“A Suma Teológica de Santo Tomás de
Aquino em forma de Catecismo” do Pe. Tomas Pégues, O. P., é uma excelente
obra para aqueles que desejam iniciar o estudo da Obra Magna de Santo Tomás. Um
tanto raro aqui no Brasil, haja vista que sua última edição em português data do
início da década de 40, este livro é formulado como todos os catecismos
tradicionais em perguntas e respostas e é de agradável leitura.
SEGUNDA PARTE: O HOMEM PROCEDE DE DEUS E PARA DEUS DEVE
VOLTAR
SEGUNDA SEÇÃO: ESTUDO CONCRETO DOS MEIOS QUE O HOMEM DEVE
EMPREGAR PARA VOLTAR PARA DEUS
XVIII. DO JUÍZO
COMO ATO DE JUSTIÇA PARTICULAR
Tem a justiça
algum ato de especial importância, considerada sobre tudo, como justiça
particular?
Sim; o ato do Juízo, que consiste em determinar com exatidão aquilo que a cada um se deve dar, principalmente se se trata de ofício para administrar a justiça aos litigantes, cargo próprio dos juízes, ou em particular para discernir em consciência e por amor à justiça, até onde se estendem os deveres e direitos de cada um (LX).
Em caso de
dúvida, deve inclinar-se o Juízo para o lado da benevolência?
Tratando-se do próximo, sim; pois a Justiça exige que jamais se pronuncie sentença condenatória, quer seja exterior, ou simplesmente interior e de pensamento, enquanto permaneça de pé alguma dúvida (LX, 4).
Apesar disto,
podemos em determinadas ocasiões presumir e suspeitar da existência do mal sem
provas suficientes?
Sim; quando devemos preveni-lo ou remedia-lo, pois a Justiça legal, a prudência e a caridade nos mandam ser cautos e supor, ao menos como possível, a maldade de certos homens, ainda que dela não tenhamos a certeza, mas apenas conjecturas (LX, 4, ad 3).
Tendes que formular
alguma reserva a esta doutrina?
Sim; porque ainda neste caso, temos a obrigação de não emitir contra quem quer que seja, juízo formalmente desfavorável.
Poderíeis
explicar com um exemplo?
Se
eu visse um homem de catadura suspeita, não teria direito de julgá-lo ladrão,
nem mesmo consigna-lo como tal; porém, se o visse rondar a minha casa ou as dos
meus amigos, teria direito de tomar cuidado para que tanto dentro da minha casa
como das suas, tudo estivesse a salvo de uma surpresa ou tentativa de roubo.