“A Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
SEGUNDA PARTE: O HOMEM PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE VOLTAR
PRIMEIRA SEÇÃO: NOÇÕES GERAIS ACERCA DO MODO COMO O HOMEM TEM DE VOLTAR A DEUS
XIII. DISTINÇÃO DA GRAVIDADE DOS PECADOS E DE SEUS CORRESPONDENTES CASTIGOS
Todos os pecados cometidos pelos homens têm os mesmos caracteres de gravidade?
Não.
A que se atende para determinar a gravidade de um pecado?
À categoria e necessidade do bem de que priva, e à maior ou menor liberdade com que se executa (LXXIII, 1 - 8).
Todos os atos pecaminosos merecem castigo?
Sim (LXXXVII, 1).
Por quê?
Porque todo pecado é usurpação do direito alheio, e o castigo é à maneira de restituição do que injustamente se tomou (ibid.).
Logo, o castigo do pecado é ato de rigorosa Justiça?
Sim.
Quem pode impor a pena devida pelo pecado?
Os encarregados de velar pela ordem e pela justiça contra os atentados do pecador
(Ibid.).
Quem são eles?
Primeiramente Deus, depois, a autoridade humana nos assuntos de sua competência; e, último, o próprio pecador (ibid.).
Como o pecador pode castigar o seu próprio pecado?
De duas maneiras: por meio da penitência e do remorso de consciência (ibid.).
Como a autoridade humana intervém?
Impondo castigos (Ibid.).
Como Deus pode castigar?
De duas maneiras, mediata ou imediatamente (ibid.).
Quando dizemos que castiga imediatamente?
Quando o faz mediante a autoridade humana ou a consciência do pecador (ibid.).
Por que chamais castigos divinos aos impostos pela autoridade humana e pela consciência do pecador?
Porque a autoridade humana e a própria consciência participam do poder de Deus, de quem são de algum modo instrumentos (ibid.).
Deus emprega algum outro meio para castigar o pecado?
Sim; utiliza as próprias criaturas, que a Ele pertencem e cuja subordinação e harmonia o pecador procura perturbar (ibid.).
Podemos dizer que, nesse sentido, há uma justiça imanente?
Sim; e em virtude dela as mesmas coisas inanimadas servem como de instrumento à Justiça divina para castigar o pecado, fazendo o pecador padecer as consequências de sua culpa (ibid.).
O que entendeis por intervenção imediata de Deus no castigo do pecado?
Uma intervenção particular e sobrenatural, em virtude da qual Ele mesmo castiga os atentados do pecador contra a ordem sobrenatural por Ele estabelecida (LXXXVII, 3 - 5).
Em que se diferencia o castigo imposto imediatamente por Deus, na ordem sobrenatural dos impostos pelas criaturas?
Em que Deus castiga alguns pecados com penas que durarão eternamente (LXXXVII, 3).