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No livro: Padre Pio - um santo entre nós de Renzo Allegri :
“Padre, será que há seres diferentes nos outros planetas ?”
“O Senhor não terá restringido a sua glória e o seu poder criador a esta terra tão pequena”
Questionamos: que tipo de ser poderia existir lá? Como não teria sentido Deus fazer animais irracionais para viverem sem o homem (pois eles existem para uso do homem), eu penso que a única solução seria que poderiam existir homens que nunca pecaram, isto é, criados em estado de natureza pura (não podem ter a visão beatífica, indo ao limbo, pois o seu fim é meramente natural), ou, no caso de Deus lhes dar a natureza elevada pela graça, há três possibilidades:
1) Eles nunca pecaram; nunca houve pecado original para eles
2) Cristo se encarnou em seu planeta, assumindo uma outra natureza humana. Isso é possível.
3) Eles pecaram, e a expiação feita por Cristo na terra se aplica também a eles, por serem homens como nós (essa teoria tem contra si o fato de ser poligenista).
Também não vejo muito sentido em os anjos se servirem desses planetas e outros locais do Universo, pois os anjos são seres espirituais, não foram feitos para a matéria.
Entre os homens e os anjos, não vejo a possibilidade de nenhum ser intermediário.
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Será que os ETs passaram pela prova que passou Adão e a venceu sem pecar? Depende da vontade de Deus, que pode ter querido dar-lhes o seu fim sobrenatural não como prêmio. Enfim, a liberdade de Deus é algo que não podemos medir. Não obstante, eu penso haver sérias razões para admitir que, caso existam extraterrestres, eles têm, necessariamente que ser homens, conforme eu expliquei acima. Mas homens abre um leque de possibilidades, inclusive a possibilidade de Deus criar homens em estado de natureza pura ou só com os dons preternaturais (a Igreja afirma ser possível). Caso os homens sejam criados em estado de natureza elevada pela graça, é que se desdobra naquelas mais possibilidades: haveria ou não pecado original, Encarnação, etc.
Se os supostos extraterrestres forem homens criados em estado de natureza pura ou só com os dons preternaturais, a alma deles continua sendo imortal, pois a alma humana é naturalmente imortal. Mas o destino deles após a morte será ou o limbo (caso não tenham pecados pessoais) ou o inferno (caso tenham pecados pessoais). A não doação da graça não me faz entender que não possa haver pecados, ou seja, culpas a pagar depois da morte.
No estado de natureza pura, há a possibilidade de ir para o limbo, se a Providência evitar por meios extrínsecos que a concupiscência desregrada cause necessariamente o pecado.
No estado de natureza íntegra (com os dons preternaturais), o homem pode, por meios internos, evitar o pecado, mas sem a graça, seu destino será o limbo.
Baseado nisto podemos concluir que sempre haveria o pecado, independente de que maneira viria o homem. É o que se deduz do ensino de Inocêncio III de que a pena de sentido é castigo pelos pecados pessoais, e a pena de dano é castigo pelo pecado original. Logo, o pecado pessoal pode existir sem o pecado original. Basta lembrar Adão, que não tinha pecado original, e pecou. Havendo culpas (dada a natureza racional do homem), há pecado pessoal.
O Limbo não foi abolido pelo Papa, e mesmo que fosse, aqui ele seria tratado como possibilidade para seres que não teriam conhecido a graça. As crianças que morrem sem o batismo morrem num mundo onde existe a graça, portanto, a situação delas é diferente. O limbo para elas é castigo, para esses supostos homens seria um estado natural.
A hipótese que o pecado de Adão corrompeu toda a materialidade do universo é nula porque o pecado original se transmite por geração natural, como é claro nas definições do magistério.
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Sobre aquela outra questão, se pode haver pecado num estado puramente natural, sem a graça, é fato que o pecado é aversão ao fim último do homem, que é sobrenatural, no estado de natureza em que Deus o criou. Mas, utilizando de uma analogia, e eu deixo claro que é uma analogia, Deus é justo, e, portanto, dará a cada um a felicidade que merece. Portanto, mesmo que o fim do homem, no caso especulativo que eu estou tratando, seja natural (a felicidade natural), portanto, o pecado teria também que ser natural, esse teria, por causa da justiça de Deus, o grau de felicidade que merece.
É especulação demais! Não sei como vocês me aturam. Obrigado amado leitores!
Esse tipo de especulação que eu faço é útil, e estudada seriamente pelos teólogos. E essas especulações sempre servem para alguma coisa, para nos ajudar a entender alguns aspectos de nossa própria condição.
Existe uma possibilidade para o poligenismo, que é terem havido dois modos de transmissão do pecado original, existindo um outro modo primitivo, e as definições da Igreja referirem-se a esse modo atual (geração natural). Lembro que discuti isso em outro tópico, mas não me recordo se fiz alguma objeção a essa teoria. De qualquer modo, ela não me passou agora pela cabeça.
No entanto, se os Et's contraíssem o pecado original por meio de Adão, não teríamos o poligenismo, mas o polifiletismo (pois os homens não teriam uma unidade de origem), que Dom Estevão diz ser incompatível com a fé católica.
Não há nada que prove que o homem tem, necessariamente, que ter a mesma configuração que nós temos. Um homem pode ter o rosto na barriga, como os antigos pensavam dos blêmias (povo mítico da Etiópia) que continuaria sendo um homem, com alma intelectual e imortal.
Já fico feliz com a vida inteligente ainda restante por aqui.
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