, ressurgirão com um corpo íntegro e perfeito...”.
“... é opinião assente que a ressurreição faz parte das grandes obras de Deus, em pé de igualdade com a própria Criação. Assim como, desde o início da Criação, Deus faz todas as coisas perfeitas, assim também o fará na ressurreição”.
Ou seja, o que estava no projeto de Deus foi afetado pelo pecado original e será restaurado na plenitude do tempo.
D. Estevão Bettencourt nos explica que:
“Criando o mundo irracional, Deus houve por bem associá-lo ao homem em íntima comunhão de sorte.
Foi este destino que tornou as criaturas visíveis solidárias com o gênero humano na punição ao pecado. Em conseqüência deste, não somente o homem sofre, mas a natureza inteira, que o Apóstolo, em Rom. 8, 19s, com muita eloqüência personifica, geme por estar sujeita à vaidade, isto é, desarmonia, às múltiplas desordem que afetam o curso normal dos elementos e dos séculos.”
Qual é a diferença entre carregar um pecado, sem ter culpa dele, e carregar suas conseqüências?
Temos de entender isso melhor. Para se compreender a natureza do pecado original, importa salientar a distinção entre pecado atual e pecado habitual.
1) O primeiro é o ato que transgride voluntariamente a lei de Deus; o segundo exprime situação em que nos encontramos após o pecado.
2) É intuitivo que o pecado original foi atual apenas para Adão e Eva. Para seus descendentes é pecado habitual, estado de pecado.
3) É na qualidade de pecado habitual, considerado para os descendentes de Adão e Eva, que se estuda a natureza do pecado original.
Sendo assim, as consequências do pecado original, dada a sua natureza, são:
I- Perda dos dons sobrenaturais (graça santificante, visão beatífica). Recuperados pelo Sacrifício da Cruz, cujos méritos são aplicados pelo Batismo.
II- Perda dos dons preternaturais. Não foram recuperados pela Redenção.
III- Enfraquecimento dos dons naturais. Não na sua constituição intrínseca, mas no seu exercício.
Sendo assim, o Batismo apaga o pecado original na medida em que nos torna aptos a receber os dons sobrenaturais, em especial a graça santificante.
Maldição existe, o diabo existe, ele age, tenta, possui, faz "o diabo", hehehe. O que NÃO existe é a maldição lançada contra os pais "pegar" nos filhos, que é justamente a idéia principal da cura de gerações e da quebra de maldições.
O que se transmite entre gerações (além de características genéticas e, de acordo com o ambiente, certos modos, certos comportamentos, moldados desde a tenra infância e pelo meio) é o pecado original, e este é apagado no Batismo. Não adianta nem dizer, para justificar a maldição hereditária, que, embora o pecado original seja apagado no Batismo, resta a conseqüência, pois esta conseqüência é a concupiscência, a inclinação ao pecado.
Resumindo:
1) A única coisa que se transmite de geração em geração é o pecado original.
2) O pecado original é apagado no Batismo.
Eu também acredito em maldição. A Igreja também acredita em maldição.
O que nem eu nem a Igreja acreditamos (e eu só creio assim pq a Igreja o ensina) é que a tal maldição possa passar de geração em geração.
Assim, se eu sou amaldiçoado, o problema é meu, não dos meus filhos nem dos meus netos.
Critico a "oração por quebra de maldições" porque ela fala em quebrar as maldições rogadas aos nossos antepassados.
Outrossim, a maldição, como malefício diabólico, deve ser corretamente entendida, verificada, analisada e, se necessário, "curada" por um sacerdote com experiência no assunto. E feito em privado, não na TV diante de todo mundo, berrando "eu renuncio, em nome de Jesus, a toda macumbaria!" Isso não encontra semelhança em lugar nenhum da tradição da Igreja.
Qualquer combate contra o diabo deve ser travado com os ritos apropriados e não com imitações baratas da "Deus é Amor." Infelizmente tem muito padre metido a Davi Miranda por aí.
Creio que existe a maldição lançada ao Fulano. Ela não "pega" no Fulano Júnior nem no Fulano Neto (se ele for nobre, Fulano III). Mas no Fulano que era o patriarca poderá pegar sim.
Quanto à maldição "sejam amaldiçoados tu, Fulano, e toda a tua descendência", acho que, se ainda não gerados, não poderão ser amaldiçoados. Pois como amaldiçoar o que ainda não existe? Se estiverem gerados, é outro problema, e talvez pegue.
Mas a oração da quebra passa a régua, e vira sessão de espiritismo.
Sabe do que eu me lembro quando vejo as tais orações de quebra de maldição, Marcio? Da paranóia dos mórmons, que ficam loucos fazendo suas árvores genealógicas, para saber os nomes dos ascendentes, a fim de que sejam "batizados" post mortem no mormonismo e, assim, abençoados.
É a mesma coisa! Será que meu tataravô que veio da Suíça era amaldiçoado? Deve ser por isso que algo dá errado na minha vida? Já sei, vou procurar um padre "quebrador de maldições hereditárias". Se não achar, consulto o Walter Mercado mesmo.
É sempre bom lembrar que o que se transmite no pecado original são as conseqüências dele, não a culpa.
A maldição não pega por si só, mas pelo diabo ver nela uma oportunidade de fazer o mal. Claro que quem está em Cristo não teme tais coisas.
Pecado original originante é o ato pecaminoso de Adão e Eva, o pecado factual deles. E pecado original originado é a mancha passada geração a geração desde então.
3) A única conseqüência do pecado original que permanece após o Batismo é a concupiscência.
A maldição não passa de geração em geração. Pode pegar apenas no amaldiçoado, não em sua prole.
Agora, o diabo pode se aproveitar da maldição lançada para atazanar a vida dos descendentes? Pode, mas faria isso com ou sem maldição. Aí entram alguns casos narrados pelo Pe. Gabrielle Amorth.
Vejo uma diferença grande: uma coisa é um pai amaldiçoar seu filho; outra alguém amaldiçoar o pai e "pegar" no filho que ainda nem nasceu, porque essa maldição teria sido transmitida.
É verdade que a graça nos cobre e Deus nos protege, mas se Ele permitir podemos ser provados inclusive com o diabo nos tocando por meio de maldições, desde que isso nos leve à santificação. Se até mesmo possessões podem ocorrer com quem está em graça, por que não uma mera maldição? É caso da Anneliese Michel, não?
Outra coisa é que nem sempre sabemos se estamos em graça, e não podemos presumir disso absolutamente. Quem garante que nossa confissão foi completa, que nos arrependemos plenamente de todos os pecados, inclusive dos veniais? Temos ESPERANÇA na salvação, não CERTEZA.
Assim, talvez para fugir de certo protestantismo pentecostal (que vê o diabo em tudo e acredita em poderes de maldição além do normal) pode-se cair no perigo de professar certo protestantismo histórico (de achar que, por estarmos em Cristo, COM CERTEZA DE SALVAÇÃO PELA FÉ-CONFIANÇA DE LUTERO, nada nos toca, por sermos eleitos etc).
Bençãos são os benefícios temporais e eternos que Deus nos concede.
Maldição são os malefícios temporais e eternos que recebemos quando nos afastamos de Deus.
PARA CITAR ESTE ARTIGO:
Sobre os doentes mentais. David A. Conceição, fevereiro de 2012, blogue Tradição em Foco com Roma.
CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:
tradicaoemfococomroma@hotmail.com