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A vitória de Cristo é na Cruz, não na Ressureição


Quebrando o mito protestante da aversão à Cruz, sobretudo ao Cristo crucificado, dizendo que servimos a um Deus morto numa cruz, ao passo que supervalorizam a Ressureição em detrimento da Cruz.

Algumas passagens bíblicas com o Crucificado:

Disse Nosso Senhor Jesus Cristo: "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem" (São João 3,14)


"Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis quem sou e que nada faço de mim mesmo, mas falo do modo como o Pai me ensinou." (São João 8,28)

"E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim." (São João 12,32) Disse São Paulo: "A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina." (I Coríntios 1,18)

"Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo." (Gálatas 2,19)

"Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." (Gálatas 6,14)

"Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo" (Filipenses 3,18)

"[Jesus] Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz." (Colossenses 2,15)

A aversão que diversas seitas protestantes e fundamentalistas têm pela imagem de Nosso Senhor crucificado provém de um erro, ou melhor, de uma sequência de erros acerca do mistério do mal e do sofrimento.

Só a verdadeira fé, católica romana, nos permite compreender o sentido da Paixão e Morte de Nosso Senhor. Para quase todas as demais religiões, de forma mais ou menos explícita, o sofrimento está associado a algum tipo de castigo: quem sofre nesta vida é porque não tem o favor de Deus. Ora, como harmonizar essa concepção com a Cruz? Quem foi mais amado por Deus do que Seu Filho Unigênito? Daí os protestantes e tantos outros hereges preferirem 'varrer' a imagem do Crucificado para 'debaixo' do tapete.

O erro denominado de 'teologia da prosperidade', cristalizado numa seita estado-unidense do início do século passado, continua permeando diversas correntes religiosas contemporâneas, não apenas cristãs, mas também os espíritas etc.

Mesmo no seio da Igreja não é raro encontrar pessoas que acreditam que certos males, em particular os de saúde e as privações materiais, são uma retribuição divina por algum pecado, e não um convite a participar, como co-redentores que somos, da Paixão e Morte de Nosso Senhor.

Isso sem falar nos que professam algum tipo de metempsicose.

Comparando a realidade da vitória da cruz e a vitória da ressurreição, os Santos Padres sempre foram consensuais em associar a Cruz à vitória determinística "crucial" -- de onde vem o adjetivo, aliás -- de Jesus em libertar o gênero humano do pecado. Foi na Cruz que, teologicamente, Jesus assumiu para si os pecados do mundo inteiro. Foi na Cruz que se consumou a Nova e eterna Aliança com o homem, a aliança do Perfeito Amor: "não há maior prova de amor do que dar a vida pelo outro (Jo 15,13). Foi na Cruz que Jesus concluiu aquilo para que veio ao mundo, em perfeita obediência ao Pai, obediência de morte, e morte de Cruz.

A Ressurreição, por sua vez, está associada também à vitória de Cristo, porém não sobre sua missão salvífica em si, mas sobre a morte como mal em si. Ressurgindo dos mortos, Cristo demonstrou que é o Senhor de toda a criação e que a morte e a corrupção do mundo não têm poder sobre ele, mas sim o contrário. Isso porque era comum na religião judaica um profundo temor da morte. Ela era uma espécie de arquétipo do mal paralisante do homem. De fato, antes da Ressurreição -- e portanto antes da descida à "Mansão dos Mortos" -- a morte caracterizava-se um obstáculo intransponível ao homem para ter acesso à glória de Deus, pois todos jaziam na Mansão dos Mortos. 

Com a Ressurreição, Cristo não só demosntra estar acima da morte, como também eleva o homem à mesma condição de desfrutar da visão beatífica. Por isso que São Paulo já trazia um discurso completamente contrário à visão de morte da antiga lei, a ponto de dizer que "morrer é um lucro" (Fl 1,21), pois a morte terrena significa o encontro com Cristo em sua glória, onde também nós seremos glorificados.

Assim, a Cruz representa a vitória de Cristo sobre o pecado -- a justificação do homem -- enquanto que a ressurreição representa a vitória sobre a corrupção terrena -- a glorificação do homem. Pelo mesmo motivo é que a Cruz estende ao homem uma ação perene da vida de graça, ainda aqui na terra, enquanto que a ressurreição nos remete à esperança da vida de glória, futura. Parece lógico, portanto, que na Missa o sacrifício da Cruz seja retomado, enquanto que a Ressurreição seja somente recordada.

Jesus não teve morte espiritual alguma. Deus não toma o culpado por inocente, nem trata o justo como injusto. O que Cristo efetuou foi uma satisfação por todo o gênero humano, pois todo gênero humano foi destituído em Adão (e nisso não havia injustiça, pois os dons divinos eram gratuitos e estavam acima das exigências de sua natureza), e não uma substituição nos termos imaginados pelos protestantes. Cristo realizou nossa salvação a modo de mérito, de satisfação, de sacrifício, de redenção e de eficiência, mas não a modo de substituição.

A satisfação é vicária no sentido de que Cristo ofereceu uma satisfação no lugar do gênero humano, mas não no sentido de Cristo substituiu penalmente os pecadores. Por isso, a doutrina católica condena a tese da justificação forense, de Lutero.

A morte de Cristo teve virtude infinita para salvar todos os homens, e influi sobre todos os homens, na medida em que todos recebem graças suficientes. É tese condenada que Cristo morreu só pelos predestinados e também que os pagãos e infiéis não recebem nenhum influxo da Paixão de Cristo. Contudo, seus merecimentos não são aplicados a todos homens. Sendo assim, diferenciamos a redenção objetiva e a redenção subjetiva.

Ele ressuscitou no mesmo corpo. E seu sangue voltou todo ao corpo, porque estava unido hipostaticamente ao Verbo. Algumas células ou gotas de sangue podem não ter retornado ao Corpo ressurreto de Cristo, pois no Santo Sudário haveria sangue. Também o sangue derramado na circuncisão (bem como o prepúcio) podem ter perdido a união com a Verbo. No entanto, é certo que o sangue (provavelmente não todo) está também unido ao Verbo, e é com Ele adorado, com adoração absoluta (não apenas adoração relativa, que é a adoração prestada a Cristo por meio de suas imagens e relíquias que tiveram contato com seu Corpo).

A adoração à Santa Cruz é dirigida a Jesus Cristo. E a Ele se adora mesmo. 

De acordo com Santo Tomás é adoração de latria sim, e a mesma se presta às imagens de Cristo e a tudo que nos remete a Cristo. 

Pouca gente sabe que as imagens de Cristo são adoradas. O movimento de adoração não termina na imagem enquanto coisa, mas sim na Pessoa que ela representa.  

Ele Se entrega (sacrifício), é elevado na Cruz (como a fumaça do holocausto), tem Seu Preciosíssimo Sangue derramado (imolação) e Se faz pão –trigo– (oblação) e vinho (libação).
 
Quanto mais digno a criatura a ser propiciada, mais digna tem que ser a vítima. Então, as vítimas animais são mais significativas que as vegetais. Entretanto, a única vítima capaz do ser humano seria a vítima racional, como bem ensina o Cânon Romano:

"Quam oblationem tu, Deus, in omnibus, quæsumus, benedictam, adscriptam, ratam, rationabilem" (Que esta oblação, vós, ó Deus, em tudo seja abençoada, aprovada, ratificada, racional).  

O que está em Lanciano é adorado no mesmo sentido em que se adora a verdadeira Cruz, ou seja, como relíquia de Cristo.

Vejamos o que diz o Catecismo Romano:

"Mas, por tal afirmação[morte do Senhor], não admitimos que do Corpo se tenha separado da Divindade. Muito pelo contrário. Com fé inabalável confessamos que, depois de separado a Alma do Corpo, a Divindade permanenceu sempre unida, não só no Corpo no sepulcro, como também à Alma nos infernos."(Cat. Rom. 4º Art. § 7, pág. 123) 

PARA CITAR ESTE ARTIGO:


A vitória de Cristo é na Cruz, não na Ressureição David A. Conceição 05/2013 RJ Tradição em Foco com Roma.

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