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Morre vocalista do Charlie Brow Jr e questão da natureza da alma pós-morte


E a notícia que deu no G1O cantor Alexandre Magno Abrão, o Chorão, da banda Charlie Brown Jr, foi encontrado morto em um apartamento na Zona Oeste de São Paulo. Chorão era um dos mais polêmicos cantores e compositores do rock nacional. Em 15 anos de carreira, colecionou sucessos como "Proibida pra mim" e "Zóio de lula" e brigas com outros músicos, inclusive da sua banda. Era também muito ligado ao skate - praticava o esporte e chegou a fundar uma pista. 

O delegado Itagiba Vieira, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP),  investiga o caso. "Aparentemente não foi homicídio. O IML é que vai dar a causa da morte. Aparentemente ou foi por uso de medicamento ou outra substância", disse. Segundo ele, o apartamento estava muito danificado. Itagiba acredita que os danos tenham sido feitos pelo próprio cantor, já que o corpo foi encontrado com um dedo machucado e havia marcas de sangue no local.

A maior tristeza, é ver uma vida partir possivelmente em pecado mortal, sem Cristo, sem os sacramentos. Aproveitemos e estudemos um pouco sobre a natureza da alma pós-morte.  

A doutrina ensina que os mortos ressuscitam logo após a morte e recebem um juízo (pessoal), sendo salvos ou condenados. Os adventistas têm o ponto de vista da dormição da alma até o juízo. Os protestantes creem na mesma coisa que os católicos, que se segue o juízo particular, a bem-aventurança ou a condenação após a morte. Adventistas e testemunhas de Jeová são "cristãos de fronteira" ou "paraprotestantes"; ambos têm em comum não aceitarem a imortalidade da alma.

A doutrina do sono da alma ou psicopaniquia não faz, nem nunca fez parte das doutrinas aceitas pelos protestantes. Do ponto de vista católico, a Constituição Benedictus Deus, de Bento XII, encerrou solenemente qualquer dúvida acerca do que ocorre imediatamente após a morte.

A Assembleia de Deus tem doutrina idêntica a batista, exceto pela questão das línguas, que os batistas dizem que cessaram. Batistas não diferem de outros protestantes em geral, exceto em questões relacionadas à escatologia geral (milenismo, pré-milenismo, dispensacionalismo), não em escatologia particular. Se você pegar a literatura da AD, revistas de escola dominical, verá que eles têm uma postura ortodoxa sobre esse assunto. Eu tenho alguns materiais apologéticos dessa denominação, e eles refutam a posição dos TJ justamente com a resposta de Cristo ao bom ladrão.

A posição dos protestantes pode ser investigada através de suas confissões históricas, as quais estão disponíveis na Internet. Geralmente, membros de denominações podem ter posturas equivocadas sobre a sua própria religião. É verdade que eles usam a expressão "dorme no Senhor", mas isso é apenas uma metáfora de origem bíblica. (Jo 11,11; Lc 8,52; At 7,60; 1 Ts 4,13-15). Não se quer com isso dizer que o morto está inconsciente. Na Bíblia de Estudo Pentecostal, há uma nota que defende até a intercessão dos santos no céu. E essa Bíblia é usada por muitos membros da denominação.

Penso que o bom ladrão esteve junto à alma de Cristo no Paraíso, após a alma de Cristo descer ao Xeol para levar os Patriarcas ao Paraíso.

Como a alma de Cristo estava unida hipostaticamente ao Verbo (assim como seu Corpo separado), Cristo podia se referir à Sua alma como "Eu".

“O Homem é uma alma que faz uso de um corpo. A alma se mantém em atividade e ultrapassa o corpo”. (Santo Agostinho).

Essa doutrina de Santo Agostinho não corresponde à de Santo Tomás. O homem não é uma alma, e sim uma união da alma com o corpo.

O Cristo homem deixou de existir, embora tanto o corpo quanto a alma separada permanecessem hipostaticamente unidos ao Verbo. Mas, como Cristo dissera "comigo", está se referindo ao seu "Eu" e não a sua Humanidade (para haver homem, é necessário a alma unida ao corpo).

Logo, Cristo disse "Estarás comigo". O "Eu" de Cristo é divino, pois a Pessoa de Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, subsistente em duas naturezas, divina e humana.

A Alma de Cristo se desgarrou de seu Corpo. Logo, Cristo deixou de ser humano, pois o homem é uma unidade de corpo e alma.

Contudo, como eu disse, tanto a alma de Cristo, quanto o que resultou do corpo de Cristo permaneceu hipostaticamente unido ao Verbo até a ressurreição, quando houve de novo a união entre Alma e Corpo. Qualquer parte unida hipostaticamente à Pessoa de Cristo, é Deus e inseparável d'Ele. Não cessou sua natureza divina (pois n'Ela consiste a Pessoa de Cristo), nem os elementos que compunham sua Humanidade deixaram de estar unidos ao Verbo. 

Na realidade o corpo de Cristo não morre, afinal ele estava unido a Sua divindade, tanto que não conheceu a corrupção do sepulcro. Cristo morreu devido a separação da alma de seu corpo. Os santos, com exceção de Cristo e Nossa Senhora, não estão em corpo no céu. O Credo de Santo Atanásio diz que os mortos ressuscitarão na segunda vinda de Cristo.

Santo Tomás se refere à alma como forma do corpo, influenciado pelo hilemorfismo de Aristóteles. Essa é a definição racional de alma. E ensina que existe a alma separada.

O que disseram os Padres acerca da passagem da filha de Jairo:

Pseudo - Jerónimo

Dicen al jefe de la sinagoga: Tu hija ha muerto. Y Jesús dice: No está muerta, sino dormida para Dios. Y ambas cosas son verdad, porque es como si dijera: Está muerta para vosotros, y para mí dormida.

Beda, in Marcum, 2, 22

Estaba muerta para los hombres que no podían volverla a la vida, y estaba dormida para Dios, a cuya disposición estaba su espíritu, que vivía en su seno, y su cuerpo que descansaba esperando la resurrección. De aquí viene la costumbre de los cristianos de llamar dormidos a los muertos, de cuya resurrección no se duda ( 1Tes 4).

"Y se burlaban de El".

Cristo usou uma figura de linguagem para dizer que ela dormia. Na verdade, queria dizer que, para Ele, era como se estivesse dormindo, e Ele iria despertá-la. Isso devia a ser tão fácil para Ele ressuscitar um morto, quando despertar alguém do sono. Assim, interpretaram os Padres.

A fé católica ensina que os mortos ressuscitarão com o mesmo corpo, numericamente idêntico que tiveram em vida. Como se fará essa identificação numérica é matéria de discussão, e Santo Tomás pensa que se conservará o mínimo de matéria necessária para ser recomposto o corpo por milagre (à semelhança da multiplicação dos pães e dos peixes). Outros, como D. Estevão, sem negar a identidade numérica entre o corpo atual e o ressuscitado, dizem que essa identificação se dá pela forma, uma vez que a matéria não informada, sendo pura potência, é desprovida de qualquer nota individualizante.

No último dia, não restarão mais do que cinzas dos corpos dos homens, pois o fogo da conflagração final, que efetuará a limpeza do mundo, reduzirá os corpos a cinzas. Alguns teólogos pensam que os anjos recolherão as cinzas dos bons e os demônios a dos maus.

PARA CITAR ESTE ARTIGO:

Morre vocalista do Charlie Brow Jr e questão da natureza da alma pós-morte David A. Conceição 03/2013 Tradição em Foco com Roma.


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