Na saída da
capela, na catequese dominical, o padre discute com um fiel, Filipe, de 17 anos.
Filipe: Padre, eu andei questionando muito nossa última conversa e constatei que o senhor está errado!
Filipe: Padre, o senhor aconselhou a pessoas a não cumprirem preceito dominical onde não há missas sedevacantistas.
A ação que tem tido
êxito e exaltação entre os tradicionalistas ( e que tem irritado certas
pessoas por aí ) é a sacralização do Novus Ordo por iniciativa dos
padres do mundo inteiro, que nada mais é do que a antecipação da Reforma
da Reforma que visa injetar no missal de Paulo VI elementos do missal
de 1962, como a Oração ao pé do altar, o Ofertório, o latim fixo no
próprio, o Cânon Romano aos domingos, algumas orações, etc. Vemos
diariamente fotos da pré-reforma da reforma no Salvem a Liturgia e no New Liturgical Movement.
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O Sacrificio
Eucarístico não é uma repetição do Sacrifício do Cristo, nem é símbolo,
mas é o próprio Sacríficio ocorrendo diante de nossos olhos, pois
somos transportados para uma realidade para além das definições de
tempo e espaço.
O sacrifício da Missa tem quatro fins: adoração, ação de graças, propiciação e impetração.
Adoração é a honra prestada a Deus em razão de sua excelência infinita e superior à de qualquer outro ser. A ação de graças é a manifestação de nosso reconhecimento a Deus pelos benefícios dEle recebidos. O sacrifício se diz propiciatório enquanto é um ato que aplaca a Deus, o qual com razão se “sente” ofendido pelo pecador (isso se faz pela satisfação, que é a reparação, segundo uma igualdade proporcional da injúria perpretada; pertence, pois, à virtude da justiça). Pela impetração, pedimos a Deus novos benefícios.
A Missa só subordinadamente recorda a Ressurreição e a Ascensão porque na sua realidade sacrifical e propiciatória, nos seus elementos simbólicos principais, a Missa é primariamente e diretamente a renovação do sacrifício da Cruz. Portanto, recorda antes de tudo a morte do Divino Mestre. Como, entretanto, no mistério do Calvário, que propriamente operou nossa redenção, se compreendiam todos os demais mistérios e todos os acontecimentos da vida de Cristo, pode-se e deve-se dizer que a Missa recorda também (mas subordinadamente) a Ressurreição, a Ascenção, o fato de que Nosso Senhor se assentou à direita do Pai eterno, etc.
A Missa se refere ao sacrifício primordialmente e essencialmente. A Ressurreição tem um valor simbólico, de se vencer a morte, de esperança, mas a Encarnação não se deu por esse motivo, mas para perfazer um sacrifício capaz de pagar a ofensa do pecado.
É a diferença entre algo que tem um efeito real (sacrifícicio - redenção) e algo que tem valor meramente simbólico.
Essa idéia de que as duas coisas tem o mesmo valor possui sua raiz na confusão criada pela primeira edição do Missal no rito de Paulo VI. Imagine que tal edição definia Missa como tudo, menos como sacrifício. Um escândalo sem tamanho. Tentaram consertar o erro e acabaram como que equiparando a Missa como sacrifício e como ceia. O fato é: na instrução do Missal Romano podem dizer o que quiserem, mas isso não pode mudar a teologia católica sobre a Missa, que sempre entendeu o sacrifício como ponto central, como ponto essencial.
Vejam o que diz o Missal:
II. FUNÇÕES DO POVO DE DEUS
"Na celebração da Missa os fiéis constituem o povo santo, o povo adquirido e o sacerdócio régio, para dar graças a Deus e oferecer o sacrifício perfeito, não apenas pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele, e aprender a oferecer-se a si próprios 83. Esforcem-se, pois, por manifestar isto através de um profundo senso religioso e da caridade para com os irmãos que participam da mesma celebração."
Afinal, o povo também "oferece" o sacrifício na Missa (só que até aqui no momento está se referindo ao sacerdócio comum). Trago a exemplo uma oração do Missal Tridentino, que é a Orate frates quando o sacerdote diz: "Oráte frates: ut meum ac vestrum sacrificium acdeptábile fiat apud Deu Patrem omnipoténtem [Orai irmãos e irmãs para que este sacrifício, meu e o vosso, seja aceite de Deus Pai omnipotente.] (cf. Missal Quatidiano, Dom Gaspar Lefebvre, 1958)"
O sacrifício da Missa tem quatro fins: adoração, ação de graças, propiciação e impetração.
Adoração é a honra prestada a Deus em razão de sua excelência infinita e superior à de qualquer outro ser. A ação de graças é a manifestação de nosso reconhecimento a Deus pelos benefícios dEle recebidos. O sacrifício se diz propiciatório enquanto é um ato que aplaca a Deus, o qual com razão se “sente” ofendido pelo pecador (isso se faz pela satisfação, que é a reparação, segundo uma igualdade proporcional da injúria perpretada; pertence, pois, à virtude da justiça). Pela impetração, pedimos a Deus novos benefícios.
A Missa só subordinadamente recorda a Ressurreição e a Ascensão porque na sua realidade sacrifical e propiciatória, nos seus elementos simbólicos principais, a Missa é primariamente e diretamente a renovação do sacrifício da Cruz. Portanto, recorda antes de tudo a morte do Divino Mestre. Como, entretanto, no mistério do Calvário, que propriamente operou nossa redenção, se compreendiam todos os demais mistérios e todos os acontecimentos da vida de Cristo, pode-se e deve-se dizer que a Missa recorda também (mas subordinadamente) a Ressurreição, a Ascenção, o fato de que Nosso Senhor se assentou à direita do Pai eterno, etc.
A Missa se refere ao sacrifício primordialmente e essencialmente. A Ressurreição tem um valor simbólico, de se vencer a morte, de esperança, mas a Encarnação não se deu por esse motivo, mas para perfazer um sacrifício capaz de pagar a ofensa do pecado.
É a diferença entre algo que tem um efeito real (sacrifícicio - redenção) e algo que tem valor meramente simbólico.
Essa idéia de que as duas coisas tem o mesmo valor possui sua raiz na confusão criada pela primeira edição do Missal no rito de Paulo VI. Imagine que tal edição definia Missa como tudo, menos como sacrifício. Um escândalo sem tamanho. Tentaram consertar o erro e acabaram como que equiparando a Missa como sacrifício e como ceia. O fato é: na instrução do Missal Romano podem dizer o que quiserem, mas isso não pode mudar a teologia católica sobre a Missa, que sempre entendeu o sacrifício como ponto central, como ponto essencial.
Vejam o que diz o Missal:
II. FUNÇÕES DO POVO DE DEUS
"Na celebração da Missa os fiéis constituem o povo santo, o povo adquirido e o sacerdócio régio, para dar graças a Deus e oferecer o sacrifício perfeito, não apenas pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele, e aprender a oferecer-se a si próprios 83. Esforcem-se, pois, por manifestar isto através de um profundo senso religioso e da caridade para com os irmãos que participam da mesma celebração."
Afinal, o povo também "oferece" o sacrifício na Missa (só que até aqui no momento está se referindo ao sacerdócio comum). Trago a exemplo uma oração do Missal Tridentino, que é a Orate frates quando o sacerdote diz: "Oráte frates: ut meum ac vestrum sacrificium acdeptábile fiat apud Deu Patrem omnipoténtem [Orai irmãos e irmãs para que este sacrifício, meu e o vosso, seja aceite de Deus Pai omnipotente.] (cf. Missal Quatidiano, Dom Gaspar Lefebvre, 1958)"
Filipe: Mas não estamos em 1986 e sim em 2013. Aliás no último Assis III o Papa Emérito Bento XVI mostrou a possibilidade do diálogo inter-religioso sem o maléfico irenismo e mencionou em seu discurso que "Deus é Pai de todos os homens". Investigaremos a catolicidade do constituinte em questão.
Em primeiro lugar, ensina D. Lefebvre (Carta aberta aos católicos perplexos):
“A doutrina da Igreja também reconhece implicitamente o batismo de desejo. Ele consiste em fazer a vontade de Deus. Deus conhece todos os homens e conhece aqueles entre protestantes, muçulmanos e budistas que são de boa vontade. Eles recebem a graça do batismo, mesmo sem conhecê-lo, de uma maneira efetiva. Nesse sentido eles se tornam parte da Igreja”.
.
Garrigou Lagrange (O nosso salvador e seu amor):
“Não podemos deixa de enfatizar esse ponto: no momento que a vontade fundamental de um homem está eficazmente direcionada para o Deus verdadeiro, este homem está justificado, ele está no estado de graça, ele possui o germe da vida eterna”.
Diz o Espírito Santo (Lucas II, 13-14):
“E subitamente apareceu com o anjo uma multidão numerosa da milícia celestial, que louvavam a Deus e diziam: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
No caso dos judeus, quando a Igreja ensina que a Antiga Aliança é ainda válida é no sentido de que a Revelação dada no Antigo Testamento tem uma valor perene, no que concerne à sua essência espiritual (não a ritos, cerimônias, disciplinas e "sacramentos"). De outra forma, teríamos, por exemplo, de dizer que os dez mandamentos não são válidos.
Aqui temos de fazer uma distinção entre fé e vontade. A virtude da fé pertence ao intelecto, o culto pertence à vontade. A Igreja sempre ensinou que um homem pode ser salvo ao cumprir a Lei Natural, quando sua vontade está voltada fundamentalmente para o Criador, mesmo quando sua fé não tem um caráter explícito. Se sua vontade está voltada ao Bem Supremo, sua fé pode ser implícita (embora real).
Isso quer dizer que um homem pode sofrer de um defeito do intelecto que faz com que seu culto seja direcionado para aquilo que ele conhece imperfeitamente e, ao mesmo tempo, ter sua vontade suficientemente dirigida ao Deus verdadeiro.
Façamos uma analogia. Tenho um amigo e acredito firmemente que ele tem um pai. Acredito que ele tem um pai porque esse meu amigo existe, o fato dele ser criado indica que há um criador. Entretanto, acredito que seu pai seja obeso, tem outros 7 filhos e afina pianos e se chama José.
Respondamos, então, a questão: acredito no pai de meu amigo ou não? Claro que sim. Conheço todas as especificidades dele? Provavelmente não. Mas a falta dessa percepção intelectual perfeita implica que eu não acredite do pai de meu amigo? Não.
Consigo o endereço de meu amigo e de sua família e passo a mandar cartas para seu pai, todas endereçadas a José, perguntando sobre pianos, regimes e sobre seus outros 7 filhos. Minhas catas foram mandadas para o homem certo? Evidente. Ele recebeu minhas cartas? Sim. Ele gostou de minha correspondência? Provavelmente não, ele deve achar que sou um doido e minhas cartas lhe causaram aborrecimento e desconforto.
Conhecimento exato e fé não são um pré-requisito para um culto verdadeiro, contanto que a vontade esteja direcionada ao Sumo Bem. Isso também não implica que Deus aceite tal culto. Só pela razão ninguém chega a Trindade, mas chega-se ao Deus único, remunerador e criador de todas as coisas. Pai de todos os homens.
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Em primeiro lugar, ensina D. Lefebvre (Carta aberta aos católicos perplexos):
“A doutrina da Igreja também reconhece implicitamente o batismo de desejo. Ele consiste em fazer a vontade de Deus. Deus conhece todos os homens e conhece aqueles entre protestantes, muçulmanos e budistas que são de boa vontade. Eles recebem a graça do batismo, mesmo sem conhecê-lo, de uma maneira efetiva. Nesse sentido eles se tornam parte da Igreja”.
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Garrigou Lagrange (O nosso salvador e seu amor):
“Não podemos deixa de enfatizar esse ponto: no momento que a vontade fundamental de um homem está eficazmente direcionada para o Deus verdadeiro, este homem está justificado, ele está no estado de graça, ele possui o germe da vida eterna”.
Diz o Espírito Santo (Lucas II, 13-14):
“E subitamente apareceu com o anjo uma multidão numerosa da milícia celestial, que louvavam a Deus e diziam: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
No caso dos judeus, quando a Igreja ensina que a Antiga Aliança é ainda válida é no sentido de que a Revelação dada no Antigo Testamento tem uma valor perene, no que concerne à sua essência espiritual (não a ritos, cerimônias, disciplinas e "sacramentos"). De outra forma, teríamos, por exemplo, de dizer que os dez mandamentos não são válidos.
Aqui temos de fazer uma distinção entre fé e vontade. A virtude da fé pertence ao intelecto, o culto pertence à vontade. A Igreja sempre ensinou que um homem pode ser salvo ao cumprir a Lei Natural, quando sua vontade está voltada fundamentalmente para o Criador, mesmo quando sua fé não tem um caráter explícito. Se sua vontade está voltada ao Bem Supremo, sua fé pode ser implícita (embora real).
Isso quer dizer que um homem pode sofrer de um defeito do intelecto que faz com que seu culto seja direcionado para aquilo que ele conhece imperfeitamente e, ao mesmo tempo, ter sua vontade suficientemente dirigida ao Deus verdadeiro.
Façamos uma analogia. Tenho um amigo e acredito firmemente que ele tem um pai. Acredito que ele tem um pai porque esse meu amigo existe, o fato dele ser criado indica que há um criador. Entretanto, acredito que seu pai seja obeso, tem outros 7 filhos e afina pianos e se chama José.
Respondamos, então, a questão: acredito no pai de meu amigo ou não? Claro que sim. Conheço todas as especificidades dele? Provavelmente não. Mas a falta dessa percepção intelectual perfeita implica que eu não acredite do pai de meu amigo? Não.
Consigo o endereço de meu amigo e de sua família e passo a mandar cartas para seu pai, todas endereçadas a José, perguntando sobre pianos, regimes e sobre seus outros 7 filhos. Minhas catas foram mandadas para o homem certo? Evidente. Ele recebeu minhas cartas? Sim. Ele gostou de minha correspondência? Provavelmente não, ele deve achar que sou um doido e minhas cartas lhe causaram aborrecimento e desconforto.
Conhecimento exato e fé não são um pré-requisito para um culto verdadeiro, contanto que a vontade esteja direcionada ao Sumo Bem. Isso também não implica que Deus aceite tal culto. Só pela razão ninguém chega a Trindade, mas chega-se ao Deus único, remunerador e criador de todas as coisas. Pai de todos os homens.
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Padre: A missa é
antes de tudo um ato público e hierárquico. A missa de um padre rallié é
a missa de um padre que, ao menos oficialmente, obedece ao bispo do
lugar e ao papa, logo um padre que vai receber, de vez em quando, o seu
bispo para as cerimônias, um padre que não prega que a nova missa é má,
perigosa para a fé, um padre que vai assim congregar em torno de si
fiéis cuja fé é mais fraca, menos informada a respeito dos sérios
perigos que ameaçam a vida cristã na Igreja Conciliar, um padre que, se
for lógico consigo mesmo, considerará que a situação da Igreja hoje é
grosso modo, normal, de qualquer modo normal o suficiente para tornar a
resistência da Fraternidade São Pio X ilegítima, um padre que,
obedecendo a autoridades liberais e modernistas vai inevitavelmente se
desviar, um padre que, finalmente, trai tudo o que fez D. Lefebvre, que
trai as almas, as engana, fazendo-as crer, através de sua submissão
pública à hierarquia, que o papa conduz verdadeiramente suas ovelhas e
seus carneiros nos caminhos da verdadeira fé…
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Filipe: Nos últimos dias
também vimos a vergonhosa e vil tentativa de algumas criaturas ainda
não identificadas que desejam, sem sombra de dúvida, atrapalhar e
impedir a regularização da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Ameaçam com a
história precedente. Dizem que a voz de Fellay é igual a de Dom Gerard
(Barroux) ou Pe. Rifan, por exemplo, nos momentos dos seus respectivos
"acordos" com Roma modernista. Vejam, vejam! A história ensina como é perversa a Roma herética e apóstata, eles gritam.
O que não enxergam é que a FSSPX vai simplesmente voltar a fazer o que sempre fez. A FSSPX voltará a ser aquela mesma obra iniciada por Dom Lefbvre em 1970. Por acaso Dom Lefbvre fundou a FSSPX alheio aos procedimentos eclesiais? Claro que não! Pediu autorização aos bispos locais e procedeu conforme o direito. Seria então Dom Lefebvre um legalista, um subserviente da Roma Apóstata? Ou Roma caiu em apostasia somente após a excomunhão de Lefebvre? Então deduziríamos, no caso de uma resposta positiva a este último questionamento, que Mons Lefebvre deixou de ser um simples bispo, passando a ser a encarnação da própria Tradição.
Não se enganem! Quem fundou a FSSPX foi Dom Lefebvre, mas quem a regularizou foi o bispo diocesano François Charrière, de Losana-Genebra-Friburgo.
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O que não enxergam é que a FSSPX vai simplesmente voltar a fazer o que sempre fez. A FSSPX voltará a ser aquela mesma obra iniciada por Dom Lefbvre em 1970. Por acaso Dom Lefbvre fundou a FSSPX alheio aos procedimentos eclesiais? Claro que não! Pediu autorização aos bispos locais e procedeu conforme o direito. Seria então Dom Lefebvre um legalista, um subserviente da Roma Apóstata? Ou Roma caiu em apostasia somente após a excomunhão de Lefebvre? Então deduziríamos, no caso de uma resposta positiva a este último questionamento, que Mons Lefebvre deixou de ser um simples bispo, passando a ser a encarnação da própria Tradição.
Não se enganem! Quem fundou a FSSPX foi Dom Lefebvre, mas quem a regularizou foi o bispo diocesano François Charrière, de Losana-Genebra-Friburgo.
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Na década de 1970
Anos críticos para a FSSPX. Dom Marcel funda essa "nova comunidade", digamos assim, e começa a perseguição. Contudo, Dom Lefebvre ainda está em situação regular. Mesmo após a sua suspensão a divinis, Dom Lefebvre nunca pensou a priori em "deixar a Igreja" ou isolar-se num movimento paralelo ou irregular; nunca desejou outra situação canônica para a FSSPX que não aquela que ele próprio havia buscado ao fundá-la. Veja, caro leitor, que se o objetivo de Mons Lefebvre fosse a permanência da FSSPX numa situação irregular, ele a teria fundado dessa maneira desde o começo. A irregularidade da FSSPX é um acidente e não faz - e jamais poderia fazer - parte da sua substância.
Mas qual era o contexto desta década? Bem, é fácil ter uma ideia. Foi imediatamente após o Vaticano II, os liberais estavam no comando das maiores dioceses do mundo e de altos postos da Cúria Romana. Ideias inovadoras e mesmo heréticas eram "a última moda". Os grandes leões da ortodoxia perdiam espaço e poder, graças às decisões desastradas de Paulo VI.
Na Cúria Romana estavam:
Franjo Šeper era favorável ao vernáculo na liturgia e foi um partidário da reforma bugniniana; James Knox realizou uma missa com nativos australianos, já na década de 1970; Etchegaray detestava, segundo Mons Fellay, a Fraternidade; o cardeal Marty comandou a triste luta pela posse da Igreja de St Nicholas du Chardonet, a principal e mais simbólica Igreja da FSSPX no coração da França; os cardeais Suenens e König eram progressistas de alto calibre; o beneditino Basil Hume nunca demonstrou qualquer inclinação ou simpatia com a missa tridentina perseguindo-a o quanto pôde; Lercaro nutria simpatias pelo comunismo.
Os brasileiros não precisam de apresentação. Eram autênticos expoentes de tudo aquilo que hoje chamamos de "Hermenêutica da Ruptura" e que com força condenamos.
Leonardo Boff era lido e aclamado. Outros teólogos do tipo também avançavam numa onda destruidora, em nome do Concílio. Professores universitários hereges e ateus, maçons comungando com a anuência dos bispos, marxismo, feminismo e outros ismos dentro dos seminários e conventos. Em suma, foi uma verdadeira prova de fogo que mostrou a mão divina dentro da Igreja, impedindo-a de morrer devido a gangrena de muitos membros.
A Missa Tridentina estava oficiosamente proibida e os santuários eram invadidos por demolições. A comunhão na mão avança, os genuflexórios são removidos, as péssimas traduções entram em vigor.
Até 1975...
Até 1975 a FSSPX fazia parte oficial e canonicamente da Igreja. Em 1975 foi revogada a condição de Pia União.
O que é interessante notar é que Mons Lefebvre e a FSSPX faziam parte dessa "Roma Modernista". Estavam dentro da estrutura da Igreja Conciliar, eram "romanos", para usar os termos que colocam a nós.E a Roma modernista de antes era muito pior, reconheçamos, que a Roma modernista de hoje.
Mons Lefebvre defendia a ortodoxia católica desde dentro, a mesma postura vista no superior do IBP, por exemplo, mas que é estranhamente condenada pelos membros da FSSX de hoje.
Depois de 1975...
Depois do ano de 1975 a relação Vaticano-Econe começa a azedar. Culmina com a excomunhão de 1989, quando consagrou os 4 bispos.
Foi precisamente ai que temos aquilo que podemos considerar como o primeiro e mais grave erro de Mons Lefebvre e que plantou a semente do sedevacantismo dentro da FSSPX (essa teoria surge na FSSPX). Não falo das consagrações em si, mas da sua "bula". Para justificar a consagração ilegítima, Mons Lefebvre explica, no momento da leitura da bula papal (que não existia, é claro...), que ele o faz [as consagrações] por fidelidade à Roma eterna e não à Roma Modernista. É ai que Mons Lefebvre corta a Igreja nesta Terra em duas.
É claro que Mons Lefebvre nunca quis fundar uma outra Igreja, mas foram essas palavras que, como fogo em palha, deram ignição ao sedevacantismo que, ironicamente, ameaça destruir a Fraternidade desde dentro.
Esse conceito de "Roma Eterna" só encontra sustentação dentro do sedevacantismo. Acredito que ele quis dizer que permanecia fiel ao que a Igreja sempre ensinou, mas hoje, mais de 20 anos, suas palavras claras tornam-se obscurecidas e evanescentes, e despidas do contexto servem para justificar a doença que corrói a Fraternidade.
Ele nunca quis sair
Os detratores do acordo com Roma ameaçam. Afirmam que Mons Lefebvre retirou a sua assinatura do acordo com o então-cardeal Ratzinger por não confiar nas autoridades hereges e que Dom Fellay, ao confiar, irá cometer um erro terrível.
É preciso notar que Mons Lefebvre nunca quis sair. Foi justamente essa vontade de ficar - dentro da Igreja modernista, apóstata, herege e descontrolada, etc - que o inclinou a um acordo. Acordo este que assinou, embora tenha rechaçado posteriormente.
Numa Cúria mais agressiva à Tradição, com condições piores que o acordo oferecido ao Mons Fellay [pelo pouco que sabemos deste último], até então sem qualquer precedente, Mons Lefebvre assina. Se retirou a assinatura, é um problema posterior, mas demonstrou que estava disposto a ficar e num ambiente eclesial muito mais insalubre.
Bento XVI e os três presentes
Mons. Lefebvre pedira espaço para apenas continuar a fazer a experiência da Tradição, algo bem simples e muito limitado. Mons Fellay foi mais ganancioso e mudou a Igreja. Você, caro leitor, tem ideía do que o superior geral da FSSPX conseguiu?
Com Bento XVI a relação e o contexto mudaram drasticamente. Este Papa modernista, herege, subjetivista concedeu três presentes à FSSPX, mas que são também três dons para toda a Igreja.
(1) Summorum Pontificum
(2) Levantamento das Excomunhões
(3) Discussões Doutrinais e questionamentos sobre o Vaticano II
Em termos de Igreja, seria o equivalente a tirar a lua da sua órbita!
O contexto mudou radicalmente desde 1989 e por isso a carta dos bispos e o choro raivoso dos sedevacantistas "amigos" não tem razão de ser.
A Cúria romana está muito mais inclinada à Tradição hoje que em 1989. Os cardeais e arcebispos do mundo estão mais inclinados à missa tradicional, pois de 2007 até hoje mais de 260 deles já participaram dessa forma, algo impensável no tempo de Mons Lefebvre! Seminários diocesanos estão ensinando a forma extraordinária, há religiosos que estão voltado a celebrar exclusivamente esta forma.
O IBP pode criticar o Vaticano II, algo que Mons. Lefebvre sempre quis liberdade para fazer. A Administração Apostólica tem um bispo próprio, mostrando que Roma pode sim continuar a prover à FSSPX do necessário episcopado. Os padres da tradição podem comandar paróquias pessoais, etc.
A FSSPX com bala na agulha
1/5 dos padres franceses estão ligados exclusivamente à forma extraordinária. Desses, mais da metade é da FSSPX. Em 20 anos serão 1/2.
Antes Mons. Lefebvre era persona non grata e seu seminário era hostilizado. Hoje a FSSPX é o futuro e a esperança de salvação da França em muitos aspectos. Com mais de 500 padres a FSSPX torna-se uma força missionária num mundo de vocações decrescentes. Sem contar que as famílias tradicionais têm mais filhos por casal (em média 4).
Eles nos engolirão
Os bispos da FSSPX rogam ao Mons Fellay que não assine, pois declarará a morte da obra de Dom Lefebvre. Como Dom Fellay deixou claro a questão não é nem nunca foi a Fraternidade, mas a Igreja.
A FSSPX não existe para servir à FSSPX, mas para servir à Igreja.
E se os bispos da FSSPX não conseguem confiar na formação que deram aos seus padres, achando-os tão fáceis de corromper, que péssima obra fizeram com a herança de Dom Lefebvre!
O copo sempre meio vazio
Mas Roma é modernista, os encontros de Assis vão continuar, o ecumenismo, a nova missa. Nada irá mudar com a FSSPX dentro, por isso não podemos assinar um acordo prático , dizem eles.
Sim. Muita coisa irá continuar por muito tempo ainda, mas é preciso admitir que muita coisa mudou. Ver o copo sempre meio vazio é cair em desespero. Ou será que houve um tempo em que a Igreja esteve completamente livre de problemas doutrinais?
Aqui cabe uma comparação. A Fraternidade deve retornar à Roma quando esta deixar de ser modernista, herege, subjetivista, etc. Essa é a opinião dos três bispos e de uma boa parte da fraternidade e de algumas comunidadesparasitas
amigas. Meu pergunto, então para que precisaremos da Fraternidade
quando não houver mais crise? É como um médico que nega remédio ao
paciente e diz que só ira administrar o medicamento quando o paciente
estiver saudável. E se o paciente morrer, bem, não é culpa do médico; o
importante é que o médico sobreviveu, ainda que não tenha mais
paciente algum.
Os três bispos querem enterrar o talento num buraco, querem esconder a lanterna embaixo da cama. São como o sacerdote e o levita que passam longe do pobre judeu saqueado, que ia de Jerusalém a Jericó. Olham, veem sua situação temerária e continuam seu caminho. Essa é a obra de Dom Lefebvre?
Numa entrevista (ao canal canadense Salt n Light) Mons Fellay fala que o trabalho da Fraternidade é ser justamente o bom samaritano!
Anos críticos para a FSSPX. Dom Marcel funda essa "nova comunidade", digamos assim, e começa a perseguição. Contudo, Dom Lefebvre ainda está em situação regular. Mesmo após a sua suspensão a divinis, Dom Lefebvre nunca pensou a priori em "deixar a Igreja" ou isolar-se num movimento paralelo ou irregular; nunca desejou outra situação canônica para a FSSPX que não aquela que ele próprio havia buscado ao fundá-la. Veja, caro leitor, que se o objetivo de Mons Lefebvre fosse a permanência da FSSPX numa situação irregular, ele a teria fundado dessa maneira desde o começo. A irregularidade da FSSPX é um acidente e não faz - e jamais poderia fazer - parte da sua substância.
Mas qual era o contexto desta década? Bem, é fácil ter uma ideia. Foi imediatamente após o Vaticano II, os liberais estavam no comando das maiores dioceses do mundo e de altos postos da Cúria Romana. Ideias inovadoras e mesmo heréticas eram "a última moda". Os grandes leões da ortodoxia perdiam espaço e poder, graças às decisões desastradas de Paulo VI.
Na Cúria Romana estavam:
- Franjo Šeper (1968-1981) - Doutrina da Fé
- James Knox (1974-1981) - Culto Divino
- Sebastiano Baggio (1973-1984) - Bispos
- John Wright (1969-1979) - Clero
- Roger Marie Élie Etchegaray - Marseille (França)
- Gabriel Auguste François Marty - Paris
- Leo Jozef Suenens - Bruxelas
- Franz König - Viena
- George Basil Hume, OSB - Westminster
- Giacomo Lercaro - Bolonha
- Paulo Evaristo Arns - São Paulo
- Helder Câmara - Olinda e Recife
- Aloísio Lorscheider - Fortaleza
Franjo Šeper era favorável ao vernáculo na liturgia e foi um partidário da reforma bugniniana; James Knox realizou uma missa com nativos australianos, já na década de 1970; Etchegaray detestava, segundo Mons Fellay, a Fraternidade; o cardeal Marty comandou a triste luta pela posse da Igreja de St Nicholas du Chardonet, a principal e mais simbólica Igreja da FSSPX no coração da França; os cardeais Suenens e König eram progressistas de alto calibre; o beneditino Basil Hume nunca demonstrou qualquer inclinação ou simpatia com a missa tridentina perseguindo-a o quanto pôde; Lercaro nutria simpatias pelo comunismo.
Os brasileiros não precisam de apresentação. Eram autênticos expoentes de tudo aquilo que hoje chamamos de "Hermenêutica da Ruptura" e que com força condenamos.
Leonardo Boff era lido e aclamado. Outros teólogos do tipo também avançavam numa onda destruidora, em nome do Concílio. Professores universitários hereges e ateus, maçons comungando com a anuência dos bispos, marxismo, feminismo e outros ismos dentro dos seminários e conventos. Em suma, foi uma verdadeira prova de fogo que mostrou a mão divina dentro da Igreja, impedindo-a de morrer devido a gangrena de muitos membros.
A Missa Tridentina estava oficiosamente proibida e os santuários eram invadidos por demolições. A comunhão na mão avança, os genuflexórios são removidos, as péssimas traduções entram em vigor.
Até 1975...
Até 1975 a FSSPX fazia parte oficial e canonicamente da Igreja. Em 1975 foi revogada a condição de Pia União.
O que é interessante notar é que Mons Lefebvre e a FSSPX faziam parte dessa "Roma Modernista". Estavam dentro da estrutura da Igreja Conciliar, eram "romanos", para usar os termos que colocam a nós.E a Roma modernista de antes era muito pior, reconheçamos, que a Roma modernista de hoje.
Mons Lefebvre defendia a ortodoxia católica desde dentro, a mesma postura vista no superior do IBP, por exemplo, mas que é estranhamente condenada pelos membros da FSSX de hoje.
Depois de 1975...
Depois do ano de 1975 a relação Vaticano-Econe começa a azedar. Culmina com a excomunhão de 1989, quando consagrou os 4 bispos.
Foi precisamente ai que temos aquilo que podemos considerar como o primeiro e mais grave erro de Mons Lefebvre e que plantou a semente do sedevacantismo dentro da FSSPX (essa teoria surge na FSSPX). Não falo das consagrações em si, mas da sua "bula". Para justificar a consagração ilegítima, Mons Lefebvre explica, no momento da leitura da bula papal (que não existia, é claro...), que ele o faz [as consagrações] por fidelidade à Roma eterna e não à Roma Modernista. É ai que Mons Lefebvre corta a Igreja nesta Terra em duas.
É claro que Mons Lefebvre nunca quis fundar uma outra Igreja, mas foram essas palavras que, como fogo em palha, deram ignição ao sedevacantismo que, ironicamente, ameaça destruir a Fraternidade desde dentro.
Esse conceito de "Roma Eterna" só encontra sustentação dentro do sedevacantismo. Acredito que ele quis dizer que permanecia fiel ao que a Igreja sempre ensinou, mas hoje, mais de 20 anos, suas palavras claras tornam-se obscurecidas e evanescentes, e despidas do contexto servem para justificar a doença que corrói a Fraternidade.
Ele nunca quis sair
Os detratores do acordo com Roma ameaçam. Afirmam que Mons Lefebvre retirou a sua assinatura do acordo com o então-cardeal Ratzinger por não confiar nas autoridades hereges e que Dom Fellay, ao confiar, irá cometer um erro terrível.
É preciso notar que Mons Lefebvre nunca quis sair. Foi justamente essa vontade de ficar - dentro da Igreja modernista, apóstata, herege e descontrolada, etc - que o inclinou a um acordo. Acordo este que assinou, embora tenha rechaçado posteriormente.
Numa Cúria mais agressiva à Tradição, com condições piores que o acordo oferecido ao Mons Fellay [pelo pouco que sabemos deste último], até então sem qualquer precedente, Mons Lefebvre assina. Se retirou a assinatura, é um problema posterior, mas demonstrou que estava disposto a ficar e num ambiente eclesial muito mais insalubre.
Bento XVI e os três presentes
Mons. Lefebvre pedira espaço para apenas continuar a fazer a experiência da Tradição, algo bem simples e muito limitado. Mons Fellay foi mais ganancioso e mudou a Igreja. Você, caro leitor, tem ideía do que o superior geral da FSSPX conseguiu?
Com Bento XVI a relação e o contexto mudaram drasticamente. Este Papa modernista, herege, subjetivista concedeu três presentes à FSSPX, mas que são também três dons para toda a Igreja.
(1) Summorum Pontificum
(2) Levantamento das Excomunhões
(3) Discussões Doutrinais e questionamentos sobre o Vaticano II
Em termos de Igreja, seria o equivalente a tirar a lua da sua órbita!
O contexto mudou radicalmente desde 1989 e por isso a carta dos bispos e o choro raivoso dos sedevacantistas "amigos" não tem razão de ser.
A Cúria romana está muito mais inclinada à Tradição hoje que em 1989. Os cardeais e arcebispos do mundo estão mais inclinados à missa tradicional, pois de 2007 até hoje mais de 260 deles já participaram dessa forma, algo impensável no tempo de Mons Lefebvre! Seminários diocesanos estão ensinando a forma extraordinária, há religiosos que estão voltado a celebrar exclusivamente esta forma.
O IBP pode criticar o Vaticano II, algo que Mons. Lefebvre sempre quis liberdade para fazer. A Administração Apostólica tem um bispo próprio, mostrando que Roma pode sim continuar a prover à FSSPX do necessário episcopado. Os padres da tradição podem comandar paróquias pessoais, etc.
A FSSPX com bala na agulha
1/5 dos padres franceses estão ligados exclusivamente à forma extraordinária. Desses, mais da metade é da FSSPX. Em 20 anos serão 1/2.
Antes Mons. Lefebvre era persona non grata e seu seminário era hostilizado. Hoje a FSSPX é o futuro e a esperança de salvação da França em muitos aspectos. Com mais de 500 padres a FSSPX torna-se uma força missionária num mundo de vocações decrescentes. Sem contar que as famílias tradicionais têm mais filhos por casal (em média 4).
Eles nos engolirão
Os bispos da FSSPX rogam ao Mons Fellay que não assine, pois declarará a morte da obra de Dom Lefebvre. Como Dom Fellay deixou claro a questão não é nem nunca foi a Fraternidade, mas a Igreja.
A FSSPX não existe para servir à FSSPX, mas para servir à Igreja.
E se os bispos da FSSPX não conseguem confiar na formação que deram aos seus padres, achando-os tão fáceis de corromper, que péssima obra fizeram com a herança de Dom Lefebvre!
O copo sempre meio vazio
Mas Roma é modernista, os encontros de Assis vão continuar, o ecumenismo, a nova missa. Nada irá mudar com a FSSPX dentro, por isso não podemos assinar um acordo prático , dizem eles.
Sim. Muita coisa irá continuar por muito tempo ainda, mas é preciso admitir que muita coisa mudou. Ver o copo sempre meio vazio é cair em desespero. Ou será que houve um tempo em que a Igreja esteve completamente livre de problemas doutrinais?
Aqui cabe uma comparação. A Fraternidade deve retornar à Roma quando esta deixar de ser modernista, herege, subjetivista, etc. Essa é a opinião dos três bispos e de uma boa parte da fraternidade e de algumas comunidades
Os três bispos querem enterrar o talento num buraco, querem esconder a lanterna embaixo da cama. São como o sacerdote e o levita que passam longe do pobre judeu saqueado, que ia de Jerusalém a Jericó. Olham, veem sua situação temerária e continuam seu caminho. Essa é a obra de Dom Lefebvre?
Numa entrevista (ao canal canadense Salt n Light) Mons Fellay fala que o trabalho da Fraternidade é ser justamente o bom samaritano!