A sociedade dessacralizada tem sede de mudar, tem sede de abrir precedentes. Não é mais fiel no pouco, e não haverá de ser no muito. É como um buraco negro. Uma vez que a estrela da Igreja se apagou, agora vive de sugar os incautos, para que sejam tragados todos para o abismo.
Iniciarei o artigo com uma citação vista no facebook:
Aos católicos que quiserem “festejar” esses dias, sugere-se que festejem como festejam qualquer dia do ano, votando total desprezo às tristes tradições carnavalescas. Não é proibido aos católicos se confraternizar com amigos à maneira sadia e segundo os bons costumes.
O que não se pode é tomar parte nas festas carnavalescas, herança do mais imundo paganismo, ainda por cima com conotações satânicas.
Por curiosidade ouvi em uma pregação de retiro a origem do “Rei Momo”: segundo essa pregação, Momo, ou “Mamon”, era a divindade dos caldeus para o dinheiro e a prosperidade. Teria Nosso Senhor citado essa divindade referindo-se ao jovem rico que não quis segui-lo: “Não se pode servir a Deus e a Mamon”.
É costume carnavalesco em muitas cidades brasileiras o prefeito entregar a chave da cidade ao Rei Momo... Ainda que por ignorância, talvez esse gesto torne-se uma reverência à antiga divindade caldaica.
Mas divindades caldaicas não existem! Dirão os defensores do “folclore” e do carnaval.
Então quem fica reverenciado nessa cerimônia é o próprio Satã, que está por trás de cada ídolo pagão.
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Para aprofundar na questão, cito as palavras magistrais do prezado Rafael Vitola Brodback, do Domestica Ecclesia:
“O “estar com Jesus” não se dá por fazer retiro no carnaval, e sim por conservar o estado de graça. Quem vai a retiro e está em pecado mortal não faz carnaval com Jesus! Já quem pula carnaval e está em graça está.
Afirmação preconceituosa oriunda de carismáticas essa de “faço carnaval com Jesus pois faço retiro”, e, mesmo sem intenção, oriunda de certos ranços puritanos.
Se as pessoas pecassem só no Carnaval, uma vez só no ano, ainda assim, ofenderiam a Deus, e, se morressem logo em seguida com seus pecados mortais, mesmo que praticados uma só vez no ano, iriam para o Inferno, de ponta-cabeça!
Frase com boa intenção, mas absolutamente não tem nada a ver com a piedade cristã. Não devemos desejar que as pessoas “pequem menos”, mas que “não pequem”!
Já gostei de Carnaval, mas me afastei nos últimos anos, menos por questões morais do que por achar que tudo ficou muito chato e degradado. As músicas que se tocam nos bailes de carnaval são insuportáveis, de tão ruins.
Apesar dos puritanos de plantão, o Carnaval já foi uma festa bem-humorada e divertida, quando as pessoas ainda eram capazes de se divertir e extravasar de forma sã sua alegria. A feiúra que está hoje já não reflete nada disto.
O que se perdeu nos últimos anos é exatamente o bom-humor, a criatividade e o romantismo do Carnaval.
O Carnaval é mesmo uma festa profana, o que não quer dizer que seja necessariamente anticristã. Acho ridículo querer dar caráter religioso ao que não é religioso, com carnaval de Jesus e coisas do gênero.
Um dos problemas mais graves de hoje é que as pessoas perdem a capacidade de sentir alegria. Quem não é capaz de alegrar-se de verdade é que acaba caindo nos excessos do carnaval.
A alegria parece ter sido substituída pela obsessão de divertir-se a qualquer preço. Beber de forma homérica, “traçar” n mulheres, etc. Quando a diversão é uma obrigação, não é diversão mais.
Isso de “Carnaval com Cristo” ou coisas do gênero lembram aquela “Cristoteca”, que parte do princípio que católico só pode ter diversão católica, uma passo para o sectarismo.
Dito isso, uma festa ou bloco que reúna as pessoas da paróquia ou comunidade pode ser uma oportunidade para a interação, mas como diversão mesmo, que ninguém fique achando que vai estar no meio de uma atividade religiosa.
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Então a gente pode pegar declarações de Santos e teólogos sobre o cinema, sobre as danças, sobre a bebida, sobre a TV, sobre livros inadequados, sobre viver em cidades, sobre isso, sobre aquilo e só sair de casa para ir à Missa ou a uma procissão... não está em foco o que é melhor espiritualmente, isso é o óbvio ululante, mas, dado que nós não vivemos num mosteiro e dado que o que os Santos apresentam é um ideal, cabe saber como fazer as escolhas certas na vida concreta a partir do que é proposto, vida esta que se realiza por meio de mil é uma atividades não-religiosas, vida esta que esta, indubitavelmente, inserida numa tensão insolúvel até a morte.
O que não pode acontecer é o católico se envolver com tudo que aparece pela frente. E fora que quem é de lugares sem carnaval de verdade pensa que tudo é um grande sambódromo carioca, porque, hoje em dia, ele é organizado, é um grande desfile multimilionário de gente nua que ocorre numa avenida.
Para quem conheceu o carnaval do passado no Rio ou em Olinda, de rua e espontâneo, isso parece uma “heresia”, um grande show. E, na Bahia, o negócio parece que também é super organizado, mas não creio que tenha perdido a espontaneidade como no Rio. Brizola matou o carnaval, o desejo incontrolável de engenharia social dos socialistas não conseguiu conviver com a desordem.
Ainda não se chegou no ideal, mas quem por acaso viu alguma coisa dos desfiles das escolas de samba do grupo especial de São Paulo e do Rio de Janeiro, pôde notar um contraste avassalador:
Enquanto São Paulo levou o sensualismo ao extremo, e com pouca qualidade de samba (é muito chata a bateria das escolas paulistas!!!), no Rio de Janeiro, pelo menos no primeiro dia de desfiles, o sensualismo estava bem menor, mas com uma qualidade de samba muito boa (o único registro de “peitos de fora” foi na Imperatriz, acho, num carro alegórico falando sobre religiosidade indígena). A qualidade rítmica da bateria da Imperatriz e as surpresas da Unidos da Tijuca (principalmente a comissão de frente) marcaram bastante. Além disso, a União da Ilha estava muito bonita, contando de forma bem interessante a história de Dom Quixote.
Como eu disse, ainda não é o ideal, tá ainda carregado de sensualismo, mas pelo menos ficou bem menos agressivo (e, obviamente, muito mais bonito de se ver). Digamos, existe luz no fim do túnel, sendo possível vislumbrar melhoras (onde teremos um verdadeiro show sem apelos e agressões de sensualismo).
Por outro lado, uma coisa me chamou a atenção no desfile de um ano:
O intérprete da Mangueira ostentava o temo todo um terço na mão que segurava um microfone. Nesse ano, vi isso em mais duas escolas (não me lembro quais agora). Afora questões de conveniência ou não de um símbolo católico no carnaval (que de fato não convém), é uma cena que nos põe pra pensar: eles lá estão ostentando sua fé católica.
Quantos de nós temos medo de ostentar um crucifixo no pescoço no nosso trabalho, escola ou faculdade, ou pegar nosso terço e ir rezando no ônibus, a caminho do trabalho? Falo isso pra mim mesmo também, já que os ouvidos mais próximos da minha boca (ou melhor, os olhos mais próximos da tela do meu computador!) são os meus.
A título de esclarecimento: foquei apenas nas escolas de samba. O carnaval de hoje é muito mais abrangente, e é óbvio que não dá para se compactuar com as demonstrações de libertinagem que vemos por aí. Quis apenas realçar que é possível fazer um belo espetáculo sem apelos de sensualismo, o Rio de Janeiro, guardando as devidas reservas, deu essa demonstração nos desfiles do domingo do grupo especial.”
Em fevereiro de 1970, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira respondeu, à Folha de S. Paulo, algumas perguntas sobre Carnaval. Vamos ao texto.
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P. Sr. Plinio, como um leigo católico vê o Carnaval, que é uma festa pagã?
R. O Carnaval tem uma razão de ser na alma popular. Podem-se distinguir dois aspectos dessa razão de ser: de um lado é o desejo do maravilhoso que leva muitas pessoas a adotar fantasias magníficas que parecem tiradas das páginas das mil e uma noites, ou a reproduzir em todo seu fausto personagens históricos de grande envergadura. Grande parte do povo se entusiasma com tais mostras de aparato que elevam o espírito acima da vulgaridade pardacenta do cotidiano.
Esta aspiração ao maravilhoso, profundamente digna de respeito ao meu ver, é de tal maneira inextirpável da alma humana que o próprio comunismo – o qual é bem exatamente o contrário do maravilhoso – se serviu da exibição do que havia de mais feérico no velho cerimonial czarista, para empolgar e atrair recentemente o público parisiense. Quando Bolshoi exibiu há pouco, em teatro da capital francesa, “Ivan, O Terrível”, um desfile do “czar” com todo esplendor de sua corte arrancou gritos de entusiasmo no público. Não era o comunismo que este aplaudia, era o esplendor da velha tradição moscovita.
Ao lado deste veio “maravilhoso”, o carnaval apresenta também um aspecto de comicidade, em que o bom humor popular procura expandir-se saindo algum tanto da monotonia da vida comum. Também isto é – dentro das devidas medidas – compreensível.
Contudo, haveria tola ingenuidade em imaginar que esses aspectos preponderam no carnaval de hoje.
A agressão sexual desfechada contra o Ocidente por certa propaganda penetrou profundamente nos folguedos carnavalescos, dando-lhes uma nota de sensualidade pagã a qual como católico não posso deixar de verberar energicamente.
P. O carnaval é uma festa orgíaca?
R. O carnaval como ele se passa hoje tem pouco ou nada a ver com o de há 30 anos atrás.
Em outros termos, havia outrora ao par de um carnaval depravado, um carnaval familiar que se desenrolava em um ambiente de recato e compostura, muito difícil de encontrar hoje. O mais das vezes o carnaval de hoje, desenfreando a sensualidade, cria uma atmosfera destrutiva da instituição da família e contrária à verdadeira tradição brasileira.
P. O carnaval brasileiro não é uma festa tradicional? Por que então a TFP não defende a sua realização?
R. O Carnaval se exprime pelo gosto e pelo esplendor de muitas fantasias nos desfiles de rua. Infelizmente, entretanto o aspecto orgíaco se vai tornando sempre mais marcante tanto no carnaval dito de salão como no de rua.
P. O pessoal da TFP está proibido de pular o carnaval?
R. Os estatutos não me conferem, nem seria cabível, que conferissem poderes para uma proibição desse gênero. Entretanto seria uma incoerência com os princípios da sociedade que eles se associassem a festejos geralmente tão opostos aos objetivos da TFP.
P. Acha que eles observam esta coerência?
R. Trata-se de rapazes admiráveis precisamente por sua coerência. Desinteressadamente e com risco de vida afrontam eles cansaço, sol, chuva e bombas em nossas campanhas. Não tenho, portanto, o direito de imaginar que eles procedam sem coerência em relação ao carnaval ou qualquer outra circunstância.
A TFP é uma sociedade cívica que tem por fim valorizar três pilares da ordem natural e da civilização cristã no Brasil: Tradição, Família e Propriedade. A sociedade entende esses valores de ordem natural segundo nossa tradição cristã sempre as entendeu. Os seus membros se empenham em levar a todas as suas conseqüências a fidelidade a esses valores.
Assim estão persuadidos de prestar uma contribuição valiosa para a grandeza e o progresso do Brasil, pois, coerentes com o ensinamento de Pio XII, consideram o progresso como o desabrochar normal da tradição, e não a negação violenta e completa desta última. Qualquer aspecto da TFP facilmente pode ser explicado por quem procure situar-se na perspectiva de uma plena coerência com a tradição, família e propriedade.
P. O que o Senhor faz nos quatro dias de carnaval?
R. Durante o carnaval fico pondo em dia serviços atrasados e, se sobra algum tempo, eu rezo ou descanso. Nunca pulei o carnaval; assistia quando era moço nos salões junto com a família ou na rua.
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Disponível aqui
“Como se vê, a Igreja não instituiu o Carnaval; teve, porém, de o reconhecer como fenômeno vigente no mundo em que ela se implantou. Sendo em si suscetível de interpretação cristã, ela o procurou subordinar aos princípios do Evangelho; era inevitável, porém, que os povos não sempre observassem o limite entre o que o Carnaval pode ter de cristão e o que tem de pagão. Está claro que são contrários às intenções da Igreja os desmandos assim verificados Em reparação dos mesmos, foram instituídas a adoração das Quarenta Horas e as práticas de Retiros Espirituais nos dias anteriores à quarta-feira de cinzas.” D. Estevão Bettencourt.
Mas a grande maioria dos católicos, são ignorantes, desconhecem a doutrina da Igreja, acham que tudo pode, tudo convém, e não assumem a postura que a Igreja, de acordo com sua sábia doutrina, manifesta. Nas paróquias há muito pouco incentivo à formação, e o pouco que se tem (começando pela catequese), está, geralmente, impregnado de TL e outros ideais podres.
Numa entrevista com o Pe. Paulo Ricardo, ele dizia que a Igreja no Brasil padece de AIS espiritual, e que “já não temos coragem de chamar a heresia, a apostasia, a perversão, a covardia e tantas outras doenças espirituais com os seus nomes horrendos. Com isto, vamos cortejando o inimigo e matando aos poucos a fé que herdamos dos Apóstolos.”
Não podemos deixar que a Tradição, um dos pilares da Igreja, seja deixada de lado. Acho que nós, leigos, temos falhado por não exigir isso dos nossos sacerdotes ou por não trazê-la para os nossos próximos - eu posso buscar isso por conta, mas de nada adianta guardá-la só para mim -, assim como nossos sacerdotes tem falhado em não reconhecer essa necessidade ou não fazer nada a respeito, quem sabe até por achar que não há interesse por parte da assembléia.
Em Natal - Rio Grande do Norte, há uma cidade que se chama Martins que proíbe por lei o carnaval de rua desde 2010, assim como não são lícitas leis anti-cristãs, também não deveriam ser lícitas leis que tomem partido a favor do Cristianismo por si só. O que se pode, e deveria ter, são leis contrárias ao despudor e à porneia em locais públicos, como gente aproveitando que “é carnaval” como pretexto pra sair pelado na rua, tendo relações de forma animal nas praças... Isso não é tomar partido a favor o cristianismo, mas zelar pelos valores morais civis tradicionais.
Mas não creio que seja o caso dessa lei. Aqui há uma tradição local, um costume da cidade de manter certa tranquilidade; costume e tradição que, provável, estão fortemente arraigados no povo. Pela reportagem, parece que o problema não é tanto a imoralidade, mas o barulho -- já que foi citado até mesmo orquestras -- que tais festas podem causar, impedindo que locais privados e de retiro consigam proporcionar um bom retiro. Mais ou menos como a lei que proíbe barulhos que afetem as residências, sejam vindos de estabelecimento público ou privado, depois das 10 da noite. Não vejo nada de errado.
Espero que o quanto antes as pessoas façam uma reflexão sobre quem é Jesus para si.
Pergunta clássica, sempre me incomodou, desde os anos de catequese.
Talvez porque eu sempre fui muito racional, nunca dei muita importância ao que Jesus era para mim, mas quem era Jesus de fato. Sempre via em Jesus uma figura enigmática, realmente fascinante. Não conseguia entender, no entanto, porque Ele teve que morrer numa cruz daquele jeito. Isso me incomodava. Depois descobri o evidente: pela justiça e pelas medidas humanas, não é possível contemplar a maravilha do mistério da Cruz, mas apenas quando passamos a aceitar a medida de Deus, infinitamente mais justa e mais misericordiosa do que a nossa. Apenas quando deixei de ver Jesus como um homem (embora eu sempre soubesse, por dados culturais, que Ele era a encarnação de Deus -- mas do que adiantaria se eu não conhecia a Deus?) e passei a compreender toda a obra de salvação da humanidade é que consegui me sentir mais confortável com a ideia da cruz, e demorou uns 3 a 4 anos depois de minha conversão para que eu a aceitasse o Seu infinito amor consumado com Sua paixão e morte.
Somente quando entendi a grandeza do amor de Deus para com toda a humanidade, é que pude compreender como este amor pode se manifestar por mim, particularmente. Olhando apenas para Deus e para mim, como se fôssemos apenas nós dois no mundo, era muito difícil aceitar o Seu amor. Não havia simplesmente motivo para ser amado daquela forma! Quando notei que esses padrões não se aplicavam para compreender o amor de Deus, então eu descobri o que penso responder, finalmente, a pergunta: Jesus é Aquele que todos os dias me faz ver a minha miséria diante de Sua grandeza. E essa visão, por incrível que pareça, é o que eu chamo de Amor divino.
ORAÇÃO PARA OS DIAS DE CARNAVAL
Meu Jesus, que sobre a Cruz perdoastes aqueles que nela Vos pregaram, e desculpastes diante de Vosso Pai o seu delito, Vós que, da Cruz, lançastes um olhar de piedade ao ladrão, que expirava sobre o patíbulo, e o convertestes e salvastes; Vós que, entre as agonias da morte, declarastes ter ainda sede de padecimentos, para tornar mais copiosa e universal a Redenção, tende piedade de tantos infelizes que, seduzidos pelo espírito da mentira, nestes dias de falsos prazeres e de escandalosa dissipação, correm risco de se perder. Pelos méritos de Vosso preciosíssimo Sangue e de Vossa morte, não os abandoneis, como merecem, nem permitais fique sem remédio o miserável estado em que se vão precipitar.
Reservai para eles um dia de misericórdia e de salvação. Vós que a Pedro estendestes prontamente a mão para sustentá-lo quando submergia, socorrei, também, a estes infelizes, que estão para cair no abismo infernal; acordai-os, sacudi-os, iluminai-os, convertei-os e salvai-os.
Tende pois, sempre firme sobre nós a vossa destra, para que nunca sejamos seduzidos por tantos escândalos que nos rodeiam; pelo contrário, à semelhança de Jó e de Tobias, que, vivendo num ambiente supersticioso, nunca se afastaram da verdade e da justiça, mereçamos nós o vosso amor, ao passo que outros provocam o vosso desdém e nos apliquemos aos exercícios de piedade, enquanto que ela é esquecida pelos ingratos filhos do século, que terão de chorar, para sempre, a atual estultícia.
PAI NOSSO. AVE MARIA. GLÓRIA AO PAI.
Manual da Pia União das Filhas de Maria. 12ª Edição. São Paulo: Federação Mariana Feminina, 1948.
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